Jardim de Rosas Negras escrita por TamiresHale


Capítulo 9
The last night.




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Eu me sentia como se algo importante ou crucial estivesse para acontecer. Como se algo inevitável estivesse por vir... Se isso era por que hoje seria nossa última noite, eu não sabia. Mas era verdade. Era nossa última noite, o fim de nossas noites improdutivas. Não que a noite passada tivesse sido imrpdutiva. Pelo contrário, foi umas das noites mais produtivas, tínhamos decorado todo o texto.

Quando a campainha tocou, eu quase voei de encontro à porta. E ele estava lá, perfeito e lindo como sempre.

▬ Oi. ▬ Ele disse.

▬ Oi. Posso saber onde vamos? ▬ Perguntei.

▬ Pensei em ir naquele bar onde fomos uma vez.

▬ Rá! Eu devia saber que você estava planejando me embebedar de novo. ▬ Resmunguei.

▬ Mas eu não preciso fazer isso...

▬ É, não sou tão provinciana assim. ▬ Eu disse e fomos para o carro. Quando entramos no bar, o ambiente já me parecia mais familiar. A garçonete veio ver o que queríamos e eu disse que queria o mesmo que Rob pediu.

▬ Vai mesmo ficar bêbada, Kris? ▬ Ele perguntou, rindo.

▬ Talvez. Se eu ficar bêbada, você me carrega?

▬ Para onde quiser. ▬ Prometeu.

Eu não sei porque me sentia tão nervosa. Não era um encontro, então eu não podia criar expectativas. Mas aquela sensação de que algo ia acontecer ainda me dominava. Quando a garçonete voltou com nossas bebidas, eu tomei um grande gole, ignorando a sensação que o álcool causou em minha garganta. No palco, como na outra vez em que viemos, uma banda tocava.

▬ Eu ainda não ouvi sua música, Rob. ▬ Chamei sua atenção.

▬ Mas eu já toquei para você, aquele dia em sua casa. ▬ Lembrou-me.

▬ É, mas você disse que estava compondo uma música para mim, e eu queria ouvi-la...

▬ Um dia eu te mostro.

▬ Ok. ▬ E eu desviei os olhos, procurando por minha bebida. Ele riu.

Eu também me sentia aflita. Talvez não fosse uma boa ideia estar ali naquela noite com ele. Talvez por que era nossa última noite. É claro que agora passaríamos mais tempo juntos. Mas não seria a mesma coisa. Nunca mais seria.

▬ Qual o problema? ▬ Perguntou quando viu minha tensão crescer.

▬ Nada. ▬ Respondi.

A banda parou de tocar. E de repente, não sei porque, eu me senti mais confiante. Talvez fosse a bebida, sei lá. Talvez eu estivesse mesmo ficando bêbada.

▬ Eu te desafio. ▬ Falei para ele.

▬ A fazer o que? ▬ Perguntou, desconfiado.

▬ Afinal, se você compôs uma música para mim, eu tenho direito de ouvir, não acha? Suba lá e toque.

▬ Não vou lá, Kris. ▬ Ele disse, firme.

▬ Tem medo? ▬ Brinquei.

▬ Não é isso. Você pode se arrepender, sabe...

▬ Não acho.

▬ Mas vai.

▬ Por que iria?

▬ Porque a música é sua, afinal.

▬ Então se ela é minha, eu posso escolher ouvir.

Ele sorriu, como se estivesse escondendo algo de mim. Algo que eu queria - precisava - saber. Muito.

▬ Por favor. ▬ Eu pedi, tocando seus cabelos.

▬ Acho que você está bêbada, Kristen. ▬ E ele segurou meu braço, o que estava no cabelo dele. O aperto dele era firme. Ele olhou para mim. Era um olhar perigoso, como não percebi antes? Eu podia estar bêbada, é, mas não tão bêbada que não percebesse o perigo. Olhos verdes injetados e perigosos. Hipnotizantes.

▬ Por que não, Rob?... ▬ Eu disse e percebi que essa pergunta tinha muitos significados. Ele se inclinou para mim e eu tive a clara impressão de que fosse me beijar. Fiquei paralisada. E então ele desviou o rosto, colocando a boca em minha orelha.

▬ Isto não é uma brincadeira, Kris. Não é um ensaio. É real. Você não é a Bella e muito menos eu sou o Edward. Entendeu?

Fiz que sim. Eu não consegui mover um músculo que fosse.

▬ Eu não vou tocar pra você esta noite. Porque a música é sua e quando eu tocar, você terá de decidir uma coisa. Terá de tomar uma decisão.

E agora, o que eu faço? Minha mente gritava. Eu tinha medo. Por que eu soube que ele falara a sério. Por que eu soube que ele tinha mesmo feito uma música para mim. Para mim. Ficamos em silêncio. É, eu tinha medo. Medo de mim mesma. Porque eu sabia o que iria acontecer, afinal. Sabia o que viria a seguir. E eu não podia fazer nada, porque eu não queria fazer nada. Eu queria que o depois nunca mais acontecesse. E me lembrei de Jeanne e Paul. E me lembre do que ele me disse: "Mas é totalmente diferente. Isso não importa porque o mundo afora não conta para eles". As palavras invadiram minha mente de um jeito vertiginoso. As mãos dele em meu pulso, ficaram muito suaves e meu coração acelerou.

Eu me sentia como se algo importante ou crucial estivesse para acontecer. Como se algo inevitável estivesse por vir... E eu sabia o que viria. Sabia o que ia acontecer. E me preparei, porque o inevitável chegaria. Era inevitável desde o dia em que nos conhecemos. E, depois, eu sempre poderia culpar a bebida, é claro.

E então, a porta do bar se abriu e um punhado de gente passou por ela.

▬ Ah, merda! ▬ Desesperada. Eu estava desesperada. Em um segundo era eu e Rob, tomando uma decisão, e em outro todo o elenco do filme estava lá. Vindo em nossas direções. Felizes e sorridentes! Podia ficar pior?

▬ Ora, ora, quem está aqui! ▬ Kellan dizia.

▬ Kristen! ▬ Disse e Nikki e correu para me abraçar. Eu nunca pensei que fosse tão difícil e doloroso forçar um sorriso. Droga. Pensei que Nikki sentaria do meu lado. Mas em vez disso, sentou ao lado de Robert. É, podia ficar pior. Depois, Rachelle, a ruiva linda que faria Victoria sentou-se do outro lado dele. Olhei para baixo e tomei um longo gole da bebida. Eu nem sabia o que tinha dentro do copo, ou se aquele era o meu copo. Olhei para cima e Rob estava olhando para mim. E, pela primeira vez, não estava sorrindo. Estava preocupado ou ansioso, algo assim. Minha sanidade agradeceu quando a Nikki desviou sua atenção. O elenco começou a conversar, um burburinho de palavras. Foi fácil ficar rindo à toa. O importante era rir, se não acho que eu desmaiaria ali, sei lá. Rindo e bebendo, rindo e bebendo. Foi o que eu fiz.

▬ Chega, Kristen. ▬ Disse uma voz de sotaque inglês. ▬ Você passou do limite, vamos embora.

Eu tentei me levantar, mas meus pés não me obedeceram. Eu cambaleei e quase caí na mesa. Rob me segurou pelo braço.

▬ Oops! ▬ Eu disse.

▬ Vem, eu vou te levar para casa. ▬ Disse ele, um pouco mais gentil.

▬ Acho que consigo ir para casa sozinha... ▬ falei, tropeçando nas palavras. Nós fomos para fora do bar. Eu tropecei no caminho e ele me levantou em seu colo. ▬ Ah, eu posso andar sozinha e...

▬ Prometi que te carregaria, não é?

Eu ri, feito uma idiota. Quando ele estacionou o carro em frente à minha casa, havia outro carro lá. Gemi, desesperada.

▬ Acho que tem visitas, Kris. ▬ Ele avisou.

▬ Droga! É o carro de meus pais! Eles vão me matar se me virem assim!

Ele riu.

▬ Tá tudo ok, Kristen! ▬ Ele disse e acelerou.

▬ Hey, pra onde está me levando?

▬ Para minha casa, assim seus pais não te colocarão numa estaca com fogo.

▬ Ah, obrigada, te devo uma.

▬ Vou cobrar. ▬ Avisou. Eu fechei os olhos e quando abri de novo, ele me rebocava do carro. Quando saí, o vento desanuviou minha mente. Ele me pôs no chão. ▬ Não vai cair, né?

▬ Se eu cair, você me pega?

▬ Sempre.

Ele me puxou para dentro da casa, sem acender a luz. Havia o brilho fraco da lua que entrava por entreas janelas abertas. Eu tropecei em minhas próprias pernas e ele tentou me segurar, mas só se desequilibrou mais e caímos, desajeitados, no sofá. Ele riu, e quando olhei para ele, seu rosto estava mais perto do que eu julgava. O sorriso irritante que eu amava estava lá. Eu arfei, quando me dei conta de que cada pedacinho do meu corpo estava colado no dele. Eu olhei para ele.

▬ Adoro seu cabelo...

As mãos dele traçaram uma rota de fogo pela minha espinha e quadril. Eu tremi. Eu fitei sua boca, tão próxima da minha e fiz o que tinha vontade. Mandei o autocontrole para o inferno e esmaguei meus lábios nos dele. Meu mundo se deslocou e saiu de órbita enquanto ele retribuia o beijo. Ele me virou no sofá, ficando em cima de mim, e eu surtei. Literalmente. Os lábios deixaram os meus para trilharem um caminho de fogo pelo meu rosto, pálpebras, meu queixo. Eu apertei seus braços. Ele infiltrou uma mão nos meus cabelos, os dentes na minha garganta e eu arquejei, gemendo baixinho. Meu sangue corria rápido na veia e meu coração batia descompassado contra as costelas. Os lábios dele voltaram para os meus, intensos, sôfregos, deliciosos. Eu não respirava. E então ele parou. Sua boca desgrudou da minha e eleme fitava, os olhos quentes. Ele retirou o cabelo da minha cara e disse:

▬ Não faremos isso hoje, Kristen.

Eu olhei para ele, confusa.

▬ Você está bêbada. Não responde por si no momento.

Eu não podia duvidar nem mesmo discordar. Ele sorriu e virou para o lado, deixando minha cabeça no ombro dele. Ele ia se afastar, mas eu não deixei.

▬ Prometo não te atacar de novo, Rob. Na verdade, eu me sinto tão mal... ▬ Minha intenção era ficar acordada, mas meus olhos insistiam em se fechar...

 

 

 

 

 

 

 


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