Link.

Excluido, ignorado. Era assim que eu me sentia na floresta, onde todos os elfos crianças viviam em paz, sobre a proteção do Grande Deku, a arvore que mantinha os monstros de Hyrule fora da floresta. Mas eu tinha algo diferente, eu tinha algo que me excluia de todos. Eu não tinha uma fada. Todos viviam cercados por um pequeno animal mágico, que os acompanhavam em belas melodias e doces tardes. Menos eu. Mas, se fosse somente por isso, eu não reclamaria. Mas não era somente isso. Além da exclusão, ainda ganhei um apelido entre eles: "Menino-sem-uma-fada". Isso me depreciava, mas eu ainda não podia sair de lá. Minha única amiga era Sara, uma doce elfa, amiga de todos.

Ela andava sempre com sua fiel fadinha azul e sua bela ocarina de madeira, perfeitamente entalhada e emoldurada do estilo da floresta. Além de ela fazer sempre doces melodias com aquele tão simples instrumento. Foi durante uma tarde que eu dormia tranquilamente em casa, a brisa que entrava de leve sempre me aliviava, mas não nas épocas recentes. Eu havia tido uma serie de pesadelos, um atras do outro, sempre com a visão de uma pequena princesa sendo levada por uma mulher, sobre um cavalo branco. E, as duas sendo seguidas por um homem robusto, em um cavalo escuro, de olhos avermelhados.

Aquela figura me assustava, talvez não fosse algo bom. Mas não tinha muita relevancia nos meus dias, eu simplesmente ignorava aquela figura, e ela me seguia nos sonhos mais profundos. Mas, havia algo... Naquela princesa... Havia algo que me intrigava, algo que chamava muito minha alma. Ela me fazia vibrar. Simplesmente não sei como explicar, nunca havia sentido isso, mas, sempre que aquela figura aparecia em meus sonhos, meu coração virava e, quando ela partia sendo levada, meu coração apertava, como se fosse uma grande perda pra mim. Alguém que eu sequer conheci.

Enfim, foi novamente o termino de outro pesadelo horrendo, quando eu vi uma pequena luz. Foi o que me acordara, uma pequena esfera de luz azul rodopiava pelo ar a minha volta, gritando algo para me acordar: "LINK! COMO O HERÓI DO TEMPO PODE SER TÃO PREGUIÇOSO?!" ... Herói...

Navi.

Naquela mesma tarde, o grande Deku clamava por meu nome. Sua voz estava roca, chegava a me deixar angustiada. Eu sabia que algo terrível estava acontecendo a floresta e a toda Hyrule, e que isso ia começar a se agravar ainda mais. Até chegar as portas do castelo.

"Ah, Navi.... Você chegou.", O grande Deku pronunciou, com sua voz fraca, e eu notava suas folhas caindo mortas no chão, eram muitas. Apesar de Deku ser uma arvore, um protetor da floresta inteira, eu considerava Deku um pai. Eu era a única fada que não tinha um mestre a seguir, o grande Deku dizia que ainda guardava uma grande jonada para mim, algo de extrema importância. Talvez que mudasse minha história. Seguir um Hylian. Hylians eram simplesmente os heróis, eles embarcavam em várias viagens, velejavam o mundo, se aventuravam no deserto e, até dentro do grande Vulcão de Kakariko. Isso significava que eu tinha um grande destino. Seguir um verdadeiro herói.

Eram realmente tempos precarios para Hyrule, o mal ia se espalhando e acabara de atingir o primeiro alvo. A floresta. Provavelmente a floresta era o "órgão" mais fraco de toda Hyrule. O chamado do grande Deku foi a prova que eu precisava que minha missão ia começar.

"Navi, você precisa buscar o garoto sem fada e guia-lo até mim...", A voz dele falhou por um tempo. Eu sabia bem que ele não podia falar muito, e que precisava levar o herói até ele com urgência.

"Sim, Grande Deku.", Eu observei o casco dele, tinha um tom morto. Ele estava quase no fim, sendo consumido pelas trevas que estavam na raiz dele. Eu tinha que ser rápida. Então, parti em disparada pela floresta, olhando cada criança que tinha, todas acompanhadas de uma pequena fada. Até que notei uma casa.

Senti, somente senti, que a casa era aquela, então fui até lá. O ambiente era sereno, não havia bagunça nenhuma no local e um garotinho dormia, se debatendo na cama. Um pessadelo.

O grande Deku havia mencionado que o escolhido seria acompanhado de pessadelos, profecias. Era o que indicava que ele seria quem destruiria o mal de uma vez por todas. Apesar dos meus esforços, não conseguia despertar o garoto sem fada, ou Link, de seu pesadelo. Até que finalmente consegui ter uma resposta do garotinho, ele tinha uma cara sonolenta, mas me observava com os olhos brilhando. Talvez se sentisse realizado com minha presença. Afinal, eu mudaria a vida dele.

"Link, sou sua nova guia, Navi! Precisamos ir para a arvore Deku agora!"

Link.

Segui na minha primeira aventura, ao lado de minha fiel amiga Navi, a fadinha azul. Consegui, finalmente, derrotar o mal que comia as raizes do grande Deku. Mas isso trouce uma consequencia. Ele morreu por dentro. Notei esse fato assim que sai de lá, e as folhas caiam em maior quantidade, a casca dele estava extremamente escurecida. Ele estava no fim, mas, ainda assim, falou com sua voz fraca, contando uma antiga história sobre as forças de Hyrule.

"A muito tempo, meu jovem Link, três forças se juntaram para criar o mundo que conhecemos como Hyrule. Cada uma conseguiu criar uma parte deste mundo e, juntas, essas forças se tornam a Triforce. Seu dever é protege-la, mas há mais coisas entre isso. Cada lugar de Hyrule é protegida por uma força, um espirito protetor. Alguns foram incorporados em outras formas, como eu. Mas a maioria dos outros continuou como somente uma luz. Essas luzes estão sendo atacadas, Link, destruidas uma a uma, até chegar na força central. A própria triforce. Vá para o castelo... Link... E... Ache...A...Princesa...Seja... O...Herói...Que...Nasceu...Para...Ser.", E, assim, a vida do grande Deku, protetor da floresta, terminou com sua vida. Mas, agora, como a floresta seria protegida dos diversos monstros que a invadiriam? Como ficariam os outros?

"Vamos, Link, você ouviu o grande Deku", Navi me acordou de minha preocupação, e comecei a andar. Antes de voltarmos a floresta, ouvi Navi falando com o vento, como se deixasse registrado as palavras para ela mesma.

"Eu vou voltar, Grande Deku. Eu prometo." Isso foi somente um inicio, eu sabia.

Quando cheguei até o castelo, consegui encontrar a princesa. Como descreve-la? Ela era como uma flor do campo, cantarolava uma leve e doce melodia, que pairava no ar. Seus longos cabelos loiros estavam soltos, mas duas mechas em especial tinham fitas amarradas nelas, e caiam sobre seus ombros com delicadeza. Ela usava um vestido branco, com alguns detalhes em rosa.

Quando me aproximei, pude notar aqueles fortes olhos azuis que ela tinha, no geral, ela era muito bonita, mas eu era muito novo para notar. Acabei sendo acolhido por um parente em Hyrule, mas eu vivia como companhia da princesa, falando com ela e ouvindo todos os problemas que ela descarregava.

Até uma tarde. Como todo dia, estava bonito. Eu havia feito uma vizita a floresta e, quando voltei, o portão do castelo estava fechado. Não tardou muito até ele se abrir, mas então eu vi...

Eu vi a princesa sendo levada por sua protetora Impa. Não deu tempo de pensar, até que uma diferente figura apareceu. Gannadorf. Zelda havia me contado sobre ele uma vez. E lá estava ele, com seus vibrantes olhos e sua aparencia tremendamente horrenda. Ele me dava medo, desde que era criança.

Ele era o vilão que havia tornado-se real. Eu sabia que aquilo significava um novo inicio. Eu teria que buscar Zelda no mundo novamente, mas teria que resolver Gannadorf também. Eu ia me tornar o herói.