- Edward você vai comigo não vai? – minha mãe estava chorosa. Meu pai trancado no escritório a horas e Alice estava deitada com Jasper na cama. Eu e só eu podia fazer o que ninguém mais conseguia. Ir ao enterro de Kate. Tinha fotos dela pela casa toda, agora todas elas saltavam aos nossos olhos. Não havia naquela casa nada que não lembrasse ela e sua felicidade que nos iluminava.

- Vou conversar com papai mãe.

Enquanto eu andava para o escritório eu podia sentir o peso de minhas atitudes. Eu podia sentir toda a culpa. Kate tinha morrido sem ao menos termos a oportunidade de corrigirmos nossos erros com ela e James. Eles estavam mortos. Os dois estavam mortos.

Entrei no escritório e vi meu pai e Emmett sentados calados. Emmett nunca foi de se abater. Ele nunca foi de se entregar e hoje estava aqui abatido e entregue a dor.

- Pai, mamãe quer saber quem vai com ela. O enterro foi adiado para que alguém pudesse ir. – disse tentando me manter calmo.

- Não vou conseguir enterrar uma filha minha. – ele disse pensativo. – Não Kate... eu a amava sabiam? Eu... fui estúpido e muito...

- Pai, todos nós estávamos abalados.

Por minha culpa. Minha culpa.

- Pai tudo aconteceu num momento ruim, estávamos todos um pouco abalados. Foram anos complicados. – Emmett dizia sem nenhum tom de acusação, mas eu tomava para mim cada palavra.

- Pai, a culpa foi minha. Quando Kate conheceu James vocês pensaram logo que o que aconteceu com Vitória poderia se repertir, agiram querendo o melhor para ela. Ninguém aqui conhecia ele e o medo foi um aliado muito bom. – eu disse querendo me jogar de algum lugar. Só que fugir não era a solução, precisávamos encarar os fatos e enfrentar as consequências. Eu nunca mais fugiria das minhas responsabilidades.

- Edward essa conversa nós já tivemos. – Emmett disse mais firme – Todos erramos. TODOS!

- Você não errou. – eu disse e ele arregalou os olhos – Você sempre conversava com ela. Você se encontrou com ela uma vez.

- Como...

- Eu ouvi uma vez uma conversa de vocês. – disse derrotado. – Ela falava sobre Nessie e você sorriu ao falar dela.

Papai estava com os olhos arregalados para Emmett.

- Por que não nos contou? – ele perguntou ainda em choque.

- Ela pediu para não contar. Ela não guardava mágoas, mas não queria que nos intrometessemos na vida dela. Ela sabia que quando vocês vissem como ela vivia iriam interferir. Iriam querer dar a ela tudo que ela tinha aqui.... e ela estava bem..

- Ela não queria falar com a gente... – meu pai disse ainda mais triste se possível.

- Não pai, ela sabia que apesar de tudo estavam bem, ela ia falar com vocês... iria vir aqui...  Kate morreu antes de conseguir pisar aqui de novo. Ela e James não guardavam mais mágoa e ela queria que Nessie conhecesse os avós, ela queria reatar com vocês... o acidente foi algo estúpido demais! – Emmett disse liberando as lágrimas – Ela queria fazer uma surpresa, eles só tinham medo da reação de vocês por Nessie... eles não iriam suportar que a tratessem mal...

- Nunca iríamos trata-los mal. Meu Deus...

- Pai eu vou com mamãe. Eu vou ver o que vai acontecer... Nessie é neta de vocês, os pais de James estão mortos e preciso ver como nossos advogados o que as leis internacionais falam sobre isso.

- A guarda é da tia. – Emmett disse. – Há uma tia que criou Nessie.

- A guarda é de quem a Justiça determinar, não sabemos em que condições essa tia criará Nessie, o que ela herdou dos pais e se for uma pessoa de má índole? Que crie Nessie e depois venha nos pedir dinheiro? Já pensou nisso?

- Kate era apaixonada por Isabella, não acredito que isso seja verdade Edward. – disse Emmett num tom sério.

- Vou ver isso com meus próprios olhos e mamãe merece criar a neta. Afinal...

- Pense nessa tia que acabou de perder o irmão e que agora vai ter uma sobrinha arrancada dos braços Edward! Pelo amor de Deus! – Emmett quase gritou essas palavras.

- Emmett já perdemos Kate. – disse sério.

E ele entendeu o que eu queria. Eu queria um pedaço de Kate, algo que nnos trouxesse a alegria novamente. Eu saí do escritório e comecei a ajeitar tudo para nossa ida aos EUA, eu ia pouco lá, principalmente por saber que Kate estava nesse país. Eu queria devolver a minha mãe um pouco de alegria, ao meu pai a chance de se redimir e talvez consertar os erros do passado. Eu precisava resolver o que eles não tinham condições de resolver por estarem muito abalados com tudo.

Minha mãe arrumou tudo rapidamente, meu pai fez um pequeno cerimonial em casa convidando uns poucos amigos. Ágatha e sua família vieram nos prestar os seus sentimentos, sua mãe ficou com minha mãe chorando num pequeno canto da sala. Viajaríamos de madrugada para chegarmos lá bem cedo, uma pessoa chamada Jacob estava organizando tudo e nos deu detalhes e também nos forneceu endereços necessários. Esme foi calada, perdida em suas lembranças e dor. Minha dor era além de vê-la carregar a culpa de tudo.

- Vamos direto Edward. – minha mãe quase suplicou enquanto esperávamos a bagagem.

- Mãe, vamos para o hotel. Comer alguma coisa e vamos para onde Kate morava. Não há a menor possibilidade de você encontrar com uma criança assustada nesse momento, sua neta precisa de uma avó um pouco mais controlada não acha? Estamos cansados e muito abalados.

- Isso não vai passar Edward...

- Não vai mãe, mas podemos nos apresentar de maneira mais calma não?

Abracei minha mãe tentei passar a confiança que papai com certeza passaria. Eu não o culpava por nada. Sua última briga com Kate foi a ultima coisa que ele fez enquanto ela ainda era viva,depois  nunca mais se falaram. Tomamos um banho, comemos em silêncio no restaurante e depois um motorista nos levou para o endereço. A casa era grande e bonita, tinha alguns carros na entrada e naquela hora não sabia mais como agir, eles deveriam estar num luto profundo como nós não? Segurei na mão de minha mão dando confiança e andamos até a entrada, tocamos a campainha e uma mulher nos atendeu.

- Somos... somos... – mamãe não conseguiu completar a frase sem deixar as lágrimas correrem por seu corpo.

- Os parentes de Kate. Viemos ver Nessie.

- Claro... claro... entrem por favor.

A mulher pareceu surpresa e ao mesmo tempo temerosa. Ela nos levou até um sala e ficamos ali vendo as coisas, porta retratos... tinha foto de Kate, Nessie e James, várias dela com uma mulher. Uma linda mulher. Peguei um foto e admirei. Seu sorriso era lindo e ela abraçava Nessie fazendo a menina sorria largo.

- Ela é uma réplica de Kate. – minha mãe observava o que eu também já tinha conseguido ver. Ela era Kate mais nova, poucos traços do pai. Ou será que a nossa visão estava sendo afetada por nossa dor e esperança de termos um pouco mais de Kate por perto?

A mulher desceu e pude perceber que chegamos numa hora imprórpia, ela estava abatida e um pouco desorientada ainda. Posso dizer que naquela hora duas coisas aconteceram: eu me senti estranho pela presença dela e eu queria tê-la mais um pouco. Ela se mostrou uma leoa defendendo a cria, não nos deixou ver Nessie e também não aceitou o fato de que a menina viria conosco para Grécia, sim, ela voltaria conosco. Os advogados tinham já nos informado que pelas leis internacionais a guarda da menina era nossa, Isabella não teria a menor chance em luta judicial, seja pela nossa posição ou por conta de nossos advogados.

Voltamos em silêncio, eu estava doido com a ideia de separar Nessie daquela tia um pouco maluca que gritou conosco. Eu queria sacudir a maluca e dizer umas boas coisas para ela, mas eu também queria me aproximar e sentir seu cheiro... tê-la mais perto... E passei o resto do meu tempo dentro daquele quarto pensando nisso. Eu queria me aproximar dela... lembrei do estrago que fiz na vida de Vitoria e pensei que poderia ser muito bom afastá-la de uma vez de tudo, mas ao mesmo tempo pensei também que não queria separar as duas e a ideia de não poder desvendar aqueles olhos me maltratava um pouco.

Eu fui egoísta. Eu escolhi manter aquela mulher perto de mim. Só não sabia exatamente se por Nessie ou se por mim. Minha mãe gostou da ideia de levar Isabella quando comentei, ela amou ter Nessie um pouco mais relaxada perto de nós. Um toque familiar... mais familiar para ela. Eu não conseguia imaginar o que aconteceria quando voltássemos para Grécia, mas eu tinha certeza que minha vida nunca mais seria a mesma, um coração que eu achava estar morto ressuscitou quando a viu, quando ouviu sua voz e ficou dependente daquele jeito nervoso e estourado dela. Sim, ela tinha um gênio do cão e eu não conseguiria prever o que aconteceria.

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