22 de janeiro de 2013, ás 9:49

Niguém dormira.

Após tirarem Lívia do porão e espantarem todos os gatos da casa, todos manteram-se acordados por medo.

Lívia já não estava tão estranha. Sua fisionomia estava normal, como sempre fora. Depois de encontrada no porão foi colocada no seu divã pelo pai com cuidado, Augusto não suspeitava o que estava acontecendo, mas não questionava nada a ninguém.

Após tomarem café foram acordar Lívia, ver como estava.

Jonas, Melanie e Ana não se livraram do medo do que poderia acontecer, mas sabiam que deviam ajudar a pequena.

-Lívia, minha filha - chamou-a Augusto, balançando-a pela barriga.

A menina começou a se mexer, bocejou e então abriu seus olhos.

-Papai - disse a menina, seus olhos começaram a se encher de lágrimas, - você me salvou.

Lívia abraçou forte o pescoço do pai.

-Espere filha, mas te salvei do quê?

-Dos gatinhos.

-Gatinhos? Sim, eu já botei eles para fora.

Ela sorriu, desviou os olhos do pai e viu a mãe e o irmão.

-Mãe, Johnny - gritou a menina, pulando do divã.

Lívia abraçou os dois . 

O irmão e a mãe ficaram confusos, simplesmente não entendiam mais nada do que estava havendo.

-Onde ela está? - perguntou Ana

-Ela quem mamãe?

-Sua amiga, Tina.

-Quem é Tina, mamãe?

Todos foram interrompidos por um som de buzina no lado de fora. Alguma visita? Nenhum parente morava perto, quem poderia ser?

Jonas e Melanie foram receber a visita, enquanto Ana e Augusto ficaram com Lívia.

Ao chegar na varanda Jonas e Melanie viram o carro: uma pajero preta.

Uma mulher branca, de cabelos castanhos, olhos claros, corpo bem definido, usava óculos,  cabelos caídos sobre os ombros, camisa branca um pouco larga e calça leg branca.

Não pode ser ela, e mesmo se for, esta aqui pra que? Pedir a mão do Augusto em casamento? Pensou Jonas.

-Olá, eu sou Clarissa. Poderia falar com Augusto Baltazar?

Claro, vai lá dentro fazer amor com ele. Pensou Jonas.

-Ele está lá dentro - respondeu Melanie, impedindo alguma resposta rude de Jonas.

Antes que Jonas a chamasse para entrar, Augusto saiu da casa espantado.

-Já está aqui?

-Sim, tive de vir agora, vou estar ocupada o resto do dia.

-Tudo bem, trouxe os papeis?

-Trouxe sim.

-Entre - Augusto e a mulher entraram, Melanie e Jonas foram atrás deles. - Ana... - gritou o homem, já dentro de casa.

-Oi, amor - Ana apareceu junto a Lívia e abriu um sorriso ao ver Clarissa.

-Clara - gritou ela, em encontro a um abraço com a mulher.

Jonas já não sabia o que a palavra "sentido" significava.

-Espera, vocês são amigas? - perguntou ele.

-Sim, desde o colégio - disse Ana. - Clara, esse é meu filho Jonas. E Jonas essa é Clara.

Jonas acenou para a moça, que retribuiu com um sorriso simpático.

-E essa é ela? - perguntou Clarissa, apontando para Melanie.

-Sim - suspirou Augusto, parecia estar mais feliz do que o normal e sorria para Melanie, parecia estar apaixonado, fora como no jantar da noite anterior.

-Ela já sabe? - Clarissa perguntou a Ana.

-Não, resolvemos contar hoje... Foi uma decisão meio rápida, então nem nós mesmos sabíamos como falar.

-Do que estão falando? - perguntou a menina, confusa.

-Acho melhor nos sentarmos, não é? - Augusto apontou e guiou Clarissa até a sala.

Os adultos se sentaram, os dois adolescente se apoiaram no braço dos sofás, curiosos. E Lívia desapareceu, de novo.

-Melanie - disse Augusto, - a Clarissa é sua assistente social. Ela viria aqui pra lhe buscar hoje. Ela é nossa amiga então... Sabe... Nos contou detalhes. Sabemos que você perdeu seus pais em um acidente - tentou ser calmo, - e que a casa passaria para o nome de algum parente seu e não seria sua, e também que essa casa era dos seus pais mas vocês acabaram perdendo o direito sobre ela e também que a maioria das crianças no orfanato daqui não saem até serem maiores de idade, então...

-Sim.

-E... Nós temos algo pra te contar - revelou Ana.

Só então Melanie percebeu. Augusto disse "viria lhe buscar hoje", como viria?

-Estou com um ótimo emprego e sabemos que você perderá o direito de suas heranças se for para um orfanato, caso algum de seus parentes distantes o requererem. E você já tem 16 anos, só faltam dois anos...

-Fala logo.

-Queremos te adotar - desabafou Ana, sorrindo.