Do lado de fora da casa dava para ouvir as batidas altas da música, entrava e saia uma grande quantidade de pessoas nos mostrando o quanto a festa estava cheia. Amaldiçoei Jen mentalmente.  Definitivamente aquele era o último lugar onde eu queria estar.

                — Está festa vai ser ótima! — ela declarou no momento em que descemos do seu carro. Revirei os olhos sorrindo para minha amiga e a segui festa adentro.

                Se do lado de fora estava cheio de pessoas do lado de dentro estava muito mais. Vários rapazes e garotas dançavam com corpos praticamente colados pela falta de espaço o que até nos atrapalhou a se locomover. Podíamos ver de onde estávamos um bar com um aglomerado de pessoas em volta. Apesar de ainda estar cedo a festa estava bombando e várias pessoas já se encontravam “animadas”, imaginando como estaria dali algumas horas continuei seguindo Jenny.

                Quando Jen encontrou alguns conhecidos que eu nem imaginava quem eram, paramos e começamos a cumprimenta-los e então Jenny começou a ter uma conversa animada com um dos rapazes me deixando de lado. Comecei a conversa com uma das garotas que estava ali chamada Alyssa.

                Alyssa parecia ser uma garota meiga e tímida além do fato que também estava ali por causa da amiga, nos fazendo ter uma coisa em comum. Após alguns minutos de conversa quase gritada por causa do som alto senti duas mãos encostando-se a minha cintura me fazendo levar um susto.

                Indignada com tamanho atrevimento me virei pronta para a briga, mas me deparei com um Ian sorridente e charmoso com seus cabelos castanhos naturalmente desalinhados e seus olhos azuis brilhando todas minhas palavras sumiram.

                — Olá Annie!— ele disse sem graça após ver minhas feições de reprovação.

                —Oi... — foi a única coisa que consegui dizer.  Seus olhos azuis pareciam penetrantes me fazendo ficar vidrada neles.

                — Então quer algo para beber? — ele perguntou após longos segundos de silêncio. Senti-me aliviada de ter que desviar minha atenção para outra coisa que não fosse seus olhos.

                Assenti e seguimos para o bar. Como sempre optei pelo refrigerante e Ian me acompanhou.  Após uma breve tentativa de conversa desistimos e fomos para o jardim da casa, onde o som estava mais baixo e muito mais agradável. Embora eu me sentisse melhor do lado de fora não me senti bem deixando minha amiga sozinha, afinal eu tinha vindo fazer companhia a ela.

                — Desculpe-me se te assustei na hora que cheguei... — Ian me lembrou de quando ele segurou minha cintura momentos antes. Senti meu rosto ficando quente e tentei disfarçar tomando um gole de meu refrigerante.

                — Não tem problema... Já tinha até esquecido. — sorri ainda sem graça. Ian ficou me observando atentamente como se tentasse entender o que se passava em minha mente.  Fiquei agradecida pelo fato dele mesmo me conhecendo bem não ler meus pensamentos. Caso ele soubesse essa hora Ian saberia da minha paixão platônica e idiota pelo pai de minha amiga.

                — E então, como você está?— ele perguntou se sentando no banco ao meu lado. Ian parecia estar tentando aparentar tranquilidade, mas dava para perceber que ele realmente queria saber o que estava acontecendo. E, por um breve momento pensei em contar toda a verdade. Entretanto me lembrei de quem ele era e que não deveria comentar sobre isso com meu ex-namorado.

                — Estou bem! Juro! — falei quando ele arqueou as sobrancelhas como se duvidasse de mim. Após um breve silencio ele falou:

                — Sinto sua falta sabia? Desde que terminamos nós mal nos falamos... Eu sei que falar comigo agora depois de termos namorado pode ser estranho, mas nos conhecemos há tanto tempo, sinto falta da minha melhor amiga e estou preocupado com você dá para ver que tem algo te incomodando...

                 Aquelas palavras me atingiram como uma facada. Apesar de realmente ter sido eu a se afastar nunca quis de deixar de ser amiga de Ian, ele sempre foi um garoto maravilho e me ajudou em todos  os momentos em que precisei. E o pior é que Ian tinha razão não podíamos perder contato nossa amizade era muito preciosa para ser abalada por causa de um término de namoro.

                Prometendo a mim mesma que passaria a me aproximar mais de Ian o abracei e disse:

                — Desculpa por ter me afastado! A verdade é que fiquei com medo de como seria nossa relação depois de tudo que aconteceu. E também sinto muito a sua falta! — lhe lancei um sorriso verdadeiro após terminarmos de nos abraçar, Ian sorriu de volta.

                — Então melhores amigos novamente?—Ian perguntou com um sorriso travesso em seu rosto. Assenti escondendo um riso que lutava em aparecer. Sua pergunta tão simples me fez lembrar de quando éramos crianças e sempre falávamos isso quando fazíamos as pazes após brigar por algum motivo besta.

                 Após passar alguns minutos conversando sobre coisas amenas e sem muita importância se fez um silêncio agradável entre nós. Isso geralmente acontecia entre nós, entretanto dessa vez era diferente dava para ver que Ian ainda queria dizer algo. Mesmo com medo do que poderia ser perguntei:

                — O que foi Ian? Parece que você quer dizer alguma coisa... — perguntei cuidadosamente sem querer pressioná-lo.

                Ian adquiriu um olhar sério, diferente de seu olhar tímido sempre presente quando falava com as pessoas. Olhou-me como se pensasse se devia ou não falar o que queria. Sorri, o encorajando mesmo com medo do que viesse a seguir. Ian começou a falar, mas fomos interrompidos por duas garotas que correram ao nosso encontro.

                Uma das garotas que reconheci sendo Alyssa disse:

                — Pediram para chama-los, Jenny está passando mal!— suas palavras foram um baque para mim. Eu tinha esquecido completamente de Jen, me distrai com Ian. Senti-me culpada era para eu ter feito companhia a ela e não ao Ian, quer dizer ele era meu amigo, mas Jen que tinha me chamado para vir.

                Eu e Ian seguimos as duas e nos deparamos com uma cena que jamais imaginei ver. Jen estava sentada com um balde em seu colo enquanto um garoto qualquer tentava ajuda-la segurando seus cabelos. Sabia que devia estar com uma feição que demonstrava meu desespero, corri para o lado de minha amiga e tomei o lugar do rapaz desconhecido.

                — Jen o que houve?— perguntei tentando controlar meu tom de voz desesperado.

                — Não estou me sentindo bem, acho que bebi demais... — suspirei quando vi seu olhar pálido. Suas palavras foram seguidas por mais vômitos o que embrulhou meu estomago.  Levantei-me e segui até Ian que observava atentamente Jenny. — O que fazemos?

                — Vamos leva-la para casa. — ele declarou sem me olhar. Por algum motivo aquilo me incomodou, mas ignorei sabendo que minha amiga estava se sentindo mal.

                Após passar no banheiro para lavar seu rosto, reparei ao sair da festa que várias pessoas já tinham bebido muito e algumas pareciam não estar se sentindo bem que nem Jenny. E assim lembrei-me o motivo do porque eu não gostava desse tipo de festa.

                O caminho até a casa de Jen era grande e como Ian foi dirigindo foi o bastante para ela dormir e para me fazer pensar em muitas coisas, me sentia culpada por ela ter passado mal e provavelmente Luke me odiaria para sempre. Suspirei e notei Ian me observando pelo retrovisor e fechei os olhos tentando dissipar tudo o que estava pensando da minha mente.

                — Boa noite. — Luke disse enquanto abria a porta, se deparando apenas comigo arqueou as sobrancelhas estranhando fato de eu estar sozinha no meio da noite na sua porta.

                — Luke, eu sinto muito... — lágrimas de culpa escapavam de meus olhos, e ele se aproximou preocupado— Jen estava passando mal...

                Fui interrompida por um Ian carregando Jenny num sono profundo. Luke provavelmente já imaginando o que tinha acontecido o seguiu mostrando o caminho para o quarto de Jen. Os segui me oferecendo para trocar as roupas de minha amiga.

                Quando ambos saíram relaxei sentindo a culpa aumentar cada vez mais. Respirei fundo e fui pegar um pijama para minha amiga. Após trocar sua roupa suspirei seguindo lentamente para a porta sem ter certeza de qual seria a reação de Luke com esse acontecimento.