Fale O Que Quiser Mas Sou Uma Garota escrita por Risadinha


Capítulo 72
Chega


Notas iniciais do capítulo

Oláhhh meu povo lindo e sensacional! Me atrasei para postar essa droga, sinto muito! O capítulo não tem muita coisa, no meu ponto de vista, acho que as coisas só ficaram mais "alegres" no próximo :3 Sem muita demora, bora pro capítulo.
Capa: Ayato (Tokyo Ghoul) Meu LIXO!
Boa Leitura!



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Jin engoliu seco ao ver Cazeaje, vendo que a moça era maior que ele. Não era sua altura que o intimidava, sentia que ela era poderosa, possuía uma aura forte. Aquilo deixava o ruivo pequeno perto dela, até mesmo de Vegas, a garota que a derrotou uma vez.

– Que tensão é essa? - Pensa o lutador ao ver os olhares de Lass e Cazeaje, um analisando o outro.

Sem perceber, ficou atrás de Lass com um olhar intimidado. Se sentia protegido ficando ao lado do ninja, o usando como escudo.

– O que faz aqui, Isolet? - Perguntou Cazeaje com um sorriso encantador, destacando bem o nome do rapaz. - Não lembro de hoje ser o dia marcado para o nosso encontro.

– Vim vê-la, Dona Cazeaje. - Falou friamente, destacando o nome da mesma forma. - Gostaria de ter uma conversa com a senhorita.

– Hum. - Olhou satisfeita. - Certo, vamos conversar. Tenho um tempo livre até o meu próximo compromisso.

Jin recuou mais ainda ao ver Cazeaje andar em suas direções. Ela passou por eles, indo direto para a sua sala, sendo seguida por Vegas. Lass fez o mesmo, entrou, fazendo um sinal para o ruivo vim.

Cazeaje se sentou em sua mesa, ficando em uma pose superior à deles. Vegas se colocou ao seu lado, botando os braços para trás e mantendo uma posição reta. Lass ficou de frente para a mesa, logo Jin ao seu lado com o olhar desviado.

– Bonitinho, isso é uma conversa em particular. Por favor, se retire. - Dizia Cazeaje para Jin.

O lutador confirmou no mesmo instante, já se preparando para sair. Seus passos pararam quando o braço de Lass se colocou na frente.

– Ele vai ficar. - Avisou o ninja com a voz séria.

– Pois bem. - Fez uma reverência com a mão, deixando o ruivo mais à vontade. - O bonitinho fica.

Jin coçou o braço e confirmou envergonhado.

– Gostaria de ter ficado lá fora. - Pensou arrependido.

– Então, sobre o que você quer conversar? - Diz Cazeaje chamando suas atenções. - Sinto que é sobre a missão.

– Você sabia de tudo, não é? - Lass foi direto. - Sabia que Gerard estaria lá, sabia que da confusão que ele teria com a Elesis. Por que fez isso?

Cazeaje apoiou os cotovelos sobre a mesa, logo sua cabeça sobre suas mãos. Seu sorriso não saiu do rosto, e isso deixava o ninja irritado.

– O que você quer: Que eu invente uma desculpa onde eu saio como vítima ou a verdade? - Lass olhou mais sério ainda. - Decida.

Jin olhou para a mão do albino se fechando em raiva. Ficou preocupado com o mesmo.

– Essa missão não era para me testar, era para testar a Elesis. - Falava Lass, tentando manter a voz calma. - Você adoraria ver o circo pegar fogo.

– Vai dizer que não estava curioso em saber como esses dois reagiriam ao se encontrar? - Olha com um olhar óbvio. - A garota queria derrotar, se vingar, do Gerard, então eu dei o que ela quis. Aliás, iria me ajudar muito se vocês tivessem matado ele.

– Então você sabia! - Gritou sério.

– É claro, meu querido Isolet, é claro que eu sabia. - Dar uma pequena risada. - Tive notícias que Gerard estava atrás de uma certa joia, que dava poderes, então eu pensei: Por que não fazer vocês irem atrás dele? Então eu mandei.

Jin olhou incrédulo para ela. Não acreditava na calma e firmeza que ela tinha ao dizer aquelas palavras. Mesmo não a conhecendo sentia raiva pela a mesma, e provavelmente Lass queimava de raiva por já conhecê-la.

– Não me importava de você me mandar sozinho, mas mandar a Elesis junto? - Dizia claramente irritado. - Não fez por interesse, curiosidade nem nada! Queria machuca-la de propósito!

– Também. - Lass e Jin olharam surpresos. - Mas também queria ver as chamas azuis, queria ganhar o jogo de uma vez.

O ruivo se encolheu nos próprios ombros ao ouvir a mão do ninja bater contra a mesa. Lass bateu com tanta força que fez a mesa de madeira ranger após o ataque, deixando até mesmo Vegas assustada. A pequena comandante tinha que proteger Cazeaje, mas tinha um certo receio de atacar o albino.

– A gente podia ter morrido. - Rosnou Lass.

– Isso era só um detalhe. Mas vocês não morreram, então não reclamem.

– Elesis tá machucada, tanto fisicamente quando mentalmente.

– Eu já esperava isso de uma guerreira amadora como ela. - Olha para as próprias unhas de forma preguiçosa. - De você não.

Lass fechou a mão sobre a mesa, a arranhando com suas unhas sujas. Infelizmente, não poderia usar o outro braço, já que o mesmo estava quebrado. Embora tivesse um braço livre, doía para fazer aqueles movimentos.

– Desgraçada. - Dizia o ninja. - Você é doente!

– Doente? Achei que você tivesse conhecido o Gerard para saber quem é o doente.

– Você é mais. - Falou friamente. - Você manipula as pessoas, Gerard não. Ele pode ter ferrado com o passado da Elesis e com a gente agora, mas ele não é um monstro como você.

Cazeaje continuou com seu pequeno sorriso no rosto, que logo se transformou em um sombrio.

– Você quer mesmo discutir quem é o monstro daqui? - Perguntou ela. - Você não está em posição alguma de me julgar.

Seu sorriso continuou no rosto, mesmo quando foi pega por sua camisa e puxada para perto com violência. Vegas rapidamente se preparou para atacar o ninja, mas Cazeaje ergueu a mão, a impedindo que fizesse algo.

– Os dois ruivinhos poderiam nos deixar a sós? - Pede Cazeaje olhando para a expressão furiosa do ninja.

Vegas olhou surpresa para o pedido, o que nunca ouviu vindo de Cazeaje. Sempre ficou ao lado dela. Mas teve que concordar, se retirando com a companhia de Jin.

A porta se fechou atrás deles, mas isso não impediu Lass de soltá-la.

– Do que você está com raiva, Isolet? - Perguntou ainda sorrindo. - De sua amiguinha ter se machucado, de eu ter te enganado, de ter se encontrado com Gerard ou por eu querer as chamas azuis?

– Todos os motivos. - Apertou com mais força a camisa dela. - Por causa de você, eu e a Elesis estamos feridos gravemente; E Gerard quase conseguiu as chamas. E o que você faz sobre isso? Nada, apenas se saboreia da situação.

Ela ficou pensativa sobre o que o ninja disse.

– É, tem direito de ficar com raiva. - Olha séria. - Mas não tem direito de me tocar com essa mão suja.

– As suas são mais. - Rosnou.

Cazeaje riu discretamente.

– Não importa o que você diga, pagará o erro da missão de qualquer jeito. - Isso fez Lass ergue a sobrancelha. - A missão era bem clara e fácil: Pegue a joia e volte. Vocês falharam.

– O quê?! - Gritou indignado. - Depois de tudo, ainda quer que a gente pague por ter falhado. Você só pode tá brincando.

– Não estou. - Disse séria. - Fui bem clara quanto a missão. Não é minha culpa se você se encontrou ou não com o Gerard, o dever de vocês eram pegar a joia.

– Você armou tudo! Sabia que não conseguiríamos com Gerard lá.

– Não se preocupe, o castigo não será agora. - Avisou calma. - Estou muito ocupada no momento para cuidar das minhas crianças, então pensarei em algo depois.

– Como o quê? Um enforcamento, decapitação ou ser queimado vivo?

Cazeaje nega com a mão.

– Não farei nada para machucá-lo, de forma alguma. Somente um castigo será aplicado, nada demais.

Lass não conseguiu dizer mais nada, olhava furioso para Cazeaje. Sentia vontade de mata-la, fazê-la sofrer do mesmo jeito que sofreu com Gerard. Mas sabia que se fizesse isso só estaria piorando a situação, e ela estaria ganhando com isso.

A soltou lentamente, porém não se afastando o suficiente para ficar longe dela. Continuou a encará-la.

– O quê? - Perguntou Cazeaje enquanto arrumava sua roupa amassada. - Não me olhe com essa carinha.

– O que você pretendia com tudo isso? Ver eu e a Elesis sofrendo não é o principal motivo.

Fez um pequeno "hum" ao sorrir. Se levantou da cadeira, apoiando-se sobre a mesa para ficar mais perto do ninja.

– Não está óbvio? - Perguntou em forma de deboche. - Essa seria uma maneira de você usar as chamas azuis, e de eu ganhar.

O albino fechou o punho, tentando se manter calmo.

– É uma pena, mas não foi dessa vez. - Falou Lass.

Sentiu vontade de recuar quando viu Cazeaje ergueu sua mão esguia. Ela encostou os dedos na face machucada do ninja, sentindo os ferimentos do mesmo.

– Um dia ou outro eu vou ganhar. - Disse com uma voz séria, porém estranha para o seu sorriso. - As chamas não ficarão quietas por muito tempo.

As mãos de Cazeaje eram frias, tão geladas quanto as de Lass. Davam calafrios quando encostava em seu rosto, principalmente em seus hematomas.

Cazeaje se aproximou mais, assim Lass conseguia ver seu sorriso sádico mais de perto. Por um momento, achou que estava perto de Gerard.

– E sua preciosinha ruivinha será minha. A única Cavaleira Vermelha ao meu lado, me servindo a todo momento.

Sua mão foi retirada do rosto do rapaz e jogada contra a mesa rapidamente. Lass continuou a pressiona-la quando pegou uma caneta sobre a mesma e a enfiou na mão de Cazeaje, atravessando o móvel bem abaixou de seus dedos. Em segundos, o sangue se espalhou pela a mesa, manchando os papeis ao lado.

A moça não pareceu se contorcer em dor, apenas fez uma rápida expressão de dor ao ser atingida. Tentou puxar a mão, porém não conseguindo ao perceber que teria que fazer um esforço há mais para tirar a caneta.

– Você ainda me paga. - Falou Lass friamente. - Sofrimento físico não será nada comparado com o que eu farei com você depois.

Não se importava com a consequência, deu as costas e saiu da sala em passos pesados. Cazeaje não disse nada, somente abaixou o olhar sério para sua mão ferida.

– Crianças. - Murmurou ao se preparar para tirar a caneta.

***

Olhou para os seus pulsos sobre seu colo, vendo aquele selo azul o contornando como algemas. Tentou separar as mãos, mas falhando ao não conseguir. Com aquela magia a prendendo, não conseguia fazer quase nenhum movimento, principalmente atacar. Entendia o motivo de estar usando aquilo, mesmo tendo raiva do mesmo.

– Elesis, olhe para nós. - Ouviu a voz de Lothos.

Percebeu que estava na sala da loira, sentada de frente para a mesa dela enquanto os outros dois a olhavam no fundo do cômodo. Seu braço torcido doía, dando uma sensação que as mãos de Astaroth continuavam a segurá-la.

A ruiva ergueu o olhar, vendo Lothos apoiada à mesa. Aquela parecia ser uma cena nostálgica.

– Antes de tudo, quero que você nos compreenda. - Pedia a comandante. - Ficar com raiva e nos atacar não adiantará de nada.

– Entendemos o porquê de você ficar assim. - Menciona Grandiel, aparecendo em seu campo de visão. - Mas, por favor, nos escute.

Elesis olhou para cada um com seu olhar sério. Após isso, fechou o olho em concentração, soltando um suspiro em seguida.

– Essa não é a primeira vez que vocês mentem para mim. - Depois de semanas, conseguiram ouvir a voz da espadachim novamente. Porém, não havia animação como sempre, agora era algo melancólico e frio. Parecia até mesmo Lass falando. - E não será a última.

– Pedimos desculpas por isso. - Diz Lothos. - De agora em diante, não mentiremos para você. Nunca mais.

– Não acredito. Tudo soa como mentira para mim. - Abri o olho, fitando sem emoção a loira. - Não somente vocês mas todos em minha volta. Em que devo acreditar agora? Toda a minha vida fui cercada por mentiras, por quê agora seria diferente?

Ficaram sem resposta. Estar lidando com Elesis daquele jeito era complicado, principalmente por ela ter razão em uma parte. Mas Astaroth não achava isso.

O professor desencostou da parede, andando até onde a espadachim pudesse o ver. A ruiva dirigiu seu olhar para ele, esperando outra desculpa do trio.

– Não contamos para você porque tínhamos medo. - Explicava seriamente. - Você têm muitos motivos para seguir o caminho errado, e descobrindo que você pode ter as chamas azuis é um caminho para ele. E também, era arriscado para você saber disso.

– Por quê?

Astaroth pareceu incomodado em continuar. Passou a mão na nuca e continuou.

– Desde que soubemos que você era a verdadeira dona das chamas azuis e Lass o portador delas, queríamos deixar vocês longe o máximo possível. Já era arriscado ter vocês dois juntos, e conta-los a verdade seria mais ainda. Tememos que possa -- É interrompido.

– Não quero as chamas azuis. - Falou rapidamente. - Já disse milhares de vezes, eu não quero elas. Nunca usaria o Lass para isso, muito menos para pegar esse poder amaldiçoado.

– Se é o que você diz... De qualquer jeito, como você sabe tudo agora, já sabe o que fazer, certo?

A ruiva desviou o olhar, dando uma leve confirmada com a cabeça. Nada de contar para todos sobre o que ela era, isso foi o que ele quis dizer. Seria arriscado demais quando Cazeaje descobrisse, e quisesse sua cabeça junta com a de Lass. O ninja já sofria o bastante por sua parte, ter Elesis junto seria tudo o que Cazeaje queria.

A espadachim se levantou, tendo bastante dificuldade no processo. Grandiel tentou ajuda-la, mas ela negou. As algemas que rodeavam seus pulsos é desfeito, facilitando para a mesma.

– Elesis, espero que tenha nos entendido. - Falava Lothos. - Não fizemos por egoísmo nem nada do tipo, e sim por segurança.

A ruiva se dirigiu até a porta, segurando a maçaneta ao ouvir a loira. Virou o rosto, olhando sem expressão para Lothos.

– Se isso é segurança, - Abaixa o olhar por um momento, vendo todas as feridas por seu corpo. Continuavam a doer mesmo que tomasse remédio ou fosse curada por magia. - Eu não quero ela vindo de vocês.

A porta se abriu e logo se fechou, deixando os três em completo silêncio. Lothos se sentou em sua cadeira, Astaroth no sofá mais próximo e Grandiel ficou sem jeito com a situação.

– Ela não nos desculpou. - Menciona o loiro. - E não vai desculpar.

– Elesis é feita de orgulho, quando ferida ela não sabe lidar com a situação. - Dizia Lothos. - E nesse momento, ela está mais que ferida. Está desesperada, mas não sabe o que fazer.

– Esses jovens de hoje em dia. - Fala Astaroth sério.

Os dois olharam para o rapaz, estranhando o fato dele estar muito sério naquele momento.

– Na nossa época não era assim. Tínhamos nem tempo para ficar zangado ou triste, porque todo dia era uma batalha diferente. - Bufa e cruza os braços. - Hoje não, hoje os guerreiros se irritam por qualquer coisinha.

Astaroth olha confuso ao ouvir os dois loiros dando pequenas risadas. Eles não eram de rir, muito menos numa situação daquelas.

– O quê?

– Acho que estamos ficando velhos demais. - Fala Grandiel.

O professor não aceitou aquilo e olhou emburrado.

– Eu ainda tô na chama da minha juventude, vovô. - Diz Astaroth. - Tenho muito para viver ainda.

Ambos reviraram os olhos ao ouvir aquilo. Sabiam que era mentira, pelo o simples motivo de Astaroth ser o mais velho dentre eles, mesmo que fosse por um ano.

***

Descabelava seus fios vermelhos desesperadamente. Já tinham chego no colégio, estando agora na enfermaria. Soube do que um certo ninja fez com a líder do Conselho de Canaban, que era o justo motivo do desespero do pobre lutador.

– Você vai ser preso pelo o que fez, Lass. - Fala Jin, o olhando nervoso. - Quer dizer, nós vamos ser! Eu sou cúmplice dessa barbaridade sua.

O albino, que estava deitado na cama com um olhar pensativo, não disse nada. Olhava sério para o teto.

– Eu tinha razão. - Fala Lass de repente, chamando a atenção do lutador. - Era tudo um plano da Cazeaje.

– Do que você tá falando?

O ninja o olha.

– O fato de termos encontrado Gerard foi porque era uma armação de Cazeaje. Ela queria que isso acontecesse.

– Sério? - Olha surpreso. - Não achei que ela fosse disso, quer dizer, ela me assusta mas não a ponto disso.

Lass se senta na cama, colocando a mão no rosto. Continuava pensativo.

– Elesis sabe disso? - Pergunta Jin. - Acho que ela ficará mais furiosa do que você quando souber.

O ninja tira a mão do rosto, olhando cansado para o ruivo. Tinha esquecido da espadachim por um momento.

– Eu não sei. - Deu de ombros. - Provavelmente ela mate a Cazeaje, ou talvez não. Me disseram que a Elesis está estranha desde que voltou.

– Mas vocês não irão se encontrar com Cazeaje daqui alguns dias?

O ninja tinha esquecido disso também. Sentia tanta raiva em encontrar Cazeaje que acabou esquecendo de certas coisas.

– Somente quando nós recuperarmos o suficiente para poder ir lá. Se fosse por mim, eu ia hoje mesmo, mas como eu não sei o estado da Elesis, é melhor esperar. - Suspira. - Acho que até o final da semana a gente vai se encontrar com ela.

– Você não viu como a Elesis está desde que chegou, né?

Lass nega. Tinha estado apagado o tempo todo após a luta de Gerard, então não tinha visto Elesis após isso. Soube que foi ela quem o tirou da neve, e Loyal quem os salvou. Tava devendo uma para cada.

– Na verdade, eu não me lembro de nada desde que acordei. - Passa a mão na cabeça. - Tudo parece bagunçado para mim.

Jin o olha preocupado.

– Do que você se lembra, exatamente? - Pergunta o ruivo.

O ninja o olha por um tempo, logo desviando a visão pensativo. Se esforçava em lembrar, mas tudo que conseguia lembrar era de Gerard o atacando várias vezes, e também de ver Elesis sofrendo em suas mãos. Continuava esquecido sobre o que o ruivo disse para ele antes de o arremessar da torre.

Apoiou o rosto na mão, tentando conter a dor de cabeça que sentia. Era assim toda vez que tentava lembrar de algo. Não conseguia nem se esforçar mental sem sentir dor.

– Ele disse... Disse algo importante... Eu acho. - Falava Lass. - Era para eu... Fazer alguma coisa. Aghr, eu não lembro.

– Lass. - Chamou Jin.

O ninja tirou a mão do rosto, olhando para o ruivo com um olhar cansativo. Sentiu algo escorrer de seu nariz, algo quente. Passou as costas da mão e viu o vermelho do sangue o sujar.

– Parece que você não deve se esforçar muito. - Menciona o lutador. - Será que a Elesis lembra de algo?

– Talvez. - Dizia enquanto limpava seu nariz sujo. - Só que Grandiel disse que ela não está falando muito, então não contou nada para ninguém.

– Entendo. - Abaixa o olhar triste. - Queria poder visitá-la, mas Grandiel disse que ela não está em condições para visitas. - Ergue o olhar para o ninja. - Como você acha que ela irá reagir quando o ver? Sabe, depois de tudo isso.

Lass pareceu ficar sem resposta. Coçou a cabeça pensativo.

Conhecia Elesis, ela e seu jeito de sempre querer levar a culpa. De sua memória falhada, lembrava de ver a ruiva o protegendo, mesmo que fosse inútil seus esforços. Ela se importava com ele, deixava até mesmo a raiva que sentia por Gerard de lado só para salvar o ninja. Lass sentia que a espadachim se importava com ele, sempre ficava o observando, porém, de uma maneira diferente do que ele era acostumado.

Só que o ninja não entendia o que isso queria dizer.

– Ela vai se afastar de mim. - Respondeu.

***

Mexia nas coisas com bastante cuidado, não para evitar bagunça, e sim porque sentia muita dor em suas mão para está mexendo naquelas coisas. Tinha sido liberada algumas horas por Lothos, mas acabou não preferindo ir para enfermaria sozinha. Estava em seu quarto, mexendo em suas gavetas à procura de algo.

Seus dedos encostaram em alguma coisa no fundo da gaveta. Segurou firme e puxou, logo vendo o que era.

Um caderno. A ruiva quis sorrir satisfeita, mas não sentia emoção parecida para fazer isso.

Se sentou no chão, apoiando-se em sua cama. Colocou o caderno sobre o piso, o abrindo cuidadosamente. Se sentia nostálgica o vendo, lendo aquelas letras tortas e feias, como de uma criança. Sentiu vontade de rir ao tentar ler o que estava escrito em algumas frases. Mas com o passar das páginas, percebeu que as letras começavam a ficar bonitas, mais maduras.

Chegou na página que falava sobre ele. Leu o que tinha escrito ali, tendo vontade de gargalha com as coisas absurdas que tinha naquele caderno. Seu olho ficou surpreso ao chegar em uma certa frase, a mesma que a deixou envergonhada por dias. Tentou ignorar e ler o que tinha mais escrito sobre ele.

Um pequeno sorriso se formou enquanto lia.

A maçaneta da porta se mexeu, fazendo a ruiva olhar para aquela direção. Fechou o caderno antes que a porta se abrisse.

– Elesis! - Exclamou Lire surpresa.

A ruiva não se moveu de seu lugar, apenas olhou para a loira com um olhar neutro. E vindo atrás da elfa, vinha Arme, que ficou surpresa da mesma forma.

– O que faz aqui? - Perguntou a loira. - Achei que era para estar na enfermaria.

Elesis continuou em silêncio. Apoiou as mãos no chão para se levantar, o que ainda tinha dificuldade. Ficou de pé e arrumou sua roupa amassada. Segurou suas próprias mãos, olhando de forma tímida para as duas.

Respirou fundo e abriu a boca.

– Me... - Começou Elesis com sua voz baixa, ainda sem emoção. - Me desculpem.

Lire e Arme olharam confusas. A ruiva continuou.

– Acabei agindo dessa forma por causa da Lothos, mas acabei me descuidando e agindo da mesma forma com vocês. - Desviava o olhar. - E também, quase te ataquei hoje mais cedo, Arme. Quero me desculpar por isso também.

A maga olhou surpresa, se lembrando do que aconteceu mais cedo. Ficou sem jeito com as palavras de Elesis, que pareciam ser dolorosas para ela.

– Tá tudo bem. - Diz a baixinha, abrindo um largo sorriso em seguida. - Já tivemos muitas brigas desse tipo, essa é só mais uma delas.

A espadachim olhou tímida, ainda sendo difícil para ela continuar aquela situação.

– Não fique assim, Elesis. - Pede Lire, voltando a sorrir docemente. - Somos amigas, não se esqueça. Seus problemas são nossos também.

Ainda sem jeito, Elesis confirma. A loira andou até ela, a abraçando quando se aproximou.

– Não seja uma idiota egoísta. - Fala a elfa sorrindo. - Estamos aqui para isso.

– Certo. - Diz Elesis.

– Então se você quiser desabafar qualquer coisa, fale com nós. - Menciona Arme. - Com certeza essa viagem não foi nada boa para você.

A ruiva se encolheu nos braços quentes de Lire, logo negando com a cabeça em seguida. Não gostava de lembrar do que aconteceu.

Elesis continuou na quarto enquanto conversava com suas amigas. Se passou horas com a companhia delas. Não falou nada sobre a viagem para elas, preferiu deixar quieto e conversava sobre coisas aleatórias. Infelizmente, seu jeito frio e quieto continuava mesmo conversando de forma agradável. Não conseguia nem ao menos sorrir.

A porta do quarto foi batida, assim Arme chamando para que entrassem. Elesis se encolheu mais ainda em sua cama quando viu Lothos entrar. A loira parecia satisfeita ao vê-la ali, conversando com suas amigas.

– Elesis, vim ter uma rápida conversa com você.

– Pode falar. - Disse a espadachim em voz baixa.

– Essa semana teremos que ir no Conselho ver Cazeaje, conversar sobre a missão de vocês. Iremos quando você tiver em condições de ir, então queria que falasse quando estivesse.

– Na verdade, eu já estou. - Fala com um olhar sério. - Posso ir a qualquer momento.

Olhou surpresa para a espadachim. Via o estado dela, sabia que Elesis continuava a sentir fortes dores com as feridas, principalmente com o olho. Não entendia o esforço desnecessário da garota.

– Então tá. - Acaba aceitando. - Soube que o Lass despertou alguns dias atrás, e que ele ainda está se recuperando.

Elesis moveu o corpo ao ouvir o nome do ninja, ficando incomodada rapidamente.

– Mas ele diz que está disposto a ir atrás de Cazeaje, então só restou você para confirmar. Podemos ir amanhã, se quiser.

– Amanhã está bom. - Disse imediatamente. - Sem problema.

Lothos continuou a olha-la, tentando decifrar o que se passava na mente da ruiva.

– Se você quiser ir ver o Lass para ter uma conversa com ele, pode falar.

– Eu não quero.

Tanto Lothos quanto Arme olharam surpresas, já Lire olhava séria ao ouvir o nome do ninja.

– Não quer ver nem como ele está? - Pergunta a maga.

– Não.

Lothos continuou a olhar preocupada.

– Tudo bem, iremos amanhã no Conselho resolver isso de uma vez por todas. - Fala a loira. - Espero que esteja disposta para se encontrar com Cazeaje.

A ruiva confirmou, porém não respondendo.

– Vejo que já está melhorando, então poderia passar a noite aqui, com a Lire e a Arme. - Olha para as duas. - Cuidem dela, meninas. Nos vemos amanhã.

– Certo. - Confirmou as duas antes da comandante partir.

Elesis podia parecer calma por fora ao falar sobra a ida no Conselho, mas por dentro estava séria. Após o acontecimento, lembrou de Lass falando que essa missão podia ser uma armação de Cazeaje. Após uma boa pensada, começava a achar que era verdade, que o encontro dela com Gerard não foi uma mera coincidência.

Apertou firme seu braço, tentando controlar a raiva que sentia.

***

– Você tem certeza que não quer voltar? - Perguntou Grandiel.

Andando pelos os longos corredores do Conselho, o acompanhando, Lass e Astaroth estavam ao seu lado. O albino continuava com curativos em todo o corpo, principalmente em seu braço quebrado. O mesmo mantinha um olhar sério enquanto seguia o caminho, dessa vez, sem Jin. O ruivo preferiu nem comentar sobre a ida do ninja do Conselho novamente.

– Estou bem. - Falou Lass. - Meu corpo ainda dói, mas acho que dá para aguentar.

– Tente não fazer nenhum movimento brusco, principalmente atacar Cazeaje. - Comenta Astaroth. - Sei que quer ataca-la, mas isso não trará nada de bom para você.

– Tarde demais para esse aviso. - Pensou o ninja.

Avistaram Lothos perto do portão para o salão principal. Fazia um tempo que o ninja não viu a comandante, já que só ouvia os avisos de Grandiel e Astaroth o tempo todo. Ela tinha um olhar cansado, parecido com os outros dois. Parece que eles tiveram muitos trabalhos para fazerem desde sua chegada.

O olhar preguiçoso de Lass se dirigiu para os cabelos vermelhos de alguém. Ao lado da loira, sentada no banco estava Elesis. A espadachim mantinha o rosto abaixado, deixando a franja cobrir seus olhos. Ela parecia que estava dormindo. O ninja percebeu seus machucados ainda não curados, como sua perna enfaixada. Se sentiu preocupado ao ver o estado da mesmo assim.

– Finalmente chegaram. - Fala Lothos quando se aproximam. - Depois dizem que são as mulheres que demoram para se arrumarem.

– Ei, você acha que o cabelo do Grandi é lavado com sabonete? - Exclama Astaroth. - Não, tem que ser lavado com bastante cuidado e -- É interrompido ao tomar um tapa no braço, vindo do loiro.

– Calado. - Fala Grandiel. Olhou para a ruiva com um sorriso sem jeito. - Como vai, Elesis?

A espadachim ergue o rosto, deixando o ninja pouco surpreso. Seu olho continuava enfaixado, e isso deixava Lass curioso com o que aconteceu. Não se lembrava muito bem da luta que teve com Gerard, e ver a ruiva sendo atingida no olho era umas delas.

Elesis não respondeu, apenas deu de ombros. Ainda estava tendo aquele clima pesado entre ela e o trio.

– Vamos parar de enrolar e resolver isso logo. - Diz Lothos impaciente. - Cazeaje já está nos esperando.

Assentiram e seguiram a comandante até a porta. A loira fez um sinal para que Elesis se levantasse, já que a mesma não iria aceitar a ajuda de Lothos. A ruiva não discutiu e se levantou do banco, ainda tendo dificuldade para isso.

– Elesis.

A ruiva levantou o olhar cansado, vendo Lass ao seu lado. Viu o estado do ninja, seu braço engessado e seus milhares de curativos em seu corpo. Percebeu que tanto para ela, Lass também estava tendo problemas em estar ali, principalmente por ele estar mais ferido que a espadachim.

O ninja abriu a boca para dizer algo, mas não consegue quando Elesis dar as costas e segui seu caminho. Iria chama-la novamente, mas acabou não dizendo nada e a seguindo junto.

Não sabia o que iria falar quando a chamou, só queria ouvir a voz da garota.

Entrou no grande salão, o mesmo em que foi julgado daquela vez. No entanto, não havia pessoas ou nada do tipo para observá-lo ser julgado, apenas Cazeaje atrás de sua grande mesa olhando alguns papeis. Provavelmente de outros julgamentos que teria que fazer. Ao seu lado, como sempre, Vegas.

– Que bom que chegaram. - Disse Cazeaje ao vê-los. Sua voz delicada como sempre, igual sua beleza. - Já estava ficando preocupada com a demora.

– Nós sentimos muito, Dona Cazeaje. - Pede Grandiel. - Isso não acontecerá novamente.

– Tudo bem, nada para se preocupar. - Sacudiu a mão em negação. - Enfim, vamos começar logo. Minhas duas crianças prediletas, por favor, para frente.

Sem questionarem, Elesis e Lass foram para frente, assim Cazeaje os vendo melhor. A moça sorriu ao ver o ninja, que rapidamente retribuiu com um olhar sério. Ainda não tinha esquecido do que aconteceu no dia anterior.

– Há quanto tempo, Lass. - Falava Cazeaje, fingindo ver o albino pela a primeira vez. Sabia que ele não tinha contado para Grandiel e Astaroth, então acabou entrando na brincadeira do mesmo.

Cazeaje apoiou seu rosto em sua mão, a mesma em que o ninja tinha ferido na conversa que tiveram. Lass percebeu sua palma curada, como se nada tivesse acontecido. Não ficou surpreso por aquilo vim de Cazeaje.

– Então, que tal contarem o que ocorreu na missão? - Diz Cazeaje. - Estou curiosa em saber como que vocês ficaram assim.

– Você deveria saber, não? - Fala Lass sério. - Nos encontramos com Gerard e foi nisso no que resultou nossa batalha. - Falava das feridas. - Quer mais o quê?

– Talvez ele tenha falado algo de importante para vocês. Qualquer coisa pode ser uma dica.

– Ele não disse nada, apenas nos provocou. - Continuou o ninja. - O que mais que você quer?

– Respostas.

Fechou o punho irritado. Queria outra vez enfiar uma caneta na mão de Cazeaje, mesmo que não tivesse efeito nela. Ela sabia de tudo que tinha acontecido, então por quê se fingia de inocente?

– Gerard disse que você é um monstro maior que ele. - Falou Elesis de repente. Todos olharam surpresos para a ruiva ao ouvir sua voz. Não esperavam que ela falasse. - O que é provável, já que nos mandou para o mesmo lugar que ele estava. Não foi uma mera coincidência termos nos encontrado.

– Então você acha que eu sou a responsável pelo o que aconteceu com vocês? - Pergunta Cazeaje, ainda agindo inocente.

– Não só acho, tenho certeza. - Em seu tom de voz frio acabava sendo confundido com Mari, que falava da mesma forma. - Agora vem minha principal pergunta: Por quê?

– Por quê? - Estranhou a pergunta.

– Sim, quero saber do motivo de ter feito isso. Se fosse esperta, conheceria Lass o suficiente para saber que ele preferiria morrer em vez de usar as chamas azuis. - Lothos, Grandiel e Astaroth rapidamente para a ruiva, numa intenção de que ela parasse de falar. Poderia ofender Cazeaje com aquelas palavras. - Mas preferiu nos mandar direto para Gerard, para que ele matasse a gente. Foi ingênua, Cazeaje.

A roxada olhava de forma impressionada para o que Elesis disse. Nunca esperou que a espadachim dissesse tudo aquilo. Mas um sorriso acabou se formando em seus lábios da mesma forma.

– Sim, eu fui ingênua. - Concorda Cazeaje, deixando o trio surpreso. - Fui ingênua em achar que vocês poderiam fazer essa missão sem problema algum. Que bobagem a minha. Mas agora é tarde demais, não tem mais volta.

Elesis e Lass olharam sérios, entendendo o que aquilo queria dizer.

– Vocês não cumpriram a missão, então terão uma certa punição por causa disso. - Disse Cazeaje, deixando todos tensos. - Mas eu ando muito ocupada no momento para pensar em uma punição para vocês, portanto decidirei quando tiver tempo. Até lá, vocês seguiram suas vidas normalmente.

– Mas que tipo de punição você tem em mente, Dona Cazeaje? - Pergunta Lothos. - Mandar eles para outra missão?

– Talvez. Como eu disse, pensei em nada. Agora, estão dispensados, já podem ir.

Todos olharem confusos, estranhando o fato de aquilo ter sido bem rápido, até mesmo para Cazeaje. O trio assentiram e começaram a ir embora, já Elesis e Lass continuavam a encarar a mesma.

– Por que? - Perguntou Elesis, dessa vez, mais séria e irritada. - Por que fez isso?

Cazeaje a olhou de forma preguiçosa, como se não se importasse.

– Nos colocar para enfrentar Gerard, por quê? - Continuou a ruiva. - Ele poderia ter nos matado.

– Mas não matou, saíram com vida.

– Vida? - Um olhar indignado se abre na espadachim. - Chama isso de vida? Chama ter um olho ferrado de vida?!

– Abaixe seu tom de voz. - Ordenou seriamente. - Não está falando com seus pais.

– Eu não tenho pais! - Berrou de punhos fechados.

– Elesis! - Gritou Lothos.

A comandante segurou o ombro da ruiva, chamando a atenção da mesma. Com um olhar sério, dizia para a espadachim se acalmar. Com bastante receio, Elesis abaixou o rosto com um olhar triste.

– Está tudo bem, Lothos. - Diz Cazeaje. - Não tem problema em ela se expressar. Eles têm direito de saber o porquê.

Olharam sérios, estranhando o que ela disse.

Um sorriso macabro se abre no rosto de Cazeaje.

– Gostaria de saber o que iria acontecer quando você se encontrasse com Gerard, Elesis. Queria ter certeza de que lado você ficaria depois de encontra-lo, do nosso ou do dele. Infelizmente, você ficou do nosso.

– Infelizmente? - Pergunta a ruiva séria.

– Sim, infelizmente. Se tivesse do lado dele, gostaria de ser a primeira a ir atrás de você e poder matá-la. - Seu sorriso alarga. - Seria divertido.

– Cala a boca! - Exclama Lass irritado.

Cazeaje soltou uma risada discreta ao ouvir o ninja falar. Gostava de ver o rapaz zangado.

Antes que Lass pudesse dizer outra coisa, Grandiel o chama a atenção. Como Elesis, assentiu em silêncio.

– Me desculpe, Dona Cazeaje. - Pede Astaroth. - Eles não estão muito bem, então perdoe eles.

– Sem problema. Os chamei aqui para perguntar sobre o que aconteceu na missão, mas parece que não terei minha resposta. - Diz decepcionada. - De qualquer jeito, estão dispensados.

Elesis e Lass foram chamados antes que o trio partisse. Ambos concordaram com receio, principalmente a ruiva que demorou um certo tempo até seguir o caminho. Ela manteve o olhar baixo o tempo todo.

Seus fios vermelhos balançaram quando se virou e avançou contra Cazeaje. Correu com um olhar furioso, mostrando seus dentes pela a emoção forte. Pulou sobre a grande mesa da moça e arremessou sua mão na direção da mesma, pronta para agarra-la com suas unhas. Qualquer ataque serviria, contanto que ferisse Cazeaje.

Sua mão parou antes de tocar no rosto da mulher, faltando centímetros para acertá-la. Podia ter sido rápida, mas não o suficiente para não ser segurada por Lothos e Astaroth. Ambos a segurava, um no braço e outro no corpo. Estavam tendo dificuldades para manter a espadachim longe de Cazeaje.

– Sua monstro! - Grita a ruiva com um olhar furioso. - Eu odeio você! Odeio! Quero mata-la, destroçar, aniquilar! Vou acabar com você!

Cazeaje continuava apoiada na mesa, mesmo tendo uma mão esticada na direção de seu rosto.

– Qual é o problema? - Disse em um tom provocativo.

– Qual é o problema?! O problema é que você nos mandou para uma missão suicida! Gerard quase nos matou, sua desgraçada! - Berrava em fúria. - Eu perdi um olho e o braço do Lass está quebrado por sua causa! Tudo por sua causa! - Fecha o punho e bate sobre a mesa.

– Então é minha culpa por vocês serem fracos?

Elesis a encarou enquanto bufava rapidamente. Fechou com mais força o punho sobre a mesa, assim o erguendo e apontando para Cazeaje.

– Eu juro, juro que irei mata-la um dia. - Rosnava Elesis. - Não importa o que eu tenha que fazer, vou acabar com a sua raça de uma maneira mais dolorosa o possível. Você vai se arrepender de ter feito isso com nós. - Rapidamente, a mão da ruiva se fecha e fica em volta das chamas vermelhas. Se preparou para socar Cazeaje. - Eu juro!

O corpo da espadachim voou para trás, se arremessando contra o chão. Sentiu como se um forte vento tivesse sido assoprado contra ela, apagando suas chamas e a jogando facilmente contra o piso. Lothos e Astaroth se afastaram rapidamente com olhares tensos. Sabiam o que tinha sido aquilo.

– Você jura? - Pergunta Cazeaje ao se levantar da cadeira. Alargou o sorriso.

Ainda caída no chão, Elesis a olhou torto. Não entendeu o que tinha sido aquilo, aquele vento que fez se sentir como se não houvesse nada em seu corpo. Sentiu-se sem magia naquele momento.

– Interessante. - Fala Cazeaje, erguendo sua mão esbelta.

O sangue jorrou quando enfiou a mão no meio de seu peito. Suas unhas finas atravessaram como a ponta de uma lâmina, assim entrando cada vez mais. Mesmo fazendo aquilo, Cazeaje continuava a sorrir sadicamente.

Elesis e Lass olharam incrédulos para a cena, sem reação para o que viam.

– Ah, isso de novo não. - Diz Astaroth colocando a mão na boca enquanto segurava a ânsia de vômito.

A mão de Cazeaje se estreitava pelo o buraco feito pelas as unhas, procurando algo para agarra. O sentiu, assim o pegando com firmeza e puxando para fora do peito com uma certa dificuldade. O sangue jorrou mais ainda ao mostrar o que segurava, deixando todos naquele salão com olhares aterrorizados.

O grande coração de Cazeaje palpitava em sua mão, tendo todas as artérias ainda ligadas dentro de seu corpo. Batia tranquilamente, mostrando a calma que a moça estava tendo com aquela situação.

– No dia em que você me derrotar, terá que acabar com isso aqui também. - Fala Cazeaje insanamente, apertando um pouco mais forte seu órgão. - Arrancar minha cabeça não será o suficiente, queridinha.

– O quê? - Pergunta Elesis, ainda assustada.

– Se quiser me derrotar, você terá que abandonar muitas coisas até lá. Dor é uma delas.

Vendo aquilo, Elesis teve vontade de vomitar, como Astaroth. Percebeu o que Gerard quis dizer quando falou que ela era uma monstro maior que ele. Cazeaje era. Sua expressão calma e bonita era apenas uma máscara, escondendo sua feição aterrorizante.

– Isso aqui não é nada, apenas mais um órgão como qualquer outro. - Continuou. - Cortá-lo ou queimá-lo não adiantaram de nada, pois terei eu no caminho. Resumindo, você nunca irá me alcançar, nenhum de vocês dois. - Olha para ambos. - Mas mesmo que me alcancem, ferir meu coração não adiantará de nada, sabe por quê? - Seu sorriso alargou mais ainda. - Porque ele é um órgão como qualquer outro.

***

Ela continuou a andar por aquele longo corredor, que parecia ter fim nunca. Olhava para frente, não querendo saber o que tinha dos lados.

– Elesis. - Ele chamou.

Ela não parou, nem para a quinta chamada pelo o seu nome.

– Elesis. - Chamou mais alto.

Ela ignorou.

– Elesis!

A ruiva entrou na porta que mais desejava ter chegado. Seu quarto. Ao atravessar, segurou a porta e a fechou rapidamente, impedindo que o ninja entrasse junto. Lass parou bruscamente ao ver a porta se fechar na sua cara, balançando seus cabelos pelo o vento.

Tinham chego no colégio das garotas algum tempo atrás, já que Grandiel e Astaroth viriam juntos. O julgamento com Cazeaje terminou após aquele discurso dela. Tanto Elesis quanto Lass saíram em silêncio após aquilo, tensos com o que viram. Ao chegarem no colégio, o ninja quis ter uma breve conversa com a espadachim, que acabou o ignorando o percurso todo até o seu quarto.

– Elesis, abre a porta. Quero conversa com você. - Falava Lass.

Dentro do quarto, a ruiva se sentou em um canto no chão, se encolhendo em seus próprios joelhos. Apertou firme suas pernas que abraçava, escondendo seu rosto nelas. Ouvia o chamado do ninja através da porta, porém fingia que era coisa de sua cabeça.

– Sabe que eu sou persistente, vou ficar aqui até você falar comigo. - Falava o rapaz do outro lado. - Não adianta me ignorar.

A ruiva apertou seus lábios, tentando conter a tremedeira. Era difícil para ela ver Lass, até mesmo sua voz. Quando o via lembrava do acontecimento passado, o que era muito dolorosa para a mesma. Se sentia culpada, machucada e magoada com tudo que aconteceu, tanto com ela quanto com Lass. Ele era a prova de sua falha, e isso não seria uma coisa que ela simplesmente poderia se desculpar. Era um fardo.

– Você é tão sensível. - Comentou a voz dentro do quarto.

Levantou o olhar, vendo Eléo sentado no chão do outro lado do cômodo. Como sempre, ele vestia o uniforme e mantinha sua expressão indecifrável. Elesis já estava acostumada em vê-lo assim.

– O que você quer? - Perguntou a ruiva em um tom baixo.

– Como assim o que eu quero? Não tenho nenhum lugar para ir além de sua volta. - Suspira. - Então aqui estou.

Elesis acabou aceitando essa explicação, mas não disse nada. Voltou a se encolher em seu canto.

– Você não mudou nada. - Continua Eléo. - Continua agindo dessa forma infantil. Cresça e vá encarar seus medos.

– Não enche. - Enfia o rosto entre as pernas.

– Quanto mais você se fechar pelos os seus sentimentos, mais irei aparecer. - Deu de ombros. - Aceite isso.

– Calado. - Falou com a voz abafada.

– Só estou tentando ajudar.

Depois de um tempo, Elesis ergueu o rosto, olhando diretamente para Eléo. Só agora ouviu o que o moreno disse para ela. Olhou confusa.

– O que você tem a ver com os meus sentimentos? - Olha séria. - Quer dizer, o que você é?!

Eléo sorriu ao ouvir a pergunta. Finalmente tinha chegado onde queria. Se levantou do chão, arrumando sua roupa amassada.

– O que eu sou? Quem eu sou? - Começava o moreno, em um tom filosófico. - O que é você? Quem é você? Já parou para perguntar essas coisas?

A ruiva olhou indignada, não entendendo todo aquele papo do garoto. Se sentia estranha quando conversava com o mesmo.

– Eu sou eu, e você sou eu! - Dizia sem paciência. - Onde quer chegar com isso?

– Qual é! - Colocou a cabeça de lado, abrindo um largo sorriso. - Resposta errada. Pense bem, a resposta está na sua cara.

A espadachim olhou tensa, ainda confusa. Tinha medo de responder, de erra e de que estivesse ficando louca após tudo aquilo. Bem, estava louca. Não iria responder, não sabia a resposta. Aquilo era coisa de sua cabeça, já tinha decidido isso desde que viu Eléo pela a primeira vez. A dor que sentia em suas costas não era nada, suas cicatrizes não queimavam.

Era sua imaginação.

– O que eu sou e quem sou? - Pensava a ruiva. - Eu não sei quem eu sou. Não sei o que eu sou. Por que eu não sei? Por que sou fraca? Por que tenho que ser a dona das chamas azuis?

Colocou as mãos no ouvido, evitando os ruídos que ouvia em sua volta. Não havia nada para fazer aquele barulho, ele vinha de sua mente, como Eléo. Doía, tudo doía. Não conseguia evitar, queria chorar e gritar em desespero, mas não fez. Era forte. Sabia quem e o que era.

Arregalou os olhos e tirou as mãos dos ouvidos lentamente. Não tinha mais barulho. Ergueu o olhar, olhando diretamente para o sorriso de Eléo.

– Você é... - Diz Elesis.

– Você é bem fraca para uma pessoa que só tem uma pequena parte minha no seu corpo. - Fala o moreno, colocando as mãos na cintura. - Como você acha que o Lass vive depois desse tempo todo, principalmente quando você apareceu na vida dele?

– O quê? - Pergunta ainda surpresa.

– Ele sofria bastante com sentimentos que tinha por você. - Fala pensativo. - Foi bom ele ter superado, fez bem para ele.

Elesis fechou as mãos. Sentiu um peso em seu peito.

– É minha culpa. - Dizia a espadachim com a voz fraca. - É tudo minha culpa.

– Não seja assim. - Lamenta Eléo. - Tecnicamente, é culpa dele. Ele que quis retrair os sentimentos, não você. Se bem que, você tá fazendo isso agora...

A ruiva balançou a cabeça, negando rapidamente.

– Você era para ser minha, não dele! - Exclama com um olhar triste. - Você é minha chama e sempre foi, mas não está comigo. - Mordeu o lábio. - Lass sofre no meu lugar.

Afundou o rosto outra vez nas pernas. Esperou ouvir outra provocação das chamas, mas nada veio. O quarto estava em completo silêncio, além das...

Ouviu outra batida na porta e a voz do ninja do outro lado. Aos poucos, levantou o rosto, olhando em volta. Eléo não estava mais ali, ele havia sumido outra vez.

– Elesis, você está bem? - Perguntou Lass. Parece que ele havia ouvido o último grito da espadachim.

A ruiva olhou na direção da porta, vendo a sombra do rapaz sob a porta. Ficou um bom tempo com o olhar naquela direção, até tomar uma atitude. Seus lábios tremeram.

Se levantou em um pulo, porém bem desajeitada. Do mesmo jeito, vagou pelo o quarto em tropeços enquanto procurava algo. Correu até a mesa, a bagunçando até pegar uma caneta sobre a mesma. Aquilo era o suficiente. Se virou para a porta e foi até ela.

Lass iria bater outra vez impaciente, porém a porta se abriu de repente, o deixando surpreso. Se deparou com a ruiva pouco ofegante o olhando sem dizer nada. Via uma chance para conversa com ela naquele momento, mas fez nada até que ela dissesse alguma palavra.

Elesis abriu a boca para dizer algo, porém não conseguiu. Quando ia falar, não achou as palavras certas para dizer. Abaixou o olhar, olhando para a caneta em suas mãos. Puxou a tampa, levantando a ponta na direção de Lass. O ninja quis recuar ao ver aquilo, mas acabou ficando em seu lugar.

A ruiva segurou seu braço quebrado, ou o gesso que o contornava. Puxou para perto, deixando o ninja curioso com o que ela iria fazer. Começou a escrever algo no gesso do rapaz, sendo bem breve. Ao terminar, voltou para dentro de seu quarto e fechou a porta, outra vez.

Com um pouco de dificuldade, Lass virou o gesso o suficiente para poder ler o que estava escrito. Eram duas simples palavras, que deixou o rapaz com um olhar triste.

– "Me desculpe". - Leu em voz baixa.

Olhou para a porta. Pretendia bater outra vez, mas não fez. Ficou ali parado, olhando fixamente para a madeira à sua frente.

Sabia o que a ruiva quis dizer com aquilo.

***

– Olha o que temos aqui. - Comentou com a voz irritante de sempre.

Tinha feito um bom tempo desde que o ninja esperava a ruiva abrir a porta, o que não aconteceu. Cansou de ficar em pé e se sentou no chão, ficando apoiado na parede bem atrás dele. Quase adormeceu com todo esse espera, mas uma voz o impede.

Ficou sério ao ver os fios rosadas dela e o os azuis da outra ao lado. Amy sorria de forma superior, enquanto Mari o olhava com o seu típico olhar neutro.

– O que faz aqui, Len? - Pergunta a azulada.

– É Lass. - Diz emburrado. - Estou aqui para ver a Elesis.

– Ela não tem estado muito bem ultimamente. - Menciona Amy. - Acho que ela não está para visitas no momento.

– Eu sei, por isso estou aqui. - Suspira cansado. - Pretendo ter uma conversa com ela, para ajuda-la.

– É legal da sua parte. - Diz Mari. - Boa sorte em conseguir falar com ela.

– É, boa sorte. - Deseja a rosada.

As duas continuaram seu caminho, se despedindo de Lass durante isso. O ninja as olhou indo embora, lembrando bem de cada uma quando as encontrou. Ambas eram irritantes, pensou.

Quando voltou o olhar para frente, tomou um susto ao ver Lire e Arme ao seu lado. Não tinha percebido a presença das duas.

– Olá, Lass. - Diz Arme com um sorriso simpático. - Quanto tempo.

Enquanto a maga olhava carismática, a elfa olhava sério. Estava óbvio que ela não gostava da presença do rapaz ali, principalmente naquele lugar.

– Ah, olá. - Tentou ser simpático.

– Veio ver a Elesis, né? - Perguntou a baixinha.

– É, estou querendo ter uma conversa com ela, mas está sendo um pouco difícil.

– É compreensível depois de tudo que ela passou. - Fala Lire, chamando a atenção do ninja. - Melhor dar um tempo para ela.

Lass olhou sério para a loira, devolvendo o olhar da mesma.

– Se eu der mais um tempo para ela, será difícil de conversar depois. - Responde. - E não se preocupe, não tentarei nada. Não pretendo mais fazer isso.

Lire olhou surpresa, porém discretamente. Não acreditava no que o ninja disse.

– Não tem problema em você espera-la. - Diz Arme. - Parece que a Elesis não vai sair tão cedo do nosso quarto, então eu e a Lire iremos dormir em outro dormitório. - Rir sem jeito.

– Espero não está incomodando. - Passa a mão na nuca.

– Imagina. - A maguinha sacode a mão, em negação. - É bom ter você aqui, para animar a Elesis. Espero que dei tudo certo entre vocês.

– Valeu.

– Nos vemos depois. Vamos indo, Lire. - Pegou a elfa pelo o braço e a puxou.

Enquanto era puxada por Arme, olhou para Lass sobre o ombro. Parece que as palavras do ninja não foram suficiente para convencê-la.

Lass ignorou aquele olhar da garota e olhou para frente, pensando em algum jeito de tirar a ruiva do quarto. Pedir com jeito era inútil, pensou. Também não quebraria a porta, estaria a forçando, além de dar prejuízo para Lothos.

Passou a mão em seu longo cabelo, o bagunçado sem querer. Não tinha ideia de como fazer aquilo.

Do outro lado, Elesis continuava sentada no chão, mas dessa vez, apoiava-se na porta. Continuava com o olhar baixo naquele caderno no chão. Lia atentamente, passando as páginas lentamente. Toda letra, todo detalhe era muito importante para a espadachim. Aquilo era valioso para ela.

Parou novamente na página dele, olhando para a frase que a deixava envergonhada meses atrás, que agora não deixa mais. Olhou sem expressão para aquelas palavras que tanto a deixava vermelha quando olhava. Eram apenas cinco palavras, só isso.

Bufou e fechou o caderno, encostando a cabeça na porta. Olhou para o vazio do quarto, sentindo a completa solidão que tinha ali dentro. Aos poucos fechou os olhos, assim poderia ter o descanso que não teve o dia todo.

Mesmo com o completo silêncio, ouvia aquelas cinco palavras rodear sua cabeça. Se sentiria incomodada, mas parece que já tinha superado.

"Estou apaixonada pelo o Lass", era o que estava escrito.

***

Estranho, não sentia fome, sede e nem vontade de ir no banheiro. Eram necessidades de qualquer ser humano, mas Elesis não tinha isso no momento. Estava de noite e mesmo assim ela continuava presa em sua confusão mental.

Nada sentia.

Finalmente tinha se levantado daquele chão e se espreguiçado. Não sabia o que fazer, queria sair dali para ao menos tomar um ar, mas não tinha vontade para isso. Olhou para a porta com uma certa dúvida em mente.

Andou em passos silenciosos até a saída, assim abrindo cuidadosamente a porta. Pela a fresta, olhou o corredor escuro e vazio, porém com um certo ninja sentado nele enquanto estava adormecido. Fechou a porta imediatamente ao vê-lo. Que persistente, pensou irritada.

Sem se importar, foi para sua cama e se enrolou em seu coberto quentinho. Estava frio naquela noite. Olhou pensativo para um canto do quarto, ficando sentada por um longo tempo.

Fez um estalo com a língua e se levantou da cama.

A porta do quarto se abriu lentamente, evitando ruídos desnecessários. A ruiva colocou a cabeça para o lado de fora, vendo se tinha mais alguém no corredor além do albino dorminhoco. Estava vazio. Saiu em passos leves do cômodo, se dirigindo para perto do ninja com uma coberta em mãos. Ele deve está sentindo frio, penso.

Esticou o coberto e jogou com cuidado sobre o corpo do rapaz, tomando cuidado para não acorda-lo. A parte do ombro acabou ficando descoberta, portanto a ruiva segurou a ponta do lençol e cobriu o ombro descoberto.

Soltou um grito agudo quando sentiu a mão gelada de Lass se fechar em seu pulso. Os olhos do ninja se abriram rapidamente, assim olhando para a ruiva assustada. Elesis tentou se soltar, mas o rapaz segurava forte o suficiente para impedir que ela fugisse.

– Me solta. - Ordenou com a voz trêmula, causada pelo o susto. - Agora.

– Elesis, pare com isso. - Diz Lass sério. - Ficar fugindo vai adiantar de nada, só vai piorar. Vamos conversar.

– Temos nada para conversar. - Dizia com o olhar desviado. Não conseguia olhar para Lass. - Agora me solta.

– Claro que temos. Você está fugindo de você mesma, de seu próprio fardo. - Puxou a ruiva, porém ela continuou no lugar. - Olha para mim.

Agora ela estava de olho fechado e com o rosto virado para o lado. Elesis negou.

Sem querer, o pulso da ruiva escorregou de sua mão, assim a soltando rapidamente. A espadachim caiu de bunda no chão, fazendo uma expressão de dor pela a queda.

– Elesis, olhe para mim. - Pediu outra vez.

A ruiva manteve o olhar baixo, ignorando o pedido. Ouviu Lass pedir outra vez, deixando o ninja impaciente. Acabou soltando um suspiro discreto e fazendo aquilo de uma vez.

Olhou para Lass, vendo a expressão séria do rapaz. Era difícil olha-lo sem se lembrar da luta e do sofrimento que teve. Sentir o toque de sua mão gelada, o cheiro do mesmo e até mesmo sua voz era algo que a deixava de coração pesado. Mas teve que se manter forte e continuar a olha-lo.

– Você não está bem. - Disse o ninja.

– Sim, eu estou. Só esperar para esse machucados sararem e...

– Não é isso. - Negou. - Seu estado mental foi afetado após a luta. Você não está agindo como a mesma.

– Claro que estou.

– Não está.

Elesis iria persistir na mentira, mas desistiu. Fechou os punhos enquanto olhava para o rapaz.

– O que é que você ver? - Perguntou Lass de repente.

– Hã?

– Sei que vê alucinações. - Elesis olha surpresa. - Mas você está escondendo. O que é que você ver?

As desviadas de olhares começa outra vez. Lass chamou sua atenção e a ruiva olhou imediatamente para ele.

– Eu vejo... De vez em quando eu vejo algumas coisas. Nada para se preocupar. As alucinações estão passando, então está tudo bem. - Suspira.

– Você mente muito mal.

A ruiva olha sem jeito.

– Por que não contou antes?

– Porque eu não quero deixa-los preocupados. - Olha para o lado. - Então não conte para a Lothos ou sei lá quem.

Acabou concordando, mesmo que não achasse aquilo certo. Olhou bem para a ruiva e viu que esse não era o único problema.

– Agora, sobre o Gerard... - Começou a falar, mas parou quando a espadachim sacudiu a cabeça em negação.

– Não quero falar. - Viu ela apertar com mais força as mãos. - Não quero conversa sobre isso, sobre mais nada.

– Se você não se expressar direito só vai piorar. - Avisou outra vez. - Sei como é isso, sei como resolver.

Elesis volta o olhar para o rapaz. Dessa vez, sério.

– Por isso que abandonou muitas coisas? - Dizia ela. - Até mesmo seus sentimentos?

– Eu não tive escolha.

– Nunca tem, não é? - Olha em forma de desdém. - Abandonar sempre é sua primeira e melhor opção.

Lass não disse nada, ficou a olhando por um tempo. Soltou um ar pesado pelo o nariz em reposta.

– Não vim aqui para falar sobre mim, e sim sobre você. - A olha. - Quero poder te ajudar. Quero saber se está bem.

Outra vez, apertou os punhos com mais força.

– Se eu estou bem? - Questionou Elesis. - Tudo dói depois dessa missão. Quero poder esquecer, não poder vê-lo, mas eu não consigo! - Bate com a mão no peito. - Por mais que aqui esteja vazio, continua a doer! Tudo. - Diz em um tom choroso, mas sem as lágrimas.

Ficou assustada quando viu a mão do rapaz esticar a mão em sua direção, assim ele se aproximando junto. Não conseguiu se mover, ficou paralisada com o olho fechado, não querendo ver o pior. Apenas sentiu o toque gelado da mão do mesmo em sua bochecha.

– Olha para mim. - Disse Lass.

Com receio, abriu seu único olho bom. Percebeu que ele estava próximo, a deixando desconfortável. Como se não fosse o suficiente, o albino se aproximou mais. A ruiva automaticamente se encolheu em seus ombros, tentando fugir daquilo.

Lass a beijou no curativo de seu olho ferido. Sentiu os lábios quentes do rapaz encostar em seu rosto, porém de uma forma cuidadosa, que não a machucasse. Até mesmo o toque de sua mão era delicado, parecendo nem ser mais o Lass bruto que conhecia há um bom tempo atrás.

Ele havia mudado.

Se afastou da espadachim lentamente, a olhando em silêncio.

– Vai melhorar. - Falou o ninja.

Elesis nega com a cabeça.

– Não, não vai. - Disse ela. - Sabe por quê? Porque as coisas não serão a mesma coisa como antes.

A ruiva se levanta, tendo alguma dificuldade ainda nessa tarefa. Ficou de pé e olhou o ninja séria.

– Não quero ser a mesma de sempre, não depois disso tudo. - Falava aquilo como se machucasse a si própria. - Quero poder esquecer tudo que aconteceu, mas está óbvio que isso é impossível. Não quero ver ninguém no momento, principalmente você.

Lass olha confuso.

– Solidão não é a melhor opção. - Diz o rapaz.

– Mas para você foi. Se eu fosse você, voltava para o colégio e recuperasse-se para voltar às aulas. - Se preparou para entrar no quarto. - Eléo não pretende voltar tão cedo.

Quando iria entrar, foi segurada outra vez pelo o pulso. Olhou impaciente para Lass enquanto tentava se soltar do mesmo.

– Pare de agir como uma idiota egoísta e comece a olhar em volta. - Dizia o albino em um tom de voz séria. - Ficar achando que a culpa é sua e que eu estou assim por causa da sua fraqueza é idiotice. Eu tomei minha decisão e esse é o resultado dela, ouviu?

– Não é só isso. - Falava no mesmo tom. - Você não entende.

Apertou com mais força o pulso da ruiva.

– Como que eu não entendo? - Quase gritou irritado. - Eu já falhei, machuquei pessoas, fui machucado e tenho essa coisa dentro de mim! Agora me diz, como que eu não entendo?!

Olhou surpresa ao lembrar desses detalhes. Lass sentia tudo que ela sentia, via alucinações como ela via, então por quê fugia do mesmo? Mas mesmo que ele pudesse, Elesis não gostava de ficar perto. Sentia como se ninguém mais a entendesse, nem ela mesmo.

Jogou o braço de lado, se soltando imediatamente do rapaz. Trincou os dentes e olhou sério para o mesmo.

– Porque você é um monstro! - Gritou como um desabafo.

Entrou dentro do quarto e fechou a porta em um forte empurrão, gerando um grande barulho pelo o corredor.

Lass permaneceu com o olhar sério na direção da porta, mesmo após ouvir aquelas palavras. Aos poucos, seu expressão raivosa foi sumindo, sendo substituída por uma neutra. Fechou sua mão calmamente, a mesma que usou para segurar a espadachim. Esfregou a nuca, abaixando o rosto em seguida.

Aquilo era para doer, mas não sentiu. De uma certa forma, o incomodou ser chamado daquele jeito. É engraçado, pois já ouviu tantas pessoas o chamando assim, mas ouvir Elesis era a primeira vez. E ele se importava com o que ela pensava dele.

Reparou algo escrito em seu gesso, chamando sua atenção no meio daquela escuridão que era o corredor. Me desculpe, era o que estava escrito. Ainda lembrava da espadachim escrevendo aquilo, vendo o olhar culpado da mesma.

Elesis tem se sentido assim a vida inteira, percebeu.

***

O barulho de seus saltos ecoava pelos os corredores. Como sempre, acordava cedo e se arrumava para ter outro dia cansativo. Lothos já estava acostumada com isso. Agora só precisava ver como Elesis estava e começar o tratamento no olho da ruiva. Ela já estava recuperada o suficiente para poder se tratar.

Parou os passos com um olhar confuso. De frente para o quarto da garota havia um coberto jogado no chão, sem ter ninguém por perto para ter feito aquilo. A loira preferiu não questionar e pegou a coberta, a enrolando em seus braços.

– Elesis deve ter feito isso. - Murmurou.

Se virou para a porta do quarto, assim batendo com a mão livre. Esperou bastante tempo, achando que a espadachim estava dormindo ou ignorando a comandante. Começou a ficar impaciente pela a demora da jovem.

– Elesis, chega de brincadeira e abre isso! - Falava em um tom de autoridade. - Não estou com paciência para atura-la hoje.

Outra demora. Dessa vez a loira não esperou, abriu sem permissão da espadachim e entrou no cômodo. Estava um pouco escuro ali, sendo iluminado apenas por uma fresta de luz saindo da cortina. Lothos foi até a janela e a abriu, vendo com mais clareza o lugar.

Estava um pouco bagunçado para uma pessoa que passou a noite ali. Mas não foi isso que deixou a comandante com um olhar desesperado, e sim o fato de a ruiva não está em sua cama, em lugar algum.

– Elesis! - A chamou. Nada.

Foi até o armário da garota e o abriu. Algumas roupas dela faltava, até mesmo a bolsa dela. Lothos olhou em volta, desse jeito percebendo algo grudado atrás da porta. Se aproximou e viu que era um bilhete.

– "Não aguento mais, chega para mim. Não me sigam, estou bem. Até!" - Leu a mensagem séria.

Amassou o papel em mão junto com sua expressão. Foi tola em ter deixado Elesis sozinha, dando uma chance de ela ir embora a hora que quisesse. Ela não estava bem, sabia disso, mas agora ela estava pior.

Saiu do quarto em passos apressados. Pegou seu telefone e discou um rápido número, logo falando ao atenderem:

– Elesis fugiu, vou ir atrás dela. Cuide do meu colégio até lá, - Engoliu seco, junto com o seu orgulho. - Astaroth.


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Notas finais do capítulo

Review?
*Como será as coisas daqui em diante?! Hum, acho que serão bem diferentes... Não vou falar muito senão eu estrago a surpresa, eu acho.
*Sim, Eléo, a alucinação de Elesis, é as chamas azuis. Uma pequena parte das chamas está dentro dela, por isso que ela enxerga ele. Mas quando as chamas entraram?! E por que só faz efeito agora? Tentem descobrir até o próximo capítulo!
*E a principal pergunta: Astaroth vai mesmo acabar com o colégio da Lothos? Ai, ai! Estou ansiosa para escrever sobre isso ^-^
*Ah, galerinha, minha amiga, Lu-chan, está fazendo vídeos no Youtube (Sério?!) e eu queria que vocês dessem uma forcinha para ela lá! São vídeos relacionados a animes e mangás, que estão ficando show de bola. O canal ainda está no começo, mas futuramente pretende trazer muitas coisas legas... Até a participação da idiota que vocês mais ama (EU!). É Risa-chan pretende um dia fazer aparição kkkkkk
Então, sejam um bom corderinho do senhor e vejam o vídeo, se gostarem deem like ou comente, porque assim está ajudando MUITO ela, do mesmo jeito que vocês me ajudam quando comentam ♥ Aqui está o link: https://www.youtube.com/watch?v=4_IBt0LA1y4