Acho Que Estou Ficando Louca escrita por ladyjane


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Obrigada pelo apoio, pessoal. Aqui está o segundo capítulo.



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Naquela noite, como esperado, nós comemos marshmallows e salsichas. Foi uma noite bem calma considerando os acontecimentos daquela tarde. Não houve brigas nem discussões. Nós apenas comemos e conversamos.

Depois fomos dormir quando já era bem tarde. A minha barraca estava bem confortável, mas eu não estava conseguindo dormir. Eu estava muito nervosa com a competição de amanhã.

Decidi sair da barraca e ficar um pouco lá fora, até o sono vir.

Saí da barraca e adentrei um pouco a floresta. Me afastei uns 10 metros do acampamento e me sentei em uma rocha. Fiquei lá, pensando, tentando ficar com sono.

Fiquei ali no silêncio durante alguns minutos, até que ouvi som de passos.

Olhei para trás e vi ninguém menos que o metrossexual.

– O que você está fazendo aqui? – Perguntei meio revoltada.

– Não posso passear um pouco quando não estou com sono? – Ele respondeu e se sentou ao meu lado.

Ainda por cima fica ali comigo sem perguntar algo como “posso te fazer companhia?” ou “você se importaria se eu me sentasse do seu lado?”, perguntas que eu obviamente responderia com um maravilhoso “não!”

– Está sem sono também? – Ele perguntou, sem olhar para mim.

– Sim. Não estou conseguindo dormir. Estou muito nervosa. – Respondi só porque sou educada.

– Esse ano quem vai ganhar sou eu. Pronto, agora você já sabe o resultado disso tudo. Não precisa mais ficar nervosa.

– Cale a boca! Eu vou acabar com você amanhã.

– Já estamos em “amanhã” agora são 1:30h da madrugada.

Tão tarde assim? Fiquei impressionada. Parece que o tempo passa mais rápido à noite.

– Não sabia que já estava tão tarde. Acho melhor eu voltar para a barraca e tentar dormir.

– Como você vai dormir se está sem sono?

– Boa pergunta... Mas já está muito tarde. Eu não posso simplesmente ficar aqui enquanto deveria estar descansando para amanhã, er, quer dizer, hoje.

– Então acho que vou também.

Nos levantamos e voltamos para o acampamento.

– Então – Comecei a falar – Boa noite.

– Boa noite e...

– O que?

– Foi bom falar com você. Sério. Boa sorte amanhã. – Ele se virou e entrou na barraca.

Eu fiquei em pé por um tempo. Pensando no que ele tinha me dito.

Bem no fundo eu também me sentia bem em ter conversado com ele. Mas agora não é hora para isso. Já é muito tarde e eu preciso dormir.

Entrei na barraca, me deitei e fechei os olhos. Não os abri de jeito nenhum. Tentei me concentrar ao máximo e não pensar em nada.

Foi meio difícil, mas depois de algum tempo eu consegui dormir.

Tive uma boa noite de sono e acordei descansada. Levantei do colchão e saí da barraca, ainda com um pouco de sono.

Todos já estavam acordados.

– Bom dia, May – Solidad estava esquentando marshmallows e salsichas na fogueira para o café da manhã – Você foi a última a acordar.

– Bom dia, pessoal.

– Bom dia, lésbica – Harley disse com uma cara feia. Acho que aquilo era para ser uma vingança pelo que eu disse ontem.

O que mais me deixou com raiva foi que Solidad não chamou a atenção dele.

– Bom dia – Disse Drew sem olhar para mim. Ele estava meio ocupado lustrando suas pokébolas. Não sei pra quê. Isso não vai ajudar a ganhar.

O café da manhã também foi um período tranquilo, exceto pelo fato de que o Harley ficava o tempo todo me olhando com cara feia, mas fora isso todos estavam muito quietos. Dava para perceber o nervosismo de todos. Daqui a aproximadamente uma hora nós deixaríamos de ser colegas de acampamento e passaríamos a ser oponentes. Seria um por si.

Quando terminamos, desarmamos as barracas e arrumamos tudo.

– Muito obrigada por me deixar ficar aqui, Solidad. – Eu disse.

– De nada. É sempre bom ter companhia.

– Vamos logo – Drew começou – senão vamos perder a cerimônia de abertura e não vão nos deixar entrar!

– Acho melhor a gente ir mesmo. Vamos lá.

10 minutos de caminhada pela floresta até chegarmos à cidade. Já dava para ver o estádio e ele já estava totalmente lotado.

Drew começou a andar mais rápido quando viu a lotação do lugar.

– Ei, volta aqui, seu afobado – Eu gritei, mas ele não ouviu.

– Deixa ele – disse Solidad – Deve estar muito nervoso e com medo de chegar atrasado.

Eu, Solidad e Harley continuamos andando devagar. Meu coração estava batendo muito forte. Eu estava super nervosa. Precisava fazer o possível e o impossível para ganhar aquele festival. Minha carreira como coordenadora dependia daquilo.

Depois de alguns minutos de caminhada finalmente chegamos ao estádio. Foi meio difícil passar por toda aquela gente na porta, mas depois de algum esforço empurrando as pessoas, conseguimos entrar.

Lá dentro tinha um megafone falando constantemente “favor todos os coordenadores comparecerem à sala de concentração em frente á arquibancada.”

Nossa próxima missão era procurar a sala de concentração. Demorou um pouco para acharmos. Tinha muita gente em volta e estava difícil de andar, mas finalmente achamos a sala. Era enorme e mesmo com tantas pessoas dava para andar normalmente por lá. Ela foi feita para suportar lotações.

Tinha vários bancos lá dentro. Me sentei ao lado de Solidad.

– Agora só nos resta esperar pelo início do Grande Festival – ela disse.

Só agora havia percebido que Harley não estava mais com a gente. Ele devia ter procurado outro lugar para se sentar já que estava com raiva de mim.

Fiquei sentada por vários minutos e a cada segundo eu ficava mais nervosa. Esperei, esperei e esperei, mas parecia que nunca iria começar; que eu iria ficar sentada para sempre, até que finalmente ouvi uma voz vinda do megafone.

“Bom dia a todos!”

Ouvi aplausos vindos da arquibancada. Aquela voz no megafone obviamente pertencia à Lílian, a apresentadora dos Grandes Festivais de Hoenn.

“Em primeiro lugar gostaria de agradecer a presença de todos. Tanto dos espectadores como dos coordenadores. É com grande prazer que anuncio o começo de mais um Grande Festival de Hoenn que desta vez está acontecendo na linda cidade de Slateport”

Mais aplausos. Eu ficava mais nervosa a cada momento.

“Bom, em primeiro lugar, vamos conhecer os jurados. Temos o prazer de apresentar o Senhor Sukiso!”

– A cidade de Slateport é notável! – Senhor Sukiso disse seu famoso bordão.

“Muito bem, também temos como jurada a nossa querida enfermeira Joy!”

– Queria agradecer a todos por darem preferência ao hotel do Centro Pokémon – pena que já estava lotado quando eu chegue, pensei.

“E por fim, temos o magnífico Senhor Contesta!”

– Espero que nossos coordenadores nos proporcionem apresentações interessantes hoje.

“Muito bem, pessoal! Agora que já apresentei os juízes, vamos começar com o Festival!”

Ouvi muito mais aplausos dessa vez. Fiquei muito nervosa. Toda aquela gente estaria me olhando durante a apresentação. Estava com medo de cometer algum erro.

“Muito bem, primeiro vamos sortear as primeiras lutas!”

Meu coração deu um salto. Fiquei muito curiosa em saber com quem eu iria batalhar.

Havia um telão na sala e ele foi ligado. Na tela estavam as fotos de todos os participantes e as batalhas seriam transmitidas ali para que os coordenadores pudessem ver.

“3, 2, 1 e sortear!”

As fotos começaram ser embaralhadas na tela. Houve segundos de silêncio no estádio inteiro enquanto as primeiras lutas estavam sendo sorteadas.

Depois de segundos que pareceram uma eternidade, as duplas já estavam sorteadas no telão. Eu iria lutar com ninguém menos que o Harley.

Mas que maravilha! Ele podia ser o que fosse: um chato, ignorante, idiota, mas era um ótimo coordenador.

Minha luta iria ser a segunda luta do dia. Já estava ficando mais nervosa.

– Boa sorte, May. – disse Solidad. – Vou batalhar com o Drew na minha primeira luta. Espero que eu cosiga.

– Eu te acho melhor do que ele.

– Sério mesmo? Muito obrigada pelo elogio, mas não vai ser fácil ganhar.

A primeira luta terminou muito rápido.

“Parabéns ao vencedor da primeira luta do dia! Agora nós temos May VS Harley!”

Eu já estava quase morrendo de nervosismo. Me levantei, dei um rápido aceno para Solidad e entrei no palco.

A multidão estava muito agitada. Todos gritaram quando eu entrei. Era bom ser reconhecida pela plateia.

Harley também foi ovacionado quando entrou no palco. Jogou beijos para a plateia e depois olhou para mim com cara feia.

Ainda com um pouco de nervosismo, lancei minha pokébola.

– Beautifly, assuma o palco! – eu estava confiando nela para essa batalha.

– Brilhe, Cacturne!

“E... comecem!”

– Beautifly, Silver Wind!

– Cacturne, Pin Missile!

Infelizmente, Beautifly não conseguiu desviar. Ela foi atingida e eu perdi alguns pontinhos.

– Beautifly! Reaja! Attract!

Deu certo! Meu attract atingiu Cacturne e ele ficou apaixonado pela minha Beautifly.

– Não! – Harley gritou.

– Beautifly, use o bug buzz!

Maravilha! Cacturne foi atingido em cheio e meu ataque surtiu muito efeito porque ele tem fraqueza a ataques de Pokémon inseto.

“E a May reagiu! Como será que Harley vai responder a esse ataque surpreendente?”

– Cacturne, Revenge!

Cacturne nem se mexeu. O efeito do attract ainda não tinha acabado.

– Beautifly, aproveite e use o petal dance!

Foi uma cena linda. As pétalas ficaram dançando em torno do Cacturne antes de atacarem, e a plateia gritou quando ele caiu nocauteado.

Ganhei minha primeira batalha.

“Parabéns, May! A vencedora da segunda batalha do dia! Já garantiu uma vaga para a segunda fase!”

– May usou uma combinação incrível de movimentos e conseguiu ganhar sua primeira batalha – o senhor Contesta foi o primeiro a avaliar a apresentação – Por outro lado, o Cacturne de Harley foi dominado pelo attract da Beautifly e não conseguiu contra atacar. Fica aí a prova de que movimentos que não causam dano podem ajudar muito em uma batalha.

– Simplesmente notável – disse o senhor Sukiso, pra variar.

– Adorei o modo como a Beautifly realizou aquele ataque com as pétalas. Magnífico – A enfermeira Joy parecia totalmente encantada com a batalha.

Harley olhava com ódio para mim. Coloquei a Beautifly de volta na pokébola e voltei para a sala de concentração.

– Parabésns, May!

– Obrigada, Solidad.

Eu já estava me sentindo muito melhor depois dessa batalha. Estava sentindo que poderia ganhar o título de Top Coordenadora esse ano.

Me sentei no banco do lado de Solidad. Eu queria muito ver a batalha dela. Iria ser muito equilibrada e emocionante e eu estava torcendo para a Solidad só para o Drew deixar de ser idiota e de se achar o fodão.

Depois de algumas batalhas, finalmente a batalha do Drew e da Solidad foi anunciada.

“E agora teremos Solidad VS Drew!”

Depois do anúncio, ouvi muitos aplausos e gritos histéricos de garotas. Sem dúvida eram as fãs nojentas do Drew.

– Bom, minha hora chegou – disse Solidad se levantando.

– Boa sorte. Estarei torcendo por você.

– Muito obrigada, May. E... lá vou eu – e ela se dirigiu ao palco.

Quem chegou primeiro no palco foi o Drew. É claro que o rosto dele foi focalizado e ele apareceu na tela jogando beijos para as fangirls.

As fangirls do Drew eram tão idiotas. Ficavam gritando coisas como “lindo, tesão, bonito e gostosão” quando ele aparecia e sempre ficavam em volta dele pedindo autógrafos. Isso para mim era totalmente desnecessário.

“Escolham seus pokémons!”

– Vai, absol! – Drew lançou a pokébola e jogou mais um beijo para as fãs. Elas ficaram histéricas.

– Lapras, é hora de brilhar! – Solidad lança sua pokébola e o público fica maravilhado com seu lapras.

“Uau! Esse é realmente um lapras e tanto!”

– Notável!

– Um lapras espetacular – senhor Contesta se levantou – Tenho certeza que suas habilidades são magníficas.

– Um Pokémon muito bem cuidado, com certeza – disse a enfermeira Joy.

Durante toda aquela ovação, percebi que o Drew estava com uma cara muito impaciente; torcendo para que aquela palhaçada acabasse logo e a luta começasse.

Uma coisa que eu não entendi foi porquê ele escolheu o Absol. Ele nunca botou muita fé naquele Pokémon. O absol sempre o decepcionava. Será que ele estava achando que a batalha seria fácil? Ou será que ele só estava tentando ser arrogante? Ou, quem sabe, ele tenha treinado o absol até ele ficar forte o suficiente?

Aquelas perguntas me foram respondidas no decorrer da batalha.

“Muito bem, vamos começar logo com isso!”

– 3, 2, 1 e... comecem!

– Absol, – Drew começou – Perish song!

Percebi na hora a estratégia dele. O perish song faz o Pokémon que tiver na arena ser nocauteado no final do terceiro turno. A Solidad perderia, a não ser se conseguisse derrotar o absol antes do final do terceiro turno, o que seria algo muito difícil de se fazer.

– Lapras, sing!

O estádio inteiro se calou nesse momento. A Solidad estava se arriscando muito. Há 55% de chance do sing funcionar (se ele funcionar, o Pokémon oponente dorme) e se não funcionasse, ela só teria mais 2 turnos para tentar nocautear o absol.

Todos estavam na expectativa. A batalha mal havia começado e já estava emocionante.

A música do lapras encheu a arena e Solidad ganhou alguns pontos pela beleza do som.

No final da música, para a surpresa de todos, absol estava dormindo. Vi a cara de ódio do Drew. Por um momento pareceu que ele não sabia o que fazer, mas depois deu um sorriso irônico, o que passou a ideia de que ele já tinha algo em mente para virar o jogo.

Fim do primeiro turno. Aquela batalha era como uma bomba, e estava prestes a explodir.

– Lapras, Rock Smash!

Um ataque fighting, super efetivo contra pokémons dark, mas rock smash era um ataque bem fraquinho, então causaria um dano normal para o absol.

Ele foi atingido, é claro, e como ainda estava dormindo não conseguiu realizar nenhum ataque. Era a vez da Solidad novamente.

Fim do segundo tunro. Início do terceiro e último.

A essa altura, todos no estádio estavam em silêncio total. Eu estava em pé e só havia percebido isso naquele momento.

– Lapras, hydro pump!

A batalha estava acabada, não tinha nem como o absol continuar depois daquele ataque.

Durante os poucos segundos em que lapras estava carregando o hydro pump aconteceu algo surpreendente: Absol abriu os olhos.

Muitas pessoas da arquibancada soltaram gritinhos de espanto e a apresentadora tentou falar alguma coisa, mas só conseguiu ficar olhando de boca aberta para a arena.

Drew abriu aquele seu sorrisinho galante.

Tudo isso havia acontecido em apenas alguns segundos. É surpreendente como  na adrenalina do momento você consegue perceber tudo que acontece em pouquíssimo tempo.

Lapras lançou seu jato de água e absol se esquivou rapidamente. Mais uns gritinhos de espanto vieram da arquibancada.

Solidad já havia perdido. Todos sabiam disso. Estávamos no último turno e perish song iria surtir efeito no final dele; o ataque do absol seria o último da batalha, mas mesmo assim todos estavam prestando total atenção.

– Absol, Hail!

Hail não era um ataque que causava dano. Ele só fazia nevar, e em poucos segundos os primeiros flocos já estavam caindo na arena.

Fim do último turno. Lapras caiu inconsciente. Fim da batalha, mas nenhum aplauso.Todos estavam em silêncio, olhando a neve. Depois de alguns minutos, algumas pessoas começam a bater palmas e depois, várias outras pessoas se juntam aos aplausos até todos no estádio estarem aplaudindo.

Com certeza a luta mais emocionante que já assisti. Fiquei maravilhada.

Depois de longos minutos de aplauso, a voz do senhor Contesta quebra o silêncio.

– Uma batalha magnífica. Nunca vi algo assim em minha carreira. Os dois coordenadores, Drew e Solidad estão de parabéns. A conbinação de ataques, as estratégias, tudo estava magnífico!

– Notável! Espetacular! Emocionante! – senhor Sukiso finalmente diz algo mais que “notável”

– Uma batalha que nunca esqueceremos. Curta, e ao mesmo tempo longa. – enfermeira Joy filosofou.

“E depois dessa batalha marailhosa, o show tem que continuar! Quem ganhou mesmo? Ah sim, claro. Foi o Drew! Gostaria, porém, de dar parabéns aos dois. Vocês foram estupendos.”

Drew e Solidad saíram da arena, e quando Solidad entrou na sala de concentração, recebeu olhares admirados, apesar de ter perdido. Se sentou do meu lado e eu quase disse alguma coisa, mas perdi as palavras.

Já havia me surpreendido muito até aquele momento e pensava que não poderia me surpreender mais.

Eu estava muito errada quanto a isso...


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