A minha pergunta ficou pairando no ar, sendo engolida pelo silêncio.

Estávamos estacionados em um posto de gasolina qualquer esperando o tal do "Jake" .

-Eu não acredito que vamos sair por aí de madrugada, andando por ruas e becos desertos de Nova Iorque com um TRAFICANTE DE DROGAS!!!!

-Aff! Deixa de ser fresco Gus! O Jake é um cara legal, e você sabe muito bem que tudo isso não passa de um boato!!!

-Como você pode ter certeza que ele não é um traficante? Quem te garante?

-Admita Gus, você tem implicância com o Jake só porque ele pegou a Hanna Walker!

-Nada a ver! Eu já tinha terminado com ela quando ele a pegou! E se eu fosse ficar implicando com todo mundo que pegou a Hanna, eu iria ficar brigado com a escola inteira!!!

Odeio quando as pessoas ficam conversando e ignorando a minha fabulosa presença! Avistei mais à frente uma lojinha de conveniência, agora deixe-me explicar a amorosa relação dos adolescentes com as lojinhas de conveniência:

Lojinha de conveniência= Bebidas álcoolicas liberadas.

Lojinha de conveniência+Adolescentes=Adolescentes bêbados.

A matemática é chata mas exata. Saí do carro imperceptivelmente, peguei os 50 dóllares que eu roubei da carteira do Gus e fui em direção ao paraíso adolescente!

August:

-CARA, IMAGINA A MARTI SE JUNTANDO COM ELE, E ELES RESOLVEM FORMAR UMA GANGUE DE PSICOPATAS DROGADOS E RESOLVEM ME MATAR!!!!-Disse um "pouquinho" histérico.

-Kkkkkk!!!! Muito boa!!!

Eu não estava nem um pouquinho animado de ficar com o Jake. O Jake faz parte da casta popular dos rockeiros, e o fato de que eu implico com ele é porque ele roubou de mim a gostosa da escola, na qual eu estava tentando pegar durante semanas, e também porque quando o meu pai assumiu o namoro com a mãe do Isaac, meio que nós paramos de ser amigos e ele saiu da parte dos rockeiros nerds para se juntar com o Jake na parte popular e barra pesada dos rockeiros.

De  repente Isaac arregalou os seus olhos esverdeados, e parou de rir.

-Ca...Cadê a...a Marti?-Balbuciou 

Em um movimento sincronizado, viramos a cabeça para trás. Marti não estava no banco traseiro.

Fodeu.

-AHHHHH!!!!! MEU DEUS O MEU PAI VAI NOS MATAR!!!! EU PERDI O MINI-CAPETA!!!!!! A CULPA É SUA ISAAC!!!!!!!

-AHHH!!!! MAS POR QUE EU?!!!! EU NÃO QUERO MORRER VIRGEM!!!!!!

-AHHH!!! QUE MERDA NÓS NOS METEMOS!!!!

Em meio ao desespero de ter perdido o mini-capeta, alguém bateu no vidro da porta.

Achei que fosse a Marti. Estava ensaiando mentalmente a sequência de palavrões, quando vi que não era a Marti era o Jake.

Não fiquei nem um pouco feliz com a presença dele. Dei um sorriso amarelo e saí do carro para cumprimentá-lo.

Marti:

Saí da lojinha com umas três garrafas de Sky Vodka, bebendo a metade de uma delas, quando eu avistei uma figura familiar. Achei que fosse o efeito da vodca queimando pela minha garganta, mas quando me aproximei, eu o reconheci. 

Reconheci aquele cara alto, com a pele levemente bronzeada, cabelos acobreados e os impenetráveis olhos acinzentados. Era o Jake, Jake Foster.

-VOCÊ FICOU DOIDA!!!! QUASE QUE VOCÊ ME MATA DO CORAÇÃO!!!!! COMO VOCÊ SAÍ E NÃO NOS AVISA NADA!!!!-Gritou Gus totalmente histérico.

-Marti Sandlers?-Perguntou Jake com o seu charmoso sorriso de canto de boca.

-Jake Foster, quanto tempo?!

Foi i-m-p-a-g-á-v-e-l a cara de confusão de Gus! Ele ficou assim durante um bom tempo, boquiaberto, acho que ele pensou que nos conhecíamos de alguma convenção de gângsters.

A verdade é que Jake Foster foi o meu primeiro namorado. Eu gostava dele, ele gostava de mim, formávamos um adorável casal de encrenqueiros. Nós ficamos duas vezes nas festas de Kimberly Hills e Nancy Alexis, antes de firmamos o namoro.

Nós não terminamos. Eu me meti em uma briga com Savannah Hudgens( ela queria pegar o Jake) e eu fui expulsa da escola, aí os pais deles se separaram e ele se mudou e nunca mai o vi.

Fomos ao Central park, Estátua da liberdade, Museu da imigração, Staten island Ferry, Empire State building, Museu de história Natural, MoMA, etc.

Quando finalmente nós visitamos a Times Square, toda linda, iluminada, deslumbrante, perfeita, parecia até que estava de dia. Jake parou, fez uma pausa para molhar os lábios sensualmente.

-Preparem-se para a noite mais incrível da vida de vocês...

Fez um suspense que me fez soltar uns gritinhos (ou será que foi a vodca?).

-Um lugar mágico que poucos conhecem: As festas subterrâneas.-Silabou dando um sorriso.

(...)

Acordei sendo carregada no colo de Gus. A minha nuca estava doendo. Ele me jogou na cama como se eu fosse um saco de batatas, e tirou os meus sapatos.

-Que horas são?

-6:30.-Respondeu incrédulo ( acho que ainda estava bravo por eu ter desaparecido).

-Por quê a minha nuca está doendo?-perguntei manhosa.

-Amanhã você saberá.

-Amanhã não, hoje seu idiota!-O corrigi.

-Foda-se.

E saiu do meu quarto. Me remexi na cama, não conseguia dormir. Ficava me lembrando vagamente de ontem: As luzes, o calor das pessoas, a vodca queimando pela a minha garganta, a música alta que saía pela caixa de som e se propagava pelo ar e os impenetráveis olhos acinzentados de Jake.

Quando eu finalmente fechei os olhos e consegui dormir, o tio Richard entra no quarto abrindo as cortinas, deixando a claridade entrar cegando-me.

-Bom dia!!!!-Disse com a irritante alegria matinal.

Olhei para o despertador, marcava 7:00 da manhã. Merda, caralho, porra, puta que pariu!!!!! Disse mentalmente.

A minha cabeça estava latejando, a minha boca estava seca, estava morrendo de sono. Sim, eu queria matar alguém.