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-       O que vai fazer? – perguntei cabisbaixo.

-       Segui-lo – respondeu abraçada ás próprias pernas.

-       Isso é loucura! – repreendi exasperado, com as mãos na cabeça, onde os dedos penetravam pelos fios.

-       Ele precisa de mim! – exclamou apertando o pano da calça.

-       Você é que precisa daquelas malditas drogas que ele dá! – disse levantando-me do sofá onde estávamos.

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Ainda relembrava a última conversa que tive com aquela que me fez repensar o que era o amor e me entregar a ele. Aqueles olhos estavam fundos e opacos. A pele parecia desfiar e perder a intensidade da cor, como um quadro já gasto. Como queria que ela tivesse me dado ouvido. Estava chovendo e a noite uma completa escuridão, como uma penumbra que havia na alma dela. A Sabaku passou a fazer parte da minha vida quando passou a ser minha vizinha. No inicio, tinha vergonha de me apresentar, porém minha mãe insistia para que fosse receber os novos moradores.

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-       Mãe, eu não posso ir agora! – reclamei colocando a coberta acima do meu rosto – Não vê que é cedo?

-       Naruto, eu não estou pedindo e sim mandando – disse Kushina indo até as cortinas, abrindo-as – Saia dessa cama agora mesmo!

Não tinha como me opor para poder não cumprir o “desejo” daquela ruiva. Joguei a coberta para o lado, desanimado e irritado. Kushina apenas abafou o riso, enquanto beijava minha testa. Esperei que ela saísse do quarto para que o silêncio se instalasse outra vez. Fui até a janela e debrucei-me no apoio de madeira escura. O vento batia de leve em meu rosto. O céu extremamente limpo. Coloquei o cotovelo e suspirei. De repente, meus olhos pararam na janela a minha frente. Cocei os olhos para ter a certeza de que não estava imaginando coisas. Uma garota loira chamou minha atenção. Parecia concentrada com um livro apoiado nas pernas, coberta por um short, revelando parte de suas coxas alvas e delicadas.

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Lembrava de uma corrente elétrica que passou por mim, só de apenas admirá-la. Meu coração pareceu saltar e se aquecer. Em meus pensamentos, veio uma idéia surpreendente, “ Ela parece ser diferente das outras”. Quando nossas peles se encontraram e um sorriso brotou dos lábios dela, fiquei desconcertado. A nossa relação no principio foi lenta. Éramos conhecidos e eu ajudava sempre que ela batia na minha porta. Temari era o tipo de pessoa perfeita, apesar de seus defeitos que não ficavam evidentes. Não importava como, mas eu sentia a necessidade de vê-la. Com o tempo, passamos a se amigos. Andávamos juntos de mãos dadas como se fossemos dois namorados. Gostava de caminhar assim para qualquer lugar. Ela parecia ser minha, nem que fosse por fora. Também poderia sentir as mãos dela apertando a minha fortemente, como se pudesse protegê-la.

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-       Naruto, hoje eu não vou sair com vocês – disse Temari convicta.

-       Mas estamos programando de sair para essa boate há meses! – reclamei deitado no colo de Temari – Finalmente aquele Teme conseguiu os convites...

-       Tenho outro compromisso – disse jogando a cabeça para trás, enquanto balançava as pernas levemente.

-       Sei que não é da minha conta, mas, aonde vai? – perguntei interessado.

-       Sair com um amigo – respondeu Temari eufórica.

-       Shikamaru? – disse tentando adivinhar sentindo o corpo entrar em alerta.

-       Sim – respondeu simplesmente – Não comece com suas lamurias...

-       Ele não é bom para você e vai te levar para um caminho sem volta!

-       Você nem ao menos o conhece e nem faz esforço! – exclamou Temari bruscamente, fazendo com que saísse do colo dela. – E além do mais quem é bom para mim? Você?!

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Eu não precisava conhecer o Nara para ter a certeza de que ele não valia o chão que pisava. Temari aos poucos foi se entrosando em meu grupo e a conhecer novas pessoas. Admito meu ciúme, mas eu tinha razões para que não querer Temari perto dele. Vária vez o viu com um baseado na mão, ou melhor, entre os dedos andando tranqüilo pelas ruas, com uma blusa de frio negra. Ele iria fazer mal a ela e isso eu não poderia deixar. A avistava junto com ele, conversando baixinho pelos cantos. Os olhos dela brilhavam quando tocava no nome dele. Ouvi-la tão apaixonadas era um martírio. A minha vontade era de deixá-ça trancada dentro de casa, para não vê-la correr para os braços dele quando a via.

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Naquele dia havia acordado tarde e perdido a noção das horas. Tomei um banho rápido, troquei de roupa e bati a porta do quarto. Desci a escada desajeitada, com a mochila nos ombros e peguei uma maçã, antes de começar a correr a tempo do primeiro horário. Vendo o relógio percebia que não valia á pena ter pressa. A primeira aula estava perdida de qualquer maneira. Assim que cheguei presenciei uma cena que me fez compreender que sabia matar. Temari estava com a boca entre Berta, enquanto o Nara a prensava contra a parede, percorrendo com a boca o pescoço de Temari, que parecia suspirar. Ela deixava que as mãos dele a explorasse por completo. Movido pelo ódio que crescia ao vê-la ta entregue aquelas caricias lascivas, fui me aproximando. Temari estava com os olhos fechados e tinha a face contorcida de prazer. Toquei no ombro do Nara, mas, ele pareceu não se importar ou perceber. Chamei-o outra vez e ele virou o rosto. Meu punho fechado fez o trajeto até o rosto dele. Parecia em transe, o vendo no chão, com a mão no rosto. Coloquei toda a força que pude. A voz de Temari despertou-me.

-       O que pensa que está fazendo?! – gritou indo até o Nara.

-       O que já devia ter feito há muito tempo – disse com a raiva subindo até a cabeça – Quer ser uma drogada e ainda por cima mulher de vagabundo?!

Naquele momento eu havia passado dos limites. A mão dela iria marcar meu rosto meu rosto, se não tivesse segurado seu pulso a tempo.

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Aquela relação de Temari estava acabando comigo. Depois do episodio do soco, ela foi se afastando. Não a via mais correndo até a minha porta. A saudade matava e meu corpo ficava inquieto. Pensava pelo que ela poderia estar passando ao lado do Nara. Sabia que ela já era grande o suficiente para saber o que era certo ou errado. Ela deveria arcar com a conseqüência dos atos dela. Não a procurava e ela fazia o mesmo. Minha vida não poderia parar. Eu já havia falado tantas coisas e ela não quis me escutar. Não sabia o por que de meu bem querer apenas aumentar.

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Minha alma já estava cansada. Faria alguns meses que não tinha noticias de Temari. Ela conseguiu desaparecer e desvincular de todos os laços antigos. Parei quando meus pés me levaram para um bosque que havia por perto. As pessoas me faziam muitas perguntar e isso estava me enlouquecendo. Andando bosque adentro, com as mãos no bolso, ouvi algo parecido com um choro. Preocupado fui andando em direção da voz que se tornava cada vez mais forte. Meus pés quebraram um galho e a pessoa que estava a minha frente, assustou-se. Confesso que quando vi Temari encostada em uma árvore, com os pulsos marcados de picadas e sangue correndo pela terra, tive vontade de morrer. Ela estava estranha e o corpo tão frágil que parecia pura porcelana. Tinha medo de quebrá-la. Ela pairou seu olhar sobre mim e fez força para se levantar. O corpo de Temari chocou-se contra o meu. Os braços envolveram meu pescoço e eu me mantinha estático.  Não sabia o que fazer ou o que pensar. As batidas co coração dela se aclamaram. As lágrimas molhavam minha blusa. O cabelo estava solto.

-       Desculpe – disse me largando – Acho que me excedi, vou indo – passou do meu lado.

-       O que ele fez com você? – perguntei agarrando o pulso que não estava com marcas de picada.

-       Por que deveria se dar ao trabalho de se preocupar? – rebateu com a voz embarcada de emoção que a fazia tremer.

-       Eu te amo, por isso me importo – disse o que me foi inevitável – Sinto sua falta Tema-chan...

Ela se caloi e deu um passou para trás. Ficou a minha frente e acariciou minha face. Tinha a aparência tão abatida e deficiente.

-       Você anda perturbando o que tenho com o Shikamaru – disse no meu ouvido – Será que posso estar sentindo o mesmo?

Depois ela partiu sem dar maiores explicações. Estava confuso e tentando assimilar o que havia me dito.

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Se eu soubesse que ela iria partir para onde ele fosse, como um cachorro entre as pernas... Os dias se seguiam e devagar, Temari foi se fazendo presente na minha vida outra vez. Não com a mesma intensidade, mas pelo menos tinha noticias dela. Perdemos a intensidade de antes. Quando estava “sóbria” parecia triste e amargurada. Irritava-se fácil demais e tudo era motivo para brigar ou discutir. Com Shikamaru estava sempre sorridente e feliz – Claro que estava sob efeito das drogas, pois eu reparava nos olhos extremamente vermelhos. Tentava me interessar por outra, mas Temari impedia qualquer sentimento sólido.Algumas coisas me lembravam ela e as lembranças estacionavam em minha mente, sem ter a intenção de sair. Quando ela disse que iria segui-lo eu torci para que ela desistisse. Eu sim a merecia. Naquela noite trovoava. Os anos foram se passando, até que Temari sumiu dos comentários. As bocas maldosas inventavam histórias. A família havia se mudado sentindo vergonha e repulsa. Isso faria quatro anos.