Strawberry against Blood escrita por Miahh


Capítulo 31
Meu paraíso azul


Notas iniciais do capítulo

Oii gente, desculpa a demora, mas eu tive ENEM nesse fim de semana e não deu pra escrever nada durante a semana :( me desculpem e me perdoem.
Valeu pelos lindos reviews *----* love you guys.

Bom, todos preparados? A fic está mesmo no fim. Uns dois capitulos and THE END.

Boa leitura, espero que gostem ♥



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Eu estava um pouco fora de mim. Toda a minha força havia sumido, e agora só me restava a fraqueza e tontura.

Sentei na cama e Lisbon veio até mim. Ela delicadamente retirou a arma das minhas mãos, jogando-a no chão.

Então foi como se eu acordasse de tudo.

Era o fim.

Acabou.

Num primeiro impulso, fiz o que mais queria: abracei Teresa com força, deixando que suas lagrimas molhassem minha blusa.

–Achei que ele iria tocar em mim... Achei que ele iria nos matar... – Ela murmurava, com o desespero obvio na voz – Obrigado por me salvar, Patrick... Muito obrigado.

Puxei seu rostinho para perto do meu e visualizei aqueles olhos verdes e brilhantes, tão assustados, porém cheios de vida.

E o melhor de tudo, esperança.

Eu devolvi a esperança que Ray tinha roubado dela.

–Como eu disse, sou seu servo real e tenho que salva-la. Você sabe disso.

Ela riu baixinho.

–Sei sim – Por um momento, ela desviou seu olhar para os corpos caídos no chão. Senti a tensão dominando seu pequeno corpo. Então sabiamente, eu a peguei no colo e a guiei para fora dali. – J...Jane, o que você está fazendo?

–Você não precisa ver isto.

–Eu vejo isso todos os dias, Jane.

–Mas hoje não é igual aos outros dias. – Murmurei, tentando não tropeçar no corpo de Lorelei, que estava perto da porta – Hoje é um novo dia... Um dia especial.

O primeiro dia de nossas vidas.

Fui até a cozinha, colocando Teresa delicadamente sobre a cadeira. Ela sentou, se ajeitando, enquanto eu servia uma grande quantidade de água gelada em um copo verde, entregando para Lisbon. Não preciso dizer que ela bebeu tudo em questões de segundos. Tomou tão rápido, que ela tossiu um pouco, levemente faltando-lhe o ar.

Ainda confuso sobre os meus sentimentos, tentando aceitar a ideia que tudo tinha passado e finalmente, Teresa e eu teríamos uma vida em familia como sempre desejamos, sem Red John e muito menos, sem Lorelei.

Foi então que eu me lembrei que já estava na hora de pedir por socorro. Era a hora de avisar a policia.

Corri para o quarto onde os corpos estavam e revirei os bolsos de Ray. Depois de alguns segundos de total frieza de minha parte, eu encontrei um celular preto e com este em mãos, corri de volta para a cozinha.

Lisbon acenou de leve com a cabeça quando viu o celular. Nós dois concordávamos que precisávamos ir embora dali.

Depois disso, segurei a sua mão e a levei até o lado de fora da casa, longe daquele atmosfera pesada que pairava. De longe, enxerguei o mar e pensei que seria uma boa hora para me despedir.

Me despedir daquela vida.

Me despedir delas.

Charlotte e Angela.

As razões por eu persistir nessa vingança doentia – que felizmente – teve fim.

Porém eu não queria dizer isso a Teresa. Não porque achei que ela não fosse entender, mas sim porque isso era um pouco pessoal. É uma coisa somente minha, e de mais ninguém.

Era a minha hora de dizer adeus apropriadamente, a aqueles que eu deveria ter dito há dez anos. Aquelas pessoas que eu nunca queria ter dito adeus, nem há dez anos, nem agora.

Descemos a escadinha e fomos de encontro com uma pequena e limpa praia particular. De longe só era possível observar a vegetação litorânea, balançando levemente com a força quase mínima do vento.

Tirei o meu terno e coloquei sobre a areia, para Teresa sentar sem se sujar mais. Depois entreguei o celular do Ray a ela.

–Ligue para alguém. Diga que estamos bem e salvos. Diga que acabou. – Orientei-a, com a voz um pouco tremula só por dizer “acabou”. Achei que morreria sem poder conseguir pronunciar esta palavra com o alivio que eu sentia, sem o peso nas costas e a culpa me perseguindo.

Realmente, a vingança valeu a pena.

–Ok, mas para onde você vai? – Ela perguntou, ainda confusa.

–Vou molhar os pés – Olhei para os meus pés machucados. Estava sem o sapato e apenas agora, havia reparado nisso.

Pensei que Lisbon diria algo do tipo “ Cuidado, a água salgada vai fazer seu pé arder” ou “ Quem você pensa que engana, Jane?” Porém ela nada disse. Apenas concordou com a cabeça, fazendo sinal para que eu fosse. Logo, pegou o celular e começou a discar algum numero, provavelmente o de Grace ou talvez Cho.

Deixei-a sentada, caminhando lentamente até o mar. O sol estava se escondendo por detrás das colinas verdes, habitada por animais que provavelmente já se recolhiam em suas tocas ou cavernas.

Senti a água gelada tocando a ponta dos meus dedos. Soltei um suspiro alto, enquanto meu corpo se sacudia. A água salgada fez meus dedinhos queimarem. Ignorei isso, tentando me focar em outras coisas.

Olhei para minha mão. O anel de ouro brilhava estonteantemente, como no dia em que Angela a colocou em meu dedo.

Ou como no dia em que Charlotte nasceu. Lembro-me bem de estar olhando para o anel, em um hospital de Malibu, no dia seguinte ao nascimento de minha pequena.

–Patrick, e que nome vamos dar a ela?

–Charlotte – Respondi, girando o anel em meu dedo, sem olhar para outra coisa a não ser este pequeno objeto. – Nossa filha se chamará, Charlotte Anne Jane. Um belo nome, não acha?

–Parece nome de princesa – Angela riu.

E naquele momento, jurei ter ouvido o mesmo riso ecoar pela praia quase deserta.

Angela.

Eu sempre senti que ela estava presente comigo durante todo esse tempo.

E mesmo com um aperto no coração, a hora era chegada.

O sol estava cada vez mais escondido. Teresa ao fundo, conversava com alguém no telefone. Nessa altura eu já havia esquecido sobre os machucados no pé.

Então eu retirei o anel, e passei a encarar aquele pedaço de ouro desgastado.

Tantas lembranças boas, porém tantas tristes.

Tantos anos correndo atrás de uma vingança aparentemente sem fim.

Mas agora tudo acabou.

Tudo finalmente acabou.

–Me desculpe por tudo, Angela... – Murmurei, tentando segurar o choro evidente – Me desculpe por não ter conseguido proteger nossa tão inocente Charlotte. Eu sei que tudo isso foi culpa minha... Mas... Mas, tudo isso chegou ao fim. Ele morreu, ele pagou pelo que fez a vocês duas. Ele não vai machucar mais ninguém.

Desviei o olhar para o grande oceano de águas claras e calmas.

–Eu sinto a falta de vocês... Todos os dias... – Uma lagrima caiu sobre minha mão – Mas eu preciso seguir em frente. Teresa... Teresa está grávida e ela é uma boa pessoa. Nervosa – Eu soltei uma risada tímida – Porém boa pessoa.

Fechei os olhos e respirei fundo.

–E agora ela é a que mais precisa de mim. – Confessei para nada além do mar. Mesmo assim, senti que alguém me ouvia – E eu preciso proteger o nosso bebê... E...Eu quero dizer, eu nunca esquecerei de vocês duas, mas eu preciso seguir minha vida.

Encarei o céu azul escuro e percebi que Teresa tinha acabado de desligar o telefone.

–Porque agora que o Red John morreu vocês estão livres. Vocês podem ir... Podem ir em paz...

Peguei o anel e com todas as minhas forças, eu o joguei no mar.

Ouvi apenas o barulho do objeto tocando com rapidez a água e afundando.

Era assim que terminava a nossa historia.

E lá no fundo, mesmo eu não acreditando nisso, eu sabia que as duas estavam lá comigo, abraçando-me e dizendo:

–Obrigada, Patrick...

**

Carros de grandes emissoras, policias, helicopteros, ambulancias... Eram tantos veículos que eu me perguntava como todos conseguiram parar em um terreno não tão grande quanto esse.

Lisbon estava na ambulância, há mais de dez minutos. Os primeiros exames – realizados ali mesmo – confirmaram que tanto Lisbon, quanto o bebê, estavam saudáveis e estáveis. A única coisa era que ela precisava era ser mantida em observação por algumas horas e realizar apenas alguns outros exames mais precisos, pela manhã.

Eu estaria acompanhando-a, se Grace não estivesse conversando horrores com a ex-chefe. A ruiva praticamente estava detalhando todos esses dois dias em que ela esteve trancafiada. E acredite, muitas coisas aconteceram. Como por exemplo, Bertram.

Bertram descobriu o meu plano, na tarde de hoje. Usou de seu poder sobre Rigsby, para “convence-lo” amigavelmente que ele precisava contar sobre, ou perderia o emprego.

De acordo com Cho, Bertram ficou louco quando descobriu. Disse que os três tinham jogado Teresa aos leões, uma vez que eu não era bom o suficiente contra o Red John, e que se algo acontecesse com ela, os três pagariam caro.

O que o coreano me contou, não condiz com a cena que eu vi há pouco: Bertram caminhando de braços abertos para mim, com um grande sorriso em seu rosto e um ar de alivio misturado com vitoria.

–Jane, Jane, por que eu ainda te subestimo? – Ele perguntou. LaRoche vinha logo atrás, não tão feliz, porém igualmente aliviado.

–Não sei, afinal sou eu quem pega os caras maus. – Brinquei, sorrindo um pouco. – Bom, por toda essa animação, eu deduzo que a FBI tenha retirado as acusações contra mim...

–Melhor do que isso, Jane – LaRoche afirmou – Além de tirarem, eles ofereceram um bom pedido de desculpas...

–“Um bom pedido de desculpas?” – Repeti confuso – E o que seria?

–Primeiro, só respondo se você dizer que Teresa irá voltar para a CBI.

–Ela irá voltar, lá é o lugar dela.

Ambos sorriram.

–Então, bom... – LaRoche prosseguiu – A FBI vai cuidar de todos os casos do seu time, por um mês e vocês terão folga!

Eu ri.

–Claro que eles pediram alguma coisa em troca, não pediram?

–Eles querem que vocês, principalmente você Jane, esqueça o que houve na prisão e essas coisas... Mas acho que com um mês de folga, você irá se esquecer bem, não é?

–É, eu espero que sim.

–Bom, a folga está ai. Vocês vejam ai o dia que quiserem e Bon voyage.

–Hum, obrigado.

–Não agradeça, Patrick – Bertram afirmou – Apenas esqueça o que aconteceu na prisão e você será muito feliz... –Ele me encarou por alguns segundos e olhou para Lisbon que finalmente se despedia de Grace – Vocês...

–Ainda não a pedi em casamento. – Engoli a seco. Bertram tratava Lisbon como uma filha e eu sentia que seria morto por um “pai” superprotetor em breve.

–Sabe que deveria... Logo – Ressaltou. – Senão a barriga apa...

–Eu sei, eu sei. Vamos o mais rápido possível. – Olhei para Rigsby que se aproximava e me lembrei de algo muito importante – Ah, Bertram...

–Sim?

–Quando nós voltarmos para a CBI, eu posso ter uma conversa séria com você?

–Sobre?

–Sobre algumas coisinhas pessoais.

–Estão escondendo algo de mim? – LaRoche nos questionou.

–Não, são coisinhas pessoais de outra pessoa. – Afirmei, piscando para Rigsby, que não entendeu nada.

–Ah, tudo bem então. Nos vemos na CBI – Ele bateu no meu ombro –Agora vá ver Lisbon. Ela precisa de você.

Sorri timidamente.

“Ela precisa de você”

A princesa precisa de seu herói.

–Jane... – Ela murmurou, vendo-me sentar no banco estofado da ambulância. – Pelo que parece você já andou espalhando a noticia da minha gravidez pela CBI... Não foi?

–Meh, foi um impulso necessário. Te poupei de ir contar para os três pessoalmente.

Ela sorriu. Segurei sua mão e senti como ela estava quente.

–Grace quer fazer um chá de bebê. – Ela afirmou, fazendo um biquinho – Não sei se é uma boa ideia...

–Claro que é. – Afirmei – Namorados podem ir também?

–Claro que não, Jane.

–Meh, tudo bem então – Beijei sua mão com leveza – Eu vou chamar os garotos para uma noite de poker no meu quartinho de motel.

Ela arqueou as sombrancelhas.

–“Noite de poker no meu quartinho de motel”? Nem pensar.

–Por que não?

–Não sinto boa coisa nisso.

–Meh, é uma noite de poker inocente.

–Strip Poker não é inocente.

Eu gargalhei alto, para surpresa da agente.

–Acha que vou fazer um jogo de strip poker junto de outros dois homens? Sério? Que eu saiba, ainda não mudei a minha opção sexual.

–Patrick, você pode muito bem contratar alguém para tirar a roupa para vocês. – Ela respondeu, um pouco séria.

–Teresa – Passei a ponta dos dedos pelo seu rosto – Isso não será decisão minha.

–Jane!

–Brincadeirinha, meu amor. Sabe que não posso trair a mãe do meu filho.

Lisbon sorriu, esfregando sua mão na minha.

Foi ai então que ela percebeu.

–Jane, cadê o seu anel?

Desfiz o meu sorriso rapidamente. Esperava que ela tocasse nisso mais tarde, não agora.

–Elas estão em paz agora. – Foi a única coisa que a minha mente conseguiu pensar e minha boca, dizer. Sorri fraco, esperando que ela não persistisse no assunto.

E ela não persistiu.

–Senhora Lisbon, senhor Jane... – A voz serena da enfermeira me salvou – Nós já vamos para o hospital. Tem certeza que não quer ir em uma maca, senhor Jane?

–Sim... Quero ir ao lado dela.

–Bom – Ela suspirou baixinho – Então tudo bem. Vou chamar o outro enfermeiro para ficar ai atrás com vocês.

–Ok – Nós dois respondemos juntos.

Teresa encarou-me novamente e eu senti a felicidade em seus olhos. Em sua boca. Em cada pedacinho de sua alma.

Porque ela sabia que a partir de agora, uma nova historia será escrita.

E essa história será a nossa.

Pois hoje é o primeiro dia, de nossas vidas.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado :D Confesso que eu mesmo chorei na hora da despedida do Jane. Espero que na série, eles façam algo do tipo, quando a vingança dele acabar :)

Beijos e até prox domingo ♥

obs: eu não sei escrever strip, muito menos o meu word. heheh



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