- Amor acorda. – a voz de Edward hoje pareceu tudo que eu não queria ouvir. Pior que um despertador antigo com aqueles sons esquisitos.

- Não...

- Amor, não podemos faltar a empresa. Hoje teremos...

- Edward, sou sua secretária, sei exatamente o que você tem hoje. – disse com o nível de mau humor alto. O desgraçado só riu e então me ofereceu café. Eu amo meu marido. Sorri E sentei pegando a xícara da mão dele bem melhor. – Eu te amo – Edward gargalhou sentado na cama, ele já tinha tomado banho pelo cheiro maravilhoso que vinha dele.

- Você anda preguiçosa.

- Você me cansa de noite. – ele sorriu largamente e então pegou a maldita câmera que ele comprou para nossa lua de mel e que agora estava em nossa cara infernizando um pouco mais minha vida. Já deveria ter elo menos umas mil fotos naquela merda. – Edward estou tomando café, eu juro que se tirar  mais alguma foto eu te mato ou faço engolir essa xícara.

Ele não se importou e tirou mais fotos nossa na cama, minhas e dele se arrumando, eu tomando banho e depois da gente no carro antes dele começar a dirigir para empresa. Nossa rotina desde que voltamos da lua de mel estava agradável e calma, íamos para a empresa, jantávamos nos Cullen e voltávamos para nosso ninho de amor ou às vezes dormíamos lá por pura preguiça e eu levava Nessie pela manhã para escola e chegava um pouco mais tarde.

Um lado descontraído e até mesmo engraçado de Edward eu começava a explorar. Tudo desde que casamos e ficamos livres tanto do meu quanto do passado dele estava assim, calmo e sereno. Uma vez Esme disse que os deuses do antigo Olimpo deveriam estar satisfeitos com nossa união porque não houve mais nenhuma grande emoção tanto nas ilhas como em nossas vidas, uma calmaria havia se instalado na vida de todos e estávamos desfrutando dela com unas e dentes.

- Me conta tudo! – Alice havia viajado com Jasper a trabalho e estava como um furacão entrando na minha sala. E eu pensei que poderia descansar enquanto Edward encontrava no hotel com um fornecedor. Gemi de insatisfação.

- Bom dia Alice.

Ela olhou o relógio.

- Bella são uma da tarde.

- São? – merda eu tinha que entregar um relatório às dez. Para quem? Minha cabeça estava nas nuvens. Levantei rápido tentando ir até os arquivos e pegar os contratos londrinos para ver que com a quantidade de papel eu não conseguiria de maneira nenhuma fazer algum resumo daquilo antes de digitar o relatório. Merda, Edward disse que era importante.

- O que está acontecendo?

- Eu me esqueci do que Edward me pediu. – disse triste, quase as lágrimas. Eu nunca chorava que merda.

Alice estranhou e pela expressão dela eu poderia ver que ela não me achava normal. Eu nunca chorava por algo assim, mas estava desesperada.

- Vamos almoçar, vou mandar uma mensagem para Edward dizendo que exigi sua ajuda em alguns assuntos e você terá a desculpa perfeita para não ter feito isso. Rose estava indisposta hoje, não veio trabalhar.

- Ela está sentindo alguma coisa? – perguntei preocupada. Rose parecia estar tão bem ontem.

Alice sorriu.

- Eu acho que ela e Emmett arranjaram a desculpa perfeita para ficarem igual dois coelhos em casa. Só isso.

Fazia sentido, aliás, era a cara daquele casal sem vergonha isso. Os dois desde que descobriram a gravidez estavam mais atirados um no outro do que nunca, Esme brincava dizendo que era a hora de aproveitar porque depois que o bebê nascesse isso com certeza mudaria. Eu achava que eles estavam seguindo bem demais os conselhos da matriarca.

- Vamos Bella.

Assim que saímos um entregador entrou procurando o senhor Cullen eu recebi o pacote com naturalidade, eu era esposa dele. Ainda era estranho dizer: meu marido. No entanto, era um estranho muito bom. Todos na empresa agora me viam diferente, me tratavam diferente, eu iria acabar com essa palhaçada aos poucos. Eu não era dona da empresa e lá eu recebia salário como todo mundo, o que eles não sabiam era os números a mais que Edward depositava contra minha vontade. Revirei os olhos lembrando como brigamos sobre isso e tantas outras coisas.

- Então... onde vamos comer?

- Tem um restaurante novo no centro de Atenas.

- Perfeito!

Alice e eu fomos num carro qualquer da empresa.

- Não vai abrir. – ela apontou no carro para o pacote que estava em meu colo.

- Será que Edward não vai se importar?

Alice revirou os olhos para mim.

- Recém-casados. Que coisa chata. Abra logo isso Bella!

Eu abri enquanto Alice administrava a sua curiosidade e a direção pelas ruas. E assim que abri o pacote eu estranhei.

- Edward é assinante dessas revistas? – Alice perguntou.

- Não sei...

Era mais de cinco revistas, todas elas tinham fotos do nosso casamento, algumas de nossa lua mel na ilha. Outras somente tinham Edward e eu em alguns lugares públicos rindo e conversando. Tinham revistas do mundo todo. Uma americana tinha o título: conto de fadas moderno e com um toque grego. A foto era minha de noiva com Edward na recepção da festa.

- São fotos e reportagens nossas. Tem duas revistas de cada.

- Edward nunca gostou dessas coisas, mas agora com você...

Eu estava linda nas fotos e em algumas mesmo ao natural e sem maquiagem com roupas simples ao lado de Edward eu ganhava uma vida. Sorri folheando as fotos e as revistas. Não conseguia entender muito de grego e percebi que essa agora era minha língua também, eu precisava aprender.

- Alice tem algum curso que você conheça de grego para estrangeiros? –guardei as revistas novamente.

- A empresa oferece para alguns contratados estrangeiros. A empresa é composta por múltiplas nacionalidades. Posso providenciar isso, é na empresa mesmo, os professores dão aulas em diversos horários para os funcionários e temos também curso de escrita em grego, há alguns anos atrás percebemos que nossos funcionários estavam com dificuldades na escrita e estava atrapalhando muito o bom desenvolvimento e a qualidade da empresa.

- Pode me inscrever? Farei o mais rápido possível.

- Claro, será maravilhoso. Agora poderá ligar você mesma para a empresa de TV a cabo não é mesmo?

Ri com aquilo. O almoço foi agradável e contei a Alice como foi minha lua de mel. Não tinha muita coisa para contar, fomos para uma ilha deserta, transamos em todos os cantos de todas as formas. Descobri que Edward cozinha muito bem e que ele aprendeu com um chefe a fazer panquecas só para me agradar e que depois de um mês nessa bolha linda de amor voltamos para o acordar cedo, relatórios e telefonemas seguidos de reuniões.

- Edward precisará viajar para os Estados Unidos.

- Visitará seus amigos? Eu achei todos tão agradáveis. Uma pena não poderem ficar mais tempo.

- Agora com todos os planos para Reserva e Billy supervisionando pessoalmente cada mudança ficará difícil, mas faltam apenas dois meses para o Natal e todos virão fugidos do frio que é Forks e a espera do calor grego.

- Nosso dezembro faz um pouco de frio, mas definitivamente não se comparava ao de vocês.

- Não mesmo.

Eu resolvi ir para casa e já que não estava mesmo rendendo fui dormir um pouco antes de Edward chegar, os empregados se encarregariam do jantar e dormir era muito bom. Meu sono estava tão pesado que podia a casa cair que eu nem sentiria, morreria pelo menos dormindo. Não sei quanto tempo se passou, senti algum movimento na cama e virei para ver Edward de banho tomado e com uma roupa simples.

- Dorminhoca, vamos jantar.

- Estou com fome.

- Deveria, só almoçou, são oito da noite.

- Já? – me assustei com a hora e levantei rápido entrando no banheiro. Tomei um banho tranquilo e enquanto me arrumava percebi que Edward retirou as revistas do pequeno sofá que tínhamos no quarto. Desci as escadas determinada a entender as intenções de Edward.

- Onde o senhor Cullen está? – perguntei a uma empregada que arrumava um vaso na entrada.

- No escritório, ele pediu que só servissem o jantar quando a senhora descer. Posso avisar que já podem servir?

- Sim. Obrigada.

Fui até o escritório e assim que abri a porta encontrei Edward recortando as revistas e separando elas. Parecia um menino fazendo um trabalho escolar, achei isso muito engraçado.

- O que está fazendo?

Ele só sorriu travesso e depois voltou a colar todas as fotos que tinha separado num outro álbum. E quando folheava percebi que tinham mais fotos do que de revistas, eram nossas na lua de mel, no casamento. Minhas distraídas, a que tiramos brincando e cortando o bolo, umas pretas e brancas abraçando Esme e depois Billy. Tinha as reportagens e também várias pessoais.

- Poderíamos ter feito isso juntos se era importante.

- É importante, mas é algo mais...um pouco...

Edward acabou de colar a última foto e depois fechou. Eu fiquei olhando a capa. Tinha a nossa foto no altar com o por do sol atrás. Linda.

- Vou mandar para Victória.

- O QUÊ?

Edward só poderia ter perdido o juízo. Só o nome da vadia me deixava enjoada. Percebi que estava enjoada mesmo. Merda.

- Se acalme, você está branca... Bella isso é algo que preciso fazer...

- Mandar nossas fotos para a cadeia? – perguntei controlando a ânsia de vômito que surgiu em mim.

- Uma vez ela disse que tinha nos separado. Você estava mesmo longe quando ela gritou aquilo para todos na delegacia ouvirem. Ela falou que nunca voltaríamos porque você nunca me perdoaria que tudo que fiz a você foi grave demais para uma mulher aceitar. – eu sentia a dor daquelas lembranças. Deve ter sido duro ouvir aquilo da pessoa que durante tanto tempo você viu como vítima. – Eu jurei que um dia esfregaria nossa felicidade na cara dela, que a única e verdadeira senhora Cullen retornaria e que seríamos muito felizes.

Eu entendia melhor aquilo agora, mas não queria mais... nunca mais ouvir aquele nome.

- Edward eu aceito que faça isso. Parece que isso será bom e você se empenhou para fazer isso, mas quero deixar claro que depois disso o nome dela nunca mais estará na sua boca ou em alguma conversa. Não é ciúme porque você me ama e nos casamos. É porque tudo ficou para trás entendeu? O meu e o seu passado, chega. Eu quero o futuro e novas recordações, eu anseio por mais de você e não quero sempre pisar nessa história.

- Mas eu posso enviar? – ele pareceu um menino perguntando a mãe se podia comer mais bolo. A visão de Edward mais novo invadiu minha mente e sorri para ele.

- Pode, mas acabou depois.

- Claro.

Uma empregada bateu na porta e depois de entrar avisou que o jantar estava servido. Edward guardou o álbum da nossa felicidade e peguei em suas mãos se dirigindo para a sala de jantar. Seja lá o que destino nos reservasse eu sabia que poderia enfrentar com ele somente e que com ele eu era forte. Todas as vezes que nossas mãos se encontravam parecia certo e perfeito por mais louca que a situação ao redor fosse. Eu senti isso em Forks, senti isso uma vez quando Nessie parou no hospital, quando nos beijamos a primeira vez, quando nos amamos no escritório e sentia agora indo jantar. Sempre seríamos a pólvora e fogo. O cravo e rosa. Só que de algum jeito os deuses sabiam que o certo era estarmos juntos e eu era feliz como nunca imaginei ser.

Um dia quando contássemos para nosso filho ou netos nossa história sempre teríamos boas risadas para dar disso tudo, mas também nos emocionaríamos porque enfrentamos e porque vencemos.

- Por que está chorando meu amor? – Edward perguntou carinhosamente enquanto eu me sentava-se à mesa.

- Porque... eu sou feliz Edward. E isso me emociona.

- A mim também. – ele falou com a voz tão embarcada quanto a minha. Tão emocionado quanto eu. E ele pegou minha mão depois que sentou. – Eu te amo.

- Também te amo.

“Só pelo amor o homem se realiza plenamente.”

Platão

Edward estava numa reunião com alguns acionistas. Ele tinha um sorriso lindo para mim. Certo, eu estava nervosa e tentando arrumar uma desculpa para não almoçar com ele. Não podia usar Alice e nem Rose, seria arrumar uma confusão na certa e eu estava evitando aquilo, Nessie ia fazer um trabalho na casa de uma amiga e eu estava sem opção. Merda.

- Anotou tudo Isabella?

O que eu tinha que anotar? Eu sorri e assenti. Ninguém acreditou que eu tinha alguma coisa anotada, mas eu estava realmente preocupada com a desculpa que eu deveria dar. Ele encerrou a reunião e cumprimentamos a todos.

- O que foi? – ele estava beijando meu pescoço, a sala estava vazia e eu estava tensa demais para corresponder. Virei-me tentando parecer o mais natural possível.

- Almoça com Jasper hoje.

- Não vai almoçar comigo?

- Tenho que comprar um presente para Nessie e eu...

- A casa da boneca?

- Isso! – eu tinha esquecido que prometi a ela isso caso as notas dela melhorassem. Esme ligou avisando que as notas estavam bem melhores.

- Poderíamos..

- Não! – isso soou desesperado demais. Merda. – Não, eu vou sozinha, assim Alice não descobre e gruda em mim...

- Mas se...

- Vou indo agora tudo bem? Beijos meu amor.

Eu sai correndo da presença de Edward, pegando minha bolsa no caminho e só esquecendo as chaves do carro, mas não tinha problemas o hospital era relativamente perto então daria para ir andando e enquanto isso eu ficaria tentando me acalmar.

- Não crie expectativas. – eu dizia para mim enquanto caminhava pelas ruas movimentadas, mas parei numa loja de bebês e fiquei olhando a vitrine com os lançamentos para o inverno. O próximo inverno. Toquei meu ventre desejando estar mesmo grávida. – Não crie expectativas.

Continuei caminhando e parecia que todas as mães e grávidas passavam por mim. Meu Deus se aquilo mostrasse um não eu com certeza ficaria arrasada. Entrei no hospital esperando sair dali o mais rápido possível antes que Patrick me achasse ou me visse e eu teria que dar explicações. A recepcionista me indicou o lugar onde estavam os resultados e eu caminhei contando os passos. Tinha uma pequena fila e eu estava soando apesar do ar condicionado.

- Não crie expectativas.

Uma mulher olhou para trás me olhando esquisito. Eu sou maluca, droga! Isso é um fato!

- Isabella Cullen. – disse para a atendente e ela foi procurar os resultados. Como uma bela fugitiva eu olhei para os lados, não havia ninguém e então eu olhei para ela novamente e ela estava com o envelope da verdade. Pronto estava ali, tudo ou nada.

- Obrigada.

Eu fui andando para a saída indecisa, onde eu abriria aquilo?

- Droga! – eu esbarrei em alguém e os papéis da pessoa voaram elo hospital. – Ai meu Deus...

- Você não olha para onde anda não?

O homem estava me encarando feio e eu abaixei para recolher, mas acabei quando abaixei esbarrando na mão de alguém e um café caiu.

- Hoje não é meu dia...

- Você é retardada? Quantos acidentes pode causar?

A mulher do café agora falava um grego indecifrável! Eu olhava pedindo misericórdia, mas ela e o homem agora se falavam apontando e logo uma pequena multidão se aproximava de nós. Uma enfermeira recolhia os papéis e eu tentava achar meu resultado que voou junto. Merda!

- πανέμορφη δικηγορίνα μου!

A voz de Edward soou atrás de mim e eu virei para o ver sorrindo e segurando meu envelope. Corei todos os tons.

- Oi.

Ele falou algo para o homem dos papéis que sorriu para mim em seguida e depois a mulher do café me abraçou falando algo como felicidades.

Aproximei-me dele sem saber o que dizer.

- Você quer me dizer alguma coisa? – ele perguntou divertido.

- Como descobriu?

- No dia que veio fazer o exame Patrick te viu aqui e me ligou preocupado. Você ficou dois dias como se estivesse com alguma doença Isabella, até que a vi vomitando ontem e bom... – ele sorriu feliz. Eu o abracei e deixei as emoções me tomarem.

- Eu acho... não sei..

Edward abriu o envelope e leu ele.

- Você está grávida meu amor. Muito grávida!

Eu senti as lágrimas de felicidade escorrer e ele as enxugou rapidamente.

- Eu te amo tanto... meu Deus... isso é um sonho...

- Você é meu sonho Isabella. Um sonho lindo.

Edward e eu nos esquecemos do mundo quando demos aquele beijo no hospital.

Fim dos tempos

Venha pegar a minha mão

Eu não vou deixar você ir

Eu serei sua amiga

Eu te amarei tão profundamente

Eu serei a única a beijá-lo à noite

Eu te amarei até o fim dos tempos

Eu serei o seu amor

Prometo não deixar você partir

Te amarei loucamente

Diga que você nunca me deixará ir

Eu o levarei para longe daqui

Não há nada entre nós, só espaço e tempo

Eu serei sua própria estrelinha

Eu brilharei no seu mundo

No seu pequeno universo

Eu serei a sua garota

Venha pegar a minha mão

Eu não vou deixar você ir

Eu serei sua amiga

Eu te amarei tão profundamente

Eu serei a única a beijá-lo à noite

Eu te amarei até o fim dos tempos

Eu serei o seu amor

Prometo não deixar você partir

Te amarei loucamente

Diga que você nunca me deixará ir