Ups And Downs: Todos Os Caminho Levam Ao Mesmo Fim escrita por AsCumadre


Capítulo 13
Everyone I talk to is another not you




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POV’S NICK

                Era só o que me faltava! Adam começar a acasalar no nosso quarto! Depois de examinar a minha cama e me certificar que não havia nenhum sinal de reprodução humana naquele lençol, fiquei em paz e fui atrás de Emy. Não havia a desejado bom dia ainda.

                No meio do caminho, lembrei de pegar meu violão. Emy vai me ajudar com uma música.

                Na volta, uma surpresa: Lily estava de lingerie abrindo a porta do meu quarto. Nossa, que saudade de tudo isso! Confesso, que mesmo depois de já conhecer aquele corpo até do avesso, fiquei desconcertado.

- Lily? – Ela pulou de susto e corou na hora, tentando, em vão, se cobrir com as mãos. – Er... – Tentava não analisá-la, mas não era muito fácil. – Posso ajudar?

- Não... Er... Eu já... To de saída! – Ela pareceu lembrar-se de alguma coisa e então mudou sua resposta. - Não, não pode Nicholas.

- Ual! Bom dia pra você também.

- Pode ter certeza que o meu dia vai ser muito bom... – Ela sorriu maliciosa e eu realmente não entendi o que ela quis dizer com aquilo.

                Só sei que ela me tirou a oportunidade de interrogá-la perguntando por que ela estava vestida daquele jeito, e tentando entrar ou saindo do meu quarto...

(...)

                Emy estava largada no sofá, rindo de algum programa idiota que só ela acha graça. Eu sempre dou mais risada dela se divertindo com aquelas coisas, do que do programa em si.

- Bom dia, gatinha! – Dei-lhe um beijo na bochecha.

- Bom dia, tigrão! Rawn. – Ela, rindo, segurou o meu queixo e me devolveu um selinho. Ai, ai! Tão destemida essa minha nova muié!

                Sentei-me ao seu lado.

- Eu terminei a música... – Comecei a falar. Ela jogou suas pernas em cima de mim, e minhas mãos, automaticamente, foram para cima delas.

- Qual?

- Aquela que a gente começou junto, mas você abandonou... – Ela riu.

- Eu não abandonei! Apenas esqueci...

- Tudo bem, linda! Eu terminei, quer ouvir?

- Quero! – Ela cruzou as pernas, estilo indiozinho, e ficou sorrindo me esperando começar.

                Eu comecei a tocar... E terminei. Qual é? Só tive tempo pra melodia!

- Ah, pensei que você ia cantar pra mim!

- É que eu ainda não sei a letra dessa música... – Ela riu mais uma vez. É fofo como ela consegue me achar engraçado.

- Se precisar de ajuda, estamos aí! Ou por que não, um pouco de inspiração? – Ela sorriu sugestivamente.

- Ah, agora você ta falando a minha língua! – Não teve outra, tive que beijá-la.

                Meu nível de capiciosidade havia subido um ponto agora: Nos beijamos dentro do “território do inimigo”.

- Ah, mano! To falando que eu nem vi o jogo direito! Com aqueles mini shorts, é impossível conseguir olhar pra bola! – Era a voz de Kevin, falando alto como sempre, nos alertou a tempo de nos separarmos.

- Você vai à festa do time hoje? – A pergunta de Adam não foi respondida. Kevin resolveu zoar com a minha cara.

- Ê casal! Não adianta fingir que não tava acontecendo nada... Eu acho muito difícil o meu caro amigo Nick estar de fato assistindo esse programa idiota!

- Ei! Não fala assim!

- Ah é, a idiota da Emy gosta! – A garota riu e uma almofada voou.

- Fica quieto imbecil!

- O que o amor não faz não é mesmo? Até xingar os outros ela xinga feliz agora! – Adam Ironia Beaumont, esse deveria ser seu verdadeiro nome.

- Para de ser invejoso, cara!

- Invejoso? Eu? Ha! Muito engraçado. Inveja do que? – Ele olhou com descaso pra Emy.

- Inveja, porque eu sou capaz de fazer alguém feliz e você não! – Fui capaz de ouvir o suspiro de Emy daqui.

- Você que pensa... Eu tava exatamente fazendo alguém muito feliz ontem à noite... E cara, quanta felicidade!

- Ah, esse é o meu garoto! – Kevin e ele fizeram um high-5. – Enfim, vocês vão no jantar hoje à noite, casal?

- Kevin, para! – Emy ordenou.

- Calma senhora Reed! – Ele e Adam riam. Às vezes eles são tão idiotas.

- Besta! Que jantar?

- Ah, eles não devem ter sido convidados... – Adam tentou se desfazer de nós.

- Ah, vocês estão falando da festa do time de vôlei? Claro que vamos, eu sou o "melhor torcedor", esqueceram? – Adam pareceu não gostar da minha resposta. Ele odeia que eu seja melhor do que ele em qualquer coisa.

- Demoro! Depois a gente combina um esquenta então, brothers!

- Demoro! – Emy respondeu por nós dois.

- Gente, beber faz mal à saúde... – Adam dizia quando já estavam saindo.

(…)

- A gente vai mesmo…?

- Vamos, Nick. Agora eu já me troquei e o Kevin e a Mandy estão nos esperando pro nosso “esquenta”.

- A Mandy foi convidada?

- Ela vai com o Kevin. Esse é o único casal que falta se assumir. – Ela disse meio rindo, e eu a acompanhei.

                Ela estava tão linda se ajeitando em frente ao espelho, que eu não resisti. Tive que abraçá-la por trás para poder admirar aquela bela imagem refletida mais de perto. Emy começou a sorrir e não deu 5 segundos, ela perguntou:

- O que foi?

- Nada... Só estou admirando a sua beleza... – Ela riu fraco, enquanto cruzava seus braços sobre os meus, erguendo sua cabeça para olhar diretamente para mim.

- Acho que você deveria se atentar a outro fato...

                Direcionei o meu olhar àqueles lindos olhos azuis.

- E que fato é esse?

- O fato de que nós formamos um lindo casal! – Ela voltou a olhar para o espelho, orgulhosa. Eu a imitei.

- Qualquer um faz um casal bonito com você... – A beijei na bochecha e me sentei na cama que estava logo atrás de nós.

- Você poderia ter concordado pelo menos, né?

- Ah, não precisa ficar brava! – Eu não podia concordar com aquilo. Ainda. Eu sei que é uma questão de tempo até eu esquecer aquela outra pessoa...

- Às vezes parece que você não está muito afim desse relacionamento... – Ela se virou para mim. – Eu gostaria que você se abrisse pra mim, só um pouquinho assim! – Ela demonstrava com as mãos. – Eu já ficaria feliz.

                Eu a puxei pela mão, e ela ficou de pé entre as minhas pernas.

- Eu tenho outros jeitos de me abrir pra você... – A enlacei pela cintura e ela apoiou suas mãos em meus ombros, já sorrindo. – Cada beijo... – Eu dizia entre beijos – É uma nova... Mensagem.

- Ah... E que mensagem... Você está passando agora?

- Você vai ter que adivinhar!

                Beijamo-nos com tranqüilidade. Posso dizer que Emy e eu já conhecemos muito bem a boca um do outro, e cada beijo seu, não sei como isso é possível, se torna mais gostoso.

- Hãm-Hãm! Será que interrompo o casal? – Emy se assustou, quis se desprender de mim, mas eu a segurei com força. Era só o Kevin! E ah! Todo mundo já sabe...

- Interrompe! – Eu respondi e Emy riu.

- Tem duas pessoas esperando por vocês e ao invés de vocês irem logo, vocês ficam aí se beijando! Quanta indecência! Aposto que o papai e a mamãe de vocês ficam falando pra todos: “Oh! Meu filhotinho estuda em Stanford!”, mal sabem eles que a última coisa que vocês fazem aqui é estudar! Ficam nessa de rodízio de namorados, aí... – Ele finalmente respirou. – Não consigo entender essa modernidade...

                Emy e eu já estávamos rindo desde a palavra “filhotinho”.

- É, cara! Acho que eu devia parar com isso e ser como você, né?

- Obviamente. – Não sei como ele conseguia ter a cara tão lavada.

- Não faça isso, Nick! Esse daí não tem futuro!

- “Não faça isso, Nick! Esse daí não tem futuro!”- Ele a imitava com uma voz irritante. – Sai pra lá, Emily! Você que me trouxe pra essa vida!

- Ah, pronto! Tem que rir pra não chorar...

- O que é que você ta falando, Kevin? Pelo menos ela vai passar de ano...

- Ah, me desculpe se eu gosto demais dessa instituição e quero ficar aqui o máximo possível! – Ríamos, sim, desde àquela hora.

                Fomos para um barzinho próximo à boate que seria a festa. É, eu também pensei que seria um jantar para os professores, técnico do time e tal... Mas parece que tem uma balada em baixo e um restaurante no mezanino. Ainda bem que eu tomei umas antes de ir pra lá, porque confesso que eu não teria coragem de fazer absolutamente nada com a Emy, na frente da Lily.

                Chegando lá, a pista de dança tinha no máximo cinco pessoas, então fomos direto para o mezanino. Todos cumprimentavam as meninas e o técnico do time. Lily estava de costas para a escada, e seu vestido tinha um decote muito grande nas costas, que me fez elogiá-la muito, por pensamento, claro. Sendo assim, fiz uma coisa muito errada, e eu tenho noção disso. Assim que Lily se virou para nós, eu, disfarçadamente, soltei a mão de Emy.

                 Para minha surpresa, ela sorriu para nós. Ou seja, ou ela estava bêbada, ou ela estava muito feliz, o que equivale a um porre, então... Tanto faz.

- Oi, gente!

- E aí, gatinha! Eu já te disse isso, mas como todo mundo deve ter vindo aqui pra dizer isso...  Parabéns pelo título! – Eles se abraçaram.

- Ah, aí sim hein! – Eles improvisaram um toque louco que rendeu risadas de todos, até da Mandy, que veio xingando a Lily o caminho inteiro. – E essa linda moça que te acompanha, jovem rapaz? – Ela fingiu estar séria. – Desencalhou? – Ela voltou a rir.

- Nossa, tão engraçada... E não, ainda não desencalhei. Essa é a nossa amiga, Mandy. Mas pra você é Amanda, porque você não é legal e descolada como nós! – Ele fez estralinhos no ar.

- Ai, como é idiota... Enfim, Olá Amanda! Muito prazer, seja bem-vinda a este lugar abençoado por Oriximiná! – Emy riu baixinho, esse era o santo que elas criaram e seguiam.

- Aja como uma pessoal normal, por favor? Vai assustar a garota. – Kevin a reaprendeu, mas Mandy, incrivelmente, ria!

- Deixa ela, Kevin! – Ela bateu nele de leve. – Obrigada, Lily. – Elas se cumprimentaram. – A gente já se conheceu, mas você não deve se lembrar... Não é? – Lily fez que não com a cabeça, como quem lamentava por isso. – Tudo bem! Essa apresentação foi melhor do que a outra.

                Era vez de Emy dizer alguma coisa.

- Parabéns, Lily! – Foi tudo o que ela conseguiu.

- Obrigada! – Ela respondeu sorrindo. E isso significa que agora é minha vez.

- Foi um ótimo jogo, vocês mereceram! – Eu sorria com sinceridade, e ela, aparentemente, também. Eu não queria que acabasse ali. Eu tinha que tirar algum proveito dessa simpatia que a atacou hoje! – Parabéns, de verdade! – Eu dei um passo à frente para abraçá-la e ela retribuiu.

                Ela tava tão boazinha que eu acho que até se eu tentasse beijá-la, ela ia deixar e depois sorrir e me agradecer. É, talvez não seja para tanto. Só sei que, aquele decote nas costas dela me foi muito propício, e creio que ela percebeu que minhas mãos estavam deslizando demais por ali, já que ela me empurrou tão discretamente quanto eu fui quando chegamos.

               

- Er... Bonito vestido! – Eu sorri malicioso, e ela riu timidamente.

- Então... – Ela ainda mantinha o sorriso de constrangimento no rosto - Aproveitem, aí!

- Ai, tava demorando demais, já! – Kevin reclamou e Lily bateu nele novamente.

(...)

Estávamos nós quatro em uma mesa. Já havíamos cumprimentado todo mundo que conhecíamos. Tinha muita gente desconhecida para a minha surpresa.

- Boa noite, senhores. – Uma voz grossa falou e eu sorri ao ver quem era.

- E aê, cara! Quanto tempo! – Nos abraçamos forte. Eu sorria de verdade e ele também.

- Mas quem é vivo sempre aparece! – Kevin levantou para cumprimentá-lo enquanto eu cumprimentava a bela loira que o acompanhava.

- Lucas! – Eles se abraçaram tão forte, que confesso que pensei em separá-los. Ele até levantou ela pra vocês terem noção. – Nossa, que saudade! – É, eles eram amigos, mas não era pra tanto.

- Pois é, loira! Não me ligou mais, não foi mais lá em casa...

- É... Alguns problemas... – Ele olhou pra mim.

- Depois eu explico.

- Demoro, então!

                Ele e sua namorada Rebecca, se sentaram conosco. E ficamos um bom tempo relembrando o passado.

- Por que a bicha do Adam, não ta aqui com vocês?

- Ah, sei lá! Graças a Deus eu nem vi ele hoje! – Não consegui esconder minha revolta.

- Ele ta bem ali... Com a minha irmã... – Nossa, eu só parei de olhar pra ela por 15 minutinhos e ela já estava cercada por dois loiros!?

- É, faz parte daquela explicação lá...

- Ah... Entendi!

- E a Lily? Você não está lá grudado com ela, deixando todo mundo enojado com tanto mel como sempre, por quê?

- Explicação...

- VOCÊS TERMINARAM? – Sim, ele é escandaloso. Lily virou assustada e correu até nós.

- Er... Do é que vocês estão falando...? E... Lucas! O que você ta fazendo nessa mesa?

- Eles são meus brothers também, brother!

- Ta... Então... – Ela parecia estar pensando em alguma coisa.

                 Ela veio até mim, e cochichou em meu ouvido: “Ele não pode saber”. Depois ela foi até Emy, e Kevin, e presumo que ela disse a mesma coisa.

- Segredinhos, agora?

- Não, maninho! Imagina!

- Ta bom, me engana que eu gosto! Então você e o Nick terminaram e você não conversa mais com a Emy porque ela roubou seu namorado. É isso, maninha? – Ele perguntava com os braços cruzados.

                Eu não entendi porque ele não pode saber, mas beleza.

- Não! Claro que não! – Ela começou confiante, mas então sua voz ficou baixa. – A Emy nunca faria isso comigo... – Ela recuperou a coragem. – Você sabe disso!

                Emy baixou a cabeça, e eu também fiquei com vontade de me esconder ou abraçar Lily e dizer que queria ela de volta, ou abraçar Emy e dizer que ela não tinha culpa de nada.

- Nossa, é verdade! – Ele riu sozinho. – Brisei, agora!

- É... – Todos forçaram um sorriso.

                Lily voltou para o Adam e o outro loiro misterioso e nós ficamos zoando a namorada de Lucas que estava quase muda.

- Cala boca, Rebecca. Você fala demais, meu. – disse Kevin.

- Sua voz já ta me irritando... – Foi minha vez.

- Credo, gente! Deixa a menina em paz, vocês nem conhecem ela direito... – Emy tentou protegê-la.

- Ah, ela já ta acostumada. – O namorado da garota contribuiu.

- É mesmo... Só levo patada desse menino. – A menina finalmente se pronunciou.

- Eu sou mó bonzinho com você! Na verdade, sou bonzinho com todo mundo. – E deu um beijo nela.

- Você? Bonzinho? Você me obrigou a vestir o uniforme do New York Giants, tirar foto e colocar na internet, só para eu poder colocar o pé na sua casa. – Emy protestou.

- Ah, ficou boa a foto, vai!

- Você me obrigou a correr 5 quilômetros, pagar 100 flexões e 100 abdominais só para poder entrar lá. E só na terceira visita você deixou eu usar o banheiro da sua casa! – Adicionei. Mas não devia ter me lembrado disso.

- E comigo? Ele me obrigou a tirar a roupa e ficar deitado de bunda pra cima, na cama dele esperando ele sair do banho!

                Kevin comentou e automaticamente todos à mesa riram, com exceção de Rebecca, que quase cuspiu a sua bebida.

- É sério isso, Lucas? – Ela parecia assustada.

- Não! Claro que não! Essa porra branca nunca nem chegou perto da minha casa! – Lucas parecia indignado com a história. – Mas eu gostei da idéia... Se quiser ir pra lá mais tarde... – Ele falava sério. Desta vez, quem se assustou foi Kevin.

- Sai pra lá! Ta me estranhando? Sou muito macho!

- É... Super macho. Nunca me esqueço daquele dia que você pediu pra eu... – Mandy ia contando e rindo ao mesmo tempo, mas de repente seu riso se conteve. – Opa! Esqueci que tem mais gente aqui...

- Ah, pode contar agora, amiguinha! – Emy tentou convencê-la.

- Não posso... Mas o fato é: O Kevin é suspeito...

- Vish, Kevin! Se até sua mina ta te denunciando, eu vou ser obrigado a acreditar que você queima a rosca! – Me juntei ao bullying com o Kevin.

- Eu não sou mina dele... – Mandy disse quase num sussurro.

- É... Ela não é minha mina e... É sério mesmo que você tem duvida de quanto eu sou macho, Mandy?

                Ela apenas riu timidamente e bebeu o que restava em sua taça.

                A presença de Lucas fazia com que todas as memórias do meu namoro com a Lily viessem como um tsunami: O primeiro beijo, a primeira visita a casa da garota, a primeira vez que ela conheceu a minha família, e eu a dela, a primeira vez que nós... Não, eu não podia pensar nisso. Não ali com aquele monte de gente. E além do mais, nós tínhamos terminado e ela não me queria mais. Tanto isso é verdade, que ela só quer saber de loiros agora... Não pude deixar de perceber que ela guiava um deles até a nossa mesa.

- Emy! Olha só quem ta aqui! – É. Ela provavelmente estava bêbada ou esqueceu que ela e a Emy não são mais amigas ou está fingindo muito bem para o irmão dela.

                O que mais me incomodou não foi essa falsidade da Lily, e sim, a reação de Emy diante daquele cara. Ela paralisou.

                Ele percebeu:

- Oi, Emy. – Como eu entendo muito de sedução, pude perceber que ele estava tentando seduzir a MINHA namorada, com aquele sorriso barato, aqueles olhos azuis baratos, aquela roupa com estilo demais que só um viado teria coragem de usá-la e aquele cabelo brilhoso... Aposto que é oleoso!

- Chace? – Ela forçava um sorriso. Ela estava evidentemente surpresa.

Vasculhei minha memória a procura do nome do cara, eu já tinha ouvido... Só não lembrava o que eu tinha escutado sobre ele.

- E aí, cara! – Disse Lucas se levantando e o abraçando normalmente, como todo homem se abraça. Caralho, todo mundo conhecia esse sujeito, menos eu?

- Chace, esse é o pessoal. – Ela apoiou a mão em seu ombro enquanto nos apresentava pra ele. – Gente, esse é o Chace. Ele estudava com a gente no colegial.

- Ah, que legal... – Eu disse e logo me virei para frente novamente. Eu não consigo tentar ser simpático com alguém que eu não vou com a cara.

- Quanta simpatia! – Pude ouvir Lily reclamar. – Então, Chace... Viu que ela não morde? – Voltei a observar àquela cena.

- Vi... – Ele a mediu de cima a baixo. Fiquei com vontade de dar um fim àquela putaria, mas aí eu estaria agindo como um idiota ciumento e esse não sou eu, é o Adam. – Onde eu sento? – Já tava todo soltinho... Cuzão.

                Ele resolveu puxar uma cadeira ao lado de Lucas. Ficaram lembrando do passado por um tempo, enquanto nós ficamos falando de qualquer coisa mais interessante. Porém, não demorou muito, aquele absorvente de atenção resolveu puxar Emy para seu “grupinho de conversas privadas”, e o pior: ela foi. Cretina...

                Mais uma vez, o resto do grupo se entretia com outro assunto, mas eu não conseguia parar de tentar ouvir o que eles falavam. Foi em vão, só conseguia ouvir quando eles riam. E eu não gostava de ouvir suas risadas, ou melhor, não gostava de ver que eles estavam se divertindo.

                A pista de dança foi aberta, e Lily e Adam dançavam como se aquilo fosse a última coisa que eles fariam na vida. Aquilo me incomodou. Mas já tinha tanta coisa me incomodando naquela noite, que resolvi tentar deixar isso pra lá.

                Será que Emy me daria um pouco de atenção agora?

- Emy... – Tentei. Ela não ouviu. – Emy?

                Ta, eles não vão parar de trocar piadinhas um com o outro mesmo? Foi aí, que eu tive uma brilhante idéia: simplesmente me levantei e puxei-a pela mão até a pista de dança. Eu estava puto. E bêbado. Não estava cambaleando nem nada, bebi apenas o suficiente para minha sinceridade aflorar. É bom ninguém se meter no meu caminho hoje.

                “Don’t stop the party” começou a tocar assim que chegamos ao nosso destino. Ainda não tinha olhado para Emy para poder medir o seu grau de irritação com a minha atitude naquele momento.

                Começamos a dançar. Minhas mãos estavam em sua cintura. Ela se aproximou do meu ouvido e eu pensei que seria um momento romântico apesar de tudo. Me enganei.

- Você, por acaso, ta tentando parecer um idiota? Devo te informar que você está conseguindo... – Credo, quanta delicadeza!

- Eu não estou tentando nada... Se não quiser dançar, pode voltar pro seu amiguinho loiro!

- É sério que você ta sendo um idiota por causa dele?

- Não estou sendo um idiota...

- Claro que ta, Nick! Você me fez deixar o garoto falando sozinho!

- Pelo amor de Deus! O Lucas ta lá com ele!

- Nick...

- O que?

- Pára com isso, vai. Está ficando ridículo e você sabe que você não é assim...

- Ah, me desculpa... É que eu fui obrigado a ficar encarando o teto boa parte do tempo... Vocês dois parecem ter assunto demais...

- Encarar o teto? Do mesmo jeito que você ficou encarando a Lily?

- O que? – Eu ri de verdade.

- Ah, vai dizer que tava reparando em como o vestido dela era bonito?!

- Mas é um vestido bonito... – É, eu sei. Muita cara de pau.

                A essa altura do campeonato ela já me empurrava para se afastar. Eu não deixei.

- Vai fugir agora?

- Não to fugindo...

- Então só finge que ta tudo bem e dança... Tão olhando pra gente. – Tratei logo de encarnar o personagem e fiz uma dança excêntrica. Emy, pelo menos, riu.

- Que isso, Nick? Ta tentando me envergonhar?

- O que? Dança também!

Ela começou a dançar normalmente, ainda rindo. E eu parei de bancar o palhaço. Estávamos temporariamente de bem...

                Adam, todo suado, se aproximou de nós:

- O casal já ta em crise? – Ele dizia em tom de brincadeira. Está tudo muito estranho hoje.

- Não, não. Sua mãe não tem me dado muito trabalho. – Eu disse e Emy riu.

- O que? – Adam perguntava sorrindo. Coitado, acho que ele não ouviu. Loser.

- Nada, não...

- Ta bom, então... É pra você ir lá em cima buscar sua medalha. Infelizmente, seu buquê de flores já murchou. Sinto muito.

- Vish, agora você é parte do comitê de organização do time de vôlei de Stanford? – O zoei e ele riu. Sim, ta tudo errado!

- Vai logo, antes que eu me irrite e te mande tomar no cú! – Ah, agora sim!

(...)

                A cada dia aquele maldito loiro de cabelos luminosos como os raios de sol se tornava mais próximo de Emy. E até agora, o que consegui pegar dessa história é que eles já ficaram em uma balada recentemente. Ou seja, eu tenho motivos para exagerar nas minhas discussões à vontade!

                Não sei qual é o problema de solidão desse cara, mas todo santo dia quando não para o celular, ele liga na república para falar com a Emy. Porra, eu não ligo que ela fale com outro cara. Não sou ciumento e nunca vou ser. Mas eu assumi uma coisa com ela e ela deveria se comprometer da mesma forma. Simplesmente isso. Não é pedir demais.

                Para complicar a minha situação, parece que tem mais um casal assumido vindo por aí, não que eu já não desconfiasse antes, mas a confirmação deles é ainda mais frustrante: Lily e Adam. Eu os vi andando abraçados. Aquilo não era abraço de amigo.

(...)

                Eu estava deitado na minha cama, tentando resolver uns cálculos quando Kevin entrou, reclamando de alguma coisa.

- Nossa, cara. To putão! – Eu ri de leve.

- O que aconteceu dessa vez?

- Sabe a Mell?

- Qual?

- Aquela loira gostosa do 1º ano de Engenharia também...

- Ah, inesquecível aquela lá...

 - Pois é! Você ta ligado que nesse sábado eu ia pegar ela, né?

- To, to ligado...

- Então, cara! Mas aquele baitola do Joe, da sala dela, ta comendo a mina, meu!           

- Mas como você fala bem né, meu amigo? Incrível como só sai palavra bonita da sua boca...

- Ah, foda-se! Estou no meio de uma crise...

- Mano, relaxa o bumbum aí vai.... Alguém está tentando estudar...

- Não, mas essa você vai querer ouvir! Sabe quem ta comendo bem, também?

- Quem, Kevin? – Eu já tava de saco cheio, mas ele é meu amigo, ouvi-lo não vai me matar.

- O Adam! Ta pegando a Lily!

- Ta, e a novidade?

- Eu disse que ele tava comendo bem... – A lapiseira caiu acidentalmente da minha mão.

Não respondi. Na verdade, nada passava pela minha cabeça a não ser aquelas palavras “comendo bem”.

- Só você não ta se alimentando direito nesse quarto. Se é que me entende... – E deu uma piscadinha. Será que ele achava que eu era burro o suficiente para não ter entendido essa piadinha?

- Já acabou?

- É... Mau humor é um sinal dessa abstinência...

- Ai, Kevin... Vai tomar no seu cú antes que eu me esqueça, vai? ... Vê se eu to lá na esquina... Qualquer coisa, mas me deixa em paz.

- Eu conheço um lugar que não é muito caro pra...

- Mano, vai se fuder!

- Olha, me fuder não, mas eu te garanto que eu vou fuder alguém! – E ele, finalmente, saiu do quarto.

                Agora só devo agradecer ao Kevin por ter tirado completamente a minha atenção da única coisa realmente útil na minha vida e me fazer ficar pensando naqueles dois juntos... O meu “melhor amigo” e a minha “namorada”... Agora eu sei do que Lily tanto se queixava. E já que é para eu me sentir como ela se sentiu, vou igualar o placar.

Quando dei por mim já havia aberto a porta do quarto de Emy. Ela estava sentada em sua cama falando ao telefone:

- Você que sabe, Chace. – De novo aquele cara?! Não pensei duas vezes: peguei o telefone da mão dela e desliguei. – Nick, o que...?

Comecei a beijá-la. No começo, ela simplesmente ficou estática, enquanto eu fazia todo o trabalho, mas não demorou muito para finalmente retribuir. Suas mãos já estavam em meu cabelo, as minhas, já por baixo de sua blusa. Nossos lábios não ficavam separados por mais de um segundo, os beijos ficavam cada vez mais intensos. Um desejo súbito me dominou e eu precisava saciá-lo.

Ela foi mais rápida do que eu e, num instante, já havia tirado minha camiseta, suas mãos agora estavam em meus ombros. Minha boca percorria todo o seu colo, mas me lembrei que ela ainda estava vestida, então, simplesmente me livrei desse obstáculo e achei o que eu queria. Minhas mãos acariciavam suas costas macias, o que a deixava visivelmente arrepiada, e encontraram também, o fecho de seu sutiã. Mas, algo me parou e não pude ir mais além.

Eu não podia fazer isso com ela. Eu não podia usá-la para empatar com a Lily numa competição que nem existia de fato.


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Notas finais do capítulo

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