Strawberry against Blood escrita por Miahh


Capítulo 27
Nós nascemos para morrer


Notas iniciais do capítulo

Oiii gente :) É HOJE É HOJE É HOJE final de hiatus, povo todo louco... ahhhh como eu amo esse fandom!!!!!

Tomara que gostem do cap. O titulo é o nome da musica da Lana del Rey - Born to die. A musica tem tudo a ver com o capitulo. Ou não. Hehehe.

Agradeço a babs pela inspiração ♥

Boa leitura :)



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Tentei evitar dirigir na estrada que liga toda a região costeira da California com Sacramento. Sabia que, naquela altura, toda a FBI estava atrás de mim, fazendo bloqueios em toda a parte.

Para piorar, a praia onde eu desconfiava que Teresa poderia estar, ficava em Malibu. Perto da minha antiga residência.

Sem duvidas, a FBI já estava por lá, e claro que por perto.

Então, sem muito ao meu alcance, continuei dirigindo o meu velho carro, rumo a Point Dume.

A estrada estava totalmente vazia – por exceção de um ou dois carros que passavam. Do meu lado direito, era possível observar o mar calmo batendo contra as rochas.

Com o passar das horas, o sol gradualmente foi iluminando toda aquela escuridão, dando vida ao lugar. Barquinhos de pesca já se posicionavam ao longo do grande mar. Iates importados da Europa, navegavam tranquilamente entre os pequenos barcos, procurando um lugar ao sol onde pudessem estacionar e mergulhar com tranquilidade e paz.

 Meu estomago roncou alto. Não comia nada fazia horas, mas isso nem me importava muito. Mesmo depois da dor insuportável que tomou conta do meu estomago, seguido de uma leve fraqueza nas pernas. Não iria comer. Não até achar Lisbon. Estava tão nervoso, que pude jurar que acabaria vomitando toda a comida. E isso não era legal.

Aos poucos, o mar começou a ficar mais distante e pequenas camadas de areia se formavam. De longe, podia-se perceber as inúmeras casas construídas sobre as rochas e por trás delas, uma extensa área de proteção ambiental, com arvores e mais arvores.

Olhei para o retrovisor. Constatei que um carro preto de vidros totalmente filmados, me seguia. Seguia a muito tempo.

Essa seria a minha carona.

Estacionei o meu carro um pouco distante, em uma rua residencial pouco movimentada. Segui receoso o meu caminho até uma praia pouco conhecida, incrivelmente próxima a Point Dume.

A areia era extremamente fofa. Meus pés afundavam a cada passo dado, deixando pegadas incriminadoras por todo lado.

Escolhi um lugar onde poucas pessoas pudessem me ver, e sentei no chão fofo, encostando a minha cabeça em uma grande rocha. Fechei os olhos e ensaiei um cochilo, mesmo minha mente não permitindo isso.

Então uma voz suave me despertou.

-Bom dia! – Cumprimentou Lorelei, com um sorriso suspeito. Seu cabelo estava incrivelmente bonito: ondulado e brilhante. As roupas de grife, além da maquiagem forte no rosto, se contrapunham contra a pele branca, mas não pálida. Quase um dia sumida e ela me parecia tão renovada e bem.

-Vejo que aprendeu bem com o seu amigo Red John – Alfinetei-a sem ao menos encara-la nos olhos. Preferi imaginar sua expressão confusa – Em como perseguir as pessoas de carro... Só não consigo entender como você conseguiu driblar toda a FBI que está circulando pelas ruas de Malibu.

-Hum, não é tão difícil quando você tem um carro filmado e um motorista particular – Ela respondeu, como se fizesse uma piada – Agora você... Você está com o seu carro, com a mesma roupa de sempre, andando a algumas quadras da sua antiga casa... Isso não parece ser muito genioso.

-Meh, estou preso? – Perguntei, vendo-a negar com a cabeça – Então significa que não fui tão burro quanto pensa.

Ela riu baixinho.

-Não disse que era burro. Disse apenas que seu plano não era lá um dos melhores.

Quem nos observasse naquela hora sem conhecer nossa historia, pensaria que éramos melhores amigos fazendo piadinhas entre si.

Quando na verdade, eu desejava mata-la por machucar a minha Teresa.

-Quando vamos parar com esse teatrinho? – Me levantei, batendo as mãos na calça para tirar o excesso de areia - Quando eu poderei vê-la?

-Teresa? Vê-la? – Ela riu – Pensa que é assim tão fácil?

-Claro que sim. Afinal, o que você quer? Já não basta sequestra-la?

-Não. Você poderá vê-la se fizer tudo que eu mandar.

-Tudo o quê?

-Primeiro – Ela se aproximou de mim, a ponto de eu conseguir sentir seu perfume cítrico no ar – Quero que prometa para mim que não tentará nada no caminho. Se você fizer algo, tentar, pensar, em fazer algo, apenas uma ligação e Teresa morre.

Um nó na garganta impediu que eu respondesse algo. Apenas assenti com a cabeça.

-Bom... – Ela murmurou – A segunda coisa e não menos importante... Quero que me beije.

-Te beije? – Mesmo sendo algo estranho, não esperaria nada diferente dela. Lorelei ainda sentia algo por mim.

Quem sabe, algo mais forte do que Red John.

-Sim... Afinal não foi assim que tudo começou? Por que não ser assim que tudo acabará?

“-Preciso te avisar Lorelei, eu não sou o bom partido que você pensa que eu sou...

-Tudo bem, eu também não”.

Respirei fundo. Lorelei estava mexendo com o meu emocional, como se invadisse a minha mente e me torturasse, apenas com palavras.

Mas, senti que ela não se referia apenas a mim quando dizia aquilo. Senti que ela se referia a ela mesmo.

Porque no fundo, bem no fundo mesmo, Lorelei sabe quem Ray realmente é. Ela sabe a essência dele. Ela sabe que, da mesma forma que ele teve coragem de estuprar sua irmã e deixa-la para morrer amarrada no chão, ele terá para acabar com a vida dela.

-Você ainda pode desistir disso, você sabe – Sussurrei em seu ouvido – Você é bonita, inteligente... Tem o mundo em suas mãos. Pode começar uma nova vida em outro lugar... Nós sabemos o que irá acontecer... E eu sei que você sabe.

-Eu sei o que eu estou fazendo.

-Tem certeza?

Lorelei não me respondeu. Sequer fez um gesto ou algum ruído. Permaneceu quieta, pensativa. Então com a voz muito suave, perguntou-me:

-Vai me beijar ou não?

Antes que minha mente percebesse o que eu estava fazendo, eu apenas agarrei Lorelei, deixando-a meio sem jeito e beijei sua boca levemente. Não aprofundei o beijo. Se eu estava fazendo isso, era porque Lorelei era a minha ultima esperança.

-Bom... – Ela sorriu – Já que me provou o quão fiel você é, vou prometer a minha parte do acordo e te levar para ver o ser desagradável que está na casa do Red John... Venha.

Caminhamos até o carro dela todo filmado, e quando entrei, me deparei com Bob Kikland, como motorista.

-Surpreso, Jane? – Ele me perguntou, com a naturalidade de um psicopata.

Não é a toa que é amigo do Red John.

-Nem um pouco. Sempre desconfiei de você.

Ele riu forçadamente.

-Tá bom, sei. Finge ser o mais esperto, mas convenhamos que Red John é o mais esperto. Ele conseguiu adivinhar o que você faria com ele, Patrick. Ele conseguiu sequestrar a Teresa e ele vai conseguir acabar com a sua vida. Não é um maximo?

-Não. – Frio e rápido. Lorelei suspirou alto.

-Vamos logo, Bob. Estou ficando com fome.

-Ah, está bem, Lorelei.

E assim começou algo que eu deveria ter evitado.

Se Teresa conseguir aguentar só mais um pouco...

**

Trinta minutos dentro daquele carro. A brisa do mar batia nos cabelos de Lorelei, que não se importando com o perigo eminente de ser pega a qualquer instante, abriu a janela do veiculo e fez questão de sentir o vento em seus fios escuros.

Entramos em uma espécie de estrada de terra, que nos guiava floresta adentro. Do meu lado direito, eu conseguia enxergar  o mar aberto. Do esquerdo, apenas arvores de raiz pouco profunda e alguns insetos.

E na minha frente, uma casa tijolos branca, com o que parecia ser uma piscina. Aquilo mais era uma mansão do que uma casa de veraneio.

Saimos e Bob me agarrou pelo braço. Não lutei. Não lutaria sabendo que Teresa corria perigo.

Entramos pela porta dos fundos, onde tem a piscina – e sim, realmente era uma bela e grande piscina – com um detalhe: havia uma longa escadaria até a praia. Uma espécie de praia particular, com um barquinho ancorado nele.

Dentro da casa, o primeiro  cômodo que entrei foi a cozinha. Tudo – exatamente tudo – estava arquitetado para entrar uma grande quantidade de luz e  parecer um lugar extremamente arejado. As paredes eram brancas, que entravam em contraste com os equipamentos pretos, incluindo a geladeira e o fogão.

Bob me guiou até um corredor estreito, quase sem luz. Havia quatro portas. A primeira, bem no final do corredor, era a do banheiro. Sei porque vi a privada e senti o cheiro de água sanitária. As outras três portas estavam fechadas.

Lorelei abriu a porta que ficava do lado do banheiro. Senti um arrepio.

Caminhei lentamente até lá. Era possível ver o pó saindo do quarto, através da luz fraca. Um cheiro de madeira podre invadiu as minhas narinas e um gemido de dor bem baixinho ecoava pelo lugar, seguido de uma risada também baixa.

Então, parado na porta do quarto, eu a vi.

Teresa...

-Não... –Murmurei.

O quarto estava vazio de qualquer móvel, qualquer conforto. No chão de madeira – provavelmente podre – Teresa estava encolhida no canto, com as costas curvada na parede que descascava lentamente. Seus tornozelos estavam acorrentados a parede e tanto as palmas de sua mão, como a sola dos seus pés, estavam pretos, com um pouco de sangue neles. Seus olhos – sempre lindos e brilhantes – pareciam desfocados, sem vida. Era como se Red John tivesse tirado o brilho, a vontade de viver que Teresa tanto tinha.

Suas roupas e sua pele branca como a neve estavam sujas com uma espessa camada de pó e sujeiras. Sua calça estava rasgada. Sua blusa também. Seu casaco marrom estava atirado no chão, com algo que parecia vomito de sangue. 

Minha Teresa... Meu bebê lindo que ainda nem teve a chance de nascer...

Tudo poderia acabar em minutos.

Por minha causa.

-Patrick, que surpresa – Ray afirmou com um leve sarcasmo – Lisbon estava aqui te esperando... Não é Teresa?

Ela nada respondeu. Estava sem forças para tal.

-Vamos Teresa, não seja tímida. Patrick veio de Sacramento para te ver... Foi uma longa viagem de carro, não foi?

-Teresa... – Tentei me soltar do Bob. Reparei que Ray segurava discretamente, uma faca pequena.

Ray deu um sorrisinho de canto de boca.

-Lorelei, por que você não vem brincar um pouco com a Teresa? Aposto que ela quer passar um tempinho com você.

Lorelei pegou sua arma de choque, e caminhou lentamente até a Teresa. Tentei gritar, me soltar das garras de Bob, até dar um soco nele, porém não consegui. Não que Bob fosse muito forte, mas sim porque Ray balançava a faca, com um sorriso sádico em seu rosto.

-Não, não, não – Lisbon gritava, esforçando-se já que estava fraca e quase sem energia – Me solta, me deixa em paz!

Lorelei aplicou a arma de choque na sola do pé da agente. Ela gritou em protesto.

-Patrick, pelo amor de Deus me ajuda, me ajuda.

-Lorelei, para! – Esbravejei. Ela se virou para mim, o que foi ótimo para ganhar tempo – Presta atenção, você não quer fazer isso. Você sabe que a Teresa não foi a culpada pela morte do nosso filho. Você sabe disso!

-Agora é nosso filho, né? Agora você se lembrou que nós tínhamos um futuro juntos – Respondeu, vindo em minha direção. – Só que agora é tarde demais.

Raivosa, Lorelei socou o meu estomago. Senti todo o meu corpo tremer.

-Sabe... Pra que torturar a Teresa, se eu tenho o Patrick bem aqui na minha frente? – Senti a sua arma de choque roçando em minha pele, sobre a minha blusa. Esperei pela dor, que chegou alguns segundos depois.

-Bob, leve-o para o outro quarto – Ray ordenou – E não se esqueça de algema-lo. Vai ser uma tarde muito divertida...

Lorelei riu.

-Com certeza... Muito divertida...

***

Meus pés latejavam. Choques e mais choques eram distribuídos pelo meu corpo. As algemas apertavam meu pulso tão forte, que mal conseguia sentir as mãos.

Todo o meu corpo latejava. O pouco sol que entrava pela janela me aquecia um pouco.

Eu não conseguia mais sentir medo, muito menos dor. Todo o tecido do meu corpo estava adormecido, como se minha carne estivesse gradualmente, se acostumando com a dor, os choques, os tapas, os socos e os cortes.

Lorelei era a responsável por tudo isso. Ray e Bob ficavam apenas admirando-a, trocando olhares rápidos e risinhos satisfeitos.

Felizmente, meu corpo sucumbiu de exaustão, após tantas horas continuas de tortura.

E depois de tantas horas, e mesmo sem conseguir abrir os meus olhos, tive a leve impressão de sentir o calor de uma pequena mulher, acolhendo-me em seus braços como se eu fosse uma criança assustada.

E foi ai que eu entendi a frase, dita por ela para mim no dia anterior:

“Assim se nós morrêssemos, eu estaria junto de você até o final, como deve ser”.

Mas, o nosso final não é agora, querida Teresa.

Nossa história está apenas começando.


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Notas finais do capítulo

Então gente, estão curiosos? a fic realmente está no fim :( Coloquei a lorelei como uma vaca, mas ela vai morrer logo então tudo bem.
Espero q vcs tenham entendido a frase do como tudo começou... Me referia ao epi onde a Lorelei aparece pela primeira vez :)

Então, que venha a nova temporada de The Mentalist HOJE!!!! beijos gente e obrigado pelos ultimos reviews.

amo vcs ♥