Paradoxo Temporal escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 21
Déjà-vu: Hora do menino se tornar um homem




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/343350/chapter/21

Distrito Kabuki.

Casas, comércios, bares e host clubs fechados. Silêncio total.

Mas isso não significava que o local estava adormecido ou morto. Muito pelo contrário. A tensão estava por tudo ali. O único som que começava a se tornar audível ali era o som de espadas começando a serem desembainhadas pouco a pouco. Não apenas katanas, como também lanças estavam sendo preparadas para a batalha iminente.

Ali estavam os grupos dos Quatro Reis Divinos à espera de um ataque iminente. Era só questão de tempo para descobrirem que o QG do Shinsengumi era uma arapuca, e certamente apareceriam lá.

Afinal, iriam lá cortar o mal pela raiz, já que sabiam que os “arruaceiros”, ou moravam lá, ou frequentavam muito o local.

Porém, não seria nada fácil. Não, quando se havia um grupo de populares, policiais de preto e terroristas, liderados por uma pirralha ruiva, um garoto de óculos e um arruaceiro albino... Ou melhor, o herdeiro do arruaceiro.

Era Sakata Ginmaru quem estava à frente de toda aquela multidão, como um líder. Seus olhos vermelhos denunciavam que ali estava o novo Shiroyasha, louco para começar a fazer sua espada dançar ao comando das suas mãos, que traziam as habilidades parecidas com as de seu pai ex-Joui.

Ao avistar os inimigos, Ginmaru sorriu confiante e desembainhou sua katana, colocando-se assim em posição de combate. Esperou pacientemente que eles se aproximassem cada vez mais, mantendo seus olhos focados à frente.


[Flashback ON!]

– Ginmaru – seu pai lhe disse, enquanto vestia a farda do Shinsengumi para se diferenciar de sua contraparte do passado. – Você, Shinpachi e Kagura vão se encarregar de proteger o Distrito Kabuki.

– Isso está parecendo quando eu era um menino de oito anos. – o jovem disse enquanto segurava na mão a sua bandana. – Tô começando a ter aquela sensação de déjà-vu.

Sentiu que lhe colocavam a sua bandana branca, a qual usava há dez anos. Gintoki a colocava na testa do filho, exatamente como naquela guerra onde ele sumira por uma década. Ele sorriu:

– Não precisei me abaixar desta vez... Mas eu queria ter visto o seu crescimento acontecendo.

Aquele mesmo aperto no coração, que tivera anos atrás, começava a voltar em Ginmaru, que estava cabisbaixo. Será que, dez anos depois, tudo se repetiria? Sua busca havia sido em vão, bem como o fato de arrastar para a sua época o trio Yorozuya do passado?

Os mesmos temores do Ginmaru de oito anos reverberavam no Ginmaru de dezoito.

– Vejo que se tornou um homem, filho. Quero que você proteja mais uma vez o que é importante para nós. Proteja o Distrito Kabuki e a Yorozuya.

Antes que o Sakata mais velho lhe desse as costas, o mais jovem agarrou-lhe fortemente o casaco preto, obrigando-o a encará-lo.

– Você vai desaparecer de novo... Pai...?

Os olhos vermelhos do rapaz refletiam o desespero do garoto que fora deixado para trás anos antes. Ele tinha medo de que tudo se repetisse. E da pior forma possível... Isso, se não fosse em definitivo.

Segurou-se para não desabar. Ele agora era homem, não um moleque! Era um homem com alma de samurai, como aquele que estava à sua frente, a quem encarava com desespero. Largou o casaco de Gintoki e cerrou os punhos, procurando engolir qualquer sinal de que o pequeno Ginmaru poderia estar voltando à tona.

Não adiantou absolutamente nada. Seus medos acabaram se externando, pois por fim desabara, chorando como uma criança.

Ginmaru chorava como chorara naquele fatídico dia, dez anos atrás. Por que tinha que ser assim? Por que aquela sensação de perda o rondava novamente? Por que parava agora de agir como um adulto? Por que transparecia tanto assim seus temores? Por quê?

Gintoki colocou suas mãos nos ombros fortes do jovem Sakata à sua frente, sua face expressava complacência e paciência. Era um típico gesto paternal frente ao desespero do filho, ao qual procurava acalmar.

– Ei, Ginmaru – disse. – Olhe para mim.

Ele soluçava muito e agora estava envergonhado, mas obedeceu a Gintoki.

– Eu entendo esse seu medo todo, Ginmaru. Não vou mentir, também estou com medo. Mas eu te prometo que desta vez não vou desaparecer. Farei de tudo para não desaparecer e nem morrer. Por isso, quero que você fique para proteger aquilo que é importante para nós. Vamos recomeçar a Yorozuya. Esta é uma promessa que eu faço a você.

Arrancou um fio de cabelo prateado e o amarrou no dedo mindinho da mão direita de Ginmaru. Este, já refeito da crise de choro que tivera momentos antes, se recompunha e amarrou no dedo mindinho da mão direita de seu pai um fio de seu próprio cabelo também prateado.

– Vou proteger o Distrito Kabuki com todas as minhas forças, assim como a Yorozuya. Isto é uma promessa que eu faço pra você. E esta promessa eu cumprirei a qualquer custo! Espero que dê para cumprir a sua também.

– Ei, ei, Ginmaru... Não seja tão dramático...! Não é um ditador azul que vai acabar com a minha raça.

Por fim, virou as costas para o filho e finalizou antes de sair:

– Mostre a todos quem é Sakata Ginmaru! Quero me orgulhar de você!

[Flashback OFF!]


Os passos dos inimigos se aproximando tiraram Ginmaru de seus pensamentos, mas não o desconcentraram. Segurou mais fortemente a katana, sentindo também aquele fio de cabelo amarrado ao dedo mindinho da mão direita. A adrenalina começava a circular com mais força em seu corpo, junto com o sangue Sakata que corria furiosamente em suas veias.

Por todo o seu corpo, corria o sangue do lendário Shiroyasha. Corria com fúria, com ímpeto. Ele era um Sakata. Sakata Ginmaru, que, apesar de não gostar de ser comparado, tinha orgulho de ser filho de Sakata Gintoki.

A lâmina de sua katana reluzia intensamente, pronta para começar a retalhar adversários a qualquer momento.

“Hora de mostrar a todos quem sou eu!”, pensou. “Vou encher de orgulho o meu pai!”

– Shinpachi, Kagura – ele disse aos dois integrantes da Yorozuya do passado. – Agora é a hora da gente lutar. Não se separem, por nada neste mundo!

– Pode deixar, Ginmaru-san. – o garoto de óculos respondeu, empunhando uma katana com confiança.

– Não vou deixar que nada o atinja. – Kagura respondeu enquanto limpava as lentes dos óculos do Shimura e os guardava no bolso. – Agora o Shinpachi tá seguro.

– EI!! NÃO É ESSE SHINPACHI QUE VOCÊ TEM QUE PROTEGER, SUA DOIDA! – ele protestou.

– Kagura, acho que quando te falaram pra proteger o Shinpachi, foi pra proteger tanto ele quanto seu suporte. – Ginmaru disse.

– ATÉ VOCÊ? ACHEI QUE ERA MAIS NORMAL DO QUE SEU PAI!!

O jovem albino ignorou os protestos do Shimura e assumiu novamente seu ar mais sério:

– Eles chegaram.

Um batalhão de Amantos se colocou à frente do grupo liderado por Ginmaru. Alienígenas de várias raças e aparências, desde as mais convencionais às mais bizarras. Todos armados com espadas e armas tecnológicas, enquanto os adversários portavam espadas, lanças e até guarda-chuva, como era o caso de Kagura.

– Pessoal – o albino ergueu a voz. – Agora é hora de proteger o que é nosso! Nenhum Amanto foi capaz de colocar o Distrito Kabuki abaixo e certamente vamos manter esta escrita! Se tiver algum covarde aqui, com medo de lutar, pode vazar com as calças borradas! Vamos botar esses Amantos pra correr daqui, e já!!

Todos que estavam logo atrás do jovem declararam apoio aos brados, coisa que ele não esperava receber. Não se considerava um líder, estava bem longe disso.

Mas que era divertido estar com esse papel, isso era. Será que era assim que seu pai se sentia ao liderar a Yorozuya? Se sim, era bom demais, mesmo por um dia.

Era hora de orgulhar seu pai naquele combate. Assim, foi o primeiro a partir pra cima dos adversários, iniciativa que fez com que todos os outros fizessem o mesmo.


*


– Bem, chegamos. – Katsura anunciou. – Nunca pensei que depois de anos eu andaria por estas bandas.

– É, nem eu. – Kondo concordou. – E isto aqui tá bem destruído.

– Devemos levar em conta que já faz dez anos que o Terminal está totalmente desativado, Kondo-san. – Yamazaki afirmou.

– Não totalmente. – o líder Joui contestou. – Esqueceu o que conseguimos extrair dos microchips?

– Ah, verdade. Graças à Tama conseguimos decodificar e invadir os computadores responsáveis por eles. Com isso, descobrimos o verdadeiro motivo da desativação do Terminal e a construção de um terminal clandestino.

– E qual é esse motivo, exatamente? – o Comandante-Honorário do Shinsengumi questionou. – Certamente não é apenas para isolar a cidade de Edo.

– Edo está com seus dias contados, e desta vez é pra valer. – uma quarta voz ecoou de dentro do Terminal em ruínas.

– Está atrasado, Takasugi. – Katsura ralhou com o líder do Kiheitai.

Takasugi Shinsuke emergiu das sombras e se aproximou de Katsura, Kondo e Yamazaki. Sua aparência não era muito diferente de antes, exceto pela ausência de qualquer bandagem sobre seu olho esquerdo, coberto apenas por algumas mechas de cabelo. Vestia o mesmíssimo quimono roxo com estampa de mariposas amarelas e trazia sua espada embainhada à cintura.

– O importante é que estou aqui, Zura. – ele sorriu com um pouco de prepotência. – É irônico que hoje estejamos todos do mesmo lado. Shinsengumi, Kiheitai, Joui...

– Não é Zura, é Katsura. Poupe-nos do seu discurso, Takasugi. Explique-nos em detalhes para que serve este Terminal desativado. Você estava dentro do Governo Central, com certeza sabe pelo menos parte do que o Kasler planeja.

– O plano é bem simples. – Takasugi disse. – É aquilo mesmo que vocês descobriram ao decodificar os microchips. E convenhamos que foi uma sorte muito grande depois vocês encontrarem praticamente intacto o microchip que foi arrancado da cabeça de Gintoki.

– Então... Eles vão mesmo usar este lugar para um desvio intergalático? – Kondo ficou surpreso.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Paradoxo Temporal" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.