A Volta da Garota Sobrenatural escrita por Hunter Pri Rosen


Capítulo 10
Capítulo 10 - Curtindo a festa


Notas iniciais do capítulo

Bem, fiz um capítulo bem maior que os anteriores porque não tinha como dividir isso em duas partes. Além disso, acho que vocês ficariam p da vida comigo. Então, fiz um capitulo bem instigante, com pitadas de humor, com coisinhas românticas e com algumas coisinhas agoniantes. Resumindo, ficou bem meigo. Espero que todo mundo goste e não deixe de deixar sua opinião.Ah! Só mais uma coisinha. Sugiro que quando começar a música X no momento X (vocês vão saber qual é este momento) vocês escutem a tal música e imaginem a cena. Acho que ficou legal. Simbora!



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Mia chegou no estacionamento e pediu para o segurança liberar a entrada dos seus convidados. Depois andou até eles e ficou em silêncio esperando que Dean brigasse com ela pelo que tinha feito. Mas para sua surpresa, ele não disse nada. Então Mia começou a sorrir e perguntou:

– Sem ressentimentos?

– Você é completamente doida, Mia. – disse ele.

– Humm... Eu sei. – admitiu ela.

– Castiel está aqui? – quis saber Sam.

– Sim. – respondeu Mia deixando transparecer um brilho no olhar e um leve sorriso.

Garth percebeu e indagou:

– Vocês... Decidiram sobre o casamento?

– Ah... Na verdade, no momento nós estamos mais preocupados em resolver aquela questão sobre o Crowley. Mas se eu sobreviver a tudo isso... Quem sabe eu não te convido para ser o padrinho? - brincou ela.

– Se você sobreviver? – quis entender Dean – Então você acha que tem alguma chance?

– Nossa, Dean! O seu otimismo é contagiante... – ironizou ela – Olha, eu sei que quando eu fugi de vocês eu estava disposta a morrer se fosse preciso para mandar o Crowley pro Inferno, eu digo mais, eu realmente tinha entregado os pontos, mas quer saber? Nenhum de nós sabe o que vai acontecer esta noite. Pode ser que eu morra, pode ser que não. Talvez o ritual não seja tão pesado assim... Talvez eu ainda tenha alguma chance.

– Mia, eu fico feliz por você ter esperança, mas tem uma coisa que você precisa saber. – começou Sam - O ritual... Ele usa a energia da alma para exorcizar o demônio. Com isso, você pode ficar fraca, ter alucinações, e essas alucinações podem ficar bem... Reais. Elas podem te matar.

Mia pensou um pouco sobre o que Sam tinha dito e depois lembrou do que Castiel lhe pediu. Sobre ela não morrer. Se ela ficasse ferida, ele poderia curá-la. Então só o que ela tinha que fazer era administrar as tais alucinações e não deixar que elas chegassem a um ponto sem volta e se tornassem perigosas demais. Aquilo a deixou com certo medo, mas por outro lado, não queria perder aquele pouco de esperança que tinha encontrado no meio de tudo aquilo.

– Eu posso fazer isso. – garantiu ela – E agora que vocês estão aqui para me ajudar, ao meu lado, ninguém e nenhuma alucinação vai me impedir de conseguir.

– Então, agora você quer a nossa ajuda?- indagou Dean.

– Vocês não vieram aqui para fazer testes vocacionais, vieram? – brincou ela – Vamos entrar. Temos muito trabalho a fazer.

Então eles andaram em direção ao campus. Mia conhecia uma entrada alternativa. E naquele horário, o lugar ainda estava relativamente vazio. Dentro de algumas horas o cenário mudaria. Uma das quadras já estava pronta para receber a festa. Mas atrás dela, tinha outra quadra que estava em reforma e, por isso, temporariamente desativada. Era o lugar perfeito para exorcizar demônios. Logo todos começaram a trabalhar para deixar tudo pronto o mais rápido possível. Colocaram sal em todas as entradas e fizeram algumas armadilhas do diabo em pontos estratégicos. Castiel apareceu e ajudou Mia a fazer uma delas. Era engraçado, mas ela achou aquilo sobrenaturalmente romântico. Garth se encarregou da água benta e depois foi ficar com Kevin que estava escondido em outro lugar no campus. Então começaram a elaborar um plano para enganar Crowley. Kevin era uma peça fundamental para aquilo. Nada podia dar errado. E algum tempo depois, tudo estava pronto. A noite começava a cair.

– Bem, eu nunca pensei que fosse dizer isso, mas eu vou seguir o conselho do Crowley. – suspirou Mia e todos a olharam sem entender – Vou colocar o meu melhor vestido. – avisou ela se retirando.

Uma hora depois, quando Mia saiu do quarto, Sam, Dean e Castiel não conseguiram disfarçar a surpresa. Mia usava um vestido preto com alguns detalhes em brilho. Era justo na parte superior e solto na parte de baixo. O comprimento ia até os joelhos.Uma pequena abertura na parte de trás deixava uma parte das suas costas à mostra. Tinha feito alguns cachos no cabelo e feito uma maquiagem sombria e sexy ao mesmo tempo. Já que ela ia exorcizar um demônio, e não qualquer demônio, tinha que estar um arraso.

– O que foi? - estranhou ela vendo as expressões deles.

– Nada... - disfarçou Sam - É que você está...

– Não que você não seja. - interrompeu Dean - Mas é que agora você está mais... Assim... Diferente.

– É... - concordou Sam – Diferente. Bem diferente, na verdade.

Mia guardou o spray de pimenta na bolsa enquanto dizia:

– Nada traduz “mais bonita” tão bem quanto “diferente”. Obrigada, rapazes.

– Bonita não. Na verdade, você está linda. - corrigiu Castiel.

– Qual é! Não temos tempo para isso agora, meu anjo. - cortou ela fingindo não se importar com o elogio, mas ao se virar não conseguiu segurar um sorriso. Começaram a caminhar e ela continuou - Uma garota não pode se produzir para uma festa? Além disso, é a minha despedida. E é a noite em que o Inferno vai abrir as portas para receber o seu Rei. É uma ocasião especial.

Ao chegar na quadra onde a festa acontecia, Mia anunciou:

– Agora temos que nos separar. Quem encontrar o Crowley primeiro, sabe o que tem que fazer.

Sam e Dean foram cada um para um lado. Mas Mia notou que Castiel continuava atrás dela. Continuou andando no meio das outras pessoas e de repente se virou para ele ao mesmo tempo em que ele disse:

– Nós precisamos conversar.

– Eu sei, mas não agora. Agora nós temos que nos separar. - orientou Mia.

– Eu não vou deixar você sozinha. Não desta vez. - avisou Castiel.

– Dessa vez? – reforçou ela - Então eu estava certa desde o começo. Nós já nos conhecíamos. Pelo menos você parou de negar isso.

– É por isso que nós precisamos conversar... - insistiu o anjo.

Mia segurou Castiel pelo braço e foi andando com ele no meio da multidão e daquela música alta enquanto explicava:

– Olha, aproveitando que a música está alta e que provavelmente você não vai entender uma palavra do que eu vou dizer, eu vou confessar uma coisa. Você e eu... Quem diria? Talvez possa dar certo. E se eu sobreviver... Eu quero que dê. É óbvio que nós temos alguma coisa e está rolando um clima interessante faz tempo. Ok, eu parei de negar isso. E pelo visto você está querendo contar algo importante. Ótimo! Antes tarde, do que mais tarde. Mas agora não é o momento mais apropriado para discutir a relação. Então tudo o que eu te peço agora é: vamos fazer o nosso trabalho e depois você me conta tudo o que você quiser, ok? Eu serei toda ouvidos. Agora: separar.

– Eu ouvi tudo o que você disse. – afirmou Castiel parando de andar ao mesmo tempo em que a música terminou – Eu também quero que isso dê certo.

Mia olhou para ele e começou a tocar Gravity da Sara Bareilles.

– Oops... Música romântica à vista. Essa é a minha deixa. – disse ela enquanto se afastava.

Castiel segurou a sua mão a fazendo voltar.

– Crowley pode esperar um pouco. - disse ele.

– Eu não sei... - relutou Mia.

– Da última vez você subiu no palco e fez uma performance para uma multidão. – revelou ele - Tudo o que eu estou te pedindo agora é uma dança.

– Conta outra! – duvidou ela – Eu jamais faria uma coisa dessas... Faria? - e como Castiel assentiu, Mia deduziu que era verdade e disse envergonhada - Oh, meu Deus! Eu fiz isso...

Então ela tentou se afastar de novo.

– Só uma dança. – insistiu Castiel segurando sua mão.

Então Mia sentiu um misto de confusão e emoção. Aproximou-se e passou os braços pelo pescoço dele enquanto ele segurava em sua cintura.

Something always brings me back to you

It never takes too long

No matter what I say or do

I'll still feel you here

'til the moment I'm gone.

Se aproximaram mais. Mia encostou a cabeça em seu ombro. E então admitiu para si mesma que estava apaixonada. Ponto. Não adiantava mais negar. Não queria mais negar. Fechou os olhos e deixou que Castiel a guiasse.

You hold me without touch

You keep me without chains

I never wanted anything

So much than to drown in your love

and not feel your rain.

Até que para um anjo ele dançava razoavelmente bem. Razoavelmente bem significava que ele não tinha pisado no seu pé até aquele momento. Por que ele estava fazendo aquilo mesmo? Ah, certo! Devia ser para matá-la de vergonha. Mas tinha que admitir que estava gostando daquele momento. E era bom tê-lo tão perto. Sentir o calor do seu corpo. Podia jurar que ouvia o coração dele batendo tão rápido quanto o seu.

Set me free, leave me be

I don't want to fall another moment into your gravity

Here I am and I stand so tall,

just the way I'm supposed to be

But you're on to me and all over me

Ele também estava apaixonado. Um anjo apaixonado. Quem diria? Toda aquela preocupação com ela, todas as vezes que a salvou, todas as vezes em que ela o pegou a olhando, todas as vezes em que ele pareceu perdido e incomodado com as perguntas que ela fazia. E agora ele queria que ela soubesse. Ele queria contar tudo. Mostrar a verdade. Fazê-la lembrar do que o coração dela nunca tinha esquecido. Que era apaixonada por ele. Sempre foi e sempre seria.

You loved me 'cause I'm fragile

When I thought that I was strong

But you touch me for a little while

and all my fragile strength is gone

Se apaixonou por ele quando o viu há dois meses naquela lanchonete. Se apaixonou quando ele a surpreendeu na biblioteca há alguns dias. Se apaixonou quando ele a abraçou quando o fantasma de Ric se foi e quando a salvou de Meg. E se apaixonava por ele agora. Novamente. E cada vez mais.

Set me free, leave me be

I don't want to fall another moment into your gravity

Here I am and I stand so tall,

just the way I'm supposed to be

But you're on to me and all over me

Como podia sentir tudo aquilo e ter demorado tanto tempo para admitir? Como tinha sido estúpida. Ok. Não sabia se o que sentia era certo, afinal Castiel era um anjo, mas não saberia como não sentir aquilo. Não queria. Não podia. Não saberia viver sem aquilo. Sem ele. O abraçou mais forte. Por um momento, naquele momento, era como se não houvesse mais ninguém em volta. Nem nada. Nada existia. Nada importava. Só os dois. E a música.

I live here on my knees

as I try to make you see that

you're everything I think

I need here on the ground.

But you're neither friend nor foe

though I can't seem to let you go.

The one thing that I still know

is that you're keeping me down.

Castiel passou a mão por seus cabelos e por seu rosto com cuidado. Ela se virou para vê-lo. Se olharam. E involuntariamente começaram a se aproximar. Ele segurou seu rosto. Mia o olhou um tanto confusa antes de aproximar mais o seu rosto do dele. Seus lábios estavam tão próximos... Mia fechou os olhos. Castiel fechou os olhos. Quase se tocando. Iam se encontrar.

Keeping me down

You're on to me

you're on to me

all over me.

Something always brings me back to you.

It never takes too long.

Mas algo interrompeu. A música acabou e Mia teve a impressão de que as luzes piscaram subitamente. Castiel se afastou. Parecia que tinha visto ou ouvido algo que ela não conseguiu captar.

– Espere aqui. - pediu ele e quando Mia percebeu ele já tinha desaparecido.

– Nem morta. – discordou ela saindo da pista.

Ela parou em seguida ao sentir o celular vibrar dentro da bolsa. Viu que era uma mensagem de um número desconhecido que dizia:

"Trouxe o que eu pedi? Me encontre nos fundos."

Era Crowley. Mia olhou em volta e não viu nem Sam, nem Dean muito menos Castiel. Então Mia replicou a mensagem para os Winchesters, Garth e Kevin. Castiel não tinha celular. Ou não sabia usar. Se sobrevivesse perguntaria isso para ele. Não queria pensar nisso naquele momento. Se iria sobreviver ou não. Tinha que agir. Saiu da multidão e foi em direção a outra quadra. Era do outro lado da prédio. Tinha que se apressar.

Enquanto isso, Castiel andava pelos corredores da faculdade. De repente sentiu algo no ar e parou em frente à biblioteca. Entrou. Estava escuro e completamente vazio. Caminhou por cada corredor observando atentamente. Parou ao ouvir um ruído em um dos corredores. Seguiu o barulho e de repente ouviu uma voz dizer:

– Olá, Cas.

Então, uma chama o envolveul. Era um círculo feito no chão. Mais precisamente uma armadilha para anjos.

– Crowley. - reconheceu ele enquanto o Rei do Inferno saía das sombras.

– É tão bom te ver! - disse o demônio com ironia.

Mia chegou na quadra. Não havia ninguém.

– Acabei de enviar uma mensagem para a sua namoradinha. – prosseguiu Crowley - E mais uma vez você não estará lá para protegê-la.

– Se você encostar um dedo nela... - começou a dizer o anjo.

– Eu? Assim você me ofende. Demônios têm palavra, sabia? Alguns. Bem, resumindo, eu não vou machucá-la desde que ela cumpra o acordo. E então todos poderão voltar para casa felizes. Sãos e salvos. Happy end. - prosseguiu Crowley.

– Você não espera que eu acredite nisso, espera? - indagou Castiel.

– Esperar... - refletiu Crowley enquanto se afastava – Eu sinto que isso é tudo o que te resta...

Crowley desapareceu em seguida, enquanto Mia ficava cada vez mais impaciente. Andava de um lado pro outro. Será que aquilo era uma armadilha? Não, desta vez, eles estavam um passo a frente dele. Ia dar certo. Tinha que dar certo. Por seus pais, por Ric, por ela... Por tantas pessoas que Crowley machucou e ainda machucaria. Naquela noite, ela teria sua vingança. Mais do que isso. Ela teria justiça. E então, Kevin teria mais tempo para decifrar a tábua, Sam e Dean teriam mais tempo para realizar os tais testes e Crowley e todos os outros demônios nunca mais conseguiriam sair do Inferno. Portas fechadas para sempre. Tinha que dar certo.

Mia parou de andar ao perceber que as luzes estavam piscando. Se virou e viu Crowley do outro lado da quadra.

– Você veio sozinho? - surpreendeu-se Mia.

– Claro que não, garota estúpida. Digamos que eu tenho alguns amigos na festa. Eles irão botar pra quebrar caso eu estale os dedos. – ameaçou ele estalando os dedos.

Mia pensou em quantos convidados daquela festa teriam sido possuídos. Teriam que dar um jeito nisso também.

– Você também não veio sozinha. - constatou ele.

– Digamos que eu também tenho amigos na festas. E convidados bem especiais. – devolveu ela.

– Ah! Claro! Timão e Pumba, aquele outro caçador que se acha engraçado, Castiel... Humm, deste eu já me encarreguei e ele não vai nos incomodar... - disse o demônio.

– O que você fez com ele? – preocupou-se Mia dando um passo a frente.

– Oh! Não se preocupe. Eu direi quando eu tiver o que eu quero. - propôs Crowley.

– O que você quer... - disse Mia tentando ganhar tempo – Ah! Claro! Kevin e aquela tábua esquisita.

– Onde estão? - cobrou Crowley.

– Eu estou aqui. - disse Kevin entrando na quadra.

– E a tábua? – quis saber o demônio.

Kevin a tirou da bolsa e a mostrou. Crowley pensou um pouco e então continuou:

– Fácil assim?

Mia sentiu seu coração bater mais rápido, mas conseguiu disfarçar o nervosismo. Crowley não podia desconfiar de nada ou todo o esforço até ali estaria perdido.

– Se era uma entrega tão simples, por que você trouxe os Winchesters à tira colo? – desconfiou Crowley.

– Porque pensamos que seria uma armadilha. E eles não me deixariam fazer isso sozinha. – explicou Mia.

– Certo. Mas então, onde eles estão? Por que não mostram seus lindos rostinhos? - provovou ele olhando em volta e em seguida chamou - Boys!

Então Sam e Dean saíram de onde estavam escondidos.

– Hey, Crowley! Como estão as coisas no Inferno? - zombou Dean.

– Quentes. – respondeu ele – Ainda está faltando um. – lembrou o demônio..

Então Garth também entrou no lugar.

– Agora sim. O time todo reunido. Com exceção de Castiel... – disse Crowley olhando para Mia - Bem, então como vai ser? - quis saber ele esperando que Kevin se aproximasse com a tábua.

– Vem pegar. - desafiou o profeta.

– Como é? - surpreendeu-se o demônio.

Em seguida levantou a cabeça e olhou o teto um pouco adiante na direção de Kevin. Havia uma armadilha do diabo.

– Sério? Assim vocês ferem os meus sentimentos. E a minha inteligência. – lamentou ele.

– Eu nem sabia que você tinha alguma. - provocou Dean.

– Piadas. E mais piadas. - disse ele e em seguida olhou para Mia - Nós tínhamos um acordo, lembra? Me entregue o que eu pedi.

Todos se olharam apreensivos até que Sam recomeçou:

– Mia, você não está pensando em fazer isso, está? Não podemos entregar Kevin e a tábua. Ele descobriu a armadilha... Acabou.

– Oh! Então você ia mesmo me trapacear? - perguntou Crowley para Mia - E depois são os demônios que levam a fama de mentirosos.

Mia pensou mais um pouco e Kevin implorou:

– Mia, você não pode me entregar! Ele vai me torturar até eu decifrar aquela maldita tábua e depois ele vai me matar! Por favor... Não faça isso.

– Eu não tenho escolha... – lamentou Mia depois de um tempo em silêncio.

– Não! - discordou Dean - Você me disse que nós sempre temos escolha, Mia. O que você está fazendo? Esse não era o plano...

– O plano já era, Dean. – afirmou ela – E admita, era um péssimo plano.

– Mia, você não pode simplesmente nos trair... Depois de tudo o que nós fizemos por você... - tentou Sam.

– E o que exatamente vocês fizeram por mim? Ah! Claro! Transformaram a minha vida num pesadelo. Teria sido bem melhor se vocês nunca tivessem aparecido naquela faculdade para investigar a morte do meu professor. Hoje eu teria uma vida normal. - disse ela com certo ressentimento.

– Mas foi você que escolheu nos seguir! – lembrou Dean.

– E eu estava errada. Olha, Me desculpem, ok? - pediu ela - Mas se eu não fizer isso, ele vai matar todas aquelas pessoas, Melissa... E depois eu. E quer saber? Eu quero a minha vida de volta.

– Mas você disse que queria ser caçadora... - lembrou Garth.

– Eu menti. Pessoas mentem. Vocês deveriam saber disso. – justificou-se ela com frieza - Eu menti para vocês porque a única coisa que eu queria, que eu sempre quis, era me libertar do Crowley. E agora eu tenho a chance. E eu não vou desperdiçar. Desculpe.

– Mia, por favor, não faça isso. Eu te imploro. - pediu Kevin agarrando a tábua e dando um passo para trás.

Mia se aproximou dele e em seguida olhou para Sam e Dean que estavam visivelmente assustados, surpresos e com uma raiva brutal pelo que ela estava fazendo.

– Eu sinto muito. Eu queria que fosse diferente, como planejamos. Que isso tivesse dado certo, mas foi como você disse Sam, ele descobriu a armadilha. Acabou. – disse Mia.

– Sua desgraçada! - xingou Dean - Nós acreditamos em você! Confiamos em você! E esse tempo todo você tinha um plano B?!

– Pois é. Vocês confiaram na pessoa errada. – quis encerrar Crowley e depois olhou para Mia dizendo - Agora me entregue Kev e a tábua.

– Mia, não! Sem isso nós nunca descobriremos os outros testes... - tentou Sam pela última vez.

– Eu sinto muito. - disse ela antes de pegar Kevin pelo braço e levá-lo até Crowley.

– Foi um prazer fazer negócios com você, doce Mia. Acho que eu me enganei a seu respeito. No fim, você não é a garota estúpida que eu pensava.- disse ele enquanto se afastava e empurrava Kevin.

Mas de repente alguma coisa fez Crowley parar. Rapidamente Kevin correu para o outro lado. Crowley tentou sair do lugar. Não conseguiu. Olhou para cima. Não havia nenhuma armadilha desenhada no teto. Nem no chão. Olhou para Mia. Ela sorriu e disse:

– O prazer foi meu. Ah! E eu não me enganei a seu respeito. Você é exatamente o demônio burro e prepotente que eu pensava que era.

Dean se afastou e apagou a luz da quadra. Crowley ohou para o chão. E viu a armadilha embaixo de seus pés. Feita com uma tinta só visível no escuro. Dean acendeu a luz e zombou:

– Eu estava certo, Crowley. Você realmente não tem nenhuma inteligência.

– Você não achou que eu ia mesmo trair os meus amigos, achou? - perguntou Mia e diante da falta de reação de Crowley emendou com sarcasmo – Ah... Você achou!

– Tudo era teatro... - percebeu ele.

– Claro que era. - confirmou Dean e depois voltou-se para Mia - A propósito, desculpe por ter te xingado de desgraçada, mas tinha que parecer real.

– Sem ressentimentos. - respondeu ela.

– Então? O que vão fazer comigo? Me deixar aqui para sempre? – indagou Crowley.

– Na verdade, eu pensei em uma coisa mais interessante. - disse Mia tirando o spray da bolsa e se aproximando dele.

– Spray de pimenta? Jura? - zombou Crowley.

Mia sorriu e apertou o spray na direção dos olhos dele. Ele se abaixou e levou as mãos ao rosto enquanto uma fumaça evaporava dele.

– Humm, na verdade, água benta. – revelou ela - Resolvi fazer um upgrade. – e quando Crowley levantou a cabeça ela terminou - Isso foi pelos meus pais e por Ric. E agora eu vou te mandar para o lugar de onde você nunca deveria ter saído.

Crowley começou a rir deixando todos irritados.

– Você vai me mandar pro Inferno? Hello? Eu sou o Rei do Inferno! Eu conheço cada centímetro daquele lugar, cada demoniozinho... Eu mando naquele lugar. Eu tenho credenciais. Entro e saio quando eu quero...

– Eu não ficaria tão confiante se eu fosse você... – aconselhou Mia.

De repente Crowley parou de rir e ficou visivelmente preocupado ao ver Dean pegando um livro de dentro de uma das bolsas.

– O quê é isso? - quis saber ele.

– Ah! Isso aqui? - provocou Dean mostrando o livro - Isso aqui é a sua passagem só de ida pro andar de baixo. Quero dizer, bem mais embaixo do andar de baixo, na verdade. Subsolo do subsolo do subsolo. – tentou explicar - Você pode ser o Rei do Inferno, Crowley, mas têm muitos demônios lá embaixo que não gostam muito de você. Pessoas que você mandou pra lá com aqueles pactos cheios de clausulas duvidosas nas entrelinhas e que se tornaram demônios bem vingativos graças à você. E com esse ritual aqui você vai direto pra sala de estar deles. Eu não sei não, Crowley, mas eu acho que pra onde nós vamos te mandar, as suas credenciais não vão valer muita coisa.

– Samuel Colt. - continuou Sam - Ele criou um ritual de exorcismo para demônios como você. E para mandar demônios como você pra bem perto dos seus inimigos lá embaixo. Quem sabe você não vai parar justamente na jaula do Lúcifer?

– Ah! Eu tenho certeza que ele deve estar entediado por ter ficado todo esse tempo brigando com o irmão Miguel lá embaixo... – acrescentou Dean – Nada como uma carne nova para reacender a chama entre eles.

– Esse ritual é uma lenda. – desconversou Crowley - Além disso, não existem demônios como eu. Eu sou único. E vocês nem sabem se isso vai funcionar.

– Você tem razão. - concordou Mia - Nós não sabemos se vai funcionar. Mas eu vou adorar tentar.

– Eu não ficaria tão confiante se eu fosse você... – devolveu Crowley – Se o ritual funcionar de verdade, eu acho que as coisas vão ficar meio... Complicadas para você, doce Mia.

– Só tem uma maneira de descobrir. – desafiou ela pegando o livro das mãos de Dean e o abrindo na página do ritual.

Mia respirou fundo e começou a ler o ritual em latim. Parou ao perceber que Crowley estava rindo.

– Qual é graça? - interrompeu Dean.

– Eu ainda tenho amigos na festa. – lembrou Crowley - E eles estão vindo pra cá.

– Ótimo. - disse Sam com sarcasmo fazendo Crowley parar de rir - Nós estávamos mesmo esperando por eles.

Garth apagou a luz por um instante e Crowley viu armadilhas do diabo por toda a parte. Ele reacendeu a luz e foi até um balcão. Pegou um rádio e o deixou pronto para tocar um CD bem específico.

Mia voltou a ler o ritual e um arrepio que percorreu o seu corpo a fez parar. Podia jurar que um vento tinha passado por seu rosto. Mas era impossível, já que o lugar estava completamente fechado. Estava imaginando coisas.

Quando os outros demônios chegaram, Garth apertou o play e o CD começou a tocar. Era uma gravação de um ritual de exorcismo feito por Sam mais cedo. Então Kevin disparou o alarme de incêndio e os sprinklers começaram a disparar água por todos os lados. Na verdade, Garth tinha benzido a água do reservatório da faculdade.

Então, os demônios começaram a gritar e a se contorcerem enquanto a água benta os queimava. Tentaram sair, mas os que não ficaram presos nas armadilhas do diabo, não conseguiram sair devido ao sal que Sam, Dean e os outros tinham colocado nas saídas. No entanto, o que ninguém percebeu é que Mia tinha ficado incomodada com aquela água. Parecia que ela estava subindo rápido demais. Não conseguia respirar direito com ela caindo no seu rosto junto com aquele vento. Que vento? Não havia vento ali. Certo, então aquilo era uma alucinação? Tinha que respirar fundo, ser mais forte do que aquilo e continuar. Até o fim.

Mia percebeu que Crowley a olhava sentindo que havia alguma coisa errada com ela, mas também percebeu que o rosto dele se contorceu quando ela leu uma certa passagem do ritual. Aquilo a incentivou a continuar. Mas de repente, ela parou e começou a tossir. Dean se virou e indagou preocupado:

– Mia, você está bem?

– Sim... – mentiu ela voltando a ler.

Crowley se contorceu e caiu de joelhos. Mas Mia também caiu. E com isso o livro se perdeu no meio de toda aquela água. Crowley riu, mas Mia não conseguiu vê-lo. Estava sozinha ali e a água estava subindo cada vez mais depressa. Vinha por todos os lados. Fechou os olhos com força e quando os abriu tudo estava como antes. Sentiu uma presença do seu lado e se afastou com medo, mas então percebeu que era Dean colocando o livro de novo nas suas mãos e a ajudando a levantar.

– Você consegue. – incentivou ele.

– Eu duvido. – provocou Crowley.

Mia também não tinha certeza se era mesmo capaz de fazer aquilo. Mas sabia que tinha que continuar. Abriu na página do ritual e por um momento as linhas ficaram embaçadas. Fez um esforço e voltou a enxergá-las com certa nitidez. Recomeçou a ler enquanto Crowley a xingava com uma voz assustadoramente mais grave. Seus olhos ficaram vermelhos e seu rosto se contorceu novamente. Ele todo se contorcia dentro da armadilha. Mia deu um passo para trás. Não queria cometer o mesmo erro que havia cometido com Meg. Tinha que manter uma distância segura da armadilha. Quando terminava de ler um dos parágrafos, sentiu uma dor de cabeça tão forte que levou as mãos até o rosto e fechou os olhos. Sentia a água subir em seus pés. Em seus joelhos. Voltou a si quando ouviu Crowley rindo.

– Desista. – aconselhou ele.

– Nunca. – afirmou ela voltando ao ritual.

Enquanto isso, os outros demônios começavam a se entregar. Logo a fumaça preta começou a sair da boca de alguns deles. Mia se perguntava onde Castiel estava naquele momento. O que Crowley tinha feito com ele? Como seria se ele não estivesse ali para curá-la se fosse preciso? E Mia começava a temer que seria preciso... Tossiu novamente sentindo a água sufocar a sua garganta. Era uma alucinação. Tinha que vencer aquilo. Tinha que ser forte. Tinha que se manter viva. Castiel. Onde ele estava?

Mia caiu novamente no chão e desta vez aquilo pareceu muito com o seu pesadelo. Havia água por toda parte. Não conseguia segurar o livro, muito menos lê-lo. Estava submersa. Crowley parecia se divertir com o seu desespero. Não podia haver tanta água assim. Era alucinação. Mia repetia isso para si mesma enquanto sentia aquele calafrio percorrer novamente o seu corpo. E aquela enxaqueca... Estava enlouquecendo. Onde Castiel estava?

Mia abriu os olhos e viu que Sam segurava seu rosto. Voltou a si. Sim, havia água benta pelo chão, mas eram apenas alguns milímetros de altura, talvez poucos centímetros. Ela não estava se afogando. Não poderia. Sam colocou o livro em suas mãos e ela notou que estava tremendo muito. Só então percebeu como estava com frio.

Olhou para Crowley. Ele estava de pé. Sorrindo. Mia lembrou dos seus pais. De Ric. Do que ele estava fazendo ali na sua faculdade. Das ameaças. De Melissa. Dos seus colegas e amigos. Professores. E de tantas pessoas, caçadores, que dariam tudo para mandar aquele demônio para o Inferno. Ela tinha a chance. Não podia desperdiçar. Não teria outra. A sua vida e a de muitas pessoas dependia daquilo. Tinha que ir até o fim. Mas se pelo menos Castiel estivesse ali... Ela se sentiria mais segura. Paciência. Ele não estava. Tinha que lidar com isso. Tinha que confiar em si mesma. Ela podia fazer aquilo. Ele disse que confiava nela. Que ela era capaz. Voltou a ler mesmo não enxergando direito. E mesmo com aquela dor na cabeça que agora se espalhava por todo o seu corpo. Crowley começou a se contorcer novamente enquanto os últimos demônios resistiam ao exorcismo. Não resistiram por muito tempo. A fumaça preta de suas bocas passou por Mia e ela fechou os olhos enquanto continuava falando o trecho do ritual que tinha decorado. Abriu os olhos. Sentiu o vento no seu rosto. O frio no corpo. A dor. A água. Por toda parte. Não! Não estava por toda parte! Tinha que resistir. Tinha que se concentrar. Continuou lendo. Faltava pouco, mas a cada palavra ficava mais difícil ouvir o som de sua própria voz. Deu-se conta de que talvez o ritual não estivesse funcionando porque ela não estava falando de verdade. Estava sim. Estava falando cada palavra. Mas a alucinação a fazia ter aquela sensação que temos em alguns pesadelos. A sensação de que gritamos e a voz não saí. Ou de que gritamos e ninguém nos ouve. Mas tinha certeza que aquele não era o caso. Estava lendo o ritual corretamente. Em alto e bom tom. Tentou ouvir a sua voz e a encontrou por fim. Mais dor. Risos do Crowley. Desgraçado!

Mia olhou em volta sem deixar de ler o livro e viu os rostos apreensivos de Sam, Dean, Garth e Kevin... Mas daria tudo para ver o rosto de Castiel. Ele lhe daria força para terminar aquilo. Fechou os olhos e imaginou seu rosto. Funcionou. Sentiu-se melhor. Continuou lendo. Mas algo a fez parar. Uma mancha na página do livro. Uma pequena mancha vermelha. Logo, outro pingo caiu na página. Era sangue. Mia passou a mão no rosto e percebeu que o seu nariz estava sangrando. Aquilo era uma alucinação? Ou era real? Se ela acreditasse que a alucinação era real ela podia se tornar real. Pelas expressões dos Winchesters, Mia teve certeza que realmente estava sangrando. Ótimo...

Olhou para Crowley e leu a última frase. Fechou o livro. Suas mãos tremiam. Seu corpo inteiro tremia. Para sua surpresa Crowley se levantou e começou a falar:

– Como eu disse, vocês não sabiam se isso iria funcio...

Felizmente, ele não conseguiu terminar a frase. A fumaça preta e um tanto avermelhada saiu de sua boca e se foi. Direto para o chão. Direto para o Inferno.

– Aproveite a viagem, filho da mãe - desejou Dean.

– Nós conseguimos! - comemorou Kevin feliz com o fato de não precisar mais se esconder de Crowley.

O livro caiu da mão de Mia e sua visão escureceu completamente. Quando abriu os olhos novamente só viu a escuridão da água por toda a parte. Mas uma parte da sua mente ainda estava naquela quadra. Sentiu seus joelhos baterem no chão. Começou a tossir e a cuspir a água que a sufocava. Precisava de ajuda. Queria gritar, mas sua voz não saía. Não conseguia ver nada. De repente foi como se estivesse caindo. E aquela água gelada envolvendo o seu corpo e o puxando para baixo. Cada vez mais para baixo. Teve a impressão de ouvir a voz de Dean, mas não podia ser. Não havia ninguém ali. Não havia nada ali. Só ela se afogando naquela escuridão. Não conseguia pensar. Não conseguia respirar. Sentiu seu corpo afundar mais e tudo ficou mais escuro do que antes. Como se fosse possível. Queria lutar contra aquilo, mas percebeu que não era forte o suficiente. O melhor seria se render e aceitar o destino. Ele tinha vindo cobrá-la.

Enquanto isso Dean tentava desesperadamente acordá-la. Trazê-la de volta à realidade, mas não conseguia encontrar uma forma.

– Mia! Nós conseguimos! Você precisa lutar contra isso! – gritou ele. – Você precisa voltar! Lute, Mia! Lute, sua desgraçada!

Mas ela não ouvia. Seu corpo se debatia enquanto ela tossia e a água saía da sua boca. Jorrava. Sam surpreendeu-se ao ver aquilo. Todos estavam em choque e tentavam a todo custo acordá-la. Mia não conseguia lutar. Aos poucos foi parando de tossir e seu corpo foi se acalmando. Sam e Dean estavam sentados ao lado dela no chão molhado pela água benta. Mia estava deitada. Seus lábios estavam roxos e sua pele muito pálida. Parou de ser debater aos poucos. E parou de vez.

Enquanto Sam e Dean tentavam conter a vontade de chorar e Kevin estava em choque agarrado à tábua da Palavra de Deus, Garth foi o único que teve coragem suficiente para perguntar:

– Ela está morta?


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Notas finais do capítulo

Vixe... Ficaram com o coração na mão?Então aguenta aí que o capítulo final logo logo será finalizado e publicado. Aguardem fortes emoções!!!Ah! E sim, eu gosto da Sara Bareilles e amo a música X.E o Crowley realmente chamou Sam e Dean de Timão e Pumba em um episódio da 8ª temporada kkkkkkkk Resolvi colocar isso na fic.Crowley é um demônio FDP, mas eu AMO as piadas sarcásticas dele kkkkkkkkInté! Aguenta aí!