Paradoxo Temporal escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 26
Não confie em hackers...


Notas iniciais do capítulo

... que se formaram por correspondência.



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Katsura saiu correndo ao encontro do Trio Yorozuya, completamente apavorado. Os três o seguiram até a sala do computador principal do antigo Terminal, no qual havia vários monitores, sendo alguns deles mostrando um cronômetro em contagem regressiva, a batalha entre o Gintoki daquela linha temporal e Kasler e exibindo a luta desesperada do Shinsengumi, do Mimawarigumi, do Joui e do Kiheitai contra os Amantos aliados aos enjilianos comandados por Kasler.

– Gintoki, Líder, cuidem para que ninguém entre aqui. – Katsura tentava transmitir uma tranquilidade que estava longe de sentir. – Eu e o Shinpachi vamos tentar parar essa contagem regressiva.

– Ei, então esse papo de desvio intergalático é pra valer, Zura? – Gintoki questionou.

– Não é Zura, é Katsura. Esse desvio é, sim, pra valer. E nós precisamos detê-lo, senão não sobrará nada.

– E como vamos fazer isso, Katsura-san? – Shinpachi perguntou.

– Vamos ter que hackear o computador.

– E quem vai fazer isso?

– Eu mesmo.

– Você sabe fazer isso? – Kagura perguntou.

– Eu fiz um curso de hacker por correspondência. Eu sei na teoria.

Gintoki logo tratou de usar sua estratégia evasiva favorita, a de sair correndo dali feito um doido. No entanto, duas coisas contribuíram para que seu intento não fosse bem-sucedido. A primeira foi Kagura segurando o quimono branco de Gintoki, não permitindo sua corrida desenfreada. A segunda coisa foi o monte de soldados enjilianos chegando à tal sala do computador central.

O Yorozuya tava bem ferrado. Ou lutava, ou lutava. Sem opção, posicionou-se para prosseguir o combate e apenas lhe restava confiar em Zura. Mesmo assim, não conseguia deixar de temer por sua vida.

Duas outras vidas dependiam de sua existência, graças ao paradoxo temporal que ocorria ali. A única pessoa que não tinha problemas com esse paradoxo de tempo era Kagura. Tanto que, por sua distração, quase foi atingido, não fosse pela Yato.

– Acorda, Gin-chan! – ela disse. – Zura e o Quatro-Olhos já foram, vamos ganhar tempo!

Os dois prosseguiram o combate freneticamente, procurando ganhar cada vez mais tempo para Katsura e Shinpachi chegarem com folga ao computador principal dali, e tentar reverter o que Kasler havia feito.


*


– Dezoito minutos para a ativação do desvio intergalático. Evacuar a área o mais rápido possível.

E a grande batalha continuava ali no Terminal e em seus arredores. O pau comia solto e o clamor das espadas era cada vez mais alto e cada vez mais desesperado. Era a corrida contra o tempo, em nome da sobrevivência. Alguns procuravam fugir, enquanto outros viam naquela batalha a oportunidade de se entregarem à guerra e de provarem até onde seriam capazes de chegar, medindo suas forças.

Naquela luta encarniçada pela sobrevivência do mais forte, destacavam-se Shinpachi, Kondo, Yamazaki, Hijikata, Okita, Sasaki e Ginmaru, que se apropriara de outra katana e a utilizava junto com a bokutou de seu pai, explorando a sua habilidade de ambidestro. Todos eles estavam com marcas de respingos de sangue pelo rosto e pelas roupas, além, claro, de suas lâminas lambuzadas pelo líquido vital arrancado de seus inimigos.

Naquele caos, não havia mais distinção de elite e ralé, apenas a distinção de aliados e inimigos. Na guerra pela sobrevivência, todos, por instinto, se tornavam iguais, tirando força de onde não imaginavam que tirariam.

Eram como animais selvagens querendo apenas sobreviver em meio àquele tumulto todo. Era como se todos estivessem completamente possessos, e que nada mais importava. Uma batalha sangrenta para sair vivo e, de preferência, inteiro.

– Faltam doze minutos para a ativação total do desvio intergalático. – anunciava a voz artificial do computador principal por todo o Terminal. – Evacuem a área o mais rápido possível.

Enquanto isso, o duelo entre Gintoki e Kasler seguia em um ritmo ainda mais frenético. O albino achava que todo aquele papo de desvio intergalático e destruição total de Edo era apenas um blefe.

Nesse duelo entre ataque de Kasler e defesa de Gintoki, e vice-versa, o homem de cabelo prateado se sentia ainda mais pressionado a vencer. Precisava vencer de qualquer maneira, custasse o que custasse.

Em mais um ataque, conseguiu travar a espada do enjiliano e ficou novamente cara a cara com ele. Ambos arfavam devido ao esforço intenso despendido para conseguir alguma vantagem. Porém, Gintoki sentia mais a luta, pois estava dando tudo de si. Foi a brecha que Kasler queria, para jogar seu peso contra o Shiroyasha e desferir-lhe um forte soco, que o jogou longe.

O ditador azul, não contente com isso, tentou perfurar Gintoki, ainda caído no chão. Mas, mesmo assim, o albino teve reflexo para colocar a katana para bloquear o golpe que vinha em sua direção. Virou-se e conseguiu aplicar uma rasteira no enjiliano, que acabou caindo.

Gintoki tentou atacá-lo, enquanto ele estava no chão, mas Kasler fora mais rápido em se levantar para revidar o ataque. Em seguida, os dois se afastaram para tomar fôlego. Apesar de sua grande força, o enjiliano tinha que admitir que seu adversário possuía uma força descomunal em momentos de tensão como aquele.

Era preciso tomar cuidado com aquele homem. Certamente não fora por sorte que ele conseguira matar dois Yatos.

Os olhos vermelhos de seu oponente continuavam completamente focados naquela batalha, tanto que nem percebera que sangue começava a brotar de sua testa e escorrer pela sua face. Seu rosto denunciava que, apesar de não vestir aquela sua indumentária branca de antes e nem usar sua bandana, tal como no passado, ele continuava a ser o mesmo lendário Demônio Branco, que aterrorizou muitos inimigos em duas grandes guerras.

Sakata Gintoki era um veterano de guerra. Não deveria tê-lo subestimado. Ele não era lenda à toa. Ele não era o homem mais forte de Kabuki à toa. Ele não era o Salvador de Yoshiwara à toa.

Por trás do “samurai mais estúpido do universo”, havia um carrasco. Por trás daquele homem, havia um monstro. Uma fera que despertara para saciar a sua sede de sangue. Uma fera completamente bestial e indomável.

Esse era Sakata Gintoki. O homem a quem não deveria ter tentado domar, pensando que não passava de um mero arruaceiro.

O outrora Faz-Tudo empunhou com mais força a katana que tinha em sua mão direita e se posicionou para um novo ataque. Sorriu como um monstro prestes a atacar outro.

Ele não iria parar enquanto não acabasse com Kasler. Não deixaria aquele maldito enjiliano fugir.


*


Enquanto sua contraparte do futuro lutava como um louco contra Kasler, Gintoki e Kagura enfrentavam adversários que pareciam não ter fim. Aquilo já os cansava bastante e já fizera até a munição do guarda-chuva da garota acabar. Assim que conseguiram uma chance, os dois avançaram até onde estava o computador principal.

Katsura e Shinpachi digitavam freneticamente várias combinações, até que o líder Joui conseguiu acionar um comando, ao qual a voz inexpressiva da máquina respondeu:

– Cancelada a sequência para ativação do desvio intergalático. Desvio intergalático desativando.

Os quatro deram um suspiro aliviado. Conseguiram deter a tempo. Porém...

– Desvio intergalático desativado. Iniciar contagem regressiva para autodestruição.

– QUÊÊÊÊÊÊÊÊÊ?! – os quatro berraram ao mesmo tempo, completamente estarrecidos.


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