–No pares no, pares no.. No pares nunca de soñar. - Roberta cantarolava esperando Luiz chegar, quando sentiu uma mão na sua cintura e deu um pulo.

–Desculpa!

–Que susto! - Ela disse se sentando de novo.

–Foi mal. Eu trouxe esses livros aqui. - Ele disse se sentando do lado dela. - Você tá cheirosa!

–Obrigada, onde começa?

–Aqui. - Ele disse abrindo na página.

–É fácil! Vê, começa assim... - Ela explicou todo o assunto. - Entendeu?

–Entendi, mas como faz isso?

–Isso? Luiz! Então você não entendeu nada! - Ela disse já entendendo as intenções dele.

–Me explica de novo?

–Luiz, olha pra cá. - Ela disse apontando para o caderno.

–É impossível.

–O que?

–Olhar pra o caderno e não pra a menina mais linda do colégio.

–Vai dizer isso para o senhor Genóvio que ele te dá 10.

–Roberta, agora namoral, você sabe porque eu quis que você me ensinasse matemática. - Ele disse fechando o livro e o caderno.

–Eu pensava que era pra aprender matemática né? - Ela disse já irritada.

–Não se irrita não, eu precisava muito conversar contigo.

–O que?

–Eu não aguento mais. Sério mesmo, o que eu sinto por você é muito forte. Eu não to te pedindo pra acabar com ele, é só que eu preciso dizer.

–Luiz, eu... - Ele interrompeu.

–Espera, deixa eu terminar. Eu sei que isso que eu to dizendo pode acabar a amizade da gente, mas eu preciso, entende? Isso já tá me sufocando pela garganta. Eu te amo, mas é amar mesmo, você é tudo que um homem pode querer. Diego é a pessoa com mais sorte do mundo. E para ser bem sincero, eu acho que ele não te merece. Mas não é disso que eu quero falar. Até porque se você tá bem, eu fico bem. Meus amigos já tinham me falado que é muito na cara que eu sou afim de você. Já tinham me falado também para eu me afastar, que eu vou só me apegar mais, e você também tem namorado, que é ciumento que só. Ficar perto de você só me trás problema, mas eu meio que não consigo me afastar. - Eles ficaram em silêncio por um tempo. - Bom... É isso, eu só precisava dizer.

–É.. Eu não tenho nem o que responder...

–Não precisa. Eu só ia te falar isso mesmo. Mas agora eu preciso te falar outra coisa, pedir, sei lá.

–Diga

–Eu escutei sua conversa com o Miguel.

–O QUE? Luiz!

–Foi sem querer, mas, Roberta... - Ele disse colocando a mão no queixo dela.

–O que? Isso é uma intimidade minha, não tinha para que você saber disso.

–Tá, mas olha pra mim. Você tem certeza?

–De que?

–Que vai fazer isso.

–Tenho, e agora eu tenho que ir. Tchau. - Ela disse se levantando. Ele a puxou pela mão.

–Eu não gosto dele, eu acho que ele vai te usar, você merece bem mais que ele. Ele só quer fazer sexo contigo porque quer ser o primeiro, e ele sabe que você é ingenua, e te enganar é muito fácil..

–Olha, pera aí! - Ela interrompeu. - Você me chama aqui para te ensinar matemática, fazendo eu perder o meu tempo, eu venho. Aí depois você começa a se declarar, mas tudo bem. Aí agora vem dizer que não concorda que eu fique com meu namorado, que ele tá me enganando, fica me chamando de ingênua. Não é demais não? E dá pra soltar o meu braço?

–Deixa eu terminar por favor. Eu não to te chamando de burra nem nada. Só que olha para você, você é toda pequenininha, dá pra ver que você espera um príncipe, você não faz mal a ninguém. Todo mundo acha que pode pisar em cima de você e pronto. E eu não quero que isso aconteça.

–Luiz, não se mete na minha vida! Não era nem para você ter escutado nada, agora cala a boca. Se você tinha medo que a amizade da gente se estragasse, acabou de estragar. - Ela disse indo embora, o deixando sozinho na biblioteca. Ele discou um número no celular.

–Alô?

–Lola? Pode dizer a Jena que eu vou querer.

–Querer o que?

–Diga a ela que eu aceito a proposta e ela vai entender o que é.