“Aqui não é lugar apropriado para dois caras conversarem”.

Imagine a cena: eu, Sam Evans, o cara mais hétero do McKinley High, nu na frente do garoto mais gay do New Directions. Estava no banho quando o vi medindo cada centímetro do meu corpo, com um sorriso torto e uma cara de quem quer devorar um saco de Doritos Cool Ranch inteirinho; engoli em seco enquanto sentia meu rosto esquentar de tanta vergonha.

“Não posso esperar nem um minuto a mais para isso” – respondeu-me ele, chegando cada vez mais perto do box onde eu estava.

Não sei se desligaram a gravidade ou era eu quem estava zonzo, mas meu corpo pareceu flutuar quando Kurt acariciou meu tórax e desenhou círculos invisíveis com as pontas dos dedos em meu abdômen, descendo com a mão descaradamente até a “zona proibida”. Fechei os olhos e me deixei levar por ele.

Naquele momento, eu não sabia o que era mais improvável: eu beijar um garoto – mesmo sendo cem por cento hétero –, ou Kurt entrar com roupa e tudo no chuveiro. Bem... a primeira parte não havia acontecido. Pelo menos por enquanto.

“Sam...” – sussurrou Kurt, seus lábios praticamente colados aos meus, de modo que nossas respirações pudessem ser confundidas – mesmo embaixo d’água.

“Sam...” – meu nome continuou a ser repetido por ele, cada vez mais alto, como num eco ao contrário.

Abri os olhos de súbito, e Kurt estava parado no vestiário a uns dois metros do box onde eu me encontrava.

“Sam, você está bem? Estou te chamando há uns dois minutos!” – exclamou ele para se sobressair ao barulho do chuveiro.

Melhor parar de tingir os cabelos com tanta frequência. Acho que o suco de limão está manchando meu cérebro.