Fui um inútil. Não consegui impedir uma transmutação, e isso trouxe como consequência a fusão entre Nina e Alexander... Imperdoável... Não consigo perdoar o Tuker por ter feito isso... Não consigo me perdoar por não ter sacado isso logo de cara... Tuker foi morto por Scar e Nina também. Não tive nem tempo de descobrir como trazê-la de volta. Isso é frustrante. A pequena menina não tinha nada a ver com esses experimentos malucos do pai... Se foi cedo... E não pude impedir...

Outra vez que fui um inútil foi quando a Winry foi sequestrada. Mais essa. Pensei que iria perdê-la para sempre. Fui atrás do sequestrador e descobri que ele fatia as mulheres por puro prazer. Estava sem meu automail. Sem ele sou mais inútil ainda. No desespero, consegui escapar daquelas cordas. Encontrei meu automail e o coloquei no lugar. Aquilo foi de uma dor insuportável, mas eu tinha que fazer algo. Winry iria morrer! Em outro ato de desespero, avancei no maníaco e tentei de todas as formas tirá-lo de perto dela. Ele me cortava como se estivesse cortando uma árvore.

Quando pensei que seria o fim, o exército chegou e prendeu o cara. Winry estava com uma expressão desesperada em seu rosto. Mais uma vez fui um inútil. Não pude salva-la sozinho. Sou um fracasso. Preciso treinar mais e ficar mais forte. Se não consigo proteger aqueles a minha volta, como vou conseguir a pedra filosofal?

Estava pensativo em meu quarto. Como ficarei mais forte? Como poderei proteger quem é importante pra mim? Como protegerei Winry? Essas perguntas rodeavam em minha mente. Estava exausto, mas não conseguia dormir. Estava preocupado com meu irmão, Alphonse e com Winry também. Que tipo de cara sou eu? Que não consegue proteger nem o próprio irmão?

Fui interrompido de meus pensamentos. Alguém batia a porta. Fui atendê-la e fiquei surpreso: Era Winry. Parecia brava e carregava sua chave inglesa em mãos.

- ED! DESTRUIU SEU AUTOMAIL DE NOVO? – Winry gritou a plenos pulmões.

- M-mas foi sem querer! – Respondi bravo.

- TOME MAIS CUIDADO! – Depois que ouvi isso, senti aquela dolorida chave inglesa em minha cabeça.

- AI! – Gritei de dor. Ela havia batido mais forte que o normal. Senti um galo enorme em minha cabeça.

- ... – Winry nada falou, só abraçou-me.

- Ahn... Winry... O que aconteceu...? – Perguntei sem graça e um pouco corado.

- Tenho medo... Tenho medo de nunca mais ver vocês... – Winry falou.

- Calma, sempre iremos voltar! Até porque... Sem automail não consigo lutar! – Respondi dando um sorriso.

- Então pare de quebra-los! – Winry falou brava.

- Não posso... – Respondi baixinho.

- E por que não? – Ela perguntou mais irritada ainda.

- Porque senão, não terei mais motivos para voltar... – Respondi mais baixo ainda.

- Nani?

Opa... Parece que ela entendeu, porque, assim que olhei pra ela, vi que estava corada e nervosa. Droga, não era pra ela ter entendido isso! O que falo agora?

- A-ahn... – É-é que... – Puts... Gaguejei... Já era...

- Ed... Vim aqui te agradecer por tentar me ajudar aquele dia... – Winry falou de cabeça baixa.

- Aquele dia? Não me faça rir... Fui um inútil que não soube te defender... Quase morremos... – Respondi cabisbaixo e morrendo de raiva.

- Não Ed... Se você não estivesse ali, com certeza teria acontecido coisa pior... – Winry falou, dando um sorriso fraco.

- Winry... – Inconscientemente, aproximei-me dela e a abracei.

Na hora eu corei. Por que eu fiz isso? Eu pareço uma criança abraçando a irmã mais velha! Olha só o tamanho dela! Quando reparei, afastei-me dela corado e bravo. Cruzei os braços e sentei em minha cama.

- Ed... – Winry falou. Parecia sem graça e desnorteada.

- F-foi por impulso... – Respondi bravo ainda.

- Por impulso mesmo...? – Winry perguntou aproximando-se.

- Claro que foi! – Respondi.

- Sei... – Winry falou sorrindo.

Depois disso, abaixou-se a altura em que eu estava e deu-me um delicado beijo na testa. Corei mais ainda com esse ato dela. O que ela estava pensando?

- Ah e... Ed, tome mais leite e cresça, viu? Você continua muito baixinho pro meu gosto...! – Winry falou e começou a dar risadas.

- NANI? QUEM É TÃO PEQUENO QUE PARECE ANÃO DE JARDIM? – Falei berrando. Aquilo me irritava.

- Não falei isso! – Ela respondeu dando risada ainda, saindo do quarto logo em seguida.

Ela ama fazer isso... Ama me chamar de baixinho... E isso me irrita muito, muito... Mas isso foi bom... Foi bom pra descontrair um pouco... Ela sabe como me fazer sorrir... Sabe como me fazer sentir-me útil... Mesmo que para outras pessoas eu não seja tão útil, para ela eu sei que sempre serei, afinal, ela é minha amiga de infância, e a pessoa que eu amo.