Dignidade escrita por Kalhens


Capítulo 1
Erros


Notas iniciais do capítulo

Na verdade, eu escrevi isso pensando em duas pessoas, Guardian e Anjo.
Desejo a elas boa sorte nos vestibulares, se é que ainda o prestarão, e que não se estressem demais e acabem perdendo para detalhes bestas ♥



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Objetivo Mello, Near e L.

Existem frases naturalmente clichês, mas que podem ser usadas com certa dignidade em quase qualquer situação.

Como por exemplo, aquela clássica: ‘’somos todos humanos’’. Pelo menos metade dos personagens de qualquer shounen mais razoável já a disse, com certas variações. E boa parte dos heroicos mocinhos de livros.

Uma vez mais, ela aqui será usada. Mas com dois agravantes.

Primeiro, que a situação não é exatamente digna.

E segundo que os ‘’humanos’’ em questão são, ainda por cima, crianças.

Dois literalmente, um apenas por dentro.

- Mello, solte o L...

A voz de Roger tentou sair autoritária, mas depois de dar a mesma bronca tantas e tantas vezes, foi perdendo a força.

- Está tudo sobre controle, Senhor Roger - O detetive respondeu se virando num movimento rápido, que lembrava uma ginga de capoeira, liberando a barra de sua calça das mãos do menininho loiro.

- O problema é que ele volta...

De fato. Mais maravilhado com o golpe do que ofendido, a miniatura do que um dia seria integrante da máfia já armava um novo bote, se aproximando lentamente de L.

Literalmente, tentando agarrar seu objetivo.

- Não vi o Near, Roger. - L subitamente plantou bananeira, mantendo as calças fora do alcance da criaturinha de seis anos - Onde ele está?

- Ah? Mas, L...

- Mello, sabe onde ele pode estar? - O detetive interrogou, cortante.

Mello obviamente não gostou daquilo. E a idade ainda lhe dava o direito de fazer um bico emburrado.

- Por que eu deveria saber?

- Você sempre o encontra, Mello.

- É ele que se esconde mal!

L voltou à posição de uma pessoa razoável, apesar de terrivelmente curvado.

- Se esconde? Do quê?

- De todo mundo. Ele não gosta que as pessoas falem com ele. Então se esconde, mas ele sempre me deixa saber onde está.

- E como ele faz para que apenas você saiba onde está?

Mello bufou, cruzando os braços, as mangas compridas da blusa preta que usava eram compridas DEMAIS.

- Ele tem padrões - L assentiu com a cabeça. - E não os muda, mas ninguém parece ter capacidade de notar. Hoje, ele está na biblioteca. Na parte da esquerda.

- Muito bem, Mello, mas acho que há algo de errado na sua dedução. Ele estaria na esquerda se hoje fosse um dia nublado, mas está fazendo sol.

Roger apenas olhava. Para ele, aquela conversa tinha a mesma cara que para eu ou você: a de que está faltando alguma cosia. Mas bem, as letras que se entendam, suponho.

As sobrancelhas se franziram, por baixo da franja loira e cumprida, reta.

- Se está fazendo sol... Ele estaria na sala de brinquedos da ala oeste do prédio... Mas hoje é quinta-feira, então tem crianças lá e ele não vai ficar no meio das crianças... - Ignoremos o fato do próprio que falava ser uma criança -... Eu não sei.

- Mello, isso não serve.

- Mas eu realmente não sei L!

- Se você não sabe, deve descobrir. Está desistindo depois de sequer analisar as possibilidades. Admitir que não sabe de algo não adianta de nada, a menos que no instante seguinte você se disponha a descobrir. Alguém que responde que não sabe, jamais poderia ser meu sucessor.

Roger manteve-se calado.

Via o orgulho de Mello despedaçado, uma nuvem de pânico pairando sobre seu rosto infantil.

Aquilo, de certa forma, era divertido. Ok, meio cruel para o diretor de uma instituição que dedica ao ensino e preparo de jovens, mas, bah.

- Mas... Eu já analisei todas as possibilidades... Não há nenhuma relação nos padrões - Roger se perguntou como raios seriam esses padrões - que indiquem onde ele possa estar. Hoje é quinta, está fazendo sol, ainda é de manhã... - Mello arregalava os olhos, pensando em ritmo acelerado.

L muito se dignou a ir para uma mesinha onde Watari havia deixado um pequeno amontoado de doces e uma torta. Serviu-se, enquanto via fumaça saindo por baixo dos fios loiros.

- Eu... Eu... - Mais um pouco, e ele ia acabar colapsando.

- Bom dia, L.

Ali, na porta do quarto, estava Near. Vestia um pijama grande demais para si, cheio de botões e dobras. Trazia uma caixa de quebra-cabeças debaixo do braço e cabelos despenteados na cabeça.

Mello parecia que ia ter um troço.

- O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI? - Berrou com a criança de cinco gloriosos e enganosos anos.

- Vim ver o L. Ontem o Roger avisou que ele estaria aqui.

Primeiro, um olhar para o relógio. Eram ainda sete e meia da manhã. Lembrou-se. L deveria chegar apenas às oito. E que ele acordara as seis, não tendo conseguindo dormir pela ansiedade. Descera correndo os degraus, antes mesmo do diretor, até.

Precisamente, era ALI que Near deveria estar. Só não estava porque era cedo demais. Nada de padrões, apenas o óbvio.

Quando L perguntou, Near estava no quarto.

‘’Ah, mas L, ele ainda não deve ter nem acordado’’. Era isso que Roger ia dizer.

Queria se matar.

- Essa foi sua falha, Mello. Estava apegado ao que já sabia e esqueceu-se de analisar o contexto. Deveria melhorar isso.

L enfiou as mãos nos bolsos.

- Eu só deveria estar aqui em 27 minutos. Portanto, volto daqui a pouco.

Saiu pela porta, deixando os três na sala.

Roger mandou que esperassem ali e que se comportassem e saiu logo atrás.

- O que aconteceu, Mello?

Aqui. Era aqui que deveria entrar aquela frase lá do começo.

Aquela história de sermos humanos e tals. E ainda por cima, teria o ar heroico e imponente, um tanto quando melancólico, explicando que Mello, afinal, era apenas humano. Propenso a erros e falhas, mas que ainda podia melhorar. Que iria melhorar, como muitos já sabem e blá, blá, blá.

Mas não. Mello era humano, sim.

Porém, já disse. Isso não é digno. Ele é só uma criança.

O que realmente aconteceu, foi que pecinhas de quebra-cabeça voaram ao receber um pontapé desgostoso.

- Culpa sua!

E saiu da sala, indo esperar L lá fora.


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Notas finais do capítulo

Grata à minha beta, e a você, que leu até aqui ♥
Se for vestibulando ou tiver provas pela frente, lhe desejo boa sorte ♥
Até,
Kalhens.