Capítulo 9

Quando estava triste ou quando não tinha nada pra fazer, Amélia gostava de ficar deitada no sofá da sala ouvindo música. Mas depois da temporada "Estou enlouquecendo", ela criou um  novo hábito: ia quase todos os dias à cafeteria em frente ao seu prédio. Hoje não foi diferrente, após muito pensar (sem sucesso) sobre o que ia fazer pra se reaproximar ao menos um pouquinho de Erick, achou melhor ddescer pra clarear as idéias. Havia, sem querer, feito amizade com Maria, a dona da cafeteria.

- Hola Maria.

- Hola Amélia. Você está diferente hoje. Já sei, conversou com Frank, acertei?

Amélia havia contado para Maria. A mulher mostrou ser de confiança e uma boa ouvinte.

- Conversei sim.

- Então me conta o que ele disse sobre o dilema "Senhor Olhos Azuis"?

- Bom, ele disse que eu não posso deixar o que aconteceu comigo me dominar. Eu tenho que levantar a cabeça e tentar, da melhor forma possível, ter uma amizade saudável com Erick... Resumindo, foi isso.

- Eu gosto desse médico... Mas e aí? o que vai ser hoje Corazón?

- O mesmo de sempre...

- Ok, um pedaço enorme de bolo de chocolate saindo!

- Own'... Maria, eu já te disse que te amo?

- Hoje não...

***

Erick estava procurando um lugar tranquilo para pensar sobre seus problemas. Melhor dizendo: "O que eu faço pra me aproximar da Amélia?"

Decidiu por dar uma volta de carro. Encontrou uma cafeteria na parte mais tranquila da cidade, que parecia ser perfeita para por os pensamentos em dia.

Ao entrar no local, tamanha foi sua alegria, ao ver justamente Amélia Watson sentada em um banco encostado ao balcão. "Obrigado Deus!"

Ela estava relaxada e sorridente conversando com uma mulher que agora estava lhe servindo um pedaço de bolo. Erick sentiu inveja da tal mulher.

Sentou-se ao lado dela, que estava tão concentrada no bolo, que não percebeu a presença dele até Erick fazer o pedido.

- Um café grande com leite e sem açúcar, por favor.

Amélia pôs a mão no peito.

- Eu seria eternamente grata se você parasse de me assustar desse jeito...

- Eu não tenho culpa se você estava distraída com... um pedaço de bolo. - disse Erick rindo da situação e apontando para o prato.

- Só pra você saber não UM pedaço de bolo, e sim O pedaço de bolo!

- Hm... Você falando desse jeito dá até água na boca...

- Vale a pena...

- Deixa eu ver... - Erick pegou o prato de Amélia.

- Ei! Isso é meu! - ela estava rindo das caras e bocas que ele fazia ao comer do bolo.

- Você estava certa. É O pedaço de bolo.

***

- Então você vem sempre aqui? perguntou Erick.

Amélia sorriu do clichê usado por ele.

- Venho. Na verdade eu moro aqui perto...

- Hm... Poderia ser mais específica?

- Eu acho que não.

- Qual é Amélia? Eu não mordo... Só se você pedir...

- Erick... Para!

Amélia estava decidida a tentar se libertar do seu passado, sem falae que tinha prometido à Frank. Mas Erick não estava ajudando...

- Ok, eu paro.

- Se você for um bom menino, talvez eu te diga onde eu moro...

- Ah tia fala logo! - disse Erick juntando as mãos em forma de súplica.

Amélia começou a rir.

- Sabia que eu estava com saudade desse sorriso? - disse Erick também sorrindo.

"Calma Amélia, lembre-se: não deixe o passado te controlar!"

Ela ficou repetindo mentalmente quase como um mantra.

- Bem, a conversa está muito boa, mas eu tenho que ir. - ela disse se levantando do banco.

- Você já vai?

- Eu tenho que ir ao supermercado. A despesa tá quase vazia e o meu gato precisa comer...

- Você tem um gato? Eu adoro gatos!

- Mentira. Homens não gostam de gatos, homens gostam de cachorros...

- Nesse caso... Prazer, sou "Frederica"!

- É sério "Frederica", eu tenho que ir...

- Eu vou com você. Eu acho que você precisará de ajuda com as compras...

- Tudo bem. Maria quanto eu te devo? - disse Amélia se dirigindo à amiga.

- Nada Corazón. Hoje foi por conta da casa. - disse Maria dando uma piscadela.

- Gracias Maria. Então vamos? - disse Amélia à Erick.

- Vamos...

A ida ao mercado foi tranquila, repleta de risadas. Na volta pra casa, Amélia estava apreensiva sobre se chamava ou não Erick para entrar em seu apartamento. Decidiu por chamá-lo. "Acho que não tem nada demais, ele é um colega de trabalho que está me ajudando com as compras..."

- Bom, Erick é aqui que eu moro. - ela disse apontando o pequeno prédio.

- Sério? Na frente da cafeteria?

- É...

- Por isso você está de vestido...

- Como?

- É que se você estivesse de moto estaria de calça e não de vestido. Mesmo que o seu seja longo...

- Certo. Mas eu te disse que morava perto. - disse Amélia enquanto entravam no prédio.

- Mas eu não imaginei que fosse TÃO perto assim!

- Okey, chegamos. - disse Amélia abrindo a porta de seu apartamento.

- É muito bonita.

- Oi?

- A decoração. É muito bonita... - disse Erick.

- Ah... Eu vou procurar o Salem. Você, fique à vontade...

"Sua tonta! É claro que ele estava falando do apartamento! Eu e essa minha mania de perseguição..."

Amélia voltou poucos minutos depois com o gato no colo.

- Erick, conheça Salem.

- Oi Salem. Ele é muito bonito, igual à dona...

"O quê?!"

- Eh... Obrigada por me ajudar com as compras Erick. Foi muito bom conversar com você...

- Eu é que agradeço Amélia. E qualquer coisa é só me chamar que eu estarei sempre disposto a te ajudar no que for preciso! - disse Erick.

- Tudo bem. Pode deixar...

Quando Erick foi embora Amélia estava aliviada por ter conseguido manter uma conversa saudável com ele sem pirar...

- Ufa... Vamos comer Salem?

***

Erick estava feliz. Ele conseguiu se reaproximar de Amélia. E o melhor, ela não pirou. "Acho que esse é o começo de uma bela amizade. Eu espero..."

Essa noite tinha combinado de se encontrar com James e Miranda para comerem uma pizza. Ele não gostava de segurar vela, no entanto não queria arrumar outra pessoa pra sair junto. Estava decidido a convencer Amélia a sair com ele...