Paradoxo Temporal escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 10
Colisão! Uma batalha entre duas épocas!




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- Do que está falando, Ginmaru? – Gintoki o interrogou.

- Vou resumir toda a ópera pra você: como você é do passado, a existência do seu “outro eu” depende da sua. Se você morrer, não vai ser o único a morrer. E não é só o seu “outro eu” que depende disso. Tudo que tiver o seu DNA vai depender da sua existência.

- Então tudo o que preciso fazer é não morrer, certo?

- Isso.

- Mais alguma coisa?

- Se não for te pedir demais... Por favor, não mate meu pai.

- Não dá pra garantir. – Gintoki respondeu a Ginmaru. – Mas vou tentar. Não sei as reais habilidades do Shiroyasha, sem contar que eu sou vinte anos menos experiente que ele. Agora saia daqui!

Ginmaru, antes de se afastar para onde estavam Shinpachi e Kagura, pegou a sua katana e a ofereceu ao Yorozuya, que a empunhou. Deu as costas, mas logo foi chamado e pegou no ar a espada de madeira.

- Fica com a minha só pra garantir. – ouviu Gintoki dizer.

Após ver que Ginmaru efetivamente se afastara dali, Gintoki se pôs em posição de combate empunhando a katana que recebera do jovem. Seu instinto de samurai dizia que realmente aquele combate não seria fácil.

E desde quando ele, Sakata Gintoki, tivera algum combate fácil? Nem mesmo garantir sua cota de doces era algo fácil.

Seus olhos vermelhos encararam os olhos frios de seu alter-ego. Embora da mesma coloração, o Shiroyasha à sua frente não lembrava muito o Shiroyasha que fora antes. Este era mais técnico, sabia canalizar sua força física muito bem. Por isso, fora capaz de derrotar Ginmaru rapidamente no primeiro embate. No segundo, o rapaz oferecera mais resistência, mas nem isso evitaria sua derrota.

Ginmaru fora derrotado pela pouca experiência, pois enfrentara um veterano de guerra. Diante disso, percebeu que suas chances de vencer seu “eu” do futuro não eram tão pequenas como pensava.

Um veterano de guerra enfrentando outro tornava o duelo imprevisível.

Os dois partiram ao ataque imediatamente, fazendo com que as lâminas das duas katanas se colidissem com força descomunal por alguns segundos. As lâminas ficaram cruzadas, mas o Yorozuya conseguiu usar mais força e quase acertar seu adversário, arrancando-lhe alguns fios de cabelo. Com alguns passos de distância entre um e outro, os dois albinos mais uma vez se atacaram, com as lâminas ainda a se colidirem fortemente, o que gerou várias faíscas.

Percebeu que seria páreo duro enfrentar a si mesmo, mas não se deixava abater. Tinha um objetivo definido. Enquanto o Shiroyasha lutava para matar, o Yorozuya pretendia acertar um golpe para incapacitá-lo de continuar o combate e assim derrotá-lo.

Tentar fazê-lo se lembrar de alguma coisa era perda de tempo. E tempo era o que menos tinha. Além de ter que atacar com tudo, o Gintoki vinte anos mais jovem precisava também de se defender, o que fazia com que ele desprendesse mais força ainda.

Claro que tinha que se defender, mas essa necessidade se tornou ainda mais imperiosa após Ginmaru lhe dizer acerca dos riscos que ele não era o único a correr.

Sua contraparte do futuro levou a katana acima de sua cabeça, para desferir um golpe que poderia rachar seu crânio ao meio. No entanto, o golpe foi prontamente bloqueado com a katana na horizontal. Seguiram por um bom tempo nesse jogo “ataque-e-defesa”, até que o Shiroyasha decidiu abrir sua defesa e ir pra cima do Yorozuya, com um movimento que mostrava claramente que, se fosse acertado, seria decapitado.

Abaixou-se rapidamente para salvar seu próprio pescoço de ser cortado ao meio. Ainda agachado, conseguiu dar um giro para a direita e, segurando a espada ao contrário, conseguiu atingir a perna direita do Gintoki mais velho, que reagiu tentando dar um contragolpe, prontamente bloqueado pelo mais jovem.

Estava em uma posição bastante desfavorável, segurando a espada na horizontal ainda agachado. Seu adversário golpeou mais uma vez sua defesa, tentando miná-la. O Yorozuya se jogou de bruços no chão, mas antes de rolar para o lado, como pretendia, acabou surpreendido por um golpe que perfurou seu ombro esquerdo. Assim que o Shiroyasha retirou a lâmina da espada do ferimento recém-perfurado, conseguiu rolar para o lado e se levantar rapidamente.

Seu ombro doía de forma cruel, mas isso não o impediria de continuar o combate. Gintoki partiu novamente ao ataque, querendo agora minar o ponto forte de seu alter-ego: a mão direita. Correu de encontro ao oponente, passando diretamente por ele, para, com a lâmina direcionada ao braço direito dele, causar-lhe uma perfuração.

No entanto, não saíra tão bem-sucedido como esperava. Caiu de joelhos e apoiou-se com a espada, enquanto sua mão esquerda ia tentar estancar em vão o novo ferimento que recebera, bem no lado direito do abdome. Seu sangue saía sem parar por entre seus dedos, ao mesmo tempo em que ele saía por sua boca por grandes golfadas.

Gintoki mal conseguia respirar com isso. Aquele ferimento era muito grave, sentia isso, assim como sentia que enfraquecia muito rápido. Mais rápido do que o normal. Mas não queria ser derrotado assim. Apoiado com a katana, ele se levantou, sentindo que sua camisa preta estava encharcada de sangue e grudava de forma pegajosa em seu ferimento.

Faltava-lhe o ar. Já havia sido ferido várias vezes daquela maneira, como podia ficar assim? Sua visão começou a se embaçar, mas conseguiu ver ali na bandana do Shiroyasha uma minúscula luzinha vermelha piscando.

Seria isso que o mantinha daquele jeito?

Levantou-se com muita dificuldade, mesmo em meio à preocupação de Shinpachi e Kagura, que também estavam preocupados com Ginmaru. Este também enfraquecia cada vez mais, à medida que o tempo passava. O Demônio Branco também acabou tendo que se apoiar em sua katana, pois do mesmo modo enfraquecia cada vez mais.

Então era isso que acontecia quando Gintoki era gravemente ferido? O Yorozuya logo entendeu o que Ginmaru quis dizer. Não era bobagem dizer que a existência deles realmente dependia da sua.

- Mas que droga... – Gintoki murmurou. – Não tenho quase força pra fazer o que quero...!

Tentou tomar algum fôlego e, com a mão direita bastante trêmula, empunhou a katana de Ginmaru. Precisava reunir suas poucas forças pra conseguir seu arriscado objetivo. A sua vida, a do Gintoki mais velho e a de Ginmaru dependiam disso.

Correu o máximo que podia com a espada em punho, visando à cabeça do Shiroyasha. No entanto, uma espada de madeira parou a katana. Ginmaru detinha Gintoki com a espada de madeira, para evitar que atingisse o Shiroyasha, ao mesmo tempo em que Shinpachi e Kagura estavam logo atrás, bloqueando-o.

- O que... Vocês estão fazendo...? – Gintoki perguntou completamente furioso e frustrado. – Saiam da minha frente!

- Nem pensar. – Ginmaru retrucou. – Você não vai matar meu pai!

- EU NÃO VOU MATÁ-LO, IMBECIL!!

- Não é o que parece.

- Idiota...! – agarrou com força o ferimento que não parava de sangrar. – Você não viu um microchip na cabeça dele...?

Ginmaru olhou para trás, e viu que havia ali um microchip com aquela luzinha vermelha piscando na bandana de um confuso Shiroyasha, que parecia tentar se lembrar dos outros dois à sua frente.

- Entendi. – o jovem disse e cedeu, dando passagem a Gintoki. – Parece que ao ver vocês dois – olhou para Shinpachi e Kagura. – ele ficou confuso.

- Isso é ótimo... – Gintoki sorriu. – Agora... Vou terminar o serviço...!

Os companheiros de Yorozuya abriram espaço para Gintoki, que mais uma vez brandiu a katana com a mão direita já perdendo parte do agarre firme que possuía. Cada vez mais fraco, ele tentou ignorar o que sentia e, enquanto o Shiroyasha procurava se firmar em pé, correu com tudo, passando à sua esquerda e provocando um corte na testa do Gintoki mais velho. Com o golpe, a bandana foi cortada e se soltou, caindo no chão ao mesmo tempo em que seu dono caía de joelhos, com uma expressão completamente confusa em sua face.

Nisso, o Yorozuya também caiu de bruços no chão, quase inconsciente, mas satisfeito porque conseguira seu objetivo. Enquanto Shinpachi e Kagura o amparavam, Ginmaru ia até seu pai.

- Q... Quem é você...? – perguntava um Gintoki vinte anos mais velho completamente confuso.

- Eu... Eu sou Sakata Ginmaru.

- Você cresceu, Ginmaru...! – o mais velho sorriu.

Ginmaru não pensou duas vezes e o abraçou fortemente:

- Bem-vindo de volta... Pai...!

O jovem deixou sua máscara de durão cair por completo e começava a chorar como uma criança. A criança ansiosa há dez anos pelo retorno do pai voltava à tona após muito tempo aprisionada enquanto muitos tinham seu pai como morto.

O Ginmaru de oito anos que ainda residia dentro do Ginmaru de dezoito anos era quem abraçava seu pai e ensopava o ombro dele com lágrimas e muco do nariz. O então Shiroyasha não ralhou com ele por isso.

Parecia aliviado por ter acordado de um pesadelo.


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