— Luke eu... — gaguejei, eu estava sem reação e não fazia a menor ideia do que dizer para ele.

                — Annie me desculpe. Sou um tolo, não devia ter dito nada. Como pude pensar por um momento que você, uma garota bem mais jovem do que eu podia ter um interesse em mim... — por dentro eu me senti desesperada, ele estava entendendo tudo errado! Respirei fundo e disse:

                — Luke me escute, por favor! — elevei o tom de minha voz para que ele pudesse me escutar. — Eu nunca disse que não gostava de você, eu só não sabia o que dizer. Nunca pensei que você pudesse se sentir da mesma forma. Assim como você achei que seria impossível alguém mais velho gostasse de mim. E desde que eu descobri esse sentimento não faço ideia do que fazer...

                Eu estava de costas para Luke, meu coração estava acelerado e meu estômago parecia estar dando voltas. Além disso, estava com medo de sua reação.

                Após sentir seu toque em meu braço virei-me com meus olhos fechados tentando acalmar meu coração. Abri-os lentamente e me deparei com um Luke sorrindo adoravelmente próximo a mim.  Sorri de volta, não podendo conter uma sensação de felicidade dentro de mim.  

                Luke me olhava com uma intensidade que jamais tinha visto em seu olhar, entretanto também o denunciava mostrando como estava feliz. Suspirei segundo antes de sentir nossos lábios sendo selados e novamente meu coração acelerou. Eu podia sentir suas mãos segurando minha cintura e quando menos percebi eu estava segurando seus cabelos carinhosamente.

                Afastamo-nos após um tempo tentando recuperar o folego que nos foi tirado. Luke sorria timidamente e senti minha pele queimar de vergonha. Eu ainda estava em seus braços e não tinha a menor pressa de me afastar.

                — Te amo! — ele disse encostando sua testa na minha. Não pude deixar de sorrir de volta e o beijei levemente.

                — Também te amo, mais do que imaginei que amava.

(...)

                A tarde passou rapidamente após Jen ter saído para a reunião.  Eu me culpava por ter continuado em sua casa, ela provavelmente achava que eu tinha ido embora logo após ela. Entretanto após eu e Luke termos nos declarado um ao outro, algo que ainda fazia meu coração disparar, passei todo o tempo que tinha me restado em sua casa.

                — Acho que já está na hora de eu ir para casa... — eu suspirei olhando em meu relógio. — Já está escuro lá fora, minha mãe vai se preocupar. — me explique assim que vi uma expressão triste em seu rosto.

                Eu e Luke estávamos lanchando após passar a tarde conversando e tentando nos conhecer melhor. Eu podia afirmar com certeza que aquela tarde tinha sido uma das melhores de minha vida.

                — Tem certeza¿ — ele perguntou ainda com um brilho de esperança no olhar.

                — Sim, a gente pode se encontrar outro dia... — eu sorri já me levantando. — Daqui a pouco Jenny deve estar em casa.

                Jenny. Eu tinha tocado no assunto mais delicado, eu não fazia ideia de como contar a ela que eu, sua melhor amiga, e seu pai estávamos juntos. Olhei para Luke que estava tenso em sua cadeira. Respirei fundo, nós precisávamos conversar sobre isso urgentemente. Mas felizmente, não naquele momento.

                — Você tem razão... Deixe-me te levar em casa. — ele disse se afastando de seus pensamentos.

                 O observei atentamente tentando captar algum arrependimento. Para minha felicidade não encontrei nada. Luke parecia muito feliz, e isso se confirmou quando ele me puxou para um abraço que foi seguido de um beijo apaixonado. Quando ele se afastou e me puxou em direção ao carro minha única vontade era de voltar a beija-lo. 

                Durante todo o percurso fomos conversando sobre besteiras e ouvindo musica. Assim que chegamos em minha casa lamentei-me por não ter nenhuma desculpa para continuar no carro em sua companhia.

                — Obrigada por ter me trazido até aqui. — sorri fazendo carinho em seus braços. Braços que só de olhar me faziam derreter por dentro.

                — Não foi nada, — ele acenou com a mão— sempre que precisar é só me chamar!     

                — Cuidado, desse jeito vou acabar fazendo de você um motorista particular. — eu ri enquanto ele fazia uma careta. — Obrigada mesmo assim e Boa noite!

                — Boa noite, te amo. — ele sorriu torto quando eu sai de seu carro.

                Segui até a porta de minha casa sorrindo timidamente. Como aquilo tudo aconteceu¿ Ainda hoje eu estava apaixonada perdidamente por alguém que em meu ponto de vista mal sabia que eu existia! Repassei todos os momentos em minha cabeça e sorri. Eu não podia acr editar que tinha tanta sorte assim.

                Entrei em minha casa e vi que tudo estava escuro menos a cozinha. Acendi todas as luzes estranhando o fato, minha irmã geralmente deixava todas as luzes acesas quando estava sozinha em casa. E, levando em conta o fato que minha mãe só voltava mais tarde do trabalho, a essa hora minha irmã devia estar em casa sozinha.

                Caminhei até a cozinha e então me lembrei de um problema que não tinha resolvido. Talvez o problema mais sério que eu tinha e também o mais urgente. Ian.

                Ian estava sentado na mesa da minha cozinha me observando atentamente, em seu rosto um olhar triste mostrava que ele ainda estava abalado pelo que tinha acontecido no dia anterior. E assim que revivi tudo me senti mal. Eu sentia algo por Ian, resquícios de nosso amor, mas quem eu amava naquele momento era o Luke e essa situação era totalmente confusa.

                — Como você entrou em casa¿ — perguntei delicadamente enquanto eu me sentava a sua frente.

                — Sua irmã... — ele murmurou a resposta que eu já imaginava.

                Silêncio. Eu tentava colocar meus pensamentos em ordem antes de falar, mas assim que pensava em começar eles se dissipavam novamente.

                — Ian me perdoe. Eu sei que devia ter te procurado hoje de manhã, mas eu ainda estava muito surpresa.

                — Eu sei... Foi minha culpa, eu devia ter dito algo antes de ter te beijado. Foi errado. — ele disse olhando para suas mãos sem em momento algum me olhar.

                — Teria sido realmente melhor se você tivesse dito! — eu ri chamando sua atenção— Rapaz você quase me matou de susto!

                — Ainda bem que você se recuperou e não morreu. — ele disse brincando também — Iria fazer falta...

                Ficamos em silêncio por mais algum tempo até que ele se virou para mim com um olhar sério.

                — A verdade Annie é que nunca deixei de gostar de você. E ontem não consegui mais guardar aquilo e também por um momento... Pensei que você retribuísse o que eu sentia. — engoli em seco. Infelizmente eu não podia explicar exatamente o que eu sentia.

                Levantei-me e fui até a geladeira beber água. Eu sabia que ele estava esperando eu dizer algo, mas eu também sabia que ele me conhecia o bastante para saber que eu não era muito boa com palavras.

                ­­_ Ian, eu gosto muito de você, pode acreditar nunca te esqueci. Até porque nosso relacionamento acabou sem nenhuma briga, portanto te esquecer tornou-se mais difícil_ falei calmamente e cuidadosamente enquanto o observava da bancada da minha cozinha_ Mas infelizmente também não posso afirmar que estou apaixonada por você...

                Falar aquelas palavras doeu em mim. Não pelo fato de que isso o magoaria, mas sim porque estava muito confusa para lhe dizer algo concreto. Fechei meus olhos já imaginando que ele sairia de minha casa e provavelmente nunca mais me olhasse novamente. Entretanto quando percebi que o cômodo ainda estava silencioso os abri me deparando com um Ian que se aproximava cada vez mais.

                _ Annie, você pode continuar afirmando isso, mas te conheço e sei que não esta dizendo a verdade._ ele me conhecia bem demais, pensei _ Tenho certeza que ainda sente algo por mim, por mais que tente negar.

                Estávamos muito próximos, e estava eu estava desconfortável, aquilo não estava certo. Aquela proximidade não me correta após tudo que eu tinha vivenciado naquela tarde. Luke. Imediatamente me afastei de meu amigo que ainda olhava nos fundos de meus olhos. Todavia ele voltou-se a se aproximar e me senti hipnotizada pelo seu olhar azul, parecia que eu estava me afundando no mar.

                _ Eu ainda não desisti de você. E vou lutar até o fim. _ Ian finalmente declarou após segundos de silêncio

                Respirei fundo e quando olhei a minha volta percebi que ele tinha ido embora. Eu sabia que o que Ian tinha dito era verdade, sempre que ele dizia algo naquele tom significava que ele não se esqueceria do que tinha prometido. Sentei-me na cadeira da mesa me sentindo repentinamente exausta. Eu precisava urgentemente descansar.