This Sadness Is Unbearable escrita por Lasanha4ever


Capítulo 1
Capítulo 1




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Levanto do chão e ele começa a correr. Vou atrás dele. Já estamos na floresta ao lado da nossa casa. E com floresta eu quero dizer, o jardim enorme da minha tia, mãe do Lucas. É muito grande, cheio de árvore e flores.

O Lucas para de correr e se abaixa.

- O que você tá fazendo? – pergunto me sentando ao seu lado. Ele dá um sorriso enorme em minha direção e me entrega uma flor branca.

- Pra você.

- Brigada, Luquinhas.

Eu acho que estou sorrindo mais que ele.

Sinto meu rosto queimando.

Minha bochecha dói de tanto sorrir.

Tenho certeza que estou sorrindo mais que ele.

- Vem comigo, quero te mostrar uma coisa.

Ele segura a minha mão e começa a correr. O tempo tá ficando ruim. Tá começando a chuviscar. Corremos mais rápido, mas então eu escorrego na raiz de uma árvore enorme e o Lucas cai comigo. Meu joelho está sangrando, assim como minhas mãos, mas eu engulo o choro. O Lucas tá com os mesmos machucados, mas parece mais preocupado comigo.

- Tá tudo bem, Luaninha? – ele pergunta e eu digo que sim. – É melhor a gente não correr, né.

Levantamos, juntamos nossas mãos e caminhamos até o outro canto do quintal, onde tem uma piscina enorme e funda. A chuva só aumentando, mas nós a ignoramos, como sempre. Eu fiquei na beira da piscina enquanto ele buscava o que tanto queria me dar de presente.

E então aparece um besouro enorme em minha direção. Eu solto um berro e me levanto para correr para longe do bicho, mas escorrego e caio na piscina. Eu não sei nadar, tenho só seis anos, e meus pais nunca me ensinaram. Nem o Lucas sabe, e olha que ele tem sete anos.

A água invade meus pulmões e eu me desespero. Fico me debatendo na água e afundo cada vez mais.

Alguém me segura pelo braço e tenta me puxar água afora, mas não consegue. O Lucas não tem força suficiente para me deixar na borda, muito menos para boiar junto comigo. Agora são duas crianças se afogando. Tenho certeza de que ele não tem muito fôlego.

Meu nariz arde, meus pulmões estão em chamas – o que é irônico porque eu estou com água neles, e não fogo. Mas a sensação é a mesma.

E então, para piorar a situação, o Lucas me puxa para baixo. Tento me soltar de seu abraço apertado, mas não consigo. E em seguida, ele dá um impulso forte, que me deixa na beira na piscina. Ele, porém, continua no meio da piscina, se afogando.

Seu olhar era uma mescla de pânico e calmaria, não entendi por que. Tusso até parecer que meu pulmão está saindo pela minha boca. Minha garganta arde. Enquanto eu tento tirar a água do meu pulmão, o Lucas está se afogando. Não consigo me mexer, estou fraca. Começo a chorar, e estendo minhas mãos para tentar pegá-lo, mas está longe. Ele está afundando. Berro pela minha mãe, pela minha tia, mas ninguém vem. Berro uma ultima vez, e o jardineiro vem ao meu socorro. Pula na água e salva o Lucas, que já está no fundo da piscina.

As nossas mães chegam no minuto seguinte. Minha mãe me faz milhões de perguntas e a tia Helena – mãe do Lucas – fica ao lado do jardineiro, que tá beijando o Lucas na boca. Alguém me explica o que é isso?

- Ele não está respirando, senhora. Chamem uma ambulância, urgentemente. – o jardineiro avisa, mas continua beijando o Lucas e apertando seu peito. Será que a tia Helena não percebe que é errado um adulto beijar uma criança na boca?

Um tempo depois chega a ambulância, e levam o Lucas naquela van enorme e vermelha. Minha mãe fica comigo, coloco roupas limpas e não sai do celular. Ela está chorando desde que eu saí do banho.

- Mamãe, tá tudo bem com o Lucas? – pergunto assim que ela desliga o celular.

- Não, querida. O Lucas está morando com Deus agora.

- O que? Por quê?

- Porque Deus quer o Lucas ao lado dele, minha querida.

- Mas eu quero o Lucas ao meu lado!

Meus olhos ardem e eu começo a chorar desesperadamente. Eu quero o Lucas. Ele não vai ficar com Deus, ele vai ficar comigo, ao meu lado.

- Onde o Lucas tá?

- Meu amor, ele não está mais conosco. Ele. Ele foi para o céu.

- Como eu faço para ele voltar pra cá?

- Ele não volta, meu amor.

- Mas eu amo ele, mamãe. Eu quero o Lucas comigo.

Ela me abraça forte e me conforta, enquanto eu choro feito um bebê.

No dia seguinte, a mãe do Lucas entra no meu quarto chorando muito, e berrando.

- SUA IMPRESTÁVEL! O MEU FILHO ESTÁ MORTO E A CULPA É TODA SUA! CRIANÇA ENCAPETADA! QUERO QUE VOCÊ MORRA!

- HELENA, SAIA JÁ DA MINHA CASA E PARE DE TRATAR A MINHA FILHA DESSE JEITO! A CULPA NÃO FOI DELA! – minha mãe tenta me defender, mas a tia Helena tá com uma faca na mão, e a usa para esfaquear a minha mãe.

Fico paralisada no meu quarto, a tia Helena chora e ri ao mesmo tempo.

- Eu vou causar a você, a mesma dor que você está causando a mim. Quero que você sofra cada momento da sua vida, com a falta da pessoa que você mais ama no mundo. A sua mãe.

A tia Helena começa a cortar a minha mãe, o sangue jorra, vermelho escuro, com cheiro de ferrugem. O sangue bate em mim. Eu estou chorando tanto que estou vendo tudo embaçado por conta das lágrimas.

Minha mãe cai no chão, os olhos opacos e metade do sangue de seu corpo ao chão. E então a tia Helena crava a faca no pescoço da mamãe e vai embora. Corro em direção a minha mãe e ela cospe sangue. Muito sangue.

- Mamãe, vai ficar tudo bem. – eu choro e soluço. Tento tirar a faca de seu pescoço, mas ela me impede.

- Querida, lembre-se de que eu te amo. – ela fala com a boca cheia de sangue.

- Eu também te amo, mãe. Não me deixa sozinha. – eu falo em meio aos soluços e as lágrimas.

- Estarei cuidando de você, lá do céu. – ela fala meio inaudível por causa da quantidade se sangue em sua boa. - Junto com o Lucas. – e então a minha mãe morre. Meu melhor amigo está morto. Meu pai já está morto há muito tempo. E então eu mato os meus sentimentos.


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