Strawberry against Blood escrita por Miahh


Capítulo 12
Sem mais mentiras


Notas iniciais do capítulo

Hey povo *--* Thanks por todos os reviews e tudo mais... Isso me inspira a continuar :)

Bom, acho que devo um pedido de desculpas e explicação pela demora pra postar esse capitulo. Bom, minha fic ficava guardada em um lindo pen drive, que queimou no domingo... Depois de um pequeno ataque do coração e muito chocolate, eu consegui recuperar metade do capitulo, ou seja eu precisei reescrever quase tudo, e eu tipo não lembrava nada do que tinha escrito anteriormente. Mas tudo está bem agora, e peço perdão se esse capitulo ficou meloso demais... me culpem.

Bom, esse cap tem algumas breves menções ao episódio: "Red rover, Red rover" (4x23). Não tem spoilers enormes pra quem não viu, então relaxem :)

Boa leitura :)



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Era manhã quando finalmente despertei do meu sono profundo após passar uma noite solitária, com apenas a doce, mas melancólica, companhia da bebida. Esta, que me causou uma baita ressaca.

Para piorar, uma batida infernal na porta ecoou em meus ouvidos sensíveis, se transformando em uma dor insuportável.

–Patrick Jane, abra essa porta agora – A dona das batidas ordenou. Era Teresa, que pelo tom de voz, estava bem zangada – Eu sei que você está ai. Abra já essa porcaria de porta, Patrick.

–Calma, Lisbon. –Pedi, com a voz ainda rouca. Olhei em volta e percebi em como o quarto estava bagunçado, principalmente com as roupas de Lorelei espalhadas. – Eu já vou abrir.

–Vai logo.

Levantei rapidamente ainda meio tonto, e recolhi todas as roupas dela, jogando-as de qualquer jeito no fundo do armário.

Dei outra olhada rápida no quarto, confirmando se não havia mais nada da Lorelei, por ali.

Então, com a cara mais acabada do mundo, e as roupas mais amassadas, cheirando a álcool, fingi um sorriso enquanto abria a porta.

–Bom dia – Cumprimentei-a, ainda sorridente, o que não era correspondido já que Teresa me parecia brava e cansada, com grandes olheiras e seu lindo cabelo escuro, bagunçado. – Como vai?

–Como eu vou? Péssima. – Afirmou, quase que esbravejando. – Eu não dormi a noite tudo por sua culpa.

–Minha? –Perguntei surpreso.

–É, tua. – Ela se inclinou, tentando espiar o quarto – Posso entrar? Não posso falar tudo que tenho que falar, no meio do motel.

–Pode, claro. Só não repare a bagunça.

Fechei a porta cuidadosamente, trancando-a.

Teresa olhava tudo com certo receio, como se sentisse nojo do lugar.

–Esse cheiro... – Comentou, cruzando os braços – Cheiro de perfume de mulher.

–Sério? – Ensaiei uma risada forçada – Pois é o cheiro dos produtos de limpeza que eu uso. – Menti.

Ela me encarou desconfiada, se aproximando vagarosamente de mim. De perto, pude perceber em como Lisbon estava mal. E pior, a culpa era minha.

–Vai me contar o porquê de você estar tão brava? – Perguntei, puxando a cadeira forrada com couro bege, que estava perto da pequena mesa de madeira – Se quiser, eu faço um chá.

–Não precisa. Eu não vou demorar. – Recusou, já se sentando na cadeira.

–Então, o que houve?

–Patrick, você sumiu ontem o dia inteiro. – Revelou, mostrando preocupação em sua voz. – Eu fiquei que nem uma louca, ligando para o seu celular, mas você não atendeu. Depois, fui até seu quarto na CBI e, você não estava lá. Não consegui dormir a noite, pensando se Red John poderia ter feito algo de ruim a você.

Os olhos de Teresa estavam úmidos e brilhantes. Apenas uma piscada qualquer, que lágrimas desabariam. Eu odiava vê-la assim. Afinal, quando ela está triste, eu fico menos feliz.

–Teresa... – Murmurei, enquanto a puxava para um abraço amigável – Não quero que fique assim, não por mim. Eu não mereço isso.

Ela se soltou dos meus braços, e eu pude perceber em seu olhar cabisbaixo, em como ela estava mal. Realmente mal.

–Patrick, o que está acontecendo com você? Por que você está assim, tão estranho ultimamente?

–Eu? Estranho? – Dei um sorriso falso – Eu estou igual a todos os outros dias.

–Não está. Não é de agora que eu percebo isso. –Ela colocou a mão na testa, com um semblante triste, estampado em seu belo rosto – Eu pensei que nós tínhamos um acordo, que iríamos contar as coisas um para o outro. Mas... Você parece que não o cumpre.

–Teresa, eu já disse, não há nada acontecendo. Nada. – Afirmei, acariciando seu rosto com a ponta dos dedos. – Eu estou apenas com alguns problemas, mas nada que deva se preocupar.

–Você jura? Jura pela sua filha, que você não está se metendo em encrenca?

Aquilo me pegou de surpresa. Nunca havia jurado nada em nome de Charlotte, ainda mais mentiras.

–Teresa, eu...

–Jura ou não jura?

–Eu não posso jurar uma coisa dessas pra você. – Afirmei cabisbaixo. – Você sabe bem disso.

Ela virou o rosto para o lado, cruzando os braços.

–Você está aprontando alguma. Tenho certeza disso.

–Teresa, por favor.

Ela se inclinou, cheirando a minha roupa.

–Está cheirando a álcool, Patrick. – Constatou brava – Você passou a noite bebendo?

–Não. – Menti, tentando evitar contato visual.

–Você bebeu sim. – Afirmou cética – Mas... Você nunca bebe.

–Foi um pouco só, nada de mais. – Revelei.

Ela deu a volta na minha cama, parando bem na frente do armário. No chão, estava a garrafa vazia de bebida, com o copo ao lado, também vazio.

–Só um pouco né? – Apontou para a garrafa vazia. – Mais alguma coisa que o senhor está escondendo de mim, senhor Jane? – Provocou-me, com as sobrancelhas arqueadas.

–Lisbon... A garrafa não estava cheia, eu bebi apenas o resto. – Tentei dar uma desculpa qualquer, na esperança dela aceitar. O que claro, não aconteceu.

–Não acredito em você.

–Deveria, estou falando a verdade.

–Patrick, passei anos trabalhando com você. Sei quando mente. E está mentindo. – Ela deu alguns passos em direção a porta, parando próximo a mesa – Mas tudo bem, fique ai com seus segredinhos. Eu vou embora.

–Espera, Teresa... – Corri, agarrando com força em seu braço. – Por favor... Não fique brava...

Ela delicadamente retirou minha mão, ainda sem olhar para mim.

–Vá para a CBI – Ordenou, com a voz mais suave – Mas antes, tome um banho. Você está parecendo um mendigo.

–E...eu... Eu não posso ir trabalhar hoje – Gaguejei, sendo ofuscado pelos olhares raivosos da minha chefe – Tenho que resolver problemas.

–Resolver problemas? Hoje?

–É.

–Que problemas?

–Pessoal.

Levemente aborrecida, ela cruzou os braços com força e deu um longo e alto suspiro, controlando-se para não perder o juízo e me espancar ali mesmo.

–Tudo bem. Vá. Eu não me importo mais.

Teresa destrancou a porta, e saiu, caminhando em direção ao carro que deixou estacionado bem na frente.

–Teresa, espera, por favor – Supliquei, indo atrás dela – Eu juro que passo na CBI ainda hoje, só me dê um tempo sozinho, ok?

–Já disse, Patrick, faça o que quiser.

–Teresa... Por favor, não fique brava comigo. – Implorei, segurando em sua pequena mão – Eu te amo.

Ela se virou, encarando-me com lágrimas descendo pelo rosto.

–Se você me ama me conte o que está acontecendo com você. Por favor...

–Eu juro que te conto depois, com mais calma.

Ela deu uma longa suspirada. Com certa rapidez, limpou as lágrimas do rosto e continuou andando em direção ao seu carro.

–Eu estou de olho em você, Patrick. –Avisou, antes de bater com força a porta do carro.

Voltei para o quarto, aonde fui tomar um banho para tirar aquele cheiro de mendigo bêbado. Coloquei toda a roupa que usava para lavar, e vesti uma calça jeans escura com uma blusa branca, leve de algodão.

Segurando uma jaqueta preta em uma das mãos, fechei a porta do quarto e peguei o meu carro, dirigindo rumo ao cemitério, onde Angela e Charlotte estavam enterradas. Passei o caminho todo calado, distraído em meus pensamentos distantes. Aquele dia mal havia começado, e eu já estava cheio de problemas.

Estacionei o carro na frente do cemitério, em uma rua praticamente deserta, já que poucos automóveis passavam por ali. A temperatura estava agradável para um inverno, com o clima morno. Pássaros cantavam e voavam livremente por toda a vegetação presente ao redor do cemitério. Eu precisava daquele momento em paz, sozinho.

Observei o túmulo das duas com a mesma amargura no coração de sempre que eu as “visito”. Na verdade, eu não as visitava há tempos. Parecia que a cada ano, aquilo ficava mais e mais perturbador para mim, de uma forma inexplicável, como se em minha cabeça, Angela e minha pequena Charlotte fossem aparecer atrás de mim, sorridentes como sempre, me dizendo em quão bobo eu era por estar ali, chorando. Mas infelizmente, isso nunca iria ocorrer. Talvez fosse essa esperança ridícula que brotava em minha mente, que me deixasse tão mal a cada ida ao lugar.

Inevitavelmente, comecei a chorar baixinho. Não só pelas duas, mas também por Teresa. Vê-la sofrer por mim era desconcertante. Eu não merecia sua preocupação. Nunca.

Limpei os olhos inchados com a manga da blusa e me virei, tomando um susto quando vi que alguém me observava.

Era Lisbon.

–Te..Teresa? – Gaguejei nitidamente assustado – O que faz aqui?

–Patrick... – Murmurou cabisbaixa – Eu precisava ver se você estava bem.

–Você me seguiu? – Perguntei surpreso, vendo-a andar em minha direção.

–Patrick... Você não está bem. – Afirmou, sem me responder.

–Você estava parada ai há quanto tempo?

–O suficiente pra confirmar que você não está bem.

Teresa estava preocupada e aflita ao mesmo tempo. Vê-la assim, tudo por minha causa, me matava por dentro de uma forma inexplicável. Eu não merecia isso.

–Você só está aflita assim por causa do meu suposto desaparecimento de ontem?

–Só por causa disso? –Perguntou em um tom de repreensão – Patrick eu achei que estivesse morto. Eu não dormi a noite toda, imaginando o que poderiam estar fazendo com você, enquanto o senhor, na verdade, estava bebendo feito um louco até desmaiar. Como você quer que eu me sinta? – Esbravejou, chamando a atenção de uma senhora que passava na rua.

–Teresa, por favor, calma... – Pedi educadamente – Você não pode ficar assim, não tem motivos. Eu te asseguro que estou bem... Ótimo na verdade.

–Mentiroso.

–Mentiroso?

–É, mentiroso. Você está com problemas graves e não quer me contar. Não está cumprindo a nossa promessa.

–Promessa? Que promessa? – Pensei um pouco enquanto Teresa me encarava com os braços cruzados, esperando que eu me recordasse. Após alguns segundos, eu me lembrei dessa tal “promessa” – Que eu saiba a promessa era sobre contar a verdade, e por enquanto eu estou apenas omitindo-a.

Ela virou os olhos, contrariada. Se eu pudesse ler seus pensamentos, estes seriam palavras não muito educadas a minha pessoa.

–Patrick... – A sua voz antes agressiva, agora estava calma e suave – Eu só temo que você fique mal, igual a aquela vez que Red John te mandou uma garotinha .... No aniversario de nove anos de morte de sua esposa e filha, lembra?

Assenti com a cabeça. Mesmo quase um ano depois do ocorrido, eu levava uma grande fúria pelo que Red John fez comigo naquele dia, usando uma garotinha tão jovem para atingir-me tão friamente em um dia que para mim, já era horrível.

–Você ficou assim... Triste, bebendo, queimando coisas... – Prosseguiu, abaixando a cabeça na tentativa de esconder os olhos úmidos. – E, eu não quero te ver assim novamente.

–Eu ainda não queimei nada. – Brinquei, sendo fuzilado pelo seu olhar.

–Patrick Jane, isso é sério. –Repreendeu-me novamente – Pare de se comportar como se fosse uma criança.

– Oh, Teresa – Abracei-a forte, dando um beijo em sua cabeça. – Você é uma princesinha muito raivosa, sabia?

–Patrick, não fuja do assunto – Disse, sem ainda se soltar de mim.

Coloquei minha cabeça no seu ombro e fechei os olhos, sentindo o delicioso aroma de chocolate que seus cabelos exalavam.

Eu adorava abraça-la e sentir seu pequeno corpo contra o meu. Era uma das melhores, se não a melhor sensação, que um homem poderia sentir. Ficar com Teresa me fazia esquecer de tudo: CBI, Lorelei, bebê, Red John... Se um chá era como um abraço em uma xícara, este abraço era o dela.

–Eu te amo, Teresa – Sussurrei próximo ao seu ouvido.

–Eu também te amo, Jane.

Nós nos soltamos, e pude ver seu belo rosto, levemente corado e com um lindo sorriso de felicidade estampado.

–Promete que não vai fazer nenhum tipo de besteira?

–Tipo?

–Tipo beber tanto a ponto de quase queimar a CBI, brigar com o nosso chefe e fazê-lo te demitir, depois sumir por seis meses e nos deixar todos aflitos e perdidos com sua ausência, arrumar uma vagabunda tipo Lorelei e quase acabar morto no meio do deserto.

Um já estava feito, para o meu azar. Mais quatro coisas, e eu poderia começar a cavar a minha cova.

–Prometo – Menti, cruzando os dedos que estavam escondidos dentro do bolso do terno.

–Ótimo – Ela respondeu animada – Agora, eu vou voltar pra CBI, pegamos um novo caso... –Ela parou por uns instantes, pensativa. Então depois de quase um minuto, ela prosseguiu, quase que murmurando- Você pode ir pra CBI hoje, se quiser... Se não quiser eu deixo você ir amanhã apenas... Mas não se acostume com isso, só vai ser dessa vez.

–Ah, tudo bem... Eu prefiro ir apenas amanhã, dai me recupero dessa ressaca maldita – Respondi, com uma careta de dor – Você vai ficar bem lá, sem mim?

–Vou, eu já me virara na CBI antes de você aparecer, vou continuar me virando...

Dei um suspiro alto, cansado. A dor de cabeça aumentava gradualmente, e eu realmente precisava daquele dia de folga. Seria bom se Lorelei ficasse no hospital por mais algumas semanas.

–Tudo bem – Respondi – Eu vou passar na farmácia e comprar um remédio para mim.

–Certo...

–Tchau... – Dei um forte abraço nela, beijando-lhe a testa logo em seguida.

Nossos olhos se cruzaram, e o desejo percorreu o meu corpo imediatamente. Sem pensar muito nas consequências, inclinei-me lhe dando um caloroso e rápido beijo em seus lábios avermelhados. Era minha forma de agradecê-la por ser assim, sempre muito preocupada comigo, mesmo depois das milhões de vezes que eu aprontei e dos milhões de processos e denuncias que ela ganhou por minha causa.

Teresa deu um sorrisinho discreto, ainda com seus olhos fechados. Então a abracei novamente, como se a minha vida dependesse desse abraço, de seu calor e do delicioso aroma que ela exalava.

Depois de um certo tempo, que poderiam ser minutos ou horas, nós nos soltamos e nos encaramos mais uma vez.

–Eu acho que devo ir... – Proferiu com olhar triste, como se não quisesse partir, e desejasse continuar ali comigo.

–Tudo bem – Respondi, mentindo. Eu não queria deixa-la ir. Queria mais do que tudo, leva-la para o meu quarto e sucumbir a tentação de terminar aquela conversa de uma forma mais “apropriada” do que apenas um simples beijo, certamente.

–Te vejo amanhã, Patrick. – Ela deu um leve sorriso, e caminhou rapidamente até o seu carro, se virando algumas vezes para mim, que fiquei parado perto do túmulo da minha familia.

O carro preto com Teresa se foi, me deixando ali, sozinho.

Encarei novamente o túmulo das duas, e com um pesar no coração, fiz o mesmo que Teresa, indo embora dali o mais rápido que pude.

Mais um segundo ali e eu acabaria desabando em lágrimas.


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Notas finais do capítulo

Meloso é apelido... acho que foi cap mais sentimental (por parte da Teresa) que eu já escrevi.


Como eu disse anteriormente, o circo está se fechando para o Patrick e eu acho (sim, ainda não tenho certeza) que o titio Red vai fazer uma visitinha na fic em breve o/.

Bom, digam se gostaram ou não. Adoro ler a opinião de vocês, caros leitores.

beijinhos