Os poucos soldados que ainda permaneciam com o Rei e a telmarina, seguiam logo a frente dos mesmos, para protegê-los de um novo possível ataque das criaturas criadas pela feiticeira Drinity. O que não demorou muito a acontecer. Enquanto o rei falava com Agnes, os soldados foram surpreendidos por um bando de homens com aparência bizarra, que lembravam mais animais, pelos rostos transformados. Pareciam com feras distintas da fauna, como lobos, ratos selvagens, ursos, e até panteras.
_Agnes! _gritou Pedro ao ver uma espécie de lobo saltar na direção da moça.
Ele tomou sua espada em punho e atingiu a fera com sua lamina, jogando-a contra o tronco de uma árvore. Mas logo todos estavam cercados, por aquelas criaturas medonhas que os atacaram de imediato. Uma pequena batalha se iniciou entre os soldados, o rei, Agnes e os monstros criados pela feiticeira para protegê-la. As criaturas pareciam conduzir o pequeno grupo para perto das montanhas, para deixá-los mais vulneráveis ao ataque. Agnes entrou em confronto com um oponente com face de pantera negra. E a mesma conduziu a moça para uma parte mais baixa das montanhas.
_AGNES? _gritou Pedro enquanto sua espada entrava em atrito contra uma corrente usada por um homem com cabeça de lobo. _NÃO SE AFASTE... _ele tentou avisar, mas ela ignorou e continuou descendo.
Agnes ficou fora do alcance de vista do rei, e isso o deixou apreensivo. Sua espada foi lançada longe pela corrente, e logo o monstro diante de si tentou lhe atacar, mas Pedro desviou da fera, se movendo rapidamente por baixo da mesma, e correndo para apanhar sua espada novamente. O rei ficou preso entre uma arvore e a besta que o atacou, mas conseguiu manusear sua espada de modo que atravessasse a barrida da criatura, o fazendo gemer de dor, e logo cair ao chão. Pedro pisou sobre as costas do animal, e gritou para os soldados.
_FIQUEM LONGE DAS PEDRAS, É UMA ARMADILHA...
Todos entenderam, e tentaram afastar as criaturas de si, para voltar ao lugar de inicio. Pedro correu entre todos que lutavam, manuseando sua espada com graça, atacando alguns oponentes. Pouco tempo depois, quando estava a enfrentar três rivais de uma só vez, Pedro recebeu uma nova ajuda. Uma flecha acertou as costas de uma das criaturas fazendo-a cair. Quando Pedro voltou os olhos na direção de onde vinha tal flecha avistou a irmã Suzana que logo disparou outra flecha atingindo a segunda fera. Pedro se livrou da terceira, e correu até os irmãos que logo surgiram em cada lado da mata. Caspian também apareceu, e logo entrou em batalha contra o maior monstro que os atacava, com rosto e metade do corpo pertencente a um urso.
_Onde está Agnes? _perguntou Edmundo enquanto ajudava um soldado a se levantar.
_Ela correu para o outro lado da montanha... Pode estar precisando de ajuda... _respondeu Pedro.
Caspian abateu o grande urso e se uniu aos outros, então disse:
_Eu vou atrás dela... _ele passou por todos e correu em direção a montanha.
Pedro se uniu a ele, e correu rumo à mesma montanha. De longe Caspian viu a amiga lutando contra duas feras, ao mesmo tempo, parecia estar indo bem. Logo Pedro surgiu no alto da montanha, enquanto Caspian descia pelas pedras indo ajudar a telmarina. Mas logo foi surpreendido por mais um bando de feras. Ele empunhou sua espada e entrou em atrito com as mesmas. Pedro também teve de enfrentar outros oponentes.
Agnes abateu uma das feras, mas foi surpreendida pela outra, que lhe derrubou no chão usando uma calda pesada e dura. Com a rasteira, a moça caiu com as costas no chão, e ficou imóvel ao bater com a cabeça em um tronco que ali estava. A fera a segurou pelas pernas, e a arrastou quase a erguendo do chão, e a jogou para o outro lado.
_Agnes? _chamou Caspian ao ver o corpo da telmarina ser lançado até tocar novamente o chão.
Mesmo com dor nas costas, ela tentou se levantar, mas a fera segurou-a pelo pescoço, e a ergueu do chão deixando-a com os pés no vácuo. Quando já estava quase sem fôlego, Agnes fechou os olhos, e uma lágrima de dor escorreu pela sua face. Ela segurava os braços peludos da criatura, tentando amenizar a dor, mas era em vão. Do alto da montanha de pedra, Pedro se livrou de seu oponente lançando-o montanha abaixo após um golpe certeiro no peito. Sem muitas opções ele, empunhou firme sua espada pelo cabo, e lançou-a como um arpão na direção da fera que esganava Agnes. Assim atingindo a mesma pelas costas fazendo-a soltar a moça, e logo caindo sobre a terra.
Agnes levou as mãos ao pescoço, sentindo alivio imediato pela sua soltura. Depois olhou para Pedro no alto das montanhas, e se levantou. Apanhou a espada do rei, retirando-a de dentro da carcaça do monstro, e andou rumo à montanha com o olhar fixo no alto. Caspian agora estava livre da sua fera, e puxava fôlego quando viu Agnes se aproximar.
_Voce está bem? _ele tocou o cotovelo da moça.
Agnes apenas encarou Caspian com expressão séria, e continuou subindo rumo ao topo em passos firmes. Já em cima, ela andou até Pedro, segurando a espada que pertencia ao rei, e parou diante dele entregando-lhe a mesma em mãos. Pedro sorriu discretamente.
_Obrigado majestade! _Agnes olhou nos olhos de Pedro, então tocou o rosto do rei com ambas as mãos puxando-o para si, e beijando o rei como forma de agradecimento.
Pedro ficou surpreso com o gesto da telmarina, mas retribuiu o beijo, sentindo o gosto dos lábios dela naquele beijo caloroso. Quando subiu o restante da montanha, e se deparou com aquela cena, Caspian fechou a cara totalmente sentindo algo em seu peito disparar rapidamente, lhe causando certa aceleração na respiração. Pedro não sabia exatamente o que fazer com suas mãos, então apenas segurou firme o cabo de sua espada, e sentiu quando Agnes se afastou. Ela não sorriu, apenas estava com um brilho diferente nos olhos. Pedro sorriu e disse:
_De nada!
Isso fez a telmarina sorrir, então ela olhou para Edmundo, e Lucia que os observavam do outro lado da montanha, e se afastou logo descendo em direção a eles. Pedro olhou para Edmundo, e abriu um sorriso bobo, se sentindo devidamente gratificado, finalmente por todos os anos de heroísmo que viveu em Nárnia. Depois voltou os olhos azuis na direção do rei Caspian, que se aproximou com cara de poucos amigos encarando-o.
_O que foi? _perguntou Pedro.
_Nada... _Caspian franziu a testa, e apertou os lábios depois desceu as montanhas também.
Todos se uniram aos soldados, que estavam recebendo as pequenas gotas do elixir de Lucia, e se recuperando de suas feridas. Logo eles seguiram ao seu destino final, rumo ao castelo de Jadi, onde encontrariam Cleveland e o resto do exercito. No caminho, Pedro volta e outra, dava algumas olhadas para Agnes, que seguia entre os soldados. Edmundo segurava sua espada na cintura e andava ao lado do irmão.
_Não era voce que achava Agnes arrogante? _riu Edmundo.
_Posso mudar de opinião não posso irmão? _ele sorriu olhando Ed.
_Voce muda de idéia rápido né?
_Ta com ciúmes que não foi com voce? _Pedro riu empurrando Ed levemente. _Talvez se voce fosse mais velho!
_Teoricamente eu sou muito mais velho do que ela... _Edmundo franziu a testa. _E pare de se gabar...
_Bem, foi ela que me beijou! _Pedro ergueu as sobrancelhas.
_É eu vi, eu estava lá Pedro... _Edmundo revirou os olhos e se afastou do irmão que ficou rindo.
Caspian que ouvia toda a conversa dos irmãos se aproximou pelas costas de Pedro, e andou ao seu lado. Então invadiu o assunto que já teria sido interrompido.
_Gosta dela? _perguntou Caspian se sentindo um irmão mais velho.
_Agnes? _Pedro sorriu. _Ela é legal! _Pedro olhou para a moça.
_Isso é suficiente no seu mundo? _Caspian franziu a testa. _Ser... Legal.
_Tá preocupado com o que Caspian? _Pedro percebeu o tom na voz do rei telmarino.
_Agnes não é um troféu Pedro... _ele continuou. _Pode ferir o coração dela.
_Não acha que isso é problema dela? _Pedro franziu a testa e parou.
_Vai ser problema meu se voce magoá-la... _Caspian encarou Pedro. _Então é melhor ficar longe.
_Agnes é livre Caspian... _Pedro sorriu sendo um pouco irônico. _E não cabe a voce decidir com quem ela deve ou não ficar... _Pedro apertou os olhos e se afastou do rei.
Caspian olhou atravessado para Pedro, enquanto o mesmo se afastava e voltava os olhos por um instante para trás, depois seguia seu caminho. Ele respirou fundo, e depois decidiu seguir em frente...