E por mais que ela soubesse que seria ruim para ela, continuou com seu processo de desligamento, pois, no fundo passou a acreditar que a felicidade não havia sido destinada a ela. Mesmo anos depois de algumas tentativas frustradas de amizades e de tentar amar acabou permitindo que alguém entrasse em sua vida e descongelasse a sua geleira.

                Ele conseguiu despir a armadura na qual ela não vivia sem, mas como conviver com o amor sem se machucar? Ela não conseguia aquilo e, cada dia, ela se torturava ainda mais permanecendo-se em silêncio quando na verdade deveria gritar para seus demônios. Aos poucos, cada dia mais, aquela geleira voltou a ser cultivada novamente em torno de seu coração e ela sentia que esse frio era mais forte que o anterior.

                Ela não podia conter, era algo natural de si. Era frágil demais para lutar contra a escuridão que cochichava em seu ouvido e lhe permitia cometer loucuras em nome de um pouco de paz. Ela jamais se sentiu sossegada de verdade e apenas tentava disfarçar uma dor com outra, sua infelicidade com um belo sorriso e fingia que as catástrofes não haviam realmente acontecido.

                Ela criou um mundo só para si onde, enfim, era compreendida. Havia se trancado lá algumas vezes, mas sempre voltava acreditando que as pessoas mudariam com o tempo, mas, com isso sua esperança também foi perdida. Então ali estava ela novamente dentro de seu mundo particular, em frente ao mar revolto e em conflito com suas decisões, ela sentia que não poderia pensar demais se deveria jogar a chave ao mar e assim o fez. Não queria voltar mais para aqueles que lhe fizeram sofrer, ali ela se recuperaria com o tempo e poderia sentir o que era ter paz novamente.