CLARISSE

Era por volta das sete horas da manhã e a filha abençoada do Deus da Guerra, encontrava-se treinando na arena onde ficava quase todas as manhãs ao acordar. Continuava a ser impetuosa ao desafiar alguém para um duelo, muitos ainda possuíam medo da mesma, sua personalidade nunca mudará. Ao contrário, ficara mais fria e rígida com o passar do tempo, até mesmo depois da ida de Percy Jackson pra fora do Acampamento.

“Perseu Jackson... seu idiota!. Porquê voltou?”, fazia a mesma pergunta toda vez em que pensava no filho de Poseidon, odiava ter a ideia ter que voltar a olhar pra seu rosto.

Constantemente golpeava um de seus irmãos com bastante precisão, ferindo alguma parte de seus corpos. Muitos já estavam exaustos, suavam e a energia parecia deixá-los a cada segundo.

- Clarisse, por favor... já estamos exaustos!. Precisamos descansar. – implorou um dos filhos de Ares. Vários concordavam resmungando.

A líder do chalé 5 jogou seu escudo no chão e voou pra cima de quem implorou.

- Se você não queria treinar, então por que veio?. – rosnou pronta para socá-lo. Mas alguém interferiu atirando uma flecha com a mira perfeita entre os dois.

Os olhos cruéis viraram para o intruso, um brilho de irritação passou pelos olhos da mesma.

- Quem fez isso?. – perguntou Clarisse ainda segurando o semideus esgotado e olhando pro lado. Avistou um homem que a olhava curioso com sua enorme cara de criança e que não era nada proporcional a seu tamanho. Era musculoso e robusto, lembrava até um urso. Segurava um arco na mão esquerda,e claro, ela deduziu que fosse ele o causador da separação. – O que você quer, filho de Marte?. Quer levar uma surra também no lugar dele?.

- E-eu... bem...

- Fui eu quem pedi pra ele apartar a briga, La Rue. – á uns três metros de distância, o filho de Poseidon estava de pé em cima de uma pedra que possuía quase dois metros de comprimento de altura.

Assim que o viu, soltou seu meio irmão e voltou a pegar sua lança, um presente de seu pai Ares. Seu cabelo estava bagunçado e ficara mais ainda quando o vento havia batido em seu rosto enquanto tentou bater em um semideus que queria desacatar suas ordens, segundo seus pensamentos. Aproximou-se com um sorriso diabólico no rosto que mais parecia um tipo de desafio, mas seu olhar emitia algo horrível que herdara de seu pai.

Girou sua lança no ar e verificou a ponta afiada como seu tivesse algo faltando nela. Se passaram alguns minutos de tensão no ar, “certos” tumultos formaram em volta deles, diversos integrantes de cada chalé diferente faziam de tudo para conseguir enxergar a futura batalha entre um filho do deus dos mares e a da filha do Deus da Guerra. Alguns torciam para que houvesse mortes, principalmente os filhos de Ares e Hermes estavam apostando em algo. Até que finalmente respirou e disse irônica.

- Está se achando não é mesmo? Perseu. – arregalou os olhos e soltou um riso sarcástico.

O mesmo ergueu uma das sobrancelhas e a fitou, estudando-a. Não abriu a boca nem sequer para se defender, só permaneceu parado.

- Fale agora!. Ou morra. – novamente girou sua lança se posicionando como sempre fizera ao estar em um combate ou duelo. – Eu te desafio.

Ao ouvir “desafio”, Percy desceu da pedra desarmado, ficando de frente para a ruiva que apontava sua arma no peito do seu oponente. Tentava entender o porque de tamanha barbaridade, se lembrara do quanto ela era difícil de se conviver, mas hoje, depois de anos ela pudera ficar tão... infeliz.

De uma forma ou de outra, ele sabia o que ela sentia. Toda vez em que chegava do trabalho, encontrava a casa vazia, abandonada, do mesmo jeito em que ele sempre deixou. Era sem vida nenhuma, sem valor ou sem nada. Assim como a casa, Percy também se sentia sozinho. Como se tivesse que batalhar tudo sem ajuda, se sentia abandonado e mais... sem nada.

No dia anterior, ele soubera o que acontecera com sua antiga rival, não tão rival assim, pensou. Perdera sua mãe, terminara com o Chris seu único amor e no passado ela havia perdido sua única e melhor amiga, Silena Beauregard. Então ela não tinha mais nada, além do Acampamento Meio Sangue. Ele podia ver isso nos olhos castanhos da guerreira, eram frios. Mas ao mesmo tempo tristes.

- Eu não vou lutar. – enfim, Percy respondeu num tom alto e claro.

- Não quero saber se você não quer lutar!. Pegue sua maldita espada!. – segurou firme sua lança, trincando mais os dentes. – Anda logo, seu molenga!. Deixa de ser marica.

Ele a encarou com seus olhos verdes, mas não com raiva e sim com carência. Sorriu pra mesma com desdém.

- Não é questão de eu ser molenga ou não, Clarisse. Mas sim de que sei que não valerá a pena, não irei tentar machucar alguém de meu time. – respondeu com o tom de voz calmo.

O coração de Clarisse, por mais que odiasse admitir, havia disparado naquele exato momento. Sentiu indignação por ter aquela sensação.

- Quem você pensa que é?!. – esbravejou jogando a lança e o escudo para os dois lados. Estava prestes a matá-lo sem que precisasse das armas. – Eu não faço parte de time nenhum. Principalmente a do seu!. Sou Clarisse La Rue, filha de Ares, seu idiota. E não serei parada por você ou por ninguém. Se é que você já esqueceu de como eu sou.

Houve um minuto de silêncio, os dois se encaravam contando cada movimento raro. A filha do Deus da guerra bufava e respirava fundo, com dificuldade por conta da tamanha fúria que não se desfazia em seu peito.

- Bem...- Percy quebrou o silêncio. – Não me esqueci de quem é você, nunca havia me esquecido. Mas de uma coisa eu sei... você é muito mais que isso, só tem que aprender a lidar consigo mesma, não digo isso por pena pois sei que você não teria nem mesmo por mim. Só que você sabe como ninguém que de uma forma ou outra, somos amigos e você sabe muito bem que faz parte do meu time. Ou não se lembra?. Por favor... nunca perca fé em quem você é. Você não é uma pessoa ruim.

Clarisse havia ficado boquiaberta depois desse “sermão”. Percy deu-lhe as costas e saiu andando chamando Frank para que o acompanhasse.

A multidão foi se desfazendo, mas várias fofocas começaram a rolar por ali. E eram um tanto maliciosas e nada inocente. A ruiva permaneceu no mesmo lugar por minutos encarando por onde o filho de Poseidon tinha saído, pela primeira vez em anos se sentiu impotente, algo naquelas palavras fez com que ela se sentisse...viva, aquilo clareou sua mente que estava na escuridão por muito tempo. Balançou a cabeça voltando para si mesma. Odeio ele, pensou novamente. E as poucas pessoas que a encarava ela gritou:

- O que estão olhando?. Perderam algo aqui?.

Assim muitos dos semideuses foram embora em disparada e logo ela se recompôs. Apanhou suas armas e aguardou-as com cuidado. Antes que fosse embora da arena, novamente olhou para trás com o pensamento vago. Bem... bem vindo de novo Perseu Jackson, Mané. Pensou sorrindo e deixou o campo pra trás.

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ANNABETH

A vários metros de distância encontrava-se uma loira com seu cabelo amarrado em um rabo de cavalo. Sua expressão facial era temerosa, emitia raiva e inveja. Nunca alguém iria imaginar o quanto a separação de Annabeth Chase e Percy Jackson teria mexido com a cabeça da filha de Atena.

Segurava uma caderneta e na outra mão um lápis. A meses planejava uma nova reforma para a arena e minutos antes estava indo em direção ao local, só que algo a impediu. Vira um certo tumulto entre campistas e dentro do círculo feito entre eles, avistara Clarisse e seu ex-namorado se encarando.

Ouviu todo o discurso dito por ele em relação a Clarisse. Suas pernas ficaram bambas, pensara que iria cair, sua reação foi única. Se sentia largada, se sentia inútil. Percebeu uma química entre os dois.

- Não!. – respondeu a si mesma.

Ela não iria deixar que uma filhinha de Ares estragasse seus planos. Não mesmo!.

Faria de tudo para que tudo entre eles desse errado.