O Massacre Quaternário escrita por Use Your Illusion


Capítulo 13
Capítulo 13




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Acordo algumas horas depois com o barulho reconfortante do ribeirão, então preparo minhas armas e saio para dar uma olhada ao redor novamente. Atravesso as águas geladas do ribeirão e por uma ação totalmente involuntária de mim começo a gritar por James. Por mais que eu tentasse me controlar era quase impossível, e continuei chamando seu nome até que olho o outro lado, e alguém entra em ''minha'' caverna, mas não entrou andando normalmente.

Atravesso pelo ribeirão gelado novamente e entro de mansinho na caverna, minhas coisas estão intactas. Então faço algo muito idiota.

–James?- chamo por seu nome e alguém, ou algo, se agarra em minha perna e dou um grito.

Então paro para olhar e realmente era James.

–James, caramba, por onde esteve ?- disse abraçando-o. Então percebo que é a primeira vez que realmente tenho um contato físico com ele, com nós dois conscientes.

–Carlie, oi. Eu estive com uns problemas..ai.-ele reclama e me ajoelho em seu lado.

–Cato te esfaqueou ?

–Perna direita, em cima.- então olhei um pouco para sua perna, o ferimento está horrível e bem fundo, pelo que consegui ver.

–Vamos até o ribeirão, assim vejo melhor seu ferimento.

–Abaixa um pouco.- me abaixei e senti leves cócegas quando ele sussurrou no meu ouvido.- Lembre-se que estou completamente apaixonado por você, então não vejo problemas se você quiser me beijar.

Suspiro e começo a rir do que ele falou, é incrível sua capacidade de fazer piadas de tudo.

Olho fora, são menos de um metro, será que ele consegue andar até lá sozinho ? Minha pergunta se cala quando vejo que ele não consegue se mover um centímetro sozinho, e vou ajudá-lo. Mesmo com a minha ajuda e o máximo que dou de mim para não machucá-lo, gemidos de dor escapam de sua boca. Independente do que esteja acontecendo digo a mim mesma ''Não pare até chegar lá''. E foi o que fiz.

Chegando, o apoiei na beira e me sentei ao seu lado.

–E agora ?-perguntou ele.

–Agora você precisa se limpar, assim veremos o que fazemos com sua perna.

O pensamento que terei de dar banho em James me fez hesitar um pouco, então delicadamente tiro seu casaco e sua camisa lentamente, volto na caverna para pegar o cantil, encho de água e jogo sobre seu corpo. E que corpo, apesar de um ferimento pequeno de queimadura um pouco abaixo do ombro e duas picadas de teleguaidas, contando com uma no pescoço. Me sinto aliviada, pois sei cuidar desses ferimentos. Dou uma olhada em volta para ver se estamos realmente sozinhos e vou atrás das folhas que Eric me deu, quando volto, tiro os ferrões e ele suspira aliviado quando coloco as folhas. Dou uma leve lavada em sua camisa e seu casaco e deixo secar em uma pedra, e vejo que ainda não estou preparada para ver qualquer ferimento que Cato tenha feito em sua perna. A água gelada do ribeirão disfarça que James está ardendo de febre. Volto a caverna e pego uns remédios para febre que haviam na mochila de John, e volto.

–Engole isso - dei o remédio a ele- Está com fome ?

Ele engole o remédio e responde.

–Para falar a verdade, há alguns dias não sinto fome.

Pego um pedaço do perdiz que havia caçado a um dia e lhe ofereço, ele come, e quase vomita, então desisto da ideia, o máximo que consigo é lhe dar uns pedaços de maçã que achei ontem na mochila da garota do 6.

–Carlie, posso ir dormir agora ?

–Só um minuto, preciso ver o ferimento- vou lentamente tirando seus calçados e abaixando sua calça e vejo o tamanho do rasgo que está no tecido, o que não me prepara para ver o que há embaixo. O ferimento é realmente enorme, está inflamado, fazendo com que saia sangue e pus. Queria sair correndo imediatamente.

–Bem feio não é ?-James disse vendo minha expressão que nem eu saberia explicar do que é.

–Daremos um jeito- tentei parecer legal com o que disse. A verdade é que não sei lidar com pessoas doentes ou feridas. Não aguento nem ficar perto de quem está tossindo- Bom, primeiro teremos de limpar esse ferimento.

Peço para que ele tire sua calça. E sim, a nudez de James me deixa desconfortável, apesar de que ele não esteja totalmente nu. Pego mais água e jogo bem devagar sobre a perna. Consigo cuidar de todos os ferimentos, mas essa perna... pelos deuses o que faço com a perna ? Aquilo não parava de sangrar e eu estava entrando em estado de loucura.

–Bom... poderíamos deixar parado para ver se para de sangrar e depois...

–Você conserta tudo ?- ele disse deixando exposto que sentia um pouco de pena de mim.

–É, enquanto você come isso, e nem pense em reclamar- disse dando mais pedaços do perdiz.

Dei uma olhada em tudo o que eu tinha de primeiros socorros, e nada ajudava. Então pensei nas folhas. Volto com um bom punhado delas e ponho em sua perna e a mesma começa a soltar pus e posso deduzir que é um bom sinal.

–Carlie, que tal aquele beijo ?- dei um ataque de risadas porque a situação é tão embaraçosa para mim no momento que é involuntário- O que foi ?

–É que eu detesto cuidar disso ?- falei ainda rindo- Argh!- me permitir dizer- Aahhh!

–Como você consegue caçar ?

–Acredite, caçar, matar, é bem mais fácil do que isto.

–Pode se apressar um pouco ?

–Não, agora cala a boca e come esse perdiz.

Depois que retiro as folhas posso ver o quanto foi profundo o ferimento que Cato lhe causou. Até o osso.

–E agora dra.Rayne ?

–Eu não sei. Talvez um pouco da pomada para queimaduras e fazer um curativo- a ideia pareceu apresentável- Mas primeiro você precisa terminar de se limpar, pegue isso e se cubra, vou limpar sua calça e você tente limpar sua cueca ou sei lá.- disse lhe jogando o saco de dormir.

–Eu não me importo que você me veja completamente nu.

–Mas eu me importo, engraçadinho-disse enquanto virava de costas para James e ouvia barulhos de tecido na água.

–Sabe, para uma pessoa tão letal quanto você até que é bem enjoadinha- ele dizia enquanto eu terminava de limpar sua calça- Queria ver você dando um banho em Phill em seus dias de bêbado- meu nariz começa a coçar só de pensar na situação.

–Falando nisso, o que você já recebeu dos patrocinadores ?

–Nada. Você já ganhou algo ?

–O remédio para queimaduras- respondo sem jeito. Como ele não ganhou nada ?

–Sempre soube que era a favorita dele, do Phill.

–Para com isso, não aguento ficar muito tempo com ele na mesma sala.

–Pode achar o que for, mas vocês dois se parecem muito.

Terminando de secar as roupas, ele mesmo as coloca, faço o curativo na perna dele e voltamos à caverna. Eu o deixo dormir em paz enquanto fico de vigia.

E fico pensando em tudo que ele disse. Será que eu era mesmo a favorita do Phill ? E de todos Eles ? E se todos os outros tributos fossem objetos no jogo da Capital, John, Cato, Lise, todos eles ? Não me contento com meus pensamentos e deixo que uma lágrima caia lentamente pelo meu rosto.


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