A Maldição Do Titã - Brittana escrita por Ju Peixe


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Boa noite...



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Nós viajamos no javali até o pôr do sol, o que era o máximo que as minhas costas poderiam aguentar. Imagine viajar em uma escova de aço gigante por um leito de cascalho o dia todo. É o quanto é confortável viajar em um javali.

Eu não tinha ideia de quantos quilômetros nós cobrimos, mas as montanhas desapareceram na distância e foram substituídas por quilômetros de terra seca e plana. A grama ficava espessa enquanto nós galopávamos (javalis galopam?) pelo deserto.

Quando a noite caiu, o porco parou em um riacho, cansado e resfolegando. Ele começou a beber a água lamacenta, então arrancou um cacto do chão e o mastigou com espinhos e tudo.

- Isso é o mais longe que ele irá, - disse Harmony. - Precisamos ir embora enquanto ele está comendo.

Ninguém discutiu. Nós saímos das costas do javali enquanto ele estava ocupado devorando cactos. Então gingamos para longe do melhor jeito que pudemos com nossas assaduras de sela.

Depois do seu terceiro cacto e outro gole de água lamacenta, o javali grunhiu e arrotou, então se virou e galopou de volta em direção ao leste.

O único lado positivo que eu conseguia ver em passar sabe-se lá quantas horas nas costas de um porco/javali era que eu conseguira ficar mais tempo com Santana. Passamos as longas horas abraçadas, com minha cabeça deitada em seu ombro.

Caminhamos mais um tempo, completamente doloridos do passeio agradável com o porco. Santana passou os braços pela minha cintura e ficamos andando juntas por um tempo. Eu já sentia as minhas pálpebras completamente pesadas quando chegamos a um lugar que parecia ser um ferro-velho.

Decidimos acampar por ali, pois ninguém se sentia com a mínima vontade de explorar o local. As caçadoras arrumaram três barracas de suas mochilas. Não sei de onde saiam aquelas coisas, mas deviam ser encantadas.

Deitei junto de Santana no saco de dormir e me encolhi em seus braços. Ela beijou o topo da minha cabeça e abraçou a minha cintura. Quinn, Rach e Blaine dividiam a segunda barraca, deixando a terceira para as caçadoras.

Das milhares idiotices que Quinn me dissera, tinham algumas pouquíssimas que eu resolvi tomar como conselhos. Virei-me de modo que fiquei frente ao rosto de Santana e pousei meu braço na sua cintura.

- San... – chamei – Eu... Você acha que... Nós... Ér...

Soltei um suspiro alto e escondi meu rosto em seu peito.

- Eu não sei como começar essa conversa. – murmurei.

- Que conversa, Britt-Britt? – ela perguntou passando as mãos por meus cabelos.

- Sobre... Sobre... Ah, você sabe! – respondi.

- Não, não sei. – ela respondeu apertando o abraço.

- Sobre... – Tomei fôlego e enterrei minha cabeça em seu peito – Sobre sexo.

Ela pareceu levemente surpresa com o assunto e eu senti minhas bochechas arderem. Ela sorriu e voltou a afagar meus cabelos.

- Ficou assim por causa desse assunto? – ela perguntou referindo-se as minhas bochechas.

Assenti e ela abriu um meio sorriso.

- Eu... Bom, Britt. Eu não quero que faça que não tenha vontade. – ela disse me fitando com os olhos castanhos. – Quer dizer, podemos ir no seu ritmo.

- Eu quero... – respondi afastando meu rosto de seu peito – E quero muito. Mas eu não sei como. Eu queria que fosse tudo perfeito pra você.

- E vai ser. Se for com você, não tem como não ser perfeito. – ela disse me fazendo corar – Mas Britt-Britt, me diz que você não quer fazer só por causa das implicâncias da Fabray.

- Não, San. A culpa não é dela. – respondi deitando a cabeça em seu peito – É que... Você é tão linda, e eu tenho vontade de te tocar às vezes. E-eu não entendo isso muito bem, mas eu quero entender.

- Britt, não precisa ficar com vergonha. – ela disse apertando meu rosto contra seu peito. – É completamente normal isso tudo. Eu também tenho vontade. Mas eu nunca vou te forçar a nada. Eu juro.

- Eu sei, San. – respondi me aconchegando em seus braços – Mas eu quero que seja especial. É a minha primeira vez, e eu quero muito que seja com a mulher que eu amo. Mas eu também não queria que fosse em uma barraca no meio do nada com a Quinn logo ao lado.

- E eu também não quero assim. – ela respondeu rindo – Vamos fazer especial, do seu jeito Britt-Britt. Mas agora vamos dormir, amanhã temos que acordar cedo.

- Certo. Boa noite San.

- Boa noite, minha princesa.

Xxxxxxxx

Acordei no meio da noite com insônia. Santana dormia profundamente abraçada a minha cintura. Abri um sorriso ao vê-la tão calma daquele jeito e lentamente soltei-me de seu abraço.

Sai da barraca e fiquei caminhando no meio do nada, apenas sentindo o ar frio da noite contra a minha pele. Fechei os olhos por um momento e de repente ouvi um barulho. Peguei contracorrente mas larguei-a em seguida, vendo que se tratava apenas de Quinn.

- Calma ai, loira! Não vai me acertar com essa coisa, pelo amor dos deuses. – ela disse arregalando os olhos.

- Já pensei em fazer isso, mas mudei de ideia. – respondi sorrindo – Acho que vou te deixar viver por mais um tempo.

- Ah, bom saber. Mas o que faz aqui fora?

- O mesmo que você. Nada. Apenas senti insônia.

- Problemas de família, será? – ela perguntou sentando ao meu lado.

- Provavelmente não – Uma voz disse, cortando o ar.

Desviei meus olhos de Quinn e encontrei os de Rachel, que mantinha um sorriso calmo no rosto. Fiz sinal para que a pequena se juntasse a nós e ficamos conversando um tempo.

- Eu sinceramente acho que devíamos ir para Vegas. – Quinn disse, discutindo sobre a missão.

- Não! Las Vegas não! – Rachel disse assustada.

- Por que não? – Quinn perguntou arqueando uma sobrancelha.

A pequena suspirou e abraçou os joelhos, escondendo a cabeça nas pernas. Quinn aproximou-se dela e passou o braço por seus ombros, puxando-a para um abraço. A morena levantou a cabeça e tomou ar antes de começar a falar.

- Eu e Blaine ficamos algumas semanas em um hotel em Vegas. Eu não quero falar sobre isso, meninas.

Senti minha cabeça girar. Hotel em Vegas? Mas não podia ser o mesmo.

- Rachel, por acaso era o Lótus Hotel e Cassino?

Os olhos dela se alargaram.

- Como você pode saber disso?

- Ah, ótimo - falei.

- Espere, - Quinn disse. - O que é o Lótus Cassino?

- Dois anos atrás, - eu disse - Finn, Santana e eu ficamos presos lá. Ele é feito para que você nunca queira sair. Nós ficamos por cerca de uma hora. Quando saímos, cinco dias tinham se passado. Ele faz o tempo acelerar.

- Não, - Rachel disse. - Não, isso não é possível.

- Você disse que alguém veio e pegou vocês - eu lembrei.

- Sim.

- Como ele parecia? O que ele disse?

- Eu... eu não me lembro. Por favor, eu realmente não quero falar sobre isso.

Quinn sentou mais à frente, suas sobrancelhas unidas com preocupação. - Você disse que Washington D.C mudou desde que vocês estiveram lá no último verão. Vocês não se lembram do metrô estar lá.

- Sim, mas...

- Rachel - disse Quinn, - pode me dizer o nome do presidente dos Estados Unidos neste momento?

- Não seja boba, - disse Rachel. Ela nos disse o nome certo do presidente.

- E quem foi o presidente antes dele? - Q perguntou.

Rach pensou por um momento.

- Roosevelt.

Quinn engoliu em seco.

- Theodore ou Franklin?

- Franklin. - disse Rachel. - F.D.R.

 - Rach, - disse Q. - F.D.R não foi o último presidente. Isso foi há cerca de setenta anos atrás.

- Isso é impossível, - disse Rachel. - Eu... eu não sou tão velha.

Ela olhou para suas mãos como que para ter certeza de que não estavam enrugadas.

Os olhos de Quinn ficaram tristes. Eu imaginei que ela sabia como era ser tirada do tempo por um período. A loira aproximou-se de Rachel e abraçou-a.

- Está tudo bem, Rach, o importante é que você e Blaine estão a salvo. Vocês conseguiram sair de lá.

- Mas como? - eu disse. - Nós ficamos lá por uma hora e nós mal escapamos. Como você pode ter saído depois de ter ficado lá por tanto tempo?

- Eu já disse a você, - Rachel parecia a ponto de chorar. - Um homem veio e disse que era hora de ir. Então...

- Mas quem? Por que ele fez isso?

Antes que ela pudesse responder, nós fomos interrompidas por uma voz sonolenta.

- Rach, você está sem sono de novo? – Blaine perguntou esfregando os olhos negros.

- Está tudo bem, Blaine. Vamos voltar para a barraca. – ela respondeu abraçando o irmão.

Eu e Quinn nos entreolhamos por alguns segundos e ela saiu, indo atrás dos irmãos. Eu fiquei mais um tempo ali fora, perdida nos meus pensamentos.

Após algum tempo, senti dois braços abraçarem a minha cintura e formei um sorriso bobo no meu rosto.

- Sem sono de novo? – Santana perguntou, pousando o queixo no meu ombro.

- Normal. E você? – perguntei puxando-a para mais perto de mim.

- Senti sua falta. Ficou muito vazio sem você.

- Então vamos voltar. Você precisa descansar. – retruquei, levantando e abraçando Santana pela cintura.

Voltamos para a barraca e dormimos abraçadas, sem conversar muito. Demorei certo tempo para pegar no sono, pois minha mente ainda estava presa na dúvida de quem tirara Rachel e Blaine do Hotel.


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Notas finais do capítulo

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