Círculo Secreto A Prisioneira escrita por Macley Bernisten
Um furacão — disse Diana.
Era segunda-feira, e Diana voltara para a escola, ainda
—
fungando um pouco, mas em caso contrário estava bem.
Estavam conversando antes da aula de história Americana; era a única
chance que Cassie tinha de falar a sós com Diana. Ela não queria trazer o
assunto à tona na frente dos outros.
— Um furacão? — ela disse agora.
Diana acenou com a cabeça.
— Nós os temos de vez em quando. Aquele ano ele atingiu
praticamente sem aviso e a ponte do continente fora inundada. Várias
pessoas foram apanhadas na ilha, várias pessoas foram mortas.
— Eu sinto muito — disse Cassie. Bom, você vê: há perfeitamente
uma explicação razoável no fim das contas, estava pensando. Como ela
poderia ter sido tão idiota de ter surtado com isto? Um desastre natural
explicara tudo. E quando Cassie tinha perguntado para sua avó sobre o
túmulo no cemitério noite passada, a velha mulher olhou para ela,
piscando, e finalmente dizendo, estava lá um velho túmulo cavado no
chão? Se tiver, isso pode ser alguma espécie de bunker – um lugar para
armazenar munição em uma das antigas guerras. Novamente, uma
explicação simples.
Laurel e Melanie chegaram e se sentaram na frente de Cassie e
Diana. Cassie respirou fundo.
— Melanie, eu voltei ao cemitério ontem para procurar pelo seu
cristal... Mas ainda não o encontrei. Desculpe-me. Eu acho que ele se foi
para sempre —, disse ela.
Os olhos cinza de Melanie estavam pensativos e sérios.
— Cassie, eu lhe disse àquela noite que isso não importa. A única
coisa que eu queria era que você, Adam, Nick e Deborah não tivessem
saído sem o resto de nós. Isso foi perigoso.
— Eu sei —, Cassie disse suavemente. — Mas até então, não parecia
perigoso – ou no mínimo, parecia, mas eu não tinha tempo para pensar no
quão perigoso aquilo realmente era. Eu só queria encontrar o que quer que
tenha matado Jeffrey.
Ela viu Melanie e Diana trocarem um olhar.
Melanie surpresa e Diana um tanto presunçosa.
Cassie se sentiu vagamente desconfortável.
— Adam lhe disse alguma coisa sobre o que conversamos na nossa
saída ao cemitério? — perguntou à Diana.
— Sobre Faye e Sally?
Diana afirmou.
— Sim. Mas isso tudo é ridículo, você sabe. Sally nunca faria algo
assim, e quanto à Faye... Bom, ela pode ser difícil às vezes, mas
certamente não é capaz de matar alguém.
Cassie abriu a boca, e encontrou a si mesma olhando para Melanie, a
qual os olhos cinza agora refletiam algo como sacudir a cabeça com
cinismo. Ela rapidamente olhou de volta para Diana e disse: — Não tenho
certeza de que você esteja certa —, mas ela não estava. Melanie estava
certa, Diana era muito confiante, muito ingênua. Ninguém sabia melhor
que Cassie do que Faye era capaz.
Sr. Lanning estava começando a aula. Laurel e Melanie se viraram, e
Cassie abriu seu livro e tentou manter sua mente na aula de história.
A semana toda na escola foi estranha. A morte de Jeffrey fizera algo
com os alunos; foi diferente da outra morte. Kori tinha sido um membro
do Clube, ou praticamente, e o mais importante: não tinha sido muito
popular. Mas Jeffrey era um herói do futebol, um deles, um garoto que
todos gostavam e admiravam. Sua morte perturbou as pessoas de uma
maneira diferente.
Os sussurros começaram silenciosamente. Mas na quarta-feira, Sally
já estava dizendo abertamente que Faye e o Clube tinham matado Jeffrey.
Tensão estava sendo construída entre os membros do Clube e o resto da
escola. Apenas Diana parecia estar inconsciente disso, parecendo chocada
quando Melanie sugeriu que o Círculo podia não ser bem-vindo ao funeral
de Jeffrey.
— Nós temos que ir — ela disse, e eles foram, exceto Faye.
Quanto à Faye... Faye passou a semana silenciosamente furiosa. Ela
não tinha perdoado Suzan e Deborah por ajudarem Cassie a se arrumar
para o baile, não tinha perdoado Nick por tê-la esnobado, e ela não tinha
perdoado o resto deles por terem testemunhado sua humilhação. As únicas
pessoas com quem ela não estava furiosa eram os irmãos Henderson.
Quando a morte de Jeffrey fora mencionada, ela pareceu firme e secreta.
Todos os dias, Cassie esperava receber um telefonema com alguma
nova demanda bizarra, alguma nova chantagem. Mas, no momento, Faye
parecia estar deixando-a em paz.
Era uma tarde de sexta-feira, indo pra casa de carro depois da escola,
que Laurel mencionou o baile de Dia das Bruxas.
— É claro que você vai, Cassie — ela disse enquanto deixavam Cassie
no Número Doze. — Você tem que ir. E você tem tempo de sobra, duas
semanas, para pensar em quem convidar.
Cassie entrou na casa com suas pernas parecendo fracas. Outro baile?
Ela não podia acreditar.
De uma coisa ela sabia: este não poderia ser como o último. Ela não
deixaria ser. Ela faria como Laurel disse, encontraria alguém para ir com
ela –— então ela se colaria a ele o tempo inteiro. Alguém, qualquer
pessoa. Sean, talvez. Cassie estremeceu. Bom, talvez não qualquer pessoa.
Morto por atenção como ele estava, Sean podia acabar sendo um problema
para si mesmo. Ela nunca poderia se livrar dele.
Não, Cassie precisava de algum garoto para ser um acompanhante e
nada mais. Algum garoto que não teria absolutamente nenhum interesse
por ela, sob quaisquer circunstâncias.
Um flash passou por sua mente, de olhos da cor de mogno, rico e
profundo, e absolutamente frio. Nick. Nick nem sequer gostava de garotas.
E Faye não se importaria; Faye nem mesmo estava falando com ele. Nick
poderia ser seguro — mas ele iria querer ir ao baile com ela?
Há só uma maneira de descobrir, ela pensou. Nick era primo de
Deborah, e morava com os pais dela no Número Dois da Estrada
Crowhaven. A cor de pêssego da casa estava desgastada, e a garagem era
geralmente aberta, mostrando o carro que Nick trabalhava continuamente.
Adam tinha dito que era um '69 Mustang coupe, o qual era algo
especial. No momento, pensou, parecia um esqueleto em cima de blocos.
Quando Cassie entrou no final daquela tarde, Nick estava inclinado
sobre a bancada, seu cabelo escuro brilhando fracamente na luz da
lâmpada pendurada nas vigas. Ele estava fazendo algo com uma chave de
fenda em uma peça.
— Oi — disse Cassie.
Nick endireitou-se. Ele não parecia surpreso por vê-la, mas Nick
nunca parecia surpreso. Ele não parecia particularmente feliz por vê-la
também. Estava vestindo uma camiseta tão coberta de manchas de graxa
que estava até difícil ler o slogan embaixo, mas Cassie pôde entender
fracamente as palavras estranhas — Amigos não deixam amigos dirigirem
Chevys.
Cassie limpou a garganta. Apenas entre e pergunte a ele, ela tinha
pensado — mas agora estava provando ser impossível.
Depois de um momento ou dois olhando para ela, esperando, Nick
olhou de volta para a bancada.
— Eu estava apenas caminhando até a casa de Diana —, Cassie disse
brilhantemente. — E eu pensei que eu podia parar e dizer oi.
— Oi — Disse Nick, sem olhar para cima.
A boca de Cassie estava seca. O que a fez pensar que poderia convidar
um garoto para um baile? E daí se vários garotos quiseram dançar com ela
da última vez; aquilo provavelmente foi apenas sorte. E Nick certamente
não tinha ficado ao redor dela.
Ela tentou fazer sua voz soar casual.
— Então, o que você está fazendo... — Ela queria dizer — para o
baile de Dia das Bruxas mas sua garganta fechou e ela entrou em pânico.
Em vez disso, finalizou com um guincho — ... Agora?
— Reconstruindo o carburador — Nick respondeu brevemente.
— Oh — disse Cassie.
Ela procurava desesperadamente em sua mente por um novo tópico
para a conversa. — Hum... — Ela pegou uma pequena bola de metal da
bancada. — Então, isso é pra que?
— O carburador...
— Oh.
Cassie olhou para a pequena bola.
— Uh, Nick, sabe, eu estava apenas me perguntando — ela começou
a jogar a bola para cima e para baixo — se você pode, hum, quer... oops.
A bola caiu para fora de seus suados dedos como uma semente de
melancia, aterrissando com um ping para algum lugar debaixo da bancada
e desaparecendo. Cassie olhou para cima, horrorizada, e Nick bateu a
chave de fenda e soltou um palavrão.
— Eu sinto muito mesmo, Nick, me desculpe...
— Por que diabos você tinha que tocar nisso? O que você está
fazendo aqui, aliás?
— Eu...
Cassie olhou para seu rosto irado e o resto de coragem a deixou.
— Me desculpe, Nick.
Ela ofegou novamente, e fugiu.
Fora da garagem e descendo a calçada. Sem pensar, virou à direita
quando chegou na rua, voltando para sua casa. Ela não queria ir para a
casa de Diana, de qualquer maneira — Adam provavelmente estava lá. Ela
caminhou pela Estrada Crowhaven, seu rosto ainda queimava e seu
coração estava acelerado.
Tinha sido uma ideia idiota desde o início. Suzan estava certa; Nick
era um iguana. Ele não tinha nenhuma emoção humana normal. Cassie
não esperava que ele fosse querer ir ao baile com ela, em primeiro lugar;
ela apenas pensou que talvez ele não se importasse, pois ele havia sido
gentil com ela na sala de caldeira aquela noite. Mas agora ele mostrara
suas verdadeiras cores. Ela estava contente por não tê-lo convidado de
verdade antes de deixar a bola cair, isto teria sido a vergonha final.
Mesmo assim, no entanto, sentia seu peito apertado e quente e seus
olhos estavam doloridos. Ela manteve sua cabeça cuidadosamente
levantada quando passou pela casa de Melanie, e depois pela de Laurel.
Ela não queria ver nenhuma delas.
O sol tinha se posto e a cor estava fazendo sumir tudo. Está
escurecendo tão cedo durante esses dias, ela estava pensando, quando um
rugido de motor lhe chamou a atenção.
Era uma Suzuki Samurai preta, com a placa Me arremesse. Os irmãos
Henderson estavam nela, Doug estava dirigindo muito rápido. Logo que a
viram, eles frearam e colocaram as cabeças para fora da janela, bradando.
— Hey, o que uma garota bonita como você faz em um bairro como
esse?
— Você quer festejar, Cassie? — Vamos lá, baby, nós podemos te
divertir! Eles estavam a assediando por a diversão, mas algo fez Cassie
olhar para os olhos azul-esverdeados de Doug e dizer corajosamente:
— Claro.
Eles olharam para ela, perplexos. Chris então soltou uma risada.
— Legal, entre.
Disse ele e abriu a porta do lado do passageiro.
— Espere um minuto — Doug começou, mas Cassie já estava lá
dentro, Chris a ajudou com o degrau alto. Ela não sabia o que a tinha
possuído. Mas ela estava se sentindo selvagem e irresponsável, que ela
adivinhou ser a melhor maneira de se sentir quando se estava com os
irmãos Henderson.
— Pra onde estamos indo? — perguntou ela quando eles aceleraram.
Chris e Doug se olharam cautelosamente.
— Vamos comprar algumas abóboras para o Dia das Bruxas. Disse
Chris.
— Comprar abóboras?
— Bem, não comprar, exatamente — Disse Chris.
Por alguma razão, particularmente naquele momento, isso pareceu
engraçado para Cassie. Ela começou a dar risada. Chris sorriu.
— Nós estamos descendo para Salem —, explicou ele. — Eles têm as
melhores plantações de abóboras para atacar. E quanto mais cedo nós
conseguirmos, nós podemos esconder no Witch Dungeon e assustar os
turistas.
Witch Dungeon? Pensou Cassie, mas tudo o que disse foi — Tudo
bem.
O chão do minijipe estava cheio de garrafas, pedaços de tubo, trapos,
sacolas do Dunkin’ Donuts, fitas cassetes desenroladas, e revistas
obscenas. Chris estava explicando à Cassie como construir uma bomba
quando chegaram à plantação de abóbora.
— Ok, agora, calem a boca —, disse Doug — Nós temos que dar a
volta.
Ele acendeu as luzes e desligou o motor e cruzou.
A plantação de abóbora era um recinto cercado enorme cheio de
abóboras, algumas empilhadas, algumas espalhadas pelo chão. Doug parou
a Samurai atrás de uma grande pilha na cabine onde você paga pelas
abóboras. Estava totalmente escuro agora, e a luz do recinto não chegou a
alcançá-los.
— Acima da cerca — Doug gesticulou com os lábios, e para Cassie:
— Fique aqui.
Cassie estava contente por ele não querer que ela suba isso; havia
arame farpado no topo. Chris colocou sua jaqueta sobre a cerca e os dois
rapazes invadiram facilmente.
Em seguida, eles calmamente começaram a distribuir abóboras por
cima da cerca. Chris as deu para Doug, quem estava na pilha e as
entregara para Cassie do outro lado, apontando para ela colocar no banco
traseiro do jipe.
O que na terra eles querem com todas essas abóboras, afinal? Cassie
estava se perguntando vertiginosamente, enquanto cambaleava para trás
com carga após carga. Você pode fazer uma bomba com uma abóbora?
— Tudo bem —, Doug sibilou enfim — Isso é o suficiente.
Ele trepou de volta na cerca. Chris também começou a subir, mas
bem naquele momento um latido frenético e um grande cão preto com
pernas duras apareceu.
— Socorro! — grasnou Chris. Ele estava pendurado em cima da
cerca. O Doberman o pegara pela bota e a afligia furiosamente, rosnando.
Um homem explodiu de dentro da cabine e começou a gritar com eles,
apertando seu punho.
— Socorro! Socorro! — Chris gritou. Ele começou a rir e depois gritou
— Ele está arrancando meu pé! Ow! Socorro!
Doug, seus estranhos olhos oblíquos brilhando descontroladamente,
correu de volta ao jipe. — Vou matar esse cachorro —, disse ele sem
fôlego. — Onde está a pistola do exército?
— Espere aí, Max! Segure-o até eu pegar minha espingarda! — o
homem estava gritando.
— Ow! Ele está me mastigando! Isso dói, cara! — Chris berrou.
— Não o mate —, Cassie implorou freneticamente, pegando Doug
pelo braço. Tudo o que ela precisava era que ele e o homem da abóbora
atirassem um no outro. Doug continuou vasculhando o lixo do chão do
jipe. — Não mate o cachorro! Nós podemos apenas o dar isso —, disse
Cassie, subitamente inspirada. Ela pegou um saco de Dunkin’ Donuts com
várias rosquinhas velhas dentro dele. Enquanto Doug ainda estava à
procura de uma arma, ela correu de volta para a cerca.
— Aqui, totó, totó bonzinho —, ela suspirou. O cão rosnou. Chris
continuava berrando; o homem da abóbora continuava gritando. — Bom
cachorro — Cassie disse ao Doberman desesperadamente. — Bom garoto,
olha aqui, um donuts, viu? Quer um donut? — E, em seguida,
surpreendendo-se completamente, gritou: — Venha aqui! AGORA.
Ao mesmo tempo, ela fez — não sabia o quê. Ela fez... Alguma coisa...
Com sua mente. Ela podia sentir saindo dela, como uma explosão de calor.
Isso bateu no cão e o mesmo soltou o pé de Chris, as patas traseiras em
colapso.
Com a barriga quase no chão, ele se esgueirou até a cerca e se
abaixou.
Cassie o achou alto e terrível.
Ela disse — Bom cachorro —, e jogou o saco de donuts sobre a cerca.
Chris estava pulando na outra direção, quase caindo de cabeça. O cão se
deitou e começou a gemer lamentavelmente, ignorando os dunuts.
— Vamos embora —, gritou Chris. — Vamos, Doug! Não precisamos
matar ninguém!
Entre eles, Cassie e ele aguentando os protestos de Doug no jipe e
Chris acelerou. O vendedor de abóbora correu atrás deles com sua
espingarda, mas quando chegaram à estrada, ele desistiu da perseguição.
— Ow —, disse Chris mexendo seu pé, e fazendo o jipe envergar.
Doug murmurou para si mesmo.
Cassie se inclinou para trás e suspirou.
— Tudo bem —, disse Chris alegremente, — agora vamos para o
Witch Dungeon.
***
O Museu Witch Dungeon de Salem se parecia com uma casa do lado de
fora. Chris e Doug pareciam saber bem o plano, e Cassie os seguiu ao
redor da casa, onde escorregaram numa entrada de fundo.
Através de uma porta, Cassie vislumbrou o que parecia ser um
pequeno teatro. — É onde eles fazem os julgamentos de bruxas —, disse
Chris. — Você, sabe, como uma peça de teatro para os turistas. Então,
eles os levam até aqui.
Um lance de escadas estreitas mergulhado na escuridão.
— Por quê? — disse Cassie.
— É o calabouço. Eles dão um passeio. Nós nos escondemos nos
cantos e saltamos e gritamos quando eles chegam perto. Alguns
praticamente têm um ataque do coração. — Doug disse, com seu sorriso
de louco.
Cassie podia ver como isso poderia acontecer. Enquanto eles faziam
seu caminho descendo as escadas ficava cada vez mais escuro. Um odor,
de mofo úmido agrediu suas narinas, e o ar estava muito legal.
Um corredor estreito se estendia em frente à escuridão, que fora
quebrada apenas por pequenas luzes em intervalos longos. Pequenas celas
se abriram de ambos os lados do corredor. Todo o local tinha uma
sensação pesada, subterrânea sentia isso.
É como a sala da caldeira, Cassie pensou. Seus pés pararam de se
mover.
— Vamos lá, o que há de errado? — Doug sussurrou, virando-se. Ela
mal podia vê-lo.
Chris voltou para o pé da escada e olhou para seu rosto, — Nós não
temos de ir até lá ainda —, disse ele. — Podemos esperar aqui até eles
descerem lá.
Cassie assentiu com a cabeça para ele, agradecida. Fora ruim o
suficiente à beira desse lugar terrível. Ela não queria entrar lá até que seja
absolutamente necessário.
— Ou...
Chris parecia estar envolvido em alguma façanha prodigiosa em seu
pensamento. — Nós poderíamos apenas ir embora, sabe.
— Ir embora agora? Por quê? — Doug exigiu, correndo de volta.
— Por que...
Chris olhou para ele. — Por que... Porque eu estou dizendo!
— Você? Quem se importa com o que você diz? — Doug voltou com
um sussurro e os dois começaram a brigar.
Eles não são realmente assustadores, afinal, Cassie pensou, um pouco
atordoada. Eles são mais como os Meninos Perdidos do Peter Pan.
Estranhos, mas do tipo fofo.
— Está tudo bem — disse ela, para parar a briga deles — Podemos
ficar. Vou apenas me sentar na escada.
Sem fôlego, sentaram-se também, Chris massageando o bico da bota.
Cassie se inclinou contra a parede e fechou os olhos. Ela podia ouvir
as vozes de cima, alguém falando sobre o julgamento das bruxas de Salem,
mas apenas trechos da palestra chegaram até ela, estava absorvendo tudo o
que aconteceu hoje, e este lugar terrível a fazia se sentir doente e vaga.
Como se ela tivesse teias de aranha em seu cérebro.
Uma voz de mulher dizia: —... O governador real, Sr. William Phips,
estabeleceu um tribunal especial para lidar com os casos. Até agora houve
tantas bruxas acusadas...
Tantas bruxas falsas, Cassie pensou vagamente, meio de escuta. Se
essa mulher soubesse das reais bruxas à espreita de seu calabouço.
—... Em dez de junho, a primeira das bruxas fora condenada
publicamente. Bridget Bishop, foi enforcada em Gallows Hill, perto de
Salem...
Pobre Bridget Bishop, Cassie pensou. Ela teve uma visão súbita dos
pés de Jeffrey balançando e uma onda de náusea passou por ela.
Provavelmente os pés de Bridget tinham ficado balançando quando a
penduraram, também.
— ... Até o final de setembro, outras dezoito pessoas tinham sido
penduradas também. As últimas palavras de Sarah Goode...
Dezoito. Isso é um monte de pés balançando. Deus, eu não me sinto
bem, Cassie pensou.
— ...e uma nona vítima fora pressionada até a morte. Pressionar era
uma forma de tortura de Puritan em que uma placa era colocada no peito
da vítima, e então pedras mais pesadas eram empilhadas em cima da
placa...”
Ugh. Agora eu realmente não me sinto bem. Pergunto-me como deve
ser ter rochas empilhadas em você até morrer? Acho que nunca saberei,
desde que isso não acontece mais hoje. A menos que você seja pego em
um deslizamento de terra ou algo assim...
Com um empurrão, Cassie se sentou direito, as teias de aranha sendo
varridas para fora de seu cérebro como se fosse uma rajada de vento
gelado.
Deslizamento de terra. Avalanche. Sr. Fogle, o diretor do colégio,
havia descoberto o que é ter rochas empilhadas em você até morrer.
Estranha coincidência. Isso era tudo o que era. Mas...
Oh, meu Deus, pensou Cassie, de repente.
Ela sentiu como se seu corpo inteiro tivesse sido ligado a algo elétrico.
Seus pensamentos foram caindo uns sobre os outros.
Deslizamento de terra. Pressionado até a morte. Mesma coisa,
realmente. E enforcamento. As bruxas foram enforcadas...assim como
Jeffrey Lovejoy. Oh, Deus, oh, Deus. Tinha que haver uma conexão.
— Nunca se sabem quantos morreram na prisão. Em comparação
com as condições lá, o esquecimento rápido de um pescoço quebrado
pode ter sido misericordioso. Nosso passeio vai levá-los agora...
Pescoço quebrado. Um pescoço quebrado.
O pescoço de Kori havia sido quebrado.
Cassie pensou que fosse desmaiar.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!