Luke's POV

Já tinha passado algumas horas desde que os amigos de Jen havia deixando-a aqui em um estado deplorável. Não estava culpando-os, mas lembrar-me de minha filha daquele jeito dava-me um aperto no coração. Apesar de saber que ela já era grande eu apenas conseguia vê-la com uma menininha. A pequena menina que abandonei anos atrás porque me sentia imaturo para cuidar dela.

Se arrependimento matasse... Além de perder todo o crescimento de minha filha também deixei Louise, sua mãe, cuidando dela sozinha. Virei-me olhando para fora da janela, já era de manhã e até aquele momento não tinha conseguido pregar os olhos.

Eu estava sentado no sofá da sala há alguns minutos após ter andado de um lado para o outro durante toda a madrugada. Sentia-me cansado, mas tinha toda certeza que não conseguiria dormir caso tentasse. Muita coisa tinha acontecido no dia anterior e eu estava uma pilha de nervos. Já tinha desistido de usar minha camiseta fazia algumas horas e nesse momento eu apenas usava uma calça fazendo-me sentir mais confortável.

Olhei o relógio que ficava pendurado na parede. Perguntei-me se Annie, melhor amiga de Jenny, já estava chegando. Por mais incrível que parecesse ela me passava uma sensação de segurança e fazia-me pensar que tudo iria dar certo. E, por ser a melhor amiga de minha filha provavelmente iria saber me ajudar com essa nova situação que eu enfrentaria. Respirei fundo, na noite anterior tinha pedido ajuda dela para saber como agir com minha filha.

Entretanto ela ainda tinha não chegado e a cada momento que passava eu me sentia cada vez mais ansioso. Quando imaginava a campainha tocando começava a sentir as palmas de minhas mãos suando e aquilo realmente me incomodava, pois não sabia o que estava acontecendo. Não fazia sentido ficar ansioso com a chegada da melhor amiga da minha filha. Bufei o sono já estava me deixando pensar besteiras.

Ding Dong. Um som alto soou pela casa, por um breve momento tive medo que acordasse Jen. Apurei os ouvidos tentando ouvir algo e notei que estava tudo em silêncio no andar superior. Voltando minha atenção para a porta fui abrir a porta para Annie.

— Bom dia! — quando me deparei com a garota um sorriso brotou de meus lábios instantaneamente assim como todas as vezes que a via.

— Bom dia! — ela falou em voz baixa como se estivesse com vergonha parecendo mais adorável ainda. Meu sorriso aumentou e tentei controla-lo. Era surpreendente o fato de mesmo que eu estivesse triste por dentro com sua companhia eu conseguia ainda sorrir tão verdadeiramente. — Jen já acordou?

—Não tenho certeza, mas ela não saiu do quarto ainda. — logo que ela perguntou minha mente voltou a se perguntar como estava minha filha.

— Tudo bem, eu acho que vou dar uma olhada para ver se ela precisa de algo. — logo que terminou de dizer essas palavras saiu.

Suspirei, apesar de estar preocupado com minha filha e estar ansioso para saber como ela estava, a outra parte, a metade que era comandada pelo menino que vivia em mim antes de decidir assumir a paternidade queria conversar com Annie sem ter nenhuma preocupação. Definitivamente eu ainda estava novo para ser pai. Não me sentia totalmente maturo para cuidar de uma garota mesmo que mais velha e que podia praticamente cuidar de si mesma.

Decidi esperar um tempo para subir e falar com as meninas. Provavelmente elas iriam começar a fofocar, ou seja lá o que elas fazem quando estão apenas com as amigas. De repente senti meu corpo mais pesado e percebi então que realmente precisava dormir. Como sabia que ambas as garotas estavam bem resolvi deitar ali mesmo no sofá da sala. E estava certo assim que deitei dormi em um sono profundo.

(...)

Acordei com sons de cadeiras sendo arrastadas no andar de cima, sentei-me e percebi que tinha dormido por algumas horas, horas que tinham me feito muito bem. Espreguiçando-me segui até a cozinha para preparar o almoço. Como eu nunca soube cozinhar muito bem, o meu almoço e o de Jen quando ela estava em minha casa se resumia a sanduiches comprados na padaria.

Todavia hoje por Annie estar conosco decidi fazer algo diferente; macarrão. Entre todas as comidas esta era a única que era realmente aceitável. Adverti-me mentalmente para parar de pensar em Annie como alguém especial. Apesar de convidada ela era ainda uma menina, portanto eu não podia pensar nela desse jeito.

Após terminar de cozinhar e de colocar os pratos a postos não me contive de curiosidade e fui até o quarto de minha filha para ver como ela estava. Supus que pelo fato de Annie não ter voltado Jen estava bem, entretanto nada me faria ter 100% de certeza até que eu a visse com meus próprios olhos. Ao aproximar do quarto percebi que a porta estava aberta e Jen parecia estar mexendo no cabelo de Annie.

— Bom dia filha! Como está se sentindo? — eu falei enquanto entrava no quarto e depositava um leve beijo na bochecha de minha filha. Por algum motivo pensei ver os olhos de Annie faiscar enquanto ela desviava o olhar. Ignorei, pensando que era apenas impressão.

— O almoço está pronto! Desçam para comer, estarei esperando. — eu falei meio aéreo. Como uma garota podia ser tão bela? Por mais que eu tentasse era praticamente impossível desviar o olhar de Annie.

— Já estamos descendo, só vamos guardar as coisas. — minha filha respondeu sem prestar atenção no que falava. Percebi que este era o momento que eu deveria sair, mas a voz de Jenny fez minha atenção voltar para as garotas. — Está pronto, Annie!

Com essa declaração Annie se virou para o espelho e quando se viu sorriu fazendo-me perder eu seu belo sorriso. Era inacreditável como ela era tão bonita. Por um pensei em realmente contar a ela o que sentia. E então sem saber como aquelas palavras saíram de minha boca eu disse:

— Está realmente muito bonito. — não tinha certeza se eu estava falando apenas do penteado ou dela. Engoli seco tentando desviar meus pensamentos para outra coisa.

— Obrigada— Annie me respondeu sem graça. Seu rosto totalmente corado por causa de minhas palavras estava adorável e eu não pude conter um sorriso.

Ambas as garotas se levantaram e passaram a guardar os objetos de beleza que estavam usando. Reparei minha filha totalmente alheia ao que acontecia... Mas estava acontecendo algo? Ou era apenas impressão minha?

Voltei minha atenção para Annie, ela como sempre estava muito bela. Suspirei contra minha vontade. Então senti novamente a sensação de que devia contar para ela sobre o que sentia. Obviamente ela provavelmente não se sentia da mesma forma, entretanto apenas o fato de que ela soubesse iria tirar um grande peso de minhas costas. Possuído por uma enorme coragem que geralmente não habitava em mim falei:

— Annie, se não fosse problema eu gostaria de falar com você... — me arrependi no mesmo momento que falei.

— Sim— Annie parecia... surpresa. Ela parecia hesitante em olhar para mim e me perguntei o que estava fazendo. Respirei fundo e tomei coragem em continuar o que estava dizendo.

—Então, eu sei que você é muito próxima de minha filha, que vocês se conhecessem desde pequenas. Você também sabe que não sou tão velho... — ri nervosamente com minha ultima sentença. Parei para pensar e me dei conta do que estava fazendo. Eu estava prestes a falar para a amiga de minha FILHA que eu estava sentindo algo por ela. Engoli em seco e tentei sair daquela situação e quando menos percebi eu disse:

— Então, eu acho que estou gostando de uma mulher e queria sua ajuda — o que não deixava de ser verdade... Senti um grande sentimento de culpa me tomando e suspirei pesarosamente.

Após alguns segundo de pleno silêncio constrangedor entre eu e Annie pude ouvir, e agradecer, minha filha se aproximando. Não sabia agora o que fazer depois de ter estragado tudo. Annie parecia em estado de choque se perguntando o que estava acontecendo, e sinceramente, eu não sabia por que eu tinha dito aquilo.

— Estou pronta, vamos? — olhei uma ultima vez para Annie completamente arrependido do que eu fiz e assenti para Jen a seguindo para o andar de baixo.