O Homem que Eu Amo escrita por Angel_Nessa


Capítulo 7
O HOME QUE EU AMO Parte VI




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Pela manhã eu me pus a caminhar pelas ruas de Konoha. O movimento era bem escasso àquela hora da manhã e eu me sentia confortável em andar sem ser atropelada pelas pessoas que tão apressadamente circulavam de um lado para o outro.


Por que as pessoas tinham tanta pressa, se a vida é tão breve? Por que corremos tanto contra o tempo? Será que as pessoas não sabem que correr contra o tempo faz a vida terminar mais rápido?


No entanto, eu estava correndo contra o tempo para salvar a quem eu amava.


Parei em frente a floricultura da família da In. A pequena loja já estava aberta, decidi entrar e comprar algumas flores para repor aquelas que haviam murchado. Assim que me viu Ino veio me recepcionar, ela devia estar de folga naquele dia, por isso estava na floricultura.


- Nossa Sakura! Você está com uma cara péssima.


Eu podia contar com a sinceridade da Ino em qualquer ocasião. Mesmo estando sofrendo muito, eu não quis contar para Ino o que estava acontecendo; às vezes é melhor nos guardarmos em nossa própria dor.


 - Eu ando um pouco cansada esses dias.


- O que veio fazer?


- Vim buscar algumas flores...


Peguei ao acaso um ramo de flores as quais achei bonitas.


- Que flores são essas? – perguntei enquanto aspirava seu perfume.


Ino se espantou em me ver com aquelas flores.


- Largue essas flores. Isso são flores para gente morta


- Flores para pessoas mortas?


Ino empinou o nariz e com um ar de sabedoria próprio dela me explicou.


- Sim, são essas flores que se colocam nos túmulos. Eu vou buscar flores melhores.


Ela me deu as costas e foi mais para o interior da loja. Eu voltei a aspirar o perfume daquelas flores tão bonitas.


Um pensamento mórbido passou por minha mente.


- "Então esse é o aroma que eu vou sentir quando o Naruto morrer..."


Balancei a cabeça a fim de espantar esses tipos de pensamentos e sem esperar o retorno da Ino sai da floricultura. Novamente comecei minha caminhada pelas ruas já movimentadas de Konoha.


Fui para o hospital. Ontem não havia aparecido durante todo o dia por lá, e por isso achei que seria sensato ir para lá. Eu precisava de algo que pudesse distrair meus pensamentos até Naruto voltar; e ele voltaria logo eu podia sentir.


Ao adentrar na recepção encontrei com Tsunade-sama falando com uma das enfermeiras. Ela me olhou com autoridade e se aproximou.


- Sakura, onde esteve?


Foi a primeira coisa que ela me perguntou.


- Aprendendo a carregar meu fardo – respondi de maneira enviesada.


Eu ainda estava chateada por Tsunade-sama me ter dito que eu teria que carregar o fardo de perder alguém que eu amava.


- Naruto está de volta.


Senti meu coração saltar no peito no momento que as palavras de minha sensei chegaram aos meus ouvidos. Tsunade-sama continuou.


- Ele está aqui.


Virei-me em direção ao local onde ficam os leitos do hospital e dei um passo à frente, no entanto, já prevendo minha reação Tsunade-sama foi logo contando o que havia acontecido.


- Espere Sakura. Antes de vê-lo é melhor que saiba o que aconteceu. Já sabe sobre a mistura dos chackras, não é mesmo?


Não voltei a me virar para encará-la, mesmo de costas podia escutá-la muito bem.


- Sim


- Capitão Yamato o trouxe... Dessa vez a kyuubi conseguiu se libertar ainda mais...


Antes que Tsunade-sama pudesse continuar eu sai correndo em direção aos leitos. Não me interessava saber o que havia acontecido, eu apenas queria vê-lo.


A sala estava vazia, e havia apenas um leito ocupado. Eu caminhei a passos firmes em direção ao leito e ao me aproximar senti novamente meus joelhos fraquejarem e tive que me segurar na grade da cama para não cair.


Naruto estava inconsciente e tinha a pele toda queimada como se o houvessem tirado do meio do fogo.  


- Deveria ter esperado eu lhe contar... – Tsunade me repreendia as minhas costas – Mas não deve ser muito chocante para você, afinal já o viu assim antes não é mesmo.


Eu o tinha visto daquela maneira algumas vezes antes, todavia sempre era a mesma reação de comoção que eu tinha ao vê-lo naquele estado.


- Se Naruto usa seu chackra, o poder da kyuubi aparece.


Era essa a conclusão para o que acontecia.


- Os conselheiros querem que eu tire Naruto das missões e que o mantenha sob vigilância da ANBU.


Eu girei nos calcanhares e com lágrimas nos olhos roguei a Tsunade-sama.


- Por favor, me ajude a salvá-lo.


Num sinal de condolência ela depositou sua mão em meu ombro direito e me olhando nos olhos disse.


- Eu não sei como salvá-lo...


Percebi uma tom de frustração na voz de minha sensei. As palavras duras e verdadeiras que ela me dissera sobre ter que carregar meu fardo talvez se referisse ao fato dela estar tão impotente quanto eu diante dessa situação. Melhor do que ninguém em Konoha, Tsunade-sama sabia quanto pode ser doloroso perder a quem se ama; duas vezes ela sofrera com essa dor.


- Eu não vou abandonar o Naruto.


A minha determinação em encontrar um outro caminho para essa situação estava na minha voz. Tsunade-sama desviou o olhar para o leito onde Naruto estava, e retirou sua mão de meu ombro.


- Juntas... Vamos descobrir uma maneira para ajudá-lo... Por enquanto apenas cuide dele que eu vou enfrentar os conselheiros.


Tsunade-sama se afastou me deixando sozinha ao lado do leito onde Naruto repousava.


Assim que escutei a porta de acesso se fechar, respirei fundo e me acerquei a cama.


Naruto estava dormindo tranquilamente alheio a qualquer coisa que estivesse ao seu redor, provavelmente estivesse cansado por usar muito de seu poder; um poder o qual ele compartilhava com um demônio aprisionado dentro de seu ser.


Delicadamente eu abri sua jaqueta e ergui uma pequena parte de sua camiseta; concentrando o chackra em minhas mãos comecei a emanar o jutsu médico em direção a seu corpo. Conforme o jutsu se espalhava a pele ia se recuperando; era sempre o mesmo procedimento que eu realizava quando isso acontecia, no final Naruto despertava e me olhava com ternura, eu queria que isso pudesse acontecer para sempre.


Eu sabia que Naruto sofria muito com aqueles ferimentos, e sabia que ele sofria ainda mais por se ver envolto em meio a essa situação. E isso também me fazia sofrer.


As queimaduras sumiram da pele de Naruto como se elas nunca tivessem existido, eu senti um cansaço físico muito grande, curar as feridas provocadas pela kyuubi era para mim algo cada vez mais difícil; a cada nova transformação as feridas ficavam mais profundas e difíceis de serem cicatrizadas. A seriedade dessas queimaduras era algo que me preocupava muito todas as vezes que ele se transformava, eu temia que em alguma dessas transformações o corpo dele não resistisse.


No entanto, Naruto era forte e sempre resistira a qualquer ferimento ou dor; e ele sempre voltava das situações que o punham em risco mortal com um sorriso no rosto como se zombasse da morte. Eu queria poder ver esse sorriso eternamente estampado em seu rosto que não mais tinhas traços infantis, mas que era tão iluminado quanto o rosto de uma criança.      


Levantei e me dirigi a uma pequena sala adjacente ao quarto dos leitos; naquela salinha eram mantidos os medicamentos e alguns utensílios do hospital. Peguei uma bacia e comecei a enchê-la com água, com os pensamentos distantes eu observava a água que caia na bacia.


- Como eu posso ajudá-lo?


Uma indagação para a qual eu não tinha uma resposta. Ninguém me contestava essa pergunta que frequentemente eu vinha me fazendo, nem mesmo Tsunade-sama a contestou.


A água fria molhou minha mão e eu despertei do vazio que havia se transformado meu interior; a água transbordava e caia na pia molhando minhas mãos. Eu fechei a torneira e despejei um pouco do conteúdo da bacia de volta na pia; pegando um pedaço de pano branco retornei ao leito onde estava Naruto.


Naruto continuava estava dormindo. Ele ainda não havia despertado, mas eu sabia que logo ele o faria.


Coloquei a bacia na mesa de cabeceira, molhei o pano e o torci. Uma lágrima escorregou por minha bochecha e caiu na bacia fazendo pequenos círculos surgirem na superfície na água; curvei-me sobre a bacia e com o pano úmido bem firme em minhas mãos fiquei olhando meu reflexo na água.


Aquela situação estava me fazendo muito mal; e eu não sabia até quando poderia suportá-la. Carregar o meu fardo, suportar a dor de perder Naruto, não, eu não queria ter que carregar esse fardo. Ali olhando para meu reflexo na superfície da água lembrei-me de Tsunade-sama; ela havia sentido duas vezes a dor de perder a quem se ama, e eu já havia sentido essa dor uma vez há muito tempo atrás quando Sasuke havia deixado Konoha, no entanto, a minha dor era tão diferente da dor de Tsunade-sama, ela havia perdido seus amores para sempre. Tsunade-sama havia enfrentado essa dor duas vezes, e eu estava com medo de ter que enfrentar essa dor uma única vez; eu queria ser mais corajosa para poder enfrentar essa situação, mas ao ver Naruto a minha frente eu não conseguia simplesmente deixá-lo partir.  


 


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Notas finais do capítulo

nota da autora: Sakura está sofrendo cada vez mais por Naruto, e ela se vê sem ter uma solução em mãos. Será que algo surgirá em meio a sua dor?



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