Será que eu peguei pesado? Eu tinha acabado de terminar de falar e ela simplesmente saiu correndo. Ela falou tchau pro meu irmão, virou a esquina e sumiu.

Eu sou muito retardado. Odeio isso em mim! Ela foi tão simpática comigo. Qual o meu problema? Eu consigo estragar tudo, sempre.

- O que aconteceu com ela? – Emanuel estava indignado. – Ela estava normal há pouco, foi falar com o Nicolas e...

Mas ele não terminou a frase. Ele correu em minha direção e pulou em cima de mim, rolamos pro lado, ele realmente ia me bater por aquela menina?

- Ei, vai com calma!

- O que você disse pra ela Nicolas? Você não percebe que estou tentando ser amigo dela.

- Amigo sim. Você está afim dela! E eu não tenho nada a ver com isso!

- É, mas você podia ser legal com as pessoas de vez em quando. Custava ser legal com a menina? Ela nunca fez nada pra você!

- A culpa disso tudo é sua, você que me arrastou pra cá! Eu falei que não queria vir. E cuidado com a força, você está me machucando!

- Realmente, eu achei que você tinha mudado, - disse ele, já de pé.- que tinha resolvido ser educado e gentil com as pessoas, mas não, você tem problemas Nicolas, além de nós, quais outros amigos você tem? Você conhece todo mundo aqui do bairro, mas quem realmente é seu amigo, quem realmente vai estar lá quando precisar?

Aquilo doeu mais que uma facada no peito. Eu sei que eu tenho problema, que sou todo esquisito, mas ele não tem o direito de falar comigo assim. Ninguém tem o direito de falar assim comigo. Saí pisando duro e bufando, mas depois acalmei o passo e fui andando lentamente.

Por que eu fui grosso com a Charlotte? Aquele jeito espontâneo e despreocupado me encanta, e eu sou grosso com ela. Muito bem Nicolas, assim ela realmente vai gostar de você. Ela não deve nem querer olhar na minha cara mais, isso que ela só dirigiu-me a palavra uma vez.

Como eu sou estúpido! Acho que vou me culpar por isso o resto da minha vida. Assim, ela vai se encantar pelo meu irmão, e eu perco ela. Pode me chamar de cruel, insensível, do que quiser, mas foi tão bom vê-la dando aquele fora nele. Não que ela quisesse ser grossa com ele nem nada, mas foi bom saber que ele ainda não tem chance.

“ Eu não conheço todas as flores, mas vou mandar todas que eu puder.” Foi o que passou pela minha cabeça, mas eu sabia que não podia fazer isso. Ela não ia aceitar. Não se soubesse quem mandou as flores.

E eu não vou mandar um buquê de flores pra ela, isso não faz meu tipo. “ Me encontra, ou deixa eu te encontrar...”É isso! Vou achá-la e pedir perdão.

****

Entrei no bosque, ali teria alguma flor bonita para dar à Charlotte. Mas que barulho é esse? É algo como um ganido suave, um choro fraco, seguido de respiração ofegante. Tento seguir meus ouvidos e antes que me desse conta, encontro a fonte do choro:

Charlotte.