P.O.V. Ema

Sabe aquela sensação de remorso? Aquela que aparece nos filmes quando o mocinho faz algo errado? Aquela mesmo! Como se aquele algo errado, aquela vingança, o corrompesse? Sim! Essa, exatamente essa! Pois é,... eu não a tenho. Nem um pinguinho de remorso ou daquela comentada sensação eu tenho dentro do meu corpinho (apelido.. porque sou tão deliciosa que transbordo OK?!) !

Talvez vocês estejam pensando que nem a diabinha do meu ombro esquerdo... "Isso mesmo! Ele mereceu! Não sinta a mesma sensação de remorso que o bichona do mocinho sentiu!"... ou estejam concordando com a santinha do pau oco em meu ombro direito... "Ai Ema! Só porque ele errou, não significa que você tem que se igualar à ele, querida!". Bom, eu com certeza não estou em um filminho com uma mensagem reflexiva no final, estou na vida real ( apesar da diabinha e a santinha realmente estarem nos meus ombros... Shh! Top Secret! Se não a Brianna me interna! Já penso se ela descobre que a santinha existe? Hmm...).

Agora só me resta saborear o resto da vingança... Sim! Aquilo foi só um pedacinho... - Pausa para um sorrisinho amarelo, por favor! - No momento, estou dentro do apartamento de Josh, enquanto o mesmo se encontra em uma reunião, como eu sei? Simples, a secretaria dele teve um caso com um amigo de Josh, o tolo me contou e eu a chantageei. Sim, eu sei que eu não sou uma santa! Ta, talvez eu seja uma vaca! E sim, eu bebi um pouquinho! Ta bem, tomei um porre. Ta bem, tomei um outro porre dos meus muitos porres. Vocês querem o que também? (Ótimo, agora eu dei pra ficar falando com pessoas imaginárias... Aff) E tirei uns dias de folga do hospital, não quero matar ninguém. Além do Josh.

Andava calmamente pelo closet de meu adultero marido Josh (vida curta a este Satã) e em uma de minhas mãos estava um pote, com algo chamado "Pó-de-mico", seus esponjilitos ( Não estou brincando, esse nome existe mesmo) causam enormes ataques de coceira, e "acidentalmente" deixei cair um pouco do pó dentro de cada uma de suas cuecas Hugo Boss. Ah! E derrubei "sem querer" vinho tinto Petrus ( que custou à Josh em torno de... 2,097 euros) no meio de todas suas calças sociais Armani e sei lá o que com nome chique e que custa uma nota, assim... provavelmente parecia que ele havia mijado nas calças, falando vulgarmente. Além de colocar uma considerável dose cavalar de adrenalina na sua água mineral (Não, isso não o mataria. Infelizmente). Já ia esquecendo! Colocar uma barata dentro de sua sapateira! Não. Pera. Eu teria que tocar nas baratas, ou ao menos vê-las... Então foi por isso que eu já estava esquecendo.

Feito meu trabalho com orgulho, vou encontrar as garotas, hoje será a prova do vestido de Jess, e de nossos vestidos de damas de honra, além de que eu prometi ajudar a Carol em alguns detalhes do planejamento do casamento que aconteceria daqui a alguns meses. E... resolver de uma vez por todas as coisas com Ryan.

P.O.V. Ryan

Eu precisava me afastar de Ema, por isso resolvi viajar mais cedo. Assim me manteria longe dela e desse confuso sentimento. Não suportava mais a dor de tê-la ao alcance de meus braços e não tê-la neles. O que eu estava falando? Nós só moramos juntos há uma semana! Como é possível sentir isso por ela?! Com certeza isso não deve ser algo saudável... Como algo assim, algo que me corrói por dentro quando estou longe dela, ou que me faz ter vontade de por suas necessidades acimas das minhas, pode ser algo saudável? Não é possível que seja só atração física! E é isso que me assusta, pois nem por minha primeira esposa eu senti isso. Quando olho em seus belos olhos castanhos, ou pretos quando essa esta com desejo ou enraivada, me sinto totalmente preso a ela, ou quando Ema sorri... Me sinto feliz só por ser merecedor de poder compartilhar esse momento com ela. E essa sensação só vem crescendo desde que a vi em frente ao meu carro. Mas Ema provavelmente me odeia agora! Ou não... porque me correspondeu com muita vontade aos meus beijos e toques. Mas muitas mulheres correspondem e não tem a intensidade dessa sensação como eu tenho por ela... Senhor, ela é casada! E eu sou o advogado dela! Bom... não mais. Estranho que eu deixei uma carta para ela e tenho a certeza que depois de lê-la, Ema me ligaria. Mas ela não ligou. Talvez, só talvez, eu tive o azar de sentir por ela, o que eu nunca senti por nenhuma mulher até agora, não com tanta intensidade e rapidez, como eu sinto por ela, e a mesma talvez não me corresponda. Agora eu estava em uma encruzilhada com dois caminhos sem volta expostos à mim, um eu correria atrás desse sentimento e teria o risco de me machucar e não ser correspondido, ou eu escolheria o segundo caminho, me afastaria dela, nunca tendo a chance de ser machucado por ela ou abençoado por ser correspondido, teria essa dúvida para o todo sempre comigo. E agora?