–Hakuryuu! – Exclamamos surpresas e pasmas, enquanto observamos a figura de nosso jovem colega se aproximando de nós com um sorriso.

-Yo! – Nos cumprimentou sorrindo – Posso saber o que as duas princesas estão fazendo em um colégio? – Sentou-se  na mesa e perguntou com um pingo de ironia em sua voz, e agora? Nós não podemos contar sobre o Goenji-San

A-ah... É-é que.. Bem... – Poxa Miyu-Chan! Justo agora o seu senso de péssima mentirosa decide se ativar?

-Nós convencemos as nossas famílias a nos deixarem vir para um colégio normal, e o Afuro-Nii-Sama nos recomendou a Raimon, por já ter interagido com gente daqui – Interrompi-a com um sorriso no rosto. Só espero ter sido convincente.

-Sei... -  Hakuryuu disse com uma sobrancelha arqueada, mas para a nossa felicidade, ele deixou o assunto quieto – Em que sala estão?

-Primeiro C – Miyuki respondeu sorrindo.

-Como tem sido as audições? – O garoto soltou mudando totalmente de assunto

-Não sabemos – Respondi com um suspiro pesado – Temos um contrato, só vamos ficar sabendo o resultado das audições quando decidirem nos contar em algum show.

-Entendo, pena.... – Hakuryuu disse com os olhos fixos na loura ao meu lado, e a mesma só sorria um tanto sem-graça.

-Miyu-Chan, hoje você está kawaii como sempre – O jovem elogiou-a com um sorriso alegre nos lábios. Iiiih, já vi que fiquei de vela

-A-ah... – Miyuki ia responder, mas tratei logo de interromper

-Eu vou comprar um Mupy, já volto – E lancei um sorriso significativo a Hakuryuu, que alguns milésimos depois pareceu entender o meu recado silencioso

Me distanciei deles com um sorriso travesso nos lábios. Ah, não devem estar entendo nada certo? Pois bem, eu explico : Nós três nos conhecemos a um bom tempo, e pelo que muitos sabem, Hakuryuu sempre teve uma queda – queda não, um tombo – pela Miyu-Chan. Acontece, que mesmo quando ele dá algumas indiretas como “´Nós ainda não somos namorados. Ainda...” a menina parece não perceber os sentimentos dele! Então, já que eles estão mais enrolados que o filme da Disney – trocadilho idiota -, a Haruna aqui vai dar uma de cupido para eles, e já até sei como dar o primeiro passo!

Estava tão distraída com o meu plano que esbarrei com um jovem de  cabelos... Róseos? É sério isso produção? Bom, com o impacto – e por ser demasiado leve – acabei sendo arremessada de encontro ao chão, mas graças a o meu bom Anjo protetor, o rapaz conseguiu segurar-me pela mão antes do impacto.

-Ah... Gomenasai! – Desculpei-me de uma forma um tanto quanto desesperada. O jovem pareceu analisar-me minuciosamente antes de responder

-Não foi nada, só preste mais atenção enquanto anda por aí – Assenti sem-graça, e então, senti a minha mão direita quente, e só então dei-me conta de que o moço estava segurando-a. E pela quinquagésima vez naquele dia, senti  o sangue subir-me as maças do rosto.

O garoto de olhos azuis continuou a me olhar mais um pouco, e pareceu –finalmente – notar o meu rosto rubro. Moveu então seus orbes até as nossas mãos ainda unidas e soltou-me de forma assustada. Obviamente, eu recolhi a minha mão.

-G-gomenasai Maisuu-San!

Espera... Como ele sabe o meu nome? Ah, se liga Haruna, todo mundo aqui deve saber o meu nome.

-Y-ye, n-não foi nada – No segundo seguinte estava a realizar uma curta e rápida reverência – ao estilo japonês -  e pus-me a correr dali.

Eu sempre, sempre, sempre fui muito tímida com pessoas que eu não conhecia, e logo no meu primeiro dia de aula esbarro com um garoto? Justo com um garoto? Bem, eu tive uma experiência desagradável com certo menino no passado, e decidi manter certa distância do sexo masculino por um tempo, mas eu estou indo para um clube de futebol né, vou ter que me virar com isso...

Quando julguei ter-me afastado o bastante do jovem de cabelos bizarros, percebi que estava perdida. Aah, ótimo!

Comecei a andar sem rumo naquela instalação gigantesca, apesar da Otonashi-Sensei ter me apresentado o colégio mais cedo, quem disse que eu havia conseguido memorizar qualquer caminho?

Continuei andando, e parecia que quanto mais eu andava, mais me perdia. Até que por alguma mágica eu fui parar do lado de fora do colégio. Como raios eu cheguei aqui?! Teria sérios problemas se algum inspetor me pegasse perambulando por ali quando o intervalo do primeiro período estava perto do fim, e agora?

Andei mais um pouco e me vi no portão principal do colégio. Ah, Kami-Sama, arigatou, daqui eu sei me virar. Mal consegui comemorar internamente e já ouvi o som estrondeante do sinal. Droga!

Respirando fundo virei os meus calcanhares em direção ao pátio e recomecei a minha corrida – que para minha sorte, desta vez tinha algum destino. Por sorte, muita sorte, consegui chegar no corredor da sala de aula, mas faltando pouco para alcançar a sala, pude ver o professor entrando. Ah não!

Tratei de bater logo a porta e murmurar um baixo “com sua licença” para o professor até então desconhecido.

-Maisuu-San, não é? – Indagou-me o professor de idade com uma cara de pouquíssimos amigos. Não disse que qualquer um aqui deveria saber o meu nome?

-S-sim... – Concordei corada ao notar os olhares de pessoas desconhecidas sobre mim

-Por que se atrasou? – O professor de cabelos grisalhos cerrou os olhos em minha direção

-E-eu me perdi durante o intervalo e demorei a achar o caminho de volta... – Respondi de cabeça baixa e algumas risadas ecoaram na sala

-Silêncio! – Gritou enfurecido o professor – Sou Kota, seu novo professor de história, e se a mocinha quiser assistir a aula e não receber uma advertência no seu primeiro dia sugiro que vá logo a diretoria e retire uma autorização especial do diretor para entrar na aula – Droga! E então dirigiu o olhar raivoso para Miyu-Chan, que estava quieta em seu lugar – Caso a Afuro-San se atrase, terá o mesmo tipo de tratamento. Não pensem que só por que são idols famosas ou sei lá o que vão ter algum privilégio na minha aula! – E quase gritou irado.  Pude ver Miyuki assentir com a cabeça e se encolher na cadeira, eu só fiz abraçar o meu próprio corpo. Mas por que esse professor está tão irritado com a gente? – Está esperando o que? Vá logo! – E por pouco outro grito não escapa dos lábios secos do professor. Não precisou dizer duas vezes, fiz uma rápida reverência e saí da sala sentindo o olhar do senhor de idade sobre mim.

Já do lado de fora da sala, escorei-me á parede e levei a mão direita ao coração. Que medo! Sinceramente, eu sei que me atrasei e que isso não é certo, mas precisava ficar tão irritado? Bom, não havia muito que se fazer agora a não ser retirar logo a autorização. Respirei fundo e comecei a andar rumo a diretoria.

-Por favor, aguarde um pouco e o diretor já virá falar com a Senhorita – A moça da secretaria informou-me com um sorriso, e eu só fiz sorrir em agradecimento – Aguarde naquela sala aqui, por favor – E apontou para uma porta dupla de mármore do outro lado do recinto. Agradeci a ela e comecei a andar em direção ao local que julguei ser a sala de espera.

O local era bem bonito. As paredes em um tom de amarelo pastel faziam par com o chão  de piso e o teto completamente brancos. Algumas molduras em formato de trovões enfeitavam os rodapés e as bordas do teto do local. Havia algumas cadeiras – de couro, presumo – em um tom de marrom, fazendo jus totalmente contrário as cores das paredes e teto. Estavam espalhadas pelos cantos da sala, que possuía uma grande mesa de vidro – redonda – escorada a uma janela gigantesca feita de blocos transparentes de puro vidro. Ao invés de lâmpadas, um lustre mediano encarregava-se de iluminar o local e um tapete felpudo cor creme dava ao local um ar mais hospitaleiro, distraindo um pouco a seriedade causada pelo lustre, mesa e janelas.

Passei os olhos pela decoração um pouco admirada, não achava que a sala de esperas de uma secretaria seria tão... Chique. Continuei observando a sala até que meus olhos pousaram sobre uma cabeleira ruiva que me parecia familiar.

Aproximei-me da garota – que estava ocupada demais com o seu Nintendo 3DS para notar a minha presença – e arregalei os olhos ao confirmar as minhas suspeitas

-Ko-Chan! – Exclamei completamente surpresa

A mesma demorou um pouco para me notar ali – nada de anormal vindo da parte dela – e só fiz sentar-me ao meu lado e cutucar seu rosto com a o dedo

-Kooooo-Chaaaan! – Chamava-a e finalmente ela largou o jogo e olhou para mim assustada

-Haru-Senpai! – Disse surpresa, acho que ela nunca pensou em me encontrar ali – M-mas oque você...?

Não deixei que terminasse a frase, a abracei enquanto sorria. Poxa, não sabia que a Ko-Chan estudava na Raimon! Após sair um pouco do estado de choque, Korine tratou de abraçar-me também, e nós ficamos assim alguns segundos.

-Haru-Senpai, o que você... O que você está fazendo aqui? – Perguntou surpresa, com um sorriso brotando em seus lábios.

-Ah, consegui convencer a minha família a me matricular em um colégio, e por acaso arrastei a Miyu-Chan comigo – Sorri em resposta.

-Miyu-Senpai também está aqui? – Perguntou surpresa

-Sim! – E continuei sorrindo

-... Mas o que você está fazendo aqui em baixo? Não deveria estar na aula?

-Eu que faço essa pergunta mocinha – Coloquei as mãos na cintura e um sorriso brincalhão enfeitou minha face

Korine riu com a minha pose de “Mamãe” e sorriu sem-graça para mim

-Como eu já sabia a matéria que o professor estava passando, comecei a jogar meu 3DS na sala, o professor me viu e mandou que viesse pegar uma notificação com o diretor – E abaixou a cabeça sem graça.

Korine era de fato, uma garota linda. Seus olhos, diferente dos meus, são em um tom de azul extremamente claro, o que faz jus aos seus cabelos longos e ruivos – que estão sempre presos em duas marias-chiquinhas -. A franja em um corte V – cujo lado esquerdo é um pouco mais longo que o direito – não esconde suas sobrancelhas negras e finas, e para a minha felicidade, ela era mais baixa que eu, mesmo que a diferença seja só um cm.

-E você Haru-Senpai?

-Ah, eu me perdi no intervalo e quando consegui achar o caminho de volta, o professor já estava na sala de aula – Corei e juntei minhas mãos em cima do meu colo.

Ko-Chan riu um pouco

-No começo é assim mesmo, mas depois você se acostuma Senpai – E sorriu de forma motivadora para mim.

Ah sim, podemos se dizer que Korine é uma “estagiaria” na empresa onde eu e Miyu-Chan trabalhamos. Apesar de não ter debutado oficialmente, já apareceu como backvocal e dançarina em vários MV’s e até já foi modelo principal em um desfile de primavera.

É conhecida entre os fãs por ser minha companheira gamer, apesar de ela ser quase trinta vezes mais viciada em jogos que eu.

 - Como vão as coisas com o Taiyou-Kun? – Perguntei sorrindo, no Japão, idols não podem ter namorados por motivos de contrato, mas após a Jhonny’s* permitir os relacionamentos entre os seus membros, outras empresas como a nossa começara a permitir namoros e casamentos.

-Ah... Ele ainda reclama que eu dou mais atenção ao Zeus do que á ele – E fez um biquinho emburrado, o que arrancou breves risos de mim. Zeus é o cachorrinho da Ko-Chan, o único no mundo do qual ela não tem medo.

-Ele só fala isso por que te ama e quer passar mais tempo contigo, bobinha – Pisquei para ela, e antes mesmo que pudesse receber uma resposta, a mesma moça da secretaria que havia falado comigo a pouco entrou na sala.

-Maisuu Haruna-San, aqui está a sua autorização, volte imediatamente para a sala de aula, sim? – Assenti com a cabeça, segurei o papel dentre os dedos e a agradeci.

-Ah, Ko-Chan, de que sala você é? – Perguntei assim que a moça saiu da sala

-Primeiro B – Respondeu-me sorrindo – Agora vai logo antes que receba outra bronca Senpai! Boa sorte!

Sorri em agradecimento e sai em passos apressados dali, pelo que me parece aquele professor não gostou muito de mim, melhor ir logo para evitar mais gritos.

-O que foi aquilo tudo? – Miyu-Chan perguntou para mim assim que o professor rabugento deixou a sala para a troca de aulas

-Não sei, mas foi muito assustador – Respondi fazendo uma careta ao me lembrar do ocorrido – Me empresta as anotações do começo da aula?

-Claro – Miyuki sorriu e me estendeu o seu caderno, mas a desastrada aqui esbarrou o cotovelo no próprio estojo – que estava aberto – e derrubou tudo no chão.

-Aah! – Depositei o caderno de minha amiga em cima da carteira e me abaixei para pegar os materiais espalhados no chão, mas antes de terminar de recolher tudo, alguém me estendeu mais da metade de meus lápis.

-Aqui.

-Ah, obrig-- - Auto interrompi-me ao ver a pessoa que me ajudou a guardar tudo. Era o menino de cabelos estranhos!

Ele continuou me olhando, claramente esperando uma reação de minha parte, e após o rosto atingir uma tonalidade avermelhada pela milésima vez, segurei o material que o jovem de marias-chiquinhas segurava.

-Obrigada – E sorri para ele após me sentar, apesar de ainda estar vermelha

-Por nada. – E me olhou por alguns segundos antes de sorrir singelamente – Sou Kirino Ranmaru, é um prazer.

-O prazer é meu – Respondi com outro sorriso, com o rosto teimando em estar quente e vermelho

Não pudemos dizer mais nada, uma professora entrou na sala

-Aula de japonês. – Kirino-San disse e em seguida foi se sentar

Segui-o com os olhos e logo senti alguém me cutucar

-Me conta tudo – Miyuki disse em um tom de animação tão grande que me assustou

-D-depois... – E desviei o olhar para a lousa, pois a aula já se iniciara.

Andavamos lado a lado rumo a sala do clube de futebol, enquanto era praticamente obrigada a contar a Miyuki o que aconteceu entre mim e o Kirino-San.

-Foi por isso que você se perdeu? E só aconteceu isso? Só isso? – Miyu-Chan perguntou sem me dar chance de resposta

-Foi por isso, e sim, só isso. – Suspirei aliviada por encerramos aquele assunto – Não vai acreditar em quem eu encontrei quando fui buscar a autorização – Sorri ao lembrar-me da ruivinha

-Quem?

-Ko-Chan!

-Sério? – Miyuki olhou-me espantada

-Sim, ela é do Primeiro B – Olhei para o céu azul e límpido, quase sem nuvens

-Nee, será que ela vai participar da audição? – A loira perguntou

-Não sei, mas seria muito legal se ela participasse e passasse não?

-Sim, seria! A Ko-Chan é muito legal – Minha parceira sorriu ao imaginar Korine no grupo

Logo, pude avistar o nosso destino.

-Olha a sala de futebol! – Meu sorriso aumentou por milésimos de segundos, antes de abandonar completamente minha face. Sim, voltei a ficar nervosa

- Ai araba It's all right
taiyou wa subete omioroshi sa (ho)
kodawareba It's all right
mirai wa It's all right

Come on! – A garota ao meu lado começou a cantarolar um dos nossos primeiros singles

(Haruna) ai araba It's all right
taiyou wa subete omioroshi sa (Hey)

(Miyuki) kodawareba It's all right
mirai wa It's all right

(Haruna) sou sa minasan It's all right Say!

(As duas) ai araba It's all right
taiyou wa subete omioroshi sa (Hi!)
kodawareba It's all right
mirai wa It's all right
fumidase It's all right

No No No No No...Fu Yeah!

Encerramos o trecho final da canção rindo, ela sabia como me fazer relaxar. Andamos mais um pouco e estávamos frente á porta de entrada do clube. É, é agora ou nunca.

-Vamos – Miyuki sorriu para mim e abrimos a porta juntas

Quase que no mesmo instante os olhares de todas as pessoas ali presentes se viraram para nós, e as expressões de surpresa estampavam o rosto de cada um.

-Endou-San? – Miyuki perguntou para o moreno que estava de pé em frente a um quadro com táticas de jogo

-Sim – O homem concordou

-Sou Afuro Miyuki e essa é Maisuu Haruna, nós viemos para entrar no clube de futebol como jogadoras.

Silêncio. Foi o que se fez presente no local.

-O.... O QUÊÊÊÊÊÊ? – Gritaram todos os jogadores do local de forma histérica e surpresa

Movi os olhos a uma moça conhecida, que sorria para mim

-Ora, então querem entrar no time? – Otonashi-Sensei sorria com as mãos na cintura para nós

-Sim – Sorri para ela um pouco corada

-Isso só pode ser brincadeira... – Ouvi uma voz reclamar no canto. Miyuki e eu dirigimos o olhar a um jovem de pele alva e cabelos azuis em um topete esquisito

-Não, não é brincadeira, elas realmente jogam – Outra voz comentou, mas esta por vez era muito conhecida por nós

-Hakuryuu! – Corri em direção ao garoto e o abracei, em uma tentativa falha de deixar a minha parceira com ciúmes. Droga! Ou ela é inocente demais, ou sabe disfarçar muito bem.

Atos assim eram completamente normais de minha parte, então o garoto só fez abraçar-me de volta e logo Miyu-Chan se aproximou de nós

-Então... Vocês querem entrar para o clube de futebol? – Endou-San perguntou cruzando os braços

-Sim – Respondemos juntas

-Então vão ter que fazer um teste

Logo, um barulho enorme se iniciou na sala. Uns protestavam, outros comemoravam e já uns, tiravam sarro da nossa cara

-Vocês gostam de futebol? – Endou-San perguntou com voz firme, o que fez com que todos ficassem quietos

-Sim. No começo nem tanto, mas o futebol é uma das coisas que eu mais amo na minha vida – Miyu-Chan respondeu sorrindo, enquanto que Hakuryuu manteve os olhos fixos na jovem loura

-Não gosto de futebol. – Afirmei o que fez com que todos olhassem incrédulos para mim

-Não gosta de futebol, mas quer entrar em um clube de futebol? – Um garoto baixinho perguntou confuso e o treinador do time arqueou uma sobrancelha

-Eu não gosto de futebol – Repeti, e sorri em seguida – Amo o futebol. É um esporte que apesar de toda a rivalidade, une várias pessoas do mundo inteiro e faz com que elas compartilhem um mesmo sentimento através de uma bola, não é? – Respondi com as mãos atrás das costas, o rosto corado e um sorriso completo

-Kawaii! – Miyuki disse e me abraçou em seguida. Todos me olharam boquiabertos, e em seguida Endou-San sorriu satisfeito

-Bem-vindas ao clube – E sorriu para nós duas.

Parei. Miyu-Chan também parou.

-Otonashi, elas precisam de um uniforme – Endou-San disse olhando para a moça

-Mas nós não temos bermudas... – Uma menina loura de cabelos curtos e olhos verdes disse

-Espera aí! – Miyuki interrompeu a conversa, o que fez com que todos os olhares se voltassem para ela – É... É só isso?

-Sim – Todos na sala afirmaram com uma gota

-... Tá né... – Respondi, também com uma gota

-É sério que vai deixar duas patricinhas entrarem para o time? – Aquele menino de cabelos azuis pronunciou-se novamente. Pera, patricinhas? Quem ele pensa que é?

-Patricinhas? – Eu e Miyu-Chan repetimos juntas, claramente irritadas

-Não são vocês as duas meninas mimadas que são cantoras ou sei lá o que? – Retrucou seco

-Tsurugi, calma... – Um jovem moreno de cabelos castanhos estranhamente enrolados tentou o acalmar

-Para a sua informação, não é por que somos cantoras que não sabemos jogar! – Miyuki rebateu

-Ah, qual é... Duas garotinhas jogando futebol?

-E o que tem demais nisso? – Hakuryuu se intrometeu

-Não defenda elas Hakuryuu – O tal de Tsurugi vozeirou

-Já chega – Otonashi-Sensei tentou apartar a quase briga que começara a se desenrolar

-M-mas Otonashi-Sensei... O Tsurugi está um pouco certo... E se elas não conseguirem acompanhar o nosso ritmo? – O mesmo garoto moreno de antes comentou um pouco inseguro, como se estivesse tomando cuidado com as palavras, e com isso, o meu queixo caiu.

-Até você Tenma? – Hakuryuu cerrou os olhos na direção do garoto

-N-não é que...

-Patricinhas? Não sabermos jogar? Não conseguir acompanhar o ritmo de vocês? – Comecei a falar muito, mas muito irritada – Escutem aqui todos vocês, se não quiserem ser pisados e massacrados como insetos durante os treinos, sugiro que parem de agir como um bando de machões. Não somos patricinhas, e sabemos jogar tão bem quanto todos vocês, então não se preocupem com o ritmo “queridos”, – Usei o máximo de cinismo e ironia possível na última palavra proferida – podem continuar jogando normalmente que nós estamos a um nível equivalente ao do ex-capitão, Shindou Takuto-San.

E novamente o silêncio proferiu no recinto.

-Como você sabe o meu nome? – Shindou-Kun perguntou perplexo

-Oras, nós assistimos os jogos, se a Raimon fosse um time de segunda, nós não teríamos vindo pra cá – Respondi de braços cruzados, já com um biquinho se formando em meus lábios

-Muito bem, muito bem, já chega – Kidou-San entrou no meio – Em que posição vocês jogam?

-Qualquer uma. – Respondemos juntas

-Mas eu tenho preferência por Meio-Campo ou Atacante. – Miyuki disse enquanto tentava se acalmar

-E eu, por Meio-Campo ou Zagueira. – Disse enquanto sorria, apesar de estar tremendo por causa da discussão recente

-Certo. Otonashi, por favor providencie uniforme a elas. – Endou-Kantokku disse

-Sim. – E logo a professora responsável pelo clube se dirigiu ao local onde julguei ser o vestiário

Ficamos um tempo no canto conversando com Hakuryuu, não tinha coragem para falar com mais ninguém por um tempo.

-Meninas, nós realmente não temos bermudas do tamanho de vocês, vão ter que usar saias.

-SAIAS!? – Gritamos quase que instantaneamente

-Calma, podem usar essas calças leggings pretas por baixo – Otonashi-Sensei sorriu para nós. Trocamos olhares e assentimos silenciosamente. Logo, seguramos nossos uniformes e fomos guiadas pela professora ao vestiário, os meninos já estavam trocados e iriam nos aguardar no campo.

É... Chegou a hora de provar que mulheres também jogam!