A Longa Vida De Serena Cullen escrita por Angelicca Sparrow


Capítulo 9
Capítulo 9




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A noite era escura, e na estrada até Seattle não se ouvia nada além do ronco furioso do Porsche em alta velocidade. Era uma sexta-feira comum, e poucos eram os humanos que se arriscavam naquela estrada na madrugada. Ao adentrar por entre as ruas iluminadas da cidade, avistei de longe um bar bem movimentado, com jovens aglomerados na entrada. Ao passar com o carro potente muitos deles se viraram para adimirar, alguns até tiraram fotos. Larguei as chaves do veículo nas mãos de um manobrista do estacionamento ao lado e caminhei até a entrada do bar. Vários humanos bebiam, fumavam e se beijavam ainda na calçada. Um homem muito novo, se aproximou de mim, bêbado.

- Ei gata, parabéns. Você acabou de encontrar o que estava procurando... – murmurou ele alisando os cabelos louros. Eu o observei dos pés à cabeça, inexpressiva.

- Ah é? – sussurrei. – E o que é que eu estava procurando?

- Um cara gostoso como eu, é claro. – disse ele passando as mãos pela camisa lilás.

- Sinto muito... Prefiro os morenos. – falei sorrindo antes de sumir por entre a multidão para dentro do bar.

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Obsevava a bela decoração do ambiente com luzes douradas enquanto dava o último gole no meu segundo copo de whisky. Um par de olhos castanhos me observavam do outro lado do balcão. O homem alto e moreno olhava com certa preocupação. Prendi meu olhar na gola aberta de sua camisa azul marinho da Armani.

  - Você está bem? – perguntou ele. – Whisky não é pra menores de idade.

- Quem é menor de idade? – perguntei olhando seus lábios. Ele levantou uma sombrancelha me contrariando e se debruçou sobre o balcão.

- Sabe, seus pais devem estar preocupados. Não acha melhor ir para casa, pequena? – ele pegou minha mão livre amigávelmente.

No momento em que sua pele tocou a minha acabei por olhá-lo nos olhos, propositalmente. E vi seus lábios se separarem, a cor de seus olhos escurecerem com um humor negro. Coloquei o copo no balcão e apoiei a outra mão por cima da sua, me aproximando.

- Não sei... O que eu devo fazer? – perguntei sentindo sua respiração quente tocar meu rosto. Ele encostou seus lábios nos meus suavemente.

- Venha comigo. – sussurrei ao levá-lo até o Porsche no estacionamento.

Dirigindo o carro emprestado, seguia as direções que ele me dava.

- Você trabalha em um bar e usa Armani e Michael Kors?! – comentei casualmente enquanto observava de canto de olho, sua camisa e o relógio prateado em seu pulso.

- Eu não trabalho em um bar... – respondeu ele do banco do passageiro. – Eu sou o dono do bar.

- Ah, claro. – dei de ombros enquanto voltava a prestar atenção na rua.

Após alguns minutos chegamos em um edifício espetacular, com escadas de mogno e enormes espelhos na recepção. Subimos um elevador e paramos no décimo terceiro andar. Ele tirou uma chave dourada do bolso da calça jeans e abriu a porta para mim. O apartamento era enorme,com o piso de madeira e as paredes brancas. Móveis tão bonitos quanto os dos Cullen, compunham a sala de estar. Meu corpo inteiro formigava com o meu esforço para controlar meu poder. Ele se escontou em uma parede e riu.

- Você nem perguntou meu nome. Nem a minha idade... – comentou. – Como sabe que não sou perigoso?

- Se quisesse me matar, já estaria morto há muito tempo... – cerrei os punhos com a tensão do poder querendo ser liberto. Ele riu novamente. – E seu nome e idade, realmente não fazem diferença pra mim.

- Tudo bem... Eu só não quero ser um pedófilo... – disse ele franzindo o cenho.

- Não se preocupe. Sou um pouco mais velha do que aparento ser... – assegurei enquando dimuia a ditância entre nós.  Abraçei seu pescoço e aproximei nossos corpos. O formigamento aumentou, e dessa vez não o reprimi. Liberei tudo aquilo que esteve preso dentro de mim, toda aquela mágoa, tristeza, sofrimento. Transformei tudo que eu sentia, tudo o que eu era, em nuvens. Não conseguia me lembrar de nada, tudo se ausentou da minha mente, e apenas uma única coisa era visível para mim: o desejo de satisfazer a minha fera. Sorri maligna. A postura do homem se modificou de repente junto com a minha, seu corpo frágil e sensível sucunbindo à uma força maior. Ele não poderia resistir, era muito fraco. Meu instinto me acomodou em seu abraço fatal e eu me deixei ser levada por ele. Meu pior demônio despertando novamente depois de muito tempo...

Cravei minhas unhas no pescoço do pobre humano, e o beijei ferozmente.

Abri os olhos sonolenta, com uma imensa dor de cabeça, sem saber onde eu estava e muito menos o que houve depois que tomei banho na casa dos Cullen. Os primeiros raios da manhã já começavam a aparecer. Me movimentei um pouco e senti o colchão macio abaixo de mim, molhado e quente. Passei a mão ao meu lado e senti cabelos macios e curtos. Me virei e observei melhor a figura que respirava fracamente ao meu lado, de olhos fechados, passando então ao travesseiro escarlate que acomodava sua cabeça. O homem soltou um suspiro curto e virou de costas para mim então eu pude recordar tudo o que havia acontecido na noite passada. Sentei na cama um pouco atordoada ouvindo o som úmido do colchão e observando as imensas marcas profundas de arranhões que percorriam desde o pescoço até o final das costas do homem. Hematomas negros apareciam em todo lugar de sua pele fina, e feridas avermelhadas da mesma cor do travesseiro estavam em seus ombros. Me aproximei de seu rosto, relutante, e percebi que a carne de seu pescoço estava quase dilacerada, e jorrava sangue até o travesseiro. Acompanhei os rastros de sangue, e então percebi que no quarto inteiro havia manchas vermelhas, e que a cama estava encharcada com seu sangue. Parei de respirar no mesmo momento para evitar o instinto da sede, mas percebi que o cheiro não me incomodara: eu havia bebido dele. Me levantei, enrolada nos lençóis em vermelho vivo e caminhei até o espelho ao lado do closet. Olhos escarlate me encaravam, o rosto da menina no espelho estava coberto de sangue também. Ouvia a respiração fraca do humano deitado na cama, perdido em seu sono. As roupas caras que ele usara no dia anterior jaziam junto com as minhas, todas rasgadas em pequenos pedaços de tecido ao pé da cama. Cuidadosamente peguei o homem nu no colo sem esforço e o deitei gentilmente no chão manchado sem acordá-lo. Retirei todos os lençóis e roupas com sangue e joguei dentro de um grande vaso de flores na sala. Limpei o quarto todo com a cabeça em mil lugares. Como fui capaz de fazer uma desgraça dessa? Peguei uma camiseta e uma calça jeans dele no armário e o vesti. Peguei outro conjunto igual para mim, já que minha roupa estava destruida. Delicadamente o coloquei na cama novamente e enrolei uma toalha em seu pescoço. Ele estava vivo, era isso que importava. Me sentia mal por ter feito aquilo, mas um peso enorme foi tirado de minhas costas. Estava leve, serena e calma.  Me arrumei e antes de sair, joguei fogo dentro do vaso de cerâmica para que as roupas queimassem.

Eram 8 horas da manhã quando estacionei o Porsche na garagem dos Cullen. Emmet surgiu detrás do seu Jipe.

- Onde você estava? – perguntou ele furioso ao me fitar e ficar assustado. - O que você fez?

- Emmet... - olhei para suas mãos tentando me explicar - Olhe eu não matei ninguém...

- Seus olhos... - sussurrou ele perplexo. - Estão vermelhos. Pequena, o que houve?

- Uma outra hora eu explico, Emm. - disse Alice depois de surgir da porta da garagem e se virar para mim. - Como você está? 

- Perfeitamente bem. - respondi alegre, a tensão de meu corpo havia desaparecido depois da noite. - Era o que eu precisava.

- Deu sangue de humano para ela? - vociferou Emmet para Alice. - Onde você estava com a cabeça? 

- Grandão acalme-se... Eu apenas sai. Não matei ninguém, o homem que me ofereceu seu sangue está perfeitamente bem. - menti. 

- Como? O que houve? - perguntou ele confuso. - E o porque dessas roupas? - apontou para a camiseta larga que eu vestia. 

- Emmet não seja intrometido. Ela apenas saiu para se divertir, com o meu consentimento. Se ela disse que está tudo bem, é porque realmente está! - gritou Alice emburrada. 

- Foi se divertir com o Porsche ontem à noite e voltou hoje de manhã? - perguntou desconfiado cruzando os braços. Céus! Ele era realmente teimoso.

- Quer saber Emmet? Eu achei um humano, muito simpático por sinal, que resolveu conceder meus desejos... - respondi sádica e vi sua expressão se transformar em inconformação. 

- Ah meu Deus! Você... e um cara. Como isso é possível? - disse ele.

- Também nasci com meus direitos, Grandão. Tenho que aproveitar... - ri graciosa. 

- Claro, claro... Agora vamos dar um passeio pela floresta. Assim você me conta tudo! - Alice me puxou dando pulinhos de alegria, enquanto deixamos um Emmet boquiaberto para trás e fomos em rumo das árvores.


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