Akey

      Se eu pudesse falar algo de meu passado eu falaria, mas não consigo me lembrar de nada além de meu nome. Não sei quais são minhas origens e nem sequer como encontrei estas pessoas que me acolheram, são boas pessoas e uma em especial chamou minha atenção, Chase. O garoto de cabelos compridos e que sempre se preocupa com sua irmãzinha, por algum motivo ele me lembra quem eu costumava ser um dia, isso se eu me lembrasse... Mas me dá uma sensação boa ficar perto dele, é como se eu conseguisse lembrar quem eu realmente era. Eu sei que as coisas nunca mais vão ser as mesmas mas tenho esperança de que o restante das pessoas se sensibilizem e superem esta doença juntos.

      Essa espada, não sei nem como maneja-la direito, mas somente a carrego para intimidação, sou a mais inútil do grupo, o máximo que posso fazer é avisar quando vejo algo suspeito.

      Alexander decidiu que o novo pessoal ficaria na fazenda, só que dormiriam no celeiro.

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      Dia 13 de Julho.

      Já se passaram dois dias depois que o novo grupo chegou, eu não sou boa em recordar seus nomes... Eles não parecem más pessoas tirando o motoqueiro de cabelos compridos que sempre fica rondando a casa com cada de dar desconfiança.

      É noite e Alex acendeu uma fogueira no campo vazio da fazenda, pediu para todos se reunirem lá para conversar. E foi o que fizeram, ao redor da fogueira estavam os dois grupos juntos dividindo o mesmo espaço se aquecendo do frio insuportável do inverno.

      A única pessoa que não estava lá era a francesa com nome estranho, ela parece não gostar muito da gente e menos ainda das novas pessoas.

      Eles estão esquentando seus enlatados e alguns marshmallows que encontraram na dispensa da casa. Estou sentada encolhida ao lado de Chase que está me abraçando esquentando seu marshmallow na fogueira. Beth observa ao lado do irmão também o abraçando, não quero roubar Chase dela...

      Todos estão bem próximos, o militar perto de um garotinho, o indiano ao lado de Markus e um cara com um tapa olho e sua namorada. Alexander junto a April e próximos estão Mary e a garota do outro grupo que estão ao lado dos dois motoqueiros que bebem cerveja.

      Eles comem e bebem satisfeitos, o militar parece entristecido, assim como algumas pessoas do outro grupo também.

      Alexander dá a voz:

- Eu reuni todos aqui com o intuito de nos conhecermos melhor. Não só o seu grupo como o meu também. – Todos ouvem atentamente, o motoqueiro cabeludo bufa mostrando estar impaciente. Abraço Chase mais forte. – Eu começo. – Um silêncio prevalece enquanto ele diz, os únicos sons ouvidos são os do fogo queimando e do vento forte. – Meu nome é Alexander, tenho vinte e quatro anos, eu nasci no Canadá e me mudei para os Estados Unidos quando tinha dez anos... Conheci April no colégio e repeti um ano de propósito para não começar minha carreira tão rapidamente, quando me formei havia decidido seguir carreira militar. Então foi o que fiz, aos dezenove anos entrei para o exército e comecei o treinamento, eu nunca realmente tinha atirado em alguém antes e quando tudo isso começou vi que não tinha mais jeito, ou eu mudava ou morria. – Ele se senta esperando que mais alguém se pronuncie.

- Meu nome é Raj Kurien. Nasci na Índia e com dezesseis anos fui para fora estudar. Me formei em psicologia e conheci Rebecca... Era uma advogada com quem mantive um relacionamento, estávamos perto de nos casar mas tive que voltar para a India devido a problemas familiares e... Quando voltei... Ela já era noiva de outro homem e havia superado nosso relacionamento. Anos depois conheci outra mulher, seu nome era Sarah, formada em biologia e pesquisadora, me apaixonei depois de algum tempo e passamos alguns anos juntos até nos tornarmos noivos, no dia da lua de mel foi quando tudo aconteceu... Fomos para um campo com sobreviventes e lá eles precisavam de voluntários para buscar alimentos, eu me indiquei mesmo sabendo que poderia não voltar. Quando voltei o local estava infestado e Sarah havia desaparecido, eu tenho certeza que ela morreu... Então comecei a vagar sozinho até que encontrei Dracule, bem... É isso. – Ele se senta, o motoqueiro cabeludo ameaça falar alguma coisa mas é impedido por seu amigo que se levanta falando.

- Meu nome é Willian Burton, mas todos me conhecem como Bill. Quando jovem eu tentei me formar em direito mas acabei matando um cara... – Todos soltam algumas risadas. – É sério, o filho da mãe queria matar minha irmã... Era o namorado dela, aquele desgraçado... – As risadas vão parando e Bill vai ficando sério a cada momento que avança na história. – Ele matou minha irmã com várias facadas, depois tentou me matar também, só que eu estava carregado de fúria, ele me acertou no estomago e aquilo me deixou mais puto ainda. Então tomei a faca dele e fiz o desgraçado sofrer, a polícia chegou e pensou que eu tinha matado minha irmã e o namorado dela, mas porque diabos eu faria isso? Então fui mandado para a prisão e lá conheci Earl, esse cara é como um irmão pra mim, então nos tornamos motoqueiros de gangues, ladrões mas nunca cheguei a matar outra pessoa depois daquele cara. Eu penso naquele dia todas noites antes de dormir... – Ele se senta e Earl dá uns tapinhas em suas costas deitado no chão bebendo uma cerveja.

- A gente ainda vai abrir a cova desse puto e matar ele de novo meu irmão. – Bill abre um sorriso e retribui os tapinhas nas costas do amigo.

- Meu nome é Howard, tenho dezoito anos e era mecânico em Bluepone, herdei o negócio de meu pai adotivo e... Uma desgraçada arrancou meu olho com uma faca e se Maya não tivesse me salvado sabe-se lá o que teria acontecido comigo. Obrigado Maya. – Ele agradece dando um beijo em sua namorada. Não foi bem uma história mas não são todos que tem muito a contar, assim como eu...

- Meu nome é Markus Khoza e... Não quero participar. – Ele se senta irritado comendo sopa de tomate enlatada.

- Meu nome é Jake, tenho quatorze anos... Vi meus pais e meus irmãos morrerem na minha frente... E também minha melhor amiga Penny que morreu no lago, ela estava conversando com Kim e tentei procurar a ajuda de Gaspar mas ele se recusou a ajudar... Então ela foi morta. – Ele lança um olhar de revolta para o militar, assim como todos, este permanece quieto olhando para o chão.

- Meu nome é Maya, quando eu era adolescente fui adota por traficantes de um bairro de Nova Iorque, me usavam para levar drogas aos pontos mais difíceis, isto porque era uma garotinha meiga e ninguém desconfiava. Então quando sai dessa vida comecei a viver por mim mesma, me perguntando quem eu era, onde estava... No começo eu via isto como uma salvação mas depois que os problemas começaram a surgir comecei a desejar todos dais sair desse inferno. – Ela se abraça a seu namorado de nome Howard.

- Meu nome é April, eu estava terminando de me formar em medicina e levava uma vida normal com o grande amor da minha vida. – Ela se abraça em Alex. – Nós iriamos nos casar este ano, tenho certeza. Mas isso tudo começou e... – Ela começa a chorar no pranto do namorado, ele a abraça bem forte e beija seus cabelos sinalizando não com a cabeça. Todos ficam quietos, então a voz da francesa surge.

- Meu nome é Kubikova e sou russa, não francesa seus idiotas! – Algumas risadas surgem dos cantos da roda. – nasci na Rússia, minha mãe era uma prostituta e meu pai um mafioso sádico e cruel, desde cedo convivi com pessoas sendo torturadas e nunca dei muita bola para isso. Meu pai queria usar sua filhinha para algo maior, então me treinou, me tornei sua espiã. – Todos ficam boquiabertos, eu sem entender nada somente observo a expressão do pessoal do grupo de Alexander, acho que eles não sabiam disso. – Cresci sem ter algum afeto por ninguém e quando estava vindo para os Estados Unidos o avião que estávamos foi infectado, meu pai mordido e uma bomba implantada. Então saltei sem ao menos tentar ajuda-lo, e eu não sinto nenhum remorso disso até hoje. Por isso não gosto de nenhum de vocês, falo isso para deixar claro que se for tratar de eu ou vocês, será eu, entendido? – Ela diz friamente olhando para todos.

- Mas se você não se importa conosco porque disse isso? Está tentando nos proteger? – Indaga Markus sorrindo comendo a quarto sopa de tomate enlatada.

- Vai se ferrar! – Ela sai enquanto todos riem na roda. O militar conserva-se quieto e então decidi falar:

- Me chamo Gaspar... Quando eu disse que era major do exército, bem... Eu menti, eu era um soldado, major na verdade era meu irmão mais velho...

- Então porque disse para nós que você era major? – Indaga um deles em tom de revolta.

- Eu vi um grupo que precisava de um líder e pensei que se achassem que eu era um alto cargo do exército me aceitariam como líder...

- Um líder de merda. – A namorada de Howard diz, os outros assentem.

- Eu... Eu sei que fui covarde e por minha causa nosso grupo perdeu três pessoas e... Eu peço desculpas...

- Não adianta se desculpar depois da merda toda que você fez seu covarde. – O motoqueiro cabeludo diz já bebendo a terceira garrafa de cerveja.

- Bem... Acho melhor encerrar por aqui. – Alex diz se levantando com algum esforço devido ao ferimento na perna, me levanto também junto a Chase. Se ele não tivesse encerrado a reunião provavelmente as coisas pegariam fogo. – Vamos dormir.

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      Todos voltam para suas camas, o outro grupo não parece tão ruim assim, eles são boas pessoas também.

      Voltei para a casa junto a Chase, sua irmã somente observava-nos de longe. Fui com ele para seu quarto, ele trancou a porta e a escuridão tomou posse do local. Me deitei na cama junto a ele, eu nem me lembro se já havia feito isso antes mas a noite foi longa... Fizemos sexo boa parte da noite até cair no sono... Foi incrível...

...

...

... Eu.

... Gosto.

.... Do Chase.

.... Não.

.... Você não gosta....

.... Quem disse isso?

..... Você mesma, não se lembra?

..... Não... Quem é você?

..... Você.

.... Eu... Não entendo...

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