Paradoxo Temporal escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 13
A corda sempre corre risco de se partir...


Notas iniciais do capítulo

... No lado mais fraco.



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O Yorozuya, após dar aquele berro e agarrar com força o quimono do ex-Yorozuya, sentiu seus ferimentos recentes voltando a doer em demasia, mas tentou ignorar. Não era possível que toda a trabalheira do moleque em buscá-lo no passado seria em vão! E ele mesmo correra tamanho risco pra nada?

Em vinte anos ele seria assim, todo dramático? Onde estava aquela coisa de ser o samurai mais estúpido do universo?

Não era assim que se imaginava vinte anos mais velho. Não conseguia se imaginar assim. De jeito nenhum.

Levou a mão ao ferimento enfaixado e seu rosto se contraiu de dor. Aquele movimento brusco expunha sua atual fraqueza, dando razão para que permanecesse ali.

– Droga... – resmungou. – Pensei que já estava melhor...!

O Gintoki mais velho viu a impulsividade do mais jovem, que tinha sua cota de razão. Seria muita estupidez jogar fora tanto trabalho que tiveram pra resgatá-lo do que fazia sem saber.

– Fica tranquilo. – o albino mais velho disse. – Te prometo que não vou morrer.

– Ninguém vai morrer, Gin-san. – disse o Comandante Shimura. – Todos nós vamos sobreviver. É uma promessa.


*


Sons de apitos foram ouvidos por todos os cantos do Quartel-General do Shinsengumi, despertando todos os homens dali e retirando-os dos alojamentos para a batalha que estava começando a se desenrolar.

– Hijikata-san – era a voz do comandante Shimura pelo rádio comunicador. – Eu já estou chegando aí ao QG! Enquanto isso reúna todos os homens que puder para defendermos o Shinsengumi!

– Shimura-san – Hijikata questionou. – Quem foi o “traidor” que você abrigou em sua casa?

– Foi o Gin-san! O Governo Central descobriu que eu o abrigava em casa. Sinto muito pela minha imprudência! Assim que tudo acabar eu farei seppuku para que vocês não sejam condenados pela minha culpa!

– Pare de falar asneiras, imbecil! Eu não devo satisfação ao Governo Central! Somos apenas amordaçados por aqueles idiotas e você sabe disso melhor que eu! Você sabe muito bem que a única instituição que não reconhece o Governo Central como legítimo é justamente o Shinsengumi!

O Vice-Comandante notou que praticamente todos os homens necessários para retaliar os ataques que estavam por vir já estavam ali reunidos e posicionados à sua frente, juntamente com os capitães de suas respectivas divisões. O moreno ajeitou os óculos devidamente regulados para não cair em combate e jogou no chão mais uma bituca de cigarro, na qual pisou para apagar.

Sentia falta de Yamazaki ali naquele meio, mas havia meses que ele estava desaparecido, desde o incidente no qual descobrira sobre o Shiroyasha assassinando opositores do Governo Central, arruaceiros e populares que se recusavam a ser espoliados. Como espião do Shinsengumi, naturalmente ele sabia demais, então o sumiço poderia ser justamente por conta disso.

Com todos os presentes devidamente checados e os homens do Governo Central cercando todo o QG do Shinsengumi para uma invasão em massa, ficou apenas faltando uma coisa:

– Shimura-san – Hijikata chamou seu superior novamente pelo rádio comunicador. – Os homens já estão todos reunidos. Aguardamos a sua chegada?

– Não é preciso, Hijikata-san. – Shinpachi respondeu. – Eu já estou chegando aí com reforços. Se é guerra que o Governo Central quer com a gente, é guerra que eles terão!

– Qual é a sua ordem de imediato?

– Na ausência ou no impedimento do Comandante, o Vice-Comandante pode dar a ordem que julgar necessária. Tem a minha autorização para ordenar o ataque, Hijikata-san. A melhor defesa é o ataque.


*


Gintoki continuava com a mão por sobre o ferimento que ainda não parava de doer no abdome. Definitivamente, ter uma espada transpassando ali era terrível. Mas sabia que uma hora aquilo ia passar, fora só porque havia forçado naquele momento de raiva.

Estaria assim por conta do paradoxo temporal no qual estava? Aliás, quais eram os efeitos que isso realmente lhe causava em seu corpo?

Sentiu que a dor ali ficava mais forte com o passar do tempo. Em seguida, seu estômago começou a se embrulhar, o que começou a lhe dar náuseas. Em seguida, apareceu também uma forte vertigem, obrigando-o a se apoiar em algo pra não cair.

Mas que diabos era aquilo que estava sentindo?

– Gin-san – Shinpachi o encontrou. – A Sacchan-san acabou de acordar e...

O garoto de óculos encontrou o amigo naquele estado, apoiado na parede e levando a mão à boca, denunciando estar completamente nauseado.

– O que houve, Gin-san? O que você tem?

O rosto do Yorozuya estava pálido. Ele conseguiu responder:

– Eu não sei, Shinpachi-kun...! Mas...

E novamente colocou a mão na boca, visivelmente enjoado. Nisso, Kagura apareceu e Shinpachi logo pediu ajuda para ampará-lo até a varanda. Porém, no caminho, Gintoki não aguentou mais segurar e vomitou sangue, o que deixou os outros dois completamente em alerta e apavorados enquanto o albino não parava de se queixar de dor enquanto tossia.

Isso era péssimo. E, por conta disso, talvez o Yorozuya não fosse o único a sentir. E provavelmente o que ele sentia poderia afetar de alguma forma sua contraparte do futuro e Ginmaru.


*


Os homens do Shinsengumi marcharam para a entrada principal do Quartel-General, todos devidamente fardados e preparados para o confronto iminente. Na linha de frente, não estavam os integrantes de baixa patente, mas os do alto escalão. E, à frente de todo o alto escalão do Shinsengumi, estava o Vice-Comandante Hijikata Toushirou, que estampava um sorriso confiante em sua face enquanto dava um trago em mais um cigarro, o qual segurava com os dentes.

Sua expressão facial era extremamente fiel ao apelido de “Vice-Comandante Demoníaco”. Seus olhos azuis pareciam brilhar, sedentos de sangue, ao mesmo tempo em que sua mão esquerda ia à bainha de sua fiel katana. Gesto esse, imitado por todos os seus comandados, visto que eles o tinham como uma referência de samurai a ser seguida.

– Onde está o Comandante Shimura Shinpachi? – um dos líderes do cerco perguntou a Hijikata.

O Vice-Comandante deu mais um trago em seu cigarro e liberou com calma a fumaça que se formara com isso. Em seguida, respondeu:

– Ele não demora a chegar. Não é preciso tanta pressa, a noite é uma criança! Por que não tenta nos dizimar até que ele apareça?

– Essa sua insolência pode custar caro, sabia?

– Sempre me disseram isso e nunca vieram me cobrar por ela.

Hijikata virou-se para o pelotão do Shinsengumi e bradou:

– ATENÇÃO, HOMENS! AGORA É HORA DE MOSTRAR AO GOVERNO CENTRAL QUE ELE NÃO É LEGÍTIMO! HORA DE MOSTRAR DO QUE O SHINSENGUMI É FEITO! AO ATAQUE!

Assim que todo o Shinsengumi desembainhou as katanas, vários homens do cerco foram abatidos por quem acabava de chegar.

– Você demorou demais pra começar, Hijikata-san! – Shimura disse com um sorriso irônico. – Mas obrigado por deixar que eu desse o primeiro ataque!

– Vê se não acostuma! – Hijikata ironizou.

– Ei, Hijikata-kun – a voz de Gintoki, mas o que estivera desaparecido, se fez ouvir. – Qual é a desses óculos aí?

– Veio pra ajudar ou pra encher o saco?

– Vim pra me desculpar por essa encrenca toda. Serve?

Nisso, a batalha começou pra valer. Os homens do Governo Central procuravam sufocar os inimigos de qualquer maneira, enquanto os homens do Shinsengumi e os Sakatas lutavam com valentia para sobreviverem ao ataque. Não pensavam duas vezes em partir pra cima, fazendo com que houvesse um grande estardalhaço com o som de gritos, imprecações, ordens, baques de homens abatidos, espadas se colidindo e até tiros e explosões.

Nenhum dos lados se intimidava na batalha, pois estavam dispostos a dar o sangue pela sobrevivência. Principalmente o Shinsengumi, que mais do que nunca estava em sério risco de ser liquidado pelo Governo Central. Aquela força policial fundada e formada por “caipiras” era uma pedra no sapato dos governantes por sua insubordinação, refreada à força com a ameaça de acabar com todos ao mínimo deslize.

No entanto, o Shinsengumi não tinha apenas um corpo. Tinha também um cérebro, que era Hijikata, e não apenas uma alma, mas duas: Kondo Isao, o Comandante Honorário e Shimura Shinpachi, o Comandante em exercício.

Graças a isso e às katanas que eram brandidas sem hesitação, o Shinsengumi sempre fora duro na queda. E prometia continuar assim.

Porém, a situação logo começou a se desequilibrar, pois os homens comandados por Kondo, Shimura, Hijikata e Okita, e ajudados por Gintoki e Ginmaru, começavam a decrescer, ao passo que aumentavam os que eram abatidos por seus adversários que estavam do lado do Governo Central.

Os homens do Governo Central estavam conseguindo rapidamente ganhar terreno, aumentando assim o risco de se ter um massacre ali no próprio QG do Shinsengumi. Okita Sougo estranhava que o ataque dos adversários estava sendo incisivo e preciso demais.

Viu no meio de toda aquela escaramuça o vulto de alguém conhecido e saiu correndo para verificar, sem se descuidar de nenhum adversário ao seu redor. Enquanto isso, Gintoki e Ginmaru já começavam a se cansar rapidamente, tendo mais trabalho para fazerem os ataques e as defesas. Não só pelos ferimentos mais recentes, mas já desconfiavam que fosse por conta da gravidade dos ferimentos do Gintoki que viera do passado.

Mas eles se sentiam cada vez mais fracos a cada minuto, o que dificultava o combate de pai e filho. Estaria tão grave assim a situação do outro Gintoki?

Enquanto isso, Okita conseguiu alcançar o sujeito e pôs-se diante dele, apontando sua katana. Mas qual não foi sua surpresa ao ver quem era o “informante” que trabalhava para o Governo Central...

– Ora, ora, se não é você, Yamazaki... – disse procurando manter seu rosto inexpressivo.


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