OBS.: Seja criativo. Não faça plágio de fanfics.

 Cinco minutos

Por Uchiha Yuuki

Enquanto a noite insistia por cobrir seus ombros, Hyuuga Neji e Tenten corriam contra o tempo no retorno de uma longa missão nas proximidades da Vila do Som, o que lhes rendeu bons três meses longe de Konoha. Sim, fora de Konoha o tempo parecia caminhar em lentidão astronáutica e a lembrança da festividade que estavam prestes a perder naquele 31 de dezembro apressava seus passos.

Cada folha que rasgava até ao chão acompanhava o vento que acariciava suas faces e contribuía na contenção do suor que ansiava por umedecer as roupas semi dragadas pela batalha. De certa forma, não se importavam com a condição daquilo que trajavam . A sede por estarem ao lado de seus amigos e, por fim, poderem, ao menos uma vez, respirar aliviados era maior.

Sem notarem, aos poucos o cheiro de terra molhada entranhava suas narinas a fim de lhes avisar aquilo o que o céu reservava para o fim de sua viagem. E apesar de todos os sinais que o tempo lhes dava, os ANBUS tinham apenas uma certeza; haveriam de estar em Konoha em, no máximo, 5 minutos, o tempo que faltava para o início da queima de fogos.

“Tenten”

Foi o último sibilo do Hyuuga quando tudo o que estava ao seu redor foi bloqueado pela presença de raízes que, rapidamente, enveredavam para um nada sombrio. Um nada que, provavelmente, o levaria a pessoa que desaparecera de seu lado.

“Argh”

Agora, fora Tenten que identificou o urro de dor que, ao que tudo indicava, pertencia a seu parceiro.

Sim, a Mestra de Armas e o Gênio haviam caído em um jutsu ilusório. Agora se encontravam presos em um sombrio labirinto, o qual fora criado com tanto capricho quanto um livro.

E antes que o coração da jovem pulsasse intensamente a ponto de sair de sua boca, Tenten instintivamente contornou com seus finos dedos por entre as nervuras de algumas raízes, o que logo se tornou o estopim para que suas pernas movimentassem-se com tamanha intensidade de um turbilhão de impulsos elétricos.

“Cada vida tem um preço. Cada percurso tem um tempo. Cada caminho tem um fim. Encontre-o.”

Com pupilas dilatadas, maçãs umedecidas de suor gelado, dentes trincados e punhos cerrados, Tenten galopava para onde suas pernas a conduziam. Cada corredor sem saída era mais alguns segundos perdidos; cada estampido era sinônimo para pensamentos malditos, mas nada a levava ao fim do Dédalo.

E a chuva insistia em perturbar-lhes o percurso.

“Onde...”

A ausência de sua companheira ao seu lado foi suficiente para contornar seu coração de gelo. Como todo grande líder, Neji culpava-se por ter sido tão displicente quanto a pressa e não notara um genjutsu tão barato. E, o pior, se algo acontecesse com Tenten jamais se perdoaria.

“Preciso encontrá-la”

Ao tentar ativar o Byakugan sentira-se um inútil; suas habilidades não funcionavam por entre raízes mortas e, muito menos, detectavam as linhas de chakra de Tenten.

“Por que não a sinto?”

Inconscientemente, o moreno levou sua mão direita ao centro do peito; seu peito ardia feito brasa e nada cessava o disparate de palpitações. Enquanto a chuva torturava seu corpo com o pesar de suas gotas, Neji olhava atordoado a seu redor como se a qualquer momento pudesse encontrar Tenten ao dobrar de uma esquina.

Sem mais perder tempo com divagações, concentrou o chakra nas mãos e avançou a destroçar cada parede como se fossem folhas de papel a serem rasgadas. Os 5 minutos para seu Ano Novo foram se esvaecendo, mas, em contrapartida, um minuto pela vida de sua companheira valeria por cada falta.

Ambos corriam contra a cegueira da noite e o ensurdecer da chuva. Não sabiam aonde parariam, mas sabiam aonde haveriam de chegar. Caiam e levantavam, tropeçavam e se apoiavam, apavoravam-se e buscavam forças no findar de cada curva, no quebrar de cada parede.

Por fim, em sua última queda, com os olhos cheios de lágrima e a aflição por escutar o estourar de fogos ao Norte e não poder respirar aliviada percebeu como estava, pouco a pouco, sendo destruída. Porém, nenhum mortal pode prever aquilo o que o meio prepara para si, nem mesmo o maior dos guerreiros.

Tenten escutara o estampido de uma parede sendo quebrada atrás de si. Era ele, seu companheiro de equipe, o gênio dos Hyuugas, o pássaro engaiolado, o homem por quem correra.

“Você ta viva”

E foi o que escutara quando ele a abraçou por baixo daquela chuva a protegendo de cada gota que castigava seus olhos marejados. Sem pensar em ética, normas ninjas, controle de emoções e afins, ela o abraçou o mais forte que pôde. Ela tinha medo de largá-lo e ter sua imagem desintegrada por entre seus braços.

“Não suma, Neji. Apenas não suma.”

“Não sumirei, Tenten. Nunca.”

“Arigatou, Neji”

“A propósito, akemashite omedetou gozaimasu, Tenten.”

“Agora sim, Neji. Feliz, Feliz Ano Novo.”

E por longos 5 minutos; 5 minutos repletos de dor e agonia foram convertidos em incalculável recompensa.

Ás vezes, pessoas nem sempre são capazes de descobrir a si mesmas, ás vezes são cegas para o mundo, ás vezes precisam do auxílio daqueles que as querem bem.

“Arigatou Yamato”

“Sem problemas, Hinata- Sama”