Laura e Edgar- Um romance desde o Início escrita por Nanda


Capítulo 95
Na Confeitaria Colonial




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A tarde chega sem trazer grandes novidades. A chuva que torrencialmente caira durante a manhã estia logo após o meio-dia, mas nuvens carregadas ainda estão pelos céus da Capital Federal. Naquela sala vazia, tendo apenas os livros por testemunha, Joaquim levanta-se com certa dificuldade e permanece por alguns instantes com o olhar perdido, de onde algumas lágrimas já escassas,  teimam ainda em  correr pelo rosto do jurista... sabia que não seria fácil, esperava esta reação de sua ex-noiva... mas tinha a esperança do perdão, o que neste momento lhe parecia algo distante... limpa o rosto e, tentando recompor-se, sai a passos largos daquele local, indo em direção ao escritório... ainda não sabe como, mas vai provar a todos que ainda é um homem íntegro, digno de confiança, respeito e amizade. 

No hotel,   Filipa, ainda abalada com as revelações que Joaquim fizera, tenta aos poucos refazer-se...com a ajuda de Manoela, que tenta distrai-la com outros assuntos, consegue, à hora definida no dia anterior, estar no saguão do lugar, esperando por Laura.. Esta por sua vez, tem uma tarde rotineira no escritório... entre memorandos, ofícios e requerimentos vê seu expediente chegar ao fim...  Sai do escritório e anda apressadamente pelas ruas, tomando logo a Rua do Ouvidor.. Em pouco tempo está em frente ao hotel onde as advogadas a aguardam..

Laura (avistando Filipa e Manoela e indo ao  encontro delas): Boa tarde!

Filipa e Manoela: Boa Tarde

Laura: As fiz esperar muito?

Filipa: Não... descemos para o saguão há pouco...

Manoela: Sim... infelizmente o mau tempo nos impediu de sair para conhecermos a cidade...

Laura (sorrindo):  Não vai faltar oportunidade...  (observando a expressão triste da amiga de Edgar) O que foi Filipa? Me parece abatida.. aconteceu alguma coisa?

Filipa: Aconteceu...  estou um tanto atordoada... decepcionada com algumas coisas que fiquei sabendo, mas que nada tem haver com a investigação... prefiro não mencionar por hora...

Manoela: Até porque... Filipa... acho que no momento devemos nos deter no motivo que nos trouxe até o Brasil.... e então..  Laura... vamos ao Teatro?

Laura: Vamos... não fica muito distante daqui... e espero que tenhamos sorte...

Filipa: Espero que sim... temos pelo menos que descobrir hoje onde aquela mulher estava se hospedando na época... 

 Enquanto as moças se dirigem ao Teatro Municipal, na casa dos Assunção, Constância encontra-se em seu quarto... em frente ao espelho, empoa o nariz e as maçãs do rosto, terminando de arrumar-se... sem cerimônias, por entender que faz parte dafamília, sua irmã Carlota adentra o aposento, tentando sem sucesso demove-la da ideia de sair da casa àquelas horas...

Carlota: Constância...com este tempo... e a estas horas.... ir tomar chá na Colonial? Francamente... se soubesse dessa sua disposição para o enfrentamento... pois não pense que não vai acontecer... não teria te contado o que ouvi na modista...

Constância: Oras Carlota! E desde quando chuva vai impedir a Baronesa da Boa Vista de sair de casa? Já que Iolanda Freitas inventou essa sordidez para me achincalhar vai ver com quem está lidando... A Laura nunca iria seduzir o Dr. Freitas... Laura jamais teria uma relação com um homem casado.... e com idade para ser pai dela.... se não estivesse se comportando como uma desvalida que precisa de qualquer coisa para sustentar o filho..entendesse que mesmo nesta situação nunca iriámos deixa-la passar por privações e muito menos o menino... mas não.... ela teima com suas convicções...e enquanto estiver agindo assim sempre vai ser alvo dessas maledicências..

Carlota: Bem..e acha que isso pode reverter a situação? Isso prejudica toda a família... até os negócios do marido da Alice... o Teodoro pode perder clientes com isto...

Constância: Claro... na confeitaria, a sociedade vai comprovar que o que vem debaixo não nos atinge...eu fui baronesa na monarquia e sou esposa de um senador da república.. quando se tem títulos se enfrenta tudo de cabeça erguida... e agora vamos... quero estar de volta antes que o Assunção chegue do Senado (pegando o chapéu e a bolsa)

Nesste ínterim, Filipa, Manoela e Laura chegam ao Teatro Municipal... Adentram o recinto, aparentemente vazio naquele momento...um senhor calvo, de meia idade,  encontra-se averiguando as luzes do palco... ao perceber a presença das moças desce do grande tablado vindo recepciona-las com cortesia...

Zelador: Boa Tarde! Em que posso ajuda-las?

Filipa: Boa Tarde... o senhor é responsável pelo teatro?

Zelador: Sim... há muitos anos... 

Manoela: Bem.. gostariamos de algumas infomações.. sobre um espetáculo que teve suas apresentações neste teatro há alguns anos.... foi realizado pela Companhia Lisboeta de Canto Lírico..

Zelador: Ah sim.... lembro-me bem... foi um sucesso de público e crítica... apesar de uma das cantoras mais aplaudidas ter interrompido a temporada em sua metade.... por que a curiosidade sobre algo que aconteceu há tanto tempo?

Filipa: Desculpe... não nos apresentamos... somos advogadas e estamos investigando um caso  que envolve de certa forma essa companhia de canto.. gostariamos de sua colaboração... 

Zelador: Um caso... desculpem... mas não posso fornecer nenhuma informação..

Manoela: Mas o senhor estará pondo impecilhos para que a justiça seja feita... caso não queira colaborar informalmente, podemos conseguir um mandado para vasculhar este local... 

Zelador: Bem... já que é assim.... lhes ajudo no que for possível... mas por favor, não me comprometam...

Manoela: Claro...prometemos sigilo sobre sua identidade 

Zelador: Agradeço... o que querem saber?

Laura: Por que essa cantora interrompeu a temporada?

Zelador: Ela alegou problemas pessoais... mas um funcionário aqui do teatro, que muito conversava com a moça, disse que ela precisava voltar para Portugal pois havia se apaixonado por um rapaz que lá estava... um jovem brasileiro que cursava direito em Coimbra...

Filipa: Imagino que os atores mantinham-se no país através de recursos financeiros gerados pelas apresentações... a companhia é muito conhecida e respeitada internacionalmente... deveria ter recursos próprios para montagem do espetáculo... 

Zelador: Sim... a montagem realmente foi realizada  com recursos próprios... mas a manutenção e a estadia dos cantores no país, além dos dividendos alcançados com as apresentações, contava com doações de pessoas que admiravam o trabalho da companhia... principalmente da soprano

Filipa: A soprano... seria esta moça que abandonara o espetáculo?

Zelador: Sim... seu nome é Catarina Ribeiro.. esta moça a cada apresentação fazia mais admiradores... mas um em especial... tornou-se seu mecenas... acredito que passou a cobrir todos os gastos da cantora pelo período que esteve no Brasil... inclusive... fez uma doação de um valor considerável para o Teatro... 

Laura: Há algum documento que comprove essa doação?

Zelador: Sim... mesmo  as doações anonimas ficam registradas no arquivo do Teatro... 

Filipa: Poderíamos ver estes registros?

Zelador: Claro.... vou conduzi-las até o arquivo...

As moças acompanham o senhor até o local indicado... lá, com sua ajuda, após procurarem por doações feitas durante o período de março e abril de 1903...

Manoela: Imagino que seja esta... não tem o nome do doador, mas foi feita em 25 de março de 1903 e o valor é alto...

Laura: Muito... deve ser uma pessoa com muito dinheiro.. para doar 3 contos de réis... mas a questão é... quem é esse homem?

Filipa: O senhor alguma vez o viu?

Zelador: Infelizmente não...

Laura: Mas ele nunca veio encontrar a cantora aqui no teatro?

Zelador: Imagino que sim... mas dentre tantos que a admiravam.. não sei exatamente qual seria para informar-lhe...

Filipa: Acho que isto é tudo... agradecemos por seus esclarecimentos... foram de grande valia..

Manoela: Antes de encerrarmos... ainda tenho mais uma pergunta... o senhor sabe informar onde os participantes da companhia estavam hospedados?

Zelador: Sim.. todos estavam no Hotel Glória... 

Laura: Sem exceções?

Zelador: Sem exceções... 

Manoela: Agradecemos pela colaboração... Boa noite!

As moças saem daquele local e na rua conversam  sobre as próximas medidas a serem tomadas... Precisam comunicar a Edgar sobre o andamento das investigações... deste modo, rumam em direção a casa do advogado...

Enquanto isto, no fórum, Edgar espera impaciente para ser atendido. Passara a tarde toda redigindo o processo por calúnia e difamação erguido por Isabel contra Catarina e após deixar Daniel no Cosme Velho e aproveitar para conversar e colher a assinatura da autora, agora encontra-se ali naquele balcão, com o intuito de protocolar o pedido.  Está saindo do fórum quando alguém chama por seu nome...

Guerra: Edgar!

Edgar: Meu amigo... como vai? (num aperto de mão)

Guerra: Bem... e você? Como está?

Edgar: Ah Guerra... tenho muita coisa par te contar... mas no momento não posso... tenho um compromisso importante...  passo uma hora no jornal para conversarmos... ou melhor... estás me devendo uma visita... 

Guerra: Está bem... uma hora marcamos... para onde vai?

Edgar: Para casa... e você?

Guerra: Estou indo para o Jornal... 

Edgar: Então vamos... te acompanho neste trajeto...

Não muito longe dali, Laura, Manoela e Filipa seguem conversando... estão próximas a Confeitaria Colonial... 

Filipa: Bem... então amanhã podemos ir até este hotel... 

Laura: E o tal recibo? Vai ter alguma utilidade?

Manoela: Por enquanto só sabemos que o tal homem é rico... vamos ver se conseguimos mais pistas...

Nisto  chamam por Laura... ela vira-se e vê atravessando a rua, vindo a seu encontro alguém que há dias não vê... Seu irmão Albertinho, de farda, sorri ao ver a moça... 

Albertinho:Laura... minha irmã! 

Laura: Que bom te ver! Que novidade é essa? Como você está aqui? 

Albertinho: Não sei por que se espanta... eu disse que ia pedir transferência para cá... 

Laura: E quando você não consegue o que quer.... com essa sua cara..

Albertinho: Laura.. o que suas amigas vão pensar... por sinal... não vai me apresentar?

Laura: Claro... que distração a minha... Filipa.. Manoela... este é meu irmão... Capitão Alberto Assunção Filho..

Albertinho: Por favor, Laura... o título você deixa para o quartel... apesar da farda, não estou em horário de trabalho... e podem me chamar apenas de Albertinho... é um prazer conhece-las...

Albertinho sorri para as moças a sua frente. Simpatiza com Filipa, que lhe devolve o sorriso, mas algo lhe faz prender o olhar por alguns instantes em Manoela. Impressiona-se com a beleza e altivez daquela moça, que se põe nervosa diante dos olhares perscrutadores e insistentes do rapaz... sorri mostrado os dentes brancos como marfim, o que simplesmente faz com que Albertinho não consiga desviar sua atenção... está inebriado por aquele sorriso, tanto que nem ouve quando sua irmã e Filipa, que  percebendo a atmosfera que se formara  resolvem falar algo tentando dissipar os olhares de ambos...

Filipa: Meninas... vamos? Estão nos esperando...

Laura: Claro... foi muito bom lhe ver meu irmão... mas precisamos ir... (vendo que o irmão  não responde nada) Albertinho?

Albertinho: Ahn... ah... desculpe... o que disse Laura?

Laura: Que precisamos ir... 

Albertinho: Mas é tão cedo... e há tempos não conversamos... estamos próximos à  Confeitaria... convido as damas para um refresco..

Laura: Realmente temos que ir...

Manoela: Não há de faltar oportunidade...  no momento estão nos esperando...

Albertinho: Mas prometo que não as farei atrasarem-se muito... eu pago um coche para leva-las ao destino...por favor... só um refresco...

Filipa: Laura... não me tome a mal... mas sei com que olhar vão te receber na Confeitaria... não sei se é uma boa ideia...

Albertinho: Laura... eu andei ouvindo um boato pela cidade... sei que não é verdade... mas... pensando bem... sua amiga tem razão

Laura: Mais um? O que falaram agora?

Albertinho: Que você só está trabalhando no escritório do Dr. Freitas por te-lo seduzido e se tornado amante dele...

Laura: Isso é absurdo! Albertinho... eu não tenho medo de boatos e nem tenho por que me esconder... agora faço questão... vamos tomar um refresco na Colonial....

Na Confeitaria, as mesas estão praticamente todas ocupadas... garçons circulam pelo local enquanto o burburinho das conversas dos clientes se faz misturar com o ruido de louças e talheres... em uma das mesas centrais, demonstrando não importar-se com nada ao seu redor, Constância do alto de sua altivez senhoril degusta seu chá...

Carlota: Constância... estou me incomodando com a forma como estão nos olhando.. e comentando... estou morrendo de vergonha...nunca pensei em ver o nome de Laura e do Freitas com a palavra amante entre eles

Constância: É uma infâmia... sei que isso não procede!

Carlota: Então aproveita e diz isso para a esposa dele... ela acaba de chegar e está vindo nesta direção...

Sra. Freitas (para o gerente) O senhor pode nos conseguir outra mesa?

Constância: Algum problema com a mesa a nosso lado, Iolanda?

Sra. Freitas: Não se dirija a mim... não depois do que sua filha fez e despudoradamente continua fazendo...

Constância: Por favor... isso são apenas boatos maldosos...

Sra. Freitas: Sua filha além de destruir a própria família, agora pretende destruir a minha... seduzindo meu marido

Nisto Albertinho e as moças adentram o salão...

Albertinho (para o garçom): Boa noite... mesa para quatro

Carlota: Ah não... chegou quem faltava...

Enquanto isto, próximo dali, Guerra e Edgar seguem em direção do Correio da República..

Guerra: Meu amigo... que história... e o que pretendem fazer agora?

Edgar: Vamos tentar descobrir quem é esse homem... marcamos de nos encontrar agora... vamos ver se elas conseguiram alguma pista.. e vamos definir os próximos passos...

Joaquim: Oras... Boa noite... que bom que te encontro aqui... 

Edgar: Boa noite... devemos estar atrasados.. as moças já devem estar nos esperando... ah... Dr. Castro... este é Carlos Guerra

Joaquim: O famoso jornalista? É um prazer conhece-lo

Guerra: Igualmente... já ouvi muito a respeito do senhor...

Edgar: Vamos então Castro?

Joaquim: Edgar... acho que não precisamos nos apressar muito... vi Laura, Filipa e Manoela entrando na Confeitaria à pouco...

Edgar: Bem... então vamos encontra-las...

Guerra: Edgar... boa sorte e mantenha-me informado...

Edgar: Pode deixar... vamos...

Na Confeitaria, o clima torna-se tenso... a presença de Laura faz com que os ânimos se alterem e uma discussão principia...

Sra. Freitas: Nunca pensei que este estabelecimento, que eu sempre julguei de respeito, recebesse esse tipo de gente...

Constância: O senhor não se atreva a fazer qualquer coisa com meus filhos...

Filipa: É melhor irmos embora...

Manoela: Concordo...

Laura: Por que? Não fizemos nada...

Gerente: Senhoras... senhor... infelizmente não há mesas vagas...

Laura: Tem certeza? E aquelas mesas ali? Estão reservadas?

Carlota: Constância.. o gerente não te obedeceu... por favor... fale com Laura... convença-a a ir embora...

Constância: Ela vai perceber que o melhor é sair daqui discretamente..

Sra. Freitas: Se ela der mais um passo... eu me retiro... e sugiro que todos façam o mesmo... este lugar é para pessoas de nível...

Laura: Concordo... não sei como recebem uma pessoa como a senhora neste local.. uma mulher que espalha boatos difamando o próprio marido e a si própria... que precisa da comiseração dos outros... para posar de esposa sofredora e traída...

Constância: Por favor... não dê ouvidos... desde que Laura voltou de seu tratamento...

Laura: Que tratamento? Nunca estive doente... a senhora inventou isso...

Constância: Filha!!!

Laura: Eu não creio nisso... esta senhora inventa um absurdo destes e quem tem de sair daqui acuada e humilhada sou eu... como se tivesse cometido um crime?

Sra. Freitas: Você se insinua para ele... por isso te mantém no escritório...

Laura: Quando? Tenho muitas testemunhas de que sempre fui respeitosa e profissional com seu marido e que o mesmo tratamento me é dado por ele... a senhora desta maneira expõe seu esposo a uma situação constrangedora... em nada me espantaria que realmente tivesse uma amante... mas esta não sou eu

Sra. Freitas: Você é louca... deveria ter ficado no interior tratando dos nervos...

Laura: Eu nunca estive doente...eu me divorciei... e suponho que todos aqui saibam disso... isso não é doença... é um direito...

Albertinho: Laura.. vamos embora... 

Constância: Vamos... eu pago a conta depois

Laura: Não... eu faço questão... eu pago... com o dinheiro do meu trabalho... coisa que esta senhora não tem a menor ideia do que seja... vive as custas de um marido que não respeita...mas sustenta... que compra suas jóias e recebe insultos...

Nisto Edgar e Joaquim entram pela porta lateral da Confeitaria... e ouvem parte da discussão

Laura (prosseguindo): Se acha muito digna por ter um marido a seu lado... sem ele a senhora não é nada... pois prefiro ficar sozinha a viver assim...minha dignidade não depende de ter um  homem a meu lado... sou divorciada... me sustento sozinha...não dependo de marido nenhum... assim como entrar ou não em locais como esse não depende de julgamento de ninguém... e agora eu não quero mais ficar aqui... com licença 

Laura anda alguns passos e surpreende-se ao ver Edgar parado olhando para ela com o semblante soturno...

Laura: Edgar...

Edgar (tentando manter  o controle): Não precisa dizer nada... eu já entendi tudo

 O  advogado , que ouvira a tudo calado,  sai apressadamente do local, deixando Laura e os outros a imaginar o que ele estará pensando... 

Laura: Edgar... Filipa... o que ele ouviu? Quando ele chegou?

Filipa: Chegou quando você dizia que prefere ficar sozinha...

Laura: Mas eu não estava falando dele...

Filipa: Eu sei... mas ele não sabe...

Laura: Para onde terá ido? Preciso esclarecer isso com ele...


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