A Vida Como Ela É escrita por LauC
Notas iniciais do capítulo
Bem, aproveitar que eu estou inspirada. Agradecer a mina onee-chan por basicamente fazer propaganda dessa fic. Espero que gostem.
Me matricularam em uma escola do fundamental, que tinha uma farda que inicialmente eu morri de vergonha de usar. A farda era uma blusa branca, com um lenço e saia quadriculados em cinza,preto e branco. A escola era bem diferente dos EUA, logo tive que me acostumar a tirar e trocar os sapatos quando chegava. Eles tinham uma ordem de cadeiras de acordo com os nomes, eu sentei na 4º cadeira da 1 fileira.
Percebi que cada aluno se apresentava para a turma, vi se aproximando a minha vez e comecei a ficar com vergonha, se eu errasse na hora da apresentação? Isso seria um desastre. Chegou a minha vez, levantei-me bem rápido e senti os olhares em mim. Droga!
— Me chamo Charlie Tanaka, 12 anos, espero que possamos nos dar bem — Falei no meu japonês americanizado e me curvei como meu pai me explicou.
Eles ficaram me encarando por um segundo, então a professora explicou que eu tinha vindo dos EUA e que estava ainda se acostumando no Japão. Me sentei na cadeira e continuaram as apresentações. Os livros e cadernos ficavam guardados dentro da mesa, depois de alguns tempos, finalmente chegou a hora do almoço. Outra coisa que eu achava estranho era o fato que as escolas começavam 8:30 da manha e terminavam 3:30 da tarde.
Peguei o obento (marmita japonesa) que minha avó tinha feito pra mim, que estava cheia de comida americana. Comecei a comer calmamente, quando derrepente uma garota parou ao meu lado, olhando para a minha comida. Então para a minha surpresa ela falou um inglês bem normal, comparados aos outros.
— Sua comida é estranha. — Disse.
Olhei para a garota ao meu lado, ela tinha cabelos castanhos claros lisos e olhos castanhos escuros, ela era bem bonita. Consegui soltar um sorriso para ela e respondi.
— É americana.
— Ah então é verdade que você é dos EUA mesmo — Disse se sentando na carteira a minha frente.
— Achou que não? — Perguntei levantando as sobrancelhas. — Isso está escrito na minha cara.
— Na verdade, tinha certeza, só disse pra puxar conversa mesmo — Disse sorrindo da minha cara.
— Quer provar? — Estendi o obento para ela, acenou com a cabeça confirmando e comeu um pouco de cada coisa, como ela demorou a falar algo, fiquei me perguntando se ela não tinha gostado — Então?
— Como eu disse, é estranha, mas de um jeito bom.
— Que bom — Falei sorrindo.
— Posso comer com você? — Disse pegando o seu obento e colocando em frente ao meu.
— Sim, sem problema — Respondi, ela abriu o obento dela e eu vi o que tinha dentro, parecia ser uma delicia de tão bonito que tava. Ela me viu olhando para comida dela e me deu um sorriso. — Posso?
— Sim, já que eu comi um pouco da sua — Peguei de mal jeito o Hashi e tentei levar a boca um pouco de arroz, quase deixei a comida cair. A garota caiu na risada na minha frente e eu tive vontade de me enterrar ali mesmo, fechei a cara e comecei a comer minha comida.
— Aqui, abra a boca — Disse segurando a comida na minha frente, senti meu rosto ruborizar, mas abri a boca e mastiguei a comida. A comida não era tão ruim assim, se bem que eu tinha provado só o arroz.
— Não é ruim — Falei depois de engolir. Ela me deu um sorriso e me deu um pouco da comida dela. Depois que provei tudo, me toquei que eu não me lembrava do nome dela. — A.... é... Sabe o que é — Comecei a falar sem graça, ela levantou as sobrancelhas pra mim em duvida — É que eu me esqueci do seu nome.
— Bem que eu desconfiei — Disse ela cruzando os braços e fazendo cara seria — Mas eu também não me lembro do seu.
— Serio? — Perguntei já começando a sorrir.
— Bem tem muito nome para aprender aqui, então.... — Disse dando de ombros. Ela me olhou bem e se levantou.— Matsumoto, Yoi Matsumoto.
Lembrei que o pai disse que costumavam falar o sobrenome antes do nome e das devidas formas de chamar. Se bem que eu me esqueci disso na minha apresentação. Segui o exemplo dela e me levantei.
— Tanaka, Charlie Tanaka. — Então eu estendi a mão direita pra ela e ela apertou — Prazer em conhecê-la Matsumoto-san.
— Prazer é meu Tanaka-san.
Ficamos conversando durante um bom tempo, ela me apresentou aos outros colegas de classe e os clubes que tinham na escola. Ela era bem animada e parecia que conhecia todo mundo ali.
— Você conhece muita gente aqui — Falei enquanto andávamos pelo pátio.
— Bem, eu quero ser a representante da turma esse ano, então eu tenho que falar com todo mundo — Disse andando de frente pra mim. — Mas então, gostou de algum clube em especial?
— Não tenho certeza. — Pensei em uma conversa que eu e meu pai tivemos quando estávamos em NY ainda. Ele disse que quando ele assumisse o Dojo, eu teria que aprender a lutar, pois depois dele eu seria a sucessora, eu não fiquei muito feliz com aquilo, mas também não reclamei. — Tem algum clube relacionado a karate ou luta marcial?
— Aha! Eu deixei o melhor para o final querida. Vem comigo — Disse segurando minha mão e correndo logo em seguida. Ela me mostrou uma sala que se parecia muito com a do dojo da família. — Aqui é o clube do kendô, a luta com espadas.
— Interessante — Falei, eu estava pensando que seria uma boa ajuda eu treinar aqui. — Acho que vou participar desse.
— Agora sim — Disse fechando os olhos e balançando a cabeça pra cima e pra baixo, achei engraçado como ela fazia isso. — Eu acho interessante mais ainda o fato de você se interessar por um clube desses.
— Na verdade — Comecei a falar sem graça, passei a mão no cabelo e soltei um respiro — Minha família é dona de um Dojo.
— Entendo — Disse me encarando, ela parou na minha frente e fez uma cara de inteligente —Posso tentar adivinhar a sua vida?
— Como assim? — Estava começando a pensar que tipo de amiga louca era essa que eu tinha feito. — Você lê mão?
— Leio, me dê a esquerda — Disse pedindo, pus minha mão em cima da dela e vi ela encarando a minha mão, fechou os olhos e olhou de novo. — Entendo. Entendo. Sua vida é bem interessante.
— Hã? — Serio, acho que arranjei uma amiga problemática que pensava que era vidente, engoli em seco e resolvi brincar com ela. — Então, o que você vê ai ?
— Eu vejo — Disse pondo o indicador na testa — Eu vejo.
— Ah se tá de brincadeira né? — Falei tirando minha mão da dela. — Sua mãe por acaso não leva você na casa de uma amiga que acha que conhece como as pessoas pensam, leva? — Isso é um psicólogo ou psiquiatra, nunca aprendi a diferença.
— Não, não que eu me lembre — Disse coçando a nuca confusa. — Mas o que eu vi foi. Foi que seu pai é japonês e sua mãe americana, sua família veio para cá, depois que seu avô por parte de pai ficou doente, e o seu pai como filho único veio assumir o dojo da família, e você que é também filha única, agora meio que tem o dever de aprender a lutar alguma coisa, por que futuramente o dojo vai ser seu. Acertei?
Eu encarei ela com a boca aberta, mas que diabos!!! Aquela menina resumiu quase tudo. Bem, se ela viu tudo aquilo na minha mão, eu com certeza iria levar ela pro centro e fazer uma barraca pra ganhar dinheiro.
— Você viu ... tudo isso... na minha mão?
— Claro, eu disse que sabia ler mão, não disse? — Falou me dando um sorriso vitorioso.
— Isso é muita coisa pra ter lido em uma mão — eu não estava acreditando. Olhei para ela ainda surpresa. — Serio mesmo?
— Serio, acredita que eu tenho poder da clara vidência não? — Disse dando de ombros e me dando um olhar inocente.
— Não disse que não acreditava, só fiquei surpresa — Respondi.
Caminhamos de volta para a sala de aula, quando chegamos na porta ela se virou pra mim e me deu um sorriso que fiquei em duvida se estava tirando uma comigo ou se era só um sorriso normal mesmo.
— Na verdade — Disse ela, se inclinando em minha direção e sussurrou — Eu dei uma espiada na sua ficha na secretaria — Ela entrou na sala, me deixando na porta com cara de otária. “ Ela tirou uma com a minha cara”,pensei.
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Então? A fic está no começo eu gosto de enrolar a historia um pouco, então tenha paciência comigo. Esse capitulo aqui foi apenas para mostrar como Charlie conheceu a melhor amiga dela. Ah e explicando o que seria o Hashi caso alguem nao conheça, hashi seria aqueles palitinhos que eles usam para comer. O link nao foi nele. Caso ocorra de novo e eu não perceba, PF avisem, que eu explico.