Sussurros De Uma Suicida. escrita por Aprimorada


Capítulo 33
Capítulo 33 - "Perca da Esperança" - Dor incurável


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura.



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Depois daquele final de semana, a volta á escola, foi um caós total, todo mundo me olhava como se eu fosse uma completa estranha, como se eu fosse de outro mundo. Quando eu passava, eles cochichavam, deviam falar, "Olha a menina depressiva, que o irmão traficante foi morto" mas eu tentava ignorar, fingia não me importar e sempre ficava com um grande sorriso no rosto, sem mostrar nenhuma tristeza, sem mostrar que eles me machucavam. Eu evitei todo mundo, até tratei mal a coitada da Evellyn, que apesar de não ser minha melhor amiga, queria me ajudar, queria estar ao meu lado, quando ninguém mais queria. Eu entrava muda e saia do mesmo modo, calada da escola, só fazia a minha lição e pronto. O resto daquela semana foi igual, todos os dias, uma tortura, algumas meninas até pegaram para me pirraçar, me xingavam, tacavam coisas em mim, eu até poderia revidar e dar uns tapas nelas, mas eu estava tão mal, tão triste, que não tinha nem forças para me defender.



Foram semanas seguidas assim, cheias de dor, de sofrimento, de pessoas que só zombavam da minha dor, elas só faziam isso, porque não sabia o quanto doía, o quanto era doloroso ir para a casa e encontrar o meu pai jogado em qualquer canto da casa, fedendo a álcool, a mijo e a coisa morta, a ter que entrar e ver que tudo me faz lembrar o meu irmão, até aquela pirralha da minha sobrinha, ela é identifica a ele e aquilo me corroía, e ainda ter que entrar e fingir não ouvir a minha mãe chorar todas as noites, tudo é tão difícil, bem mais difícil do que sempre foi. Parece que agora, não há mais sentido, sabe até me passou pela cabeça que eu talvez estava com depressão, mas eu acho que não. Só porque eu tinha insônia toda noite e passava horas e horas da madrugada chorando, não significava que eu estava depressiva...não é? As noites eram as piores coisas dos meus dias, elas eram longas, frias e nostálgicas. Elas me machucavam, me feriam e me faziam chorar, elas me faziam gritar por socorro pela madrugada inteira, elas eram tão sem vida, sem sentido, eram somente dor e pensamentos perturbadores, eram angustia, sofrimento. Elas me deixavam sem vida, pálida, elas me tiraram o pouco da força que ainda tinha, os meus sorrisos, elas me mataram de pouco em pouco, elas me destruíram, elas eram o meu mal, elas me perseguiam, elas eram simplesmente os meus pontos finais, porque eu sabia que minha vida terminaria em uma melancólica noite como aquelas que eu vivenciava. Aquilo tudo era demais para mim e eu não sabia como resolver toda aquela a minha dor. Os cortes aumentaram tanto, que começou a ficar impossível esconder e minha mãe acabou vendo.



– O que é isso? – Ela apontou assustada para o meu pulso.–



– Nada não mãe.

– Nada? Você fez isso?

– Desculpa.



Ela coçou a cabeça, e franziu a testa, veio perto de mim e me abraçou forte.



– Promete, que vai melhorar? Se precisar de ajuda eu to aqui. Não posso ti perder também, eu preciso de você.



– Prometo mãe.

Aquele prometo foi uma mentira voando pelo meu quarto. Eu disse que ficaria bem, disse que conseguiria seguir em frente, que esqueceria o ocorrido, que a dor iria passar, mas nada disso aconteceu... É, eu não estava bem, mesmo estando sempre sorrindo, eu não estava bem. O sorriso só servia apenas para manter a minha fachada de pessoa forte, coisa que na verdade eu nunca fui. Conseguia seguir em frente eu até conseguia, com obstáculos, dificuldades, sempre pensando em desistir, mas eu conseguia. Esquecer toda aquela dor, digamos que era impossível. Era a dor, a dor que nunca passava, não importava quanto tempo passasse. Por mais que eu tomasse milhares de dorflex, colocasse um band aid em meu peito, por mais que eu procurasse um médico especializado em dores causadas pela decepção, a dor permaneceria aqui, era como se ela já fizesse parte de mim. Creio que eu havia me acostumado com o sofrimento. E se eu conseguisse ficar feliz 24 horas feliz, eu acharia estranho. Pois minha felicidade tinha sido tão pouco, quando estava feliz era apenas por alguns minutos. Era aquela famosa felicidade passageira. Passava tão rápido como o vento. E depois a minha dor voltava, voltava para me atormentar, para me machucar, mais e mais.

Eu ficava durante horas me olhando no espelho, perguntando o que havia comigo, porque eu ainda me sentia tão mal, tão fraca, tão vulnerável, ficava horas intermináveis chorando para o meu reflexo, vendo o que eu me tornei e eu ficava pior ainda, quando o via o que não queria, quando eu via que eu estava morta. Quando o meu sorriso havia sumido e o meu olhar havia morrido. Continuava sendo doloroso ver que a garota que muitos admiravam por sua força e pela sua coragem, morreu naquela batalha de falsos sorrisos e mangas compridas. É na realidade eu havia morrido, morrido por dentro, mas ninguém percebeu.

Se passaram longos dois meses e parecia que minha dor não ia sumir, eu continuava na mesma, aquilo não tinha jeito, era "depressão", pois quando eu não estava chorando me cortando, eu estava me drogando, fumando maconha ou me alcoolizando. Era uma vida miserável. Minha mãe me avisou que me levaria a um medico, um psicologo, já que todo aquele meu comportamento não era normal, mas como seria normal? Com aquele bêbado do meu pai dentro de casa, sempre brigando comigo, com a minha mãe, até com a minha cunhada por tudo, até ousou me dar um tapa, foi um tapa tão forte, que o barulho estralou pela sala, fazendo um eco alto, então como eu teria um comportamento normal com tudo aquilo? Minha vida estava uma bagunça, eu estava em outro mundo, desligada de tudo. Vitor sumiu e Edgar fez o mesmo, depois daquele dia, não me ligou nunca mais, também nem queria conversa com ele, eu via Evellyn as vezes na escola e ela também desistiu de mim, desistiu de falar comigo, bem, até eu desistiria, eu tratei ela muito mal e não me orgulho nem um pouco disso, sei que não devia machucar os outros, só porque eu estava magoada, mas era involuntário. O tempo passou voando e por sorte minha, entramos de férias, o ano letivo acabou e no próximo final de semana, seria o meu aniversário, pelo menos isso, pra talvez me animar.



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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Beijos, até a próxima. Comecei uma nova história e engloba este mesmo assunto, espero que acompanhem também: http://fanfiction.com.br/historia/362910/Stop_Bullying/



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