Casa Ao Lado escrita por Laís Oliveira


Capítulo 4
Novembro, doce ou amargo?


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal! Conforme o prometido eu postei o capítulo ontem a noite e fiquei muito feliz com as reviews! Quero agradecer AnnieMikaelson, Tininha, Debora Lima, mallu272, mila baby, Emily Rose, fabiolaxalb, Ingrid Martiins, LeticiaCullen, Gaby Cullen, Isa, Luana72 e maristewart pelas reviews no capítulo anterior, até mesmo aos fantasminhas!!!

Uma coisa curiosa que uma das minhas leitoras me disse era que ela era feminista! E não estava curtindo que a Bella ficasse esperando pelo príncipe Edward enquanto ele dormia com outra. E era isso justamente umas das minhas surpresas, galera. A Bella não é nenhuma puritana virgem, para a felicidade de umas e tristezas de outras. Nos próximos capítulos eu vou me aprofundar mais nesse assinto. Eu já tenho mais de metade da fic escrita e já tinha isso em mente, enfim, espero que vocês não fiquem decepcionadas, até porque isso vai ajudar a aproximar os dois de uma vez, ou seja, vocês verão nos próximos capítulos.

Então pessoal, qualquer dúvida como essa eu estou aberta a responder todas vocês! E enquanto aos dias de postagem como uma outra leitora me disse, hoje vai ser uma exceção, meus dias de postagem serão segunda, terça e sexta! Se houver alguma alteração vocês serão avisadas! Boa leitura e espero que gostem ♥



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Já estávamos no começo de novembro, um mês havia se passado. Durante todos esses dias quando Edward não estava em casa à noite – o que acontecia mais ou menos a uma vez na semana – eu dormia em seu quarto só. Era engraçado como nós conseguíamos manter esse segredo e ninguém desconfiava do fato que vinha acontecendo nos últimos quase dois meses. Eu nem sequer mais sabia qual era a textura da minha cama.

Esme também havia desempenhado um papel muito importante na minha vida, sempre que eu ia lhe fazer uma visita num sábado a tarde ou durante a semana, ela me dava conselhos sobre como lidar com os meus pais e se pondo a disposição do que eu precisasse. Eu querendo alerta-la contei sobre a ameaça que meu pai fizera-me, e Esme por sua vez disse que eu valia qualquer risco. Alice era simplesmente Alice, e se pudesse estaria comigo até no inferno. Ela também chegou a chorar várias vezes querendo dormir na minha casa comigo durante os gritos noturnos, mas era claro que eu não permitiria tal coisa. De certa forma era um risco para eu estar em casa durante as crises, imagine para Alice; e eu não iria perturbar o sono dela para me sentir melhor, até porque eu tinha um segredo com nome. Edward.

Vamos lembrar que a nossa roda de amizade havia aumentado. Depois de muito tentar Jasper conseguia ser mais comunicativo conosco e Rose o ajudava muito, sempre o incentivando a conversar sobre tudo com a gente.

Era a hora do almoço e eu fui a primeira a chegar a nossa habitual mesa do colégio. Sentei-me na cadeira a espera do resto da turma, e como eu disse anteriormente a mesma tinha aumentado, incluindo Heidi nesse grupo. Ela tinha dado para nunca desgrudar de Edward o quanto ela conseguia e isso estava me irritando mais do que deveria. Eu me sentia sufocada, imagine Edward, deveria ser um tanto ruim para ele, pensei.

– Oi, Bella! – Rose cumprimentou-me puxando uma cadeira e sentando-se ao meu lado.

– Ei, Rose! – Sorri para ela.

Rose estava dentro de uma saia não muito curta, mas também não era até seus joelhos. Ela tinha uma meia calça escura numa textura grossa em suas pernas e calçava botas de cano médio, acompanhado por um sobretudo vermelho-sangue que combinava perfeitamente com o resto de seu look e seus cabelos louros sedosos.

– Hoje eu quase morro na aula de história, não sei como sobrevivo com essas aulas. – Reclamou ela.

– Por quê? – Arqueei uma sobrancelha.

– Eu não aguento mais estar num ambiente que aquela ali esteja. – Rose disse apontando com a cabeça para Heidi, ela estava pendurada no pescoço de Edward. – Deve ser um castigo para Edward tê-la como namorada.

– Ele gosta. – Eu disse indiferente.

Rose me olhou como se olha para uma lesma mutante e eu me senti desconfortável com isso.

– Bella, ele deve ser o único mesmo. Ela age tão desconfortavelmente quando nós estamos todos juntos e ela morre de ciúme de você, não é segredo que só Edward a suporta aqui.

– Ela não tem motivos para ter ciúme de mim. Ela é namorada dele, não eu.

– Às vezes eu sinto que Alice gostaria de voar nos cabelos dela.

– Eu também tenho essa impressão, mas ela nunca deixou claro ou algo do tipo.

– Por isso eu gosto de deixar tudo à mostra, todos sabem que nós não nos suportamos e isso é tudo. – Rose finalizou com uma piscadela.

– Mas o que ela fez na aula de história que te deixou assim?

– Tirando que a voz dela irrita qualquer pessoa em sã consciência, hoje ela decidiu contar sobre a vida perfeita, maravilhosa e cor de rosa que ela leva na hora que professor O’Shea precisou se ausentar da sala, só que mesmo todos percebendo que ela gostaria de pisar em cima de todo mundo com essa vida sob aparências, todos se mostraram tão interessados. Ela apela por atenção, é ridículo.

– Ainda bem que eu não estava lá para ouvir. – Quase sussurrei, já tendo em mente o que ela poderia ter dito na aula.

Nesse exato momento o casal feliz chegou até a mesa e sentaram lado a lado.

– Posso saber do que vocês estavam falando? Quero participar também. – Heidi disse com um sorriso claramente forçado.

– Eu estava falando o quanto você é insuportável ao ponto de eu não aguentar a aula de história. – Rose disse casualmente como se estivesse anunciando a previsão do tempo.

– Deve ser porque você não aguenta ouvir o quanto minha vida é perfeita. – Heidi rebateu no mesmo tom.

– Deve ser porque que eu não aguento ouvir a sua voz irritante.

– Deve ser porque vocês deveriam calar a boca. – Eu disse.

– Edward! – Heidi praticamente gritou indignada – Ela me mandou calar a boca!

– Talvez porque esteja na hora de você calar a boca mesmo, e ela mandou Rose também, Heidi, relaxa.

– Não relaxo nada, eu cheguei aqui primeiro! Essa loura oxigenada chegou depois.

– Acontece que ela é nossa amiga e você não, Heidi, para de querer arrumar encrenca por aqui. – Essa era Alice dando as caras.

– Loura natural, meu bem! – Rose sorriu lindamente sem se deixar ofender.

– Edward! Essas garotas estão fazendo um complô contra mim! Daqui a pouco elas irão me dar uma surra em algum corredor macabro dessa escola! – Heidi disse levanto a mão ao peito e fazendo um bico ridículo.

– Isso não é má ideia. – Rose rebateu.

– Já deu, não é pessoal? – Edward aumentou a voz, ele estava sério.

– Edward, você sabe muito bem que a sua namorada gosta de se intrometer em tudo o que a gente faz, nunca vi uma pessoa que não é amiga de ninguém chegar querendo fazer parte da conversa. Essa mesa no almoço era mil maravilhas até você começar a trazer Heidi para cá e você sabe muito bem disso! – Rose um pouco alterada.

Houve um silêncio na mesa e só então percebi que com Alice havia chegado Jasper e Emmett. Rose não estava mentindo em nada, de fato. Nesse ultimo mês, quando Heidi percebeu que os Hale estavam começando a andar junto com a gente para valer, ela resolveu se infiltrar aqui. Só não entendi se ela estava se sentindo ameaçada por causa de Rose em relação a Edward ou ameaçada em questão da popularidade que Rose vinha conquistando no colégio por sua beleza excessiva e o seu rolo com o jogador de futebol Emmett Cullen, isso mesmo. Heidi era uma das mais populares e ela não iria admitir que uma garota recém-chegada tomasse seu posto.

– Eu não entendo o motivo de vocês não gostarem de mim! – Heidi se fez de vítima.

– Talvez pelo fato de você tentar ser melhor que todos e ainda querer esfregar isso na nossa cara! – Rose olhou em volta e todos estavam paralisados, inclusive Edward. – Por que só eu abro o jogo aqui, vocês tem medo me magoar o Edward?

Isso era uma qualidade extremamente marcante em Rose. Ela era direta, sincera e falava tudo o que tinha pra falar sem rodeios, em apenas um mês nós havíamos nos habituado com isso.

– Eu só estou defendendo o que é meu. – Heidi soltou entredentes – O Edward é meu.

Emmett soltou uma gargalhada estrondosa e eu tive de me controlar para não rir também.

– Edward, vai dar uma volta com a sua namorada, vai! – Jasper disse lhe dando duas tapinhas no ombro, e assim ele fez.


– Rose, você é louca? – Perguntou Emmett. – Essa menina vai atormentar você.

– Emm, eu estou aguentando essa menina um mês nas aulas de história e mais uma quinzena no almoço não é fácil! Eu explodi ok? Você sabe que eu falo. – Ela disse e seu tom era de desculpas, mas ela não iria pedir desculpas com todas as letras, pois estava certa.

– Tudo bem amorzinho, eu sei que você fala mesmo. – Ele respondeu depositando um beijo em sua bochecha.

– Rose, você é o máximo. – Alice disse batendo palmas.

– Rose, você é louca. – Eu disse balançando a cabeça aleatoriamente.

– Estou com o Emmett e com a Bella, você é louca. – Completou Jasper.

– Obrigada, pessoal! Eu também amo todos vocês.

Edward não voltou para o almoço, ele desapareceu com Heidi. Talvez ela tivesse tido um surto histérico por ser enfrentada pela primeira vez em nossa roda e Edward teve de acalma-la. Terminado o almoço eu segui para meu armário com Rose para trocar os livros, mas ela despediu-se logo porque tinha duas aulas de história, felizmente, essa aula não teria a tão temida Heidi.

– Oi Bella.

Tive um sobressalto com o meu nome sendo chamado repentinamente por uma pessoa que mal falava comigo.

– Oi Heidi. – Tentei ser educada.

– Você deveria arrumar amigos melhores, sabe? Se enturmar com pessoas do seu tipo. – Ela soou realmente amigável dessa vez, mas eu logo percebi uma ponta de veneno por trás de suas palavras.

– Você está dizendo... Que eu não sei escolher os meus amigos? – Arqueei uma sobrancelha instintivamente e mordi o lábio inferior, completamente intrigada.

– Sim... Bella, querida. Você é uma menina não doce e legal, não merece companhias como a de Rosalie. Ela é um veneno em pessoa.

– Eu não preciso que você me dê dicas sobre amigos certos, Heidi, eu sei me cuidar e estou muito feliz com o que tenho.

– Aposto que não. Eu vejo muitos comentarem que seus pais são um pé de guerra em casa e nem mesmo Alice para lhe ajudar ou Edward. Você deveria fazer uma faxina geral na sua vida. Tirar os Cullen’s e os Hale’s. Seria melhor para você.

– Eu não preciso que você me diga o que fazer. – Falei olhando firmemente dentro de seus olhos verdes.

– Aposto mais uma vez que sim. – Ela finalizou soltando um sorriso no canto dos lábios e me deixando sozinha no corredor.

Percebi minhas mãos fechadas em punho. Essa garota não sabia nada da minha vida, não sabia sequer meu nome completo para querer me dar palpites e me ensinar como agir. Ela queria que eu me afastasse de Edward, Emmett e Alice; qual seria o problema dela para dizer tal absurdo? Ela certamente não sabia o papel que os Cullen’s desempenhavam para mim. Se Alice era minha amiga serelepe que não importa o que acontecesse sempre estava comigo, Emmett era o meu amigo bobão, que me tratava exatamente como Alice, sua irmã mais nova; e Edward! Era o meu amigo protetor, que abriu mão da sua sanidade apenas para tentar me fazer sentir melhor durante o inferno que se instalara dentro da minha casa. Ela queria tirar os Hale’s da minha vida somente porque Rose tinha a personalidade forte o suficiente para não a calar e ela se sentia ameaçada com isso. Heidi não era nada na minha vida e não significava nada para mim. Ela não tinha o direito sequer de opinar em minhas ações ou qualquer detalhe que dizia respeito somente a minha pessoa.

Por puro impulso eu corri pelos corredores atrás de Heidi, a adrenalina pulsou em minhas veias e meu ódio era tanto que eu quis jogar na cara dela que seu namorado, Edward Cullen, me colocava em seu quarto para dormir com ele todas as noites. Que Alice era a irmã que eu nunca tive, e que até Esme me tratava como uma filha para ela.

– Heidi! – Gritei quando a avistei no final do corredor.

Primeiramente ela parou e pareceu processar que aquela voz pertencia a mim, então virou lentamente em minha direção com um sorriso cínico nos lábios.

– Sim, Isabella?

A coragem que me aparecera momentos atrás desapareceu da maneira que havia chegado. Por mais que eu quisesse mostrar a ela que sim, meus amigos se importavam comigo, eu não queria estragar a relação de Edward por puro capricho meu. Não importava se ela havia insinuado que eu não sabia cuidar de mim e que eu não tinha amigos de verdade, ela ainda continuava sendo namorada de Edward e mesmo eu não gostando, nada poderia mudar isso. Todavia, eu sabia que mais cedo ou mais tarde se Edward não se queimasse com ela, ele perceberia antes o tipo de pessoa que ele mantinha ao seu lado. Eu não era boba, as vezes eu também poderia ser vingativa, porém, não naquele momento.

– Isabella? – Ela repetiu meu nome novamente, o veneno sempre por trás da sua voz.

Eu não disse nada, apenas lhe dei as costas e fiz meu caminho para minha próxima aula.



Depois da aula, Alice, Rose e eu decidimos passar em um café que havia sido inaugurado em Forks no mês passado, não só para matar o tempo quanto para tomar o café delicioso que eles vendiam. E vamos combinar, não há combinação melhor do que café e frio.

– Eu ainda acho que você foi ótima Rose, você me encoraja a falar coisas para o meu irmão mesmo que magoe ele. Apesar de ele ser um cabeção eu tenho esse medo. – Disse Alice tomando um gole de seu café.

– Edward sabe que eu estou certa, Alice. E espero que ele não mude seu comportamento comigo depois de hoje.

– Ele não vai mudar, ele gosta de você. – Afirmou Alice.



– Você está tão distante, Bella. – Alice comentou quando nos sentamos no sofá de Esme. Enquanto eu tomava todo o sofá de dois lugares, restou para que elas se acomodassem no maior.

– O quê aconteceu? – Rose me perguntou.

– Nada.

– Isabella Swan! Quando você diz nada é tudo. – Alice se impôs.

Bem, Alice e Rose eram minhas amigas, certo? Eu não precisava esconder nada sobre o que acontecia comigo, e mesmo sabendo que elas poderiam surtar com o que eu estava prestes a falar isso não me parou. Se elas quisessem realmente encurralar Heidi num corredor escuro da escola, não seria eu que iria as impedir.

– Heidi insinuou que eu não tenho amigos e que vocês não se importam comigo, por isso eu deveria encontrar amigos novos e que eu tirasse os Hale's e os Cullen's da minha vida.

Alice arregalou os olhos em minha direção.

– Você não acreditou nela, não é Bella?

– Ai, claro que não Alice!

– Essa garota morre de inveja de você, Bella! - Ralhou Rose.

– Óbvio que não! Ela não tem motivos para isso.

O tom sempre convicto de Rose me surpreendeu. Como Heidi poderia ter inveja de mim? Era impossível justamente porque minha vida era um caos. E sem minha permissão passou pela minha cabeça que Heidi tinha Edward, e eu não. Não havia motivos para inveja.

– Bella, você tem tudo o que ela mais quer. – Disse Alice enfatizando o tudo.

– Isso é loucura meninas... Eu...

Interrompi-me pelo som da porta da sala sendo aberta e depois o som da mesma sendo fechada. Logo em seguida senti um corpo alto me empurrando para o lado de encontro ao braço do sofá e sentando-se ao meu lado.

– Oi meninas – A voz aveludada soou ao meu lado.

– Não me empurre da próxima vez! – Eu disse casualmente.

– Você que é folgada o suficiente para querer um sofá todinho para você.

Edward passou um dos braços pelo meu pescoço e o deixou lá. Estava se tornando um comportamento comum ele fazer isso, então eu não me importei.

– Espero que você não esteja chateado comigo. – Rose pontuou.

– Tudo bem Rose, Heidi não vai morrer por causa disso, eu sei bem que ultimamente ela vem passando dos limites. De quem é esse café?

De fato Edward não estava chateado, ela sabia reconhecer quando as coisas estavam certas e quando elas não estavam, não me admirava que uma de suas maiores qualidade era a segurança. Contudo ele mudou rapidamente de assunto, o que indicava que ele não gostaria de falar sobre isso.

– Meu? – Minha voz soou ironicamente como uma pergunta, uma vez que o café estava em minha mão.

Sem mais nem menos, Edward pegou meu café e deu um grande gole. Rolei os olhos, eu já estava habituada com os detalhes irritantes que o acompanhavam. Era um tipo de pacote.

Ficamos algum tempo conversando sobre o que faríamos depois de terminada a escola. Tanto Alice quanto Rose iriam cursar moda, eu pensava em publicidade ou obstetrícia – duas coisas completamente distintas – e Edward sempre foi louco por biologia.


– Já sei o que vou fazer da vida! – Emmett chegou gritando com uma enorme câmera profissional em mãos e bateu uma foto de Rose em seguida.

– Então você vai ser fotógrafo? – Perguntou Rose.

– Agora ele cismou com isso, querida. – Disse Esme logo atrás dele.

– Cara, você estuda a sua vida toda pra no final ficar batendo fotos por aí? – Edward provocou.

– Pelo menos eu não vou ficar mexendo em fezes de pessoas.

– Eu não vou mexer em fezes seu idiota.

Ed, quando você começar a estagiar você vai ser obrigado a fazer tudo o que um profissional não quer, ou seja, vai analisar fezes. Eles odeiam fazer isso!

Dito isso, Emmett tirou uma foto minha e de Edward.

– Hahaha! Olha essa foto, Bella!

Aproximei-me de Emmett para olhar a foto e eu ri abertamente. Uma mecha do meu cabelo cobria parcialmente meu rosto e eu segurava o riso olhando para Edward enquanto ele estava com uma expressão abobalhada, agora mantendo o braço levemente em volta da minha cintura.

Esme olhou a foto por cima dos meus ombros.

– Ai, que lindos! Pena que são cegos.

– Manhê! – Alice gritou em reprovação.

– Como? Eu cega? Que eu saiba o único míope aqui é o Edward.

– Não querida, eu quis dizer que ele é cego por... Por não ver que ele vai analisar fezes. – Concluiu com um sorriso que definitivamente não me convenceu.

– Eu acho que nós deveríamos fazer uma aposta. – Disse Emmett.

– Estou com Alice de qualquer forma, - Disse Edward – Sobre o que é a aposta?

– Não tem aposta nenhuma aqui, não é, Emmett? – Indagou Rose.

– Mas...

– Não tem!

– É, não tem! – Concordou Esme.

– Não tem aposta! – Carlisle gritou estupefato descendo as escadas – Não gosto de apostas.

– Meu palpite está a sete chaves. - Concluiu Alice

Olhei para Edward que mantinha a expressão exatamente como a minha deveria estar, confusa. Conclui que nós tínhamos perdido a piada ou simplesmente nós éramos a piada e não sabíamos em que lugar dali nós nos encaixávamos.

Eu estava deitada na cama de Edward e percebi que estava exausta. O dia não tinha sido cansativo, mas a minha cabeça trabalhava de várias maneiras e eu não tinha como para-la, era impossível.

O tempo lá fora estava mais frio que o habitual, mostrando a cara de um outono rigoroso que finalmente resolvia mostrar sua intensidade. Aproveitei a ausência de Edward e deitei em sua cama improvisada, querendo saber como era dormir ali por meses. Estremeci. A cama que parecia muitas vezes ser aconchegante era literalmente norma, para não dizer fria. A temperatura do chão atravessada a espuma fina que o colchão abrigava e mesmo com o cobertor não era possível ser agradável.

– O que você está fazendo aí? – Edward perguntou saindo do banheiro de seu quarto.

– Eu? Simplesmente acabei de descobrir que aqui não é agradável o suficiente para você dormir. – Eu disse nervosa e com certo sarcasmo se apresentando em minha voz.

– É agradável para mim sim. – Edward contra atacou.

– Não é, Edward, essa cama é fria! – Rebati.

– Você não pode falar o que é melhor para mim Bella, eu estou satisfeito com isso e ponto.

– Então porque você pode falar e fazer o que é melhor para mim? – A essa altura eu já estava sentada no colchão fino. – Do mesmo modo que você sabe o que é melhor para mim, eu sei o que é melhor para você. Não tem medo de pegar uma pneumonia ou algo do tipo? Você não deveria fazer essas coisas.

– Bella, eu prefiro ficar doente ao que ver você doente, só isso.

– Não é só isso, é injusto. Você tem a péssima mania de me proteger e esquece de você.

– Não é injusto e não é péssima mania. Agora vai pra cama.

– Não vou.

– Vai sim.

– Não!

– Você vai esperar que eu te carregue?

– Não vai adiantar.

– Dúvida?

– Esse monólogo está muito chato, e eu não vou.

– E você tem outra solução? – Indagou Edward realmente alterado.

– Eu não tenho, mas...

– Então pronto. Pra cama. Agora.

– Você fala como se eu fosse uma criança desobediente.

– E você é uma criança desobediente.

– Edward! – Minha voz se alterou igualmente a dele momentos antes.

– Bella! – Ele soou exatamente como eu.

– Se você não vir pra cama eu não venho mais. Eu vou ficar lá em casa. – Soltei sem pensar.

– Como? – Ele veio até a mim, passou a mão nervosamente pelos cabelos rebeldes e foi até a porta de seu quarto.

– É isso mesmo que você ouviu. – Eu disse decidida.

– E você não vai mudar de ideia?

– Não.

– Ok, eu vou dormir na cama. – Pontuou ele.

Senti-me vitoriosa, eram raras as ocasiões que eu ganhava uma discussão contra Edward. Ele era o tipo de cara que não importa o que acontecesse, ele sempre saia ganhando em qualquer situação.

Edward foi até o seu closet e depois de alguns minutos voltou até a cama improvisada que deveria ser agora minha, tirando dali todos os cobertores e travesseiros os jogando em sua cama. Eu me levantei por reflexo do colchão esperando ver o que ele faria, mas logo em seguida ele tirou o colchão do chão o levando até o closet e fechando a porta.

– Essa cama deveria ser minha. – Eu disse confusa.

– É, deveria, mas eu disse que você não vai dormir aqui. – Edward disse normalmente.

– E onde eu vou dormir?

– Na cama.

– E você?

– Na cama.

Minhas mãos soaram, era isso realmente que eu estava ouvindo? Tudo bem que Edward era meu amigo, mas se aquilo saísse dali estávamos fritos, a mente das pessoas são maldosas e céus, o que seus pais pensariam disso se descobrisse algum dia? Minhas mãos pareciam soar agora cada vez mais.

– Não, Edward.

– Anda Bella. – Ignorou-me.

A cama de Edward era de solteiro, mas eu julgava caber duas pessoas perfeitamente ali sem contato físico. Ainda processando suas palavras eu escorreguei até cama como ele pediu, ficando encostada praticamente na parede. Edward sentou-se ao meu lado primeiro jogando uma manta por cima de mim e finalmente o cobertor.

Eu estava assustada demais para falar alguma coisa, então aceitei o que ele fez sem relutar. Como eu imaginava não estávamos em contato físico, e disfarçadamente virei para o lado que dava de encontro à parede e fiquei observando a mesma, em seu tom bege claro. Ouvi Edward se remexer e mesmo tentando, não consegui identificar a posição que ele se encontrava.

Eu simplesmente não conseguia dormir, justamente porque aquilo estava estranho demais. Às vezes quando eu sentia que as coisas não estavam seguindo do jeito que deveria eu costumava ficar observando a face adormecida de Edward até pegar no sono, era fácil e prazeroso ficar olhando para ele, mas naquele exato momento eu não podia fazê-lo. Era diferente demais para eu poder identificar o que estava acontecendo, porque definitivamente sentir a confusão em que eu estava não era normal.

– Bella? – Edward me chamou no meio da noite, e surpreendeu-me que ele ainda estivesse acordado.

– Sim?

– Pode olhar para mim?

Senti um frio correr por minha espinha, parando em meu pescoço e sumindo repentinamente dali. Virei-me de encontro a ele e para minha surpresa ele estava me olhando.

– Oi. – Eu disse meio divertida, meio sonolenta, mas feliz por estar olhando para seu rosto.

– Sobre mais cedo, quando estávamos todos conversando... Você pretende fazer faculdade onde?

Eu não podia olhar diretamente nos olhos de Edward para ver as emoções que se passava por ali, o escuro dificultava tal visão e isso me frustrou.

– Eu estava pensando em Yale, talvez Bristol em Londres, eu não sei ainda. – Respondi pensativa.

– É muito longe... – Ele disse com a voz tão afetada quando a minha.

– É muito longe... – Concordei.

– Bella? – Depois de alguns minutos sua voz pareceu ganhar um pouco de vida.

– Sim? – Respondi eu curiosa.

– Me promete uma coisa? – Ele perguntou e pude identificar esperança em sua voz, mesmo sem poder ver seus olhos.

– Se eu puder, é claro que eu prometo. – Eu já sentia um nó se formar em minha garganta, era como se estivéssemos falando em despedidas.

– Promete para mim que nós vamos para a mesma faculdade? Se você passar na Yale e eu não, ou eu passar e você não, a gente procura uma até que nós passarmos juntos, certo? Eu não quero me separar de você. – Pude observar Edward tentando olhar em meus olhos – É claro, se você quiser.

É difícil explicar o sentimento que cresceu dentro de mim. Algo como um gás inflamável brotou em meus pulmões e eu não conseguia mantê-lo somente para mim, eu havia de compartilhar o sentimento repentino com alguém. Sorri debilmente e senti Edward fazer o mesmo.

– Edward... Eu prometo para você. Nós vamos para a mesma universidade, nós não precisamos... Não precisamos dizer adeus.

– Falta pouco mais de um ano, não é? – Perguntou aparentemente animado.

– Falta pouco. – Minha voz soou tremula.

– Eu não estava mesmo preparado para dizer adeus. – Edward disse e eu senti o nó voltar em minha garganta apenas em pensar na possibilidade que agora eu sabia, ela não poderia existir. Tínhamos uma promessa.

– Nem eu.

Repentinamente eu abracei Edward. Abracei de um jeito terno, quase em adoração a ele. Edward era o melhor amigo do mundo, ele fazia por mim o que estava em seu alcance e o que não estava, e isso o tornava mais especial, justamente porque eu faria o mesmo por ele.

Passei meus braços em volta de seu pescoço desajeitadamente e ele passou os braços em volta da minha cintura, tornando o momento íntimo demais. Aquilo era totalmente novo, nós estávamos nos abraçando em sua cama. Apesar de totalmente estranho, eu gostei da sensação nova que me tomou, da qual eu nunca havia sentido antes.

– Isso é estranho. – Eu soltei e me arrependi imediatamente.

– Sim, muito estranho. – Ele concordou e beijou meus cabelos.


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Notas finais do capítulo

SPOILER.

— Sim, o que você pensa é uma coisa, agora destratar a minha melhor amiga na minha casa é pedir demais, não acha?

— Você vai defendê-la? Arregalou os olhos.

— Vou! Minha voz soou firme.

— Você não entende! Gritou.

— Não entendo mesmo, me explica, por favor. Minha voz estava carregada de ironia.

— Não adianta eu explicar porque de qualquer forma você é cego e burro!

— Ótimo, ao menos eu não sou ignorante.

— Eu não acredito que nós estamos brigando por causa dela.

— Não, Heidi, estamos brigando porque você parece uma criança chata!

— Para o carro. Ela disse firme Eu vou descer.

— Então desça. Meu tom foi o mesmo.

— Não vai me pedir para ficar? Olhei em seus olhos e pude ver que eles estavam cheio de surpresa.

— Você sabe o que faz. Eu disse sem me arrepender de uma única só palavra.



HEHEHE! O relacionamento deles vão desandar, e bum!!! Chegaremos na minha parte preferida. Ou melhor, a parte que acho que muitos aqui estão já esperando.