Eu estava a horas rodando sem rumo. Eu estava desnorteada com as palavras de Victória, ela tinha razão quanto a meus sentimentos. Eu me sentia trocada e de certa forma usada. Eu conseguiria superar isso? Conseguiria perdoar Edward e suas falhas? Esses pensamentos me fizeram parar o carro e ver a praia a minha frente, sai do carro e fiquei sentindo a brisa. Estava noite e eu nem percebi como as horas passaram. Olhei para meu celular e não tinha vontade de retornar nenhuma chamada. Não queria ver ninguém e desejava que Paul estivesse aqui e pudesse pelo menos fazer alguma piada para eu rir.

- Minha casa é perto daqui sabia?

A voz de Patrick me fez pular e ao mesmo tempo correr para os braços dele. Eu o abracei deixando as lágrimas caírem e o desespero me tomar porque no fundo era assim que estava. Foi um dia tão intenso, eram tantas emoções e eu naquela hora precisava desabar um pouco.

- Calma... não quer ir lá em casa? É bem perto, vi seu carro e desci.

- Estou... olha...

Não conseguia completar, ele apenas me guiou a um bar que tinha perto e nos sentamos numa mesa. O som que vinha do mar era magnífico, eu enxuguei as lágrimas, me acalmei e vi quando o garçom retornou a mesa com um copo de água. Bebi quase metade e olhei Patrick pacientemente me olhando.

- Obrigada.

- Não quer conversar sobre o que aconteceu?

E foi a deixa para eu contar tudo. Contei por horas tudo que sentia e tudo que tinha acontecido. Eu nem pensei que aquele era o homem que estava tentando ter alguma coisa comigo, eu precisava falar com alguém de fora, alguém talvez neutro a tudo.

-... Então Edward é inocente, Victória é uma vadia sem alma e eu uma... eu não sei o que sou Patrick... eu queria entender ou saber o que fazer,mas não sei. Sinto-me tonta e perdida. Eu o amo. – declarei por fim. – Eu o amo como nunca amei ninguém. Ele me ama. Só que não basta... só isso não foi suficiente....

- Eu sei o que Edward sente. – disse ele olhando o nada. Seus olhos estavam distantes. – Eu sou o do meio de três irmãos. Eu e Leo somos os mais velhos, fomos criados para proteger e amar nosso irmão mais novo. Ele nasceu quando estávamos já grandes... foi uma surpresa quando mamãe engravidou. Eu tinha cinco, Leo tinha sete. Não estavam mais esperando. – Patrick fez uma pequena pausa. – Só que irmãos mais novos dão trabalho, choram muito, são mimados além da conta... eu e Leo queríamos brincar e correr, só que Peter era pequeno e frágil. Conforme ele foi crescendo conseguimos lidar melhor com as diferenças, éramos mais velhos afinal. Quando ele tinha cinco anos fomos brincar num parque perto de nossa casa. Leo estava sentado com uma menina e eu brincando com Peter. Nossa mãe disse que era para cada uma olhar o outro, só que Leo era mais velho e sempre se sentia responsável por tudo e por todos. – Patrick então fez outra pausa bebendo um pouco da minha água – A bola saiu e Peter saiu correndo, não tive tempo de chegar a tempo. E num segundo tudo mudou. Ele estava correndo e na outra não.

Eu fiquei chocada com o final. Meus olhos enchiam de lágrimas e Patrick então me olhou profundamente.

- Leo nunca mais foi o mesmo e fizemos terapia durante anos. Nossa mãe apenas sobreviveu durante um tempo e por mais que falassem que foi uma fatalidade aquilo nunca entrou em nossas cabeças. Ele era o mais novo, o ser a ser protegido e amado mais que a nós. Leo hoje é casado e têm dois filhos, o mais velho se chama Peter e eu sei  que para ele é tão difícil quanto para mim. Eu sei que cada avanço nas nossas vidas é uma dor porque ele não está lá. Porque ele hoje poderia estar conosco e não está. Eu entendo Edward mais do que pode compreender.

Fiquei uns minutos em silêncio absorvendo aquilo. Deixando as lágrimas caírem.

- A culpa Isabella nos cega, nos transtorna. Se pudéssemos por um segundo não fazer ou fazer algo mudaríamos. Ele não te traiu. Ele só queria desesperadamente desfazer o que fez no passado, ele tinha essa oportunidade. Ele te ama, eu vejo nos olhos dele a intensidade do amor dele. É algo que não pode negar por mais errado que ele esteja.

As palavras de Alice voltaram a minha mente. Sim, ele me amava.

- Nem tudo é perfeito, somos seres humanos, às vezes erramos e nossos erros magoam as pessoas que mais amamos. Edward deve estar vivendo isso.

- Eu estou tão atormentada...

- Vocês precisam de um tempo. É muita coisa, muitas emoções e agora ele vai precisar assimilar essa nova descoberta. Se deem um tempo.

Eu precisava de um tempo mesmo. Estava exausta de tantas emoções e situações. Olhei o relógio, era tarde e então agradeci imensamente o apoio de Patrick me desculpando por não retribuir os sentimentos dele por mim. Naquela hora eu havia terminado o que nem havia começado. Eu sabia que poderia contar com Patrick, ele era uma ótima pessoa e desejei a ele uma boa pessoa. Segui um pouco ainda sem rumo até bater uma vontade louca de voltar para minha casa, o que eu considerava meu lar. Fiz o caminho automaticamente e agradeci a Deus não ter ninguém ali. Estava tudo escuro e parecia de certa forma desabitada. Desliguei o carro e saindo dele indo em direção à entrada. Eu lembrava o código... Seria o mesmo? Assim que terminou a porta se abriu e eu apenas sorri.

- Casa.

Disse baixo e deixando a sensação gostosa de estar ali me envolver. Subi as escadas no escuro mesmo, com cuidado, mas querendo chegar ao nosso quarto rapidamente e deitar naquela cama mesmo sem Edward ali, só para me acalmar um pouco, só para estar em paz alguns instantes. E assim que abri a porta do quarto e acendi as luzes me assustei com a figura de Edward sentado na cama. Eu via o estado deplorável em que ele estava, via como seu mundo estava destruído.

- Bom... eu...

- Estou sonhando não estou? – disse ele.

- Não. Estou aqui.

- Minha mente passou meses fantasiando com você entrando por essa porta.

- Fantasiei várias vezes entrar por ela.

Confessei. Edward se levantou e vi que ele estava sem camisa e apenas com uma calça de moletom. Ele veio em minha direção devagar e eu fui à direção dele no mesmo ritmo, mas assim que nos encontramos eu não resisti. Não queria resistir. Beijamos-nos com paixão e amor. Entregamos-nos a saudade e ao amor que existia dentro de nós. As mãos foram passeando, os pés nos levaram para a cama. As roupas estavam sumindo e nossos corpos cada vez mais perto, cada vez mais famintos. Então houve mordidas, beijos, carícias, gemidos e prazer. Eu nunca senti tanto prazer na minha vida. Nunca entendia quando James dizia que o sexo como amor era mais intenso, eu achava que ele estava sendo meloso e insano. Só que Edward cada vez que entrava em mim provava que isso era verdade. Nossos olhos não desviavam, nos olhávamos como se quiséssemos ter certeza que não era sonho ou que estávamos mesmo ali.

Suada e cansada. Era assim que eu me encontrava depois de Edward e eu fazer amor mais uma vez. Tanto eu como ele sabíamos que isso era apenas um reencontro inevitável, mas que não acertava tudo.

- Preciso ir. – disse me sentado na cama.

- Fica. – disse quase implorando.

- Eu preciso de um tempo Edward.

- Me perdoa. Perdoa o que fiz com nosso amor, com nossos planos...

- Edward...

Ele sentou do meu lado e virou meu rosto.

- Me perdoa por estragar a melhor coisa que já aconteceu na minha vida. Por não lutar ou acreditar em você.... me perdoa Bella...

- Hoje eu não consigo fazer nada. Preciso de um tempo.

- Eu te amo.

- Eu também te amo. Muito mais do que um dia imaginei. Mas estamos precisamos de um tempo. Foi muita coisa.

- Foi. – disse concordando.

- Ela te enganou. Só que você não quis ver muita coisa.

- Sim. – Edward estava tão derrotado na minha frente.

- Um tempo. É só isso que preciso.

Levantei me arrumando e deixando Edward no mesmo lugar. Eu não deixaria de ama-lo nunca, não era mulher de ter muitos amores na vida. Edward sempre seria a pessoa mais amada e odiada por mim. Estava certo. Era nosso destino. Nossas vidas sempre seriam assim, mas agora não era para acontecer. E voltei para meu apartamento sentindo um pouco de tudo. Principalmente cansaço.