A Filha Do Sol escrita por Let B Aguiar, Taty B


Capítulo 24
Um bom mágico nunca revela seus truques


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores maravilhosos! Aqui está o capítulo 24 do nosso xodozinho... Omg, é triste pensar que essa primeira parte está prestes a acabar! Mas não se preocupem... Junto com o último capítulo postarei um sneak peak do primeiro capítulo da parte II, a qual eu estou escrevendo a todo vapor!
Vejo vocês lá embaixo...



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Circe nos examinou atentamente e sorriu. Seu sorriso conseguiu ser milhões de vezes mais frio do que o de Érida. Ela destilava más intenções.
– Gostaram de minhas boas vindas, semideuses?
A sua voz era calma, mas tão cortante e fria que me arrepiei. Pensar que uma mulher tão bonita e poderosa como aquela voltou suas costas para o que é certo fez a raiva crescer dentro de mim.
– Oh sim! Suas boas vindas me deram alguns hematomas! – Leo exclamou.
Circe o fitou com curiosidade.
– Sinto muito por isso. Sabe, vocês estão sendo muito mal educados não se apresentando. Eu quero conhecê-los.
– Você sabe quem somos. – rosnei. – Onde está Eros, Circe?
– Uma coisa de cada vez, minha querida. – ela falou, indiferente. – Primeiro, quero saber o nome de seus coleguinhas aqui. Garotos, quais são os seus nomes?
Eu pude sentir que usou o charme. As palavras de Circe eram tão afiadas quanto espadas recém-saídas da forja. O charme que exalava era o mais forte que eu já havia presenciado, até mesmo mais forte do que o daquela assistente ruiva no stand.
– Eu sou Leo Valdez, filho de Hefesto.
– Meu nome é Ryler Langdon, filho de Ares.
Circe deu alguns passos à frente e se aproximou dos dois. Aparentemente, eles não pareciam estar sob o efeito do charme. Não ainda.
– Interessante. – disse curiosa - Aposto que estão cansados, sim? A aparência de vocês está horrível! O que acham de dar um trato nisso?
Os olhos de Ryler e Leo brilharam.
– Faz um bom tempo que não me olho no espelho... – os olhos de Ryler começavam a ficar sem foco. O charme que utilizava parecia penetrar meus ouvidos; um enxame de abelhas tomava conta do meu aparelho auditivo, por mais que eu lutasse contra isso. Meus pensamentos entraram em um estado de confusão atordoante.
Circe sorriu.
– Não seja por isso! – ela exclamou e fez um sinal com as mãos. Imediatamente, um espelho surgiu na frente de Ryler e Leo. Os dois fizeram uma careta ao ver seus reflexos e Circe se posicionou atrás deles.
Eu tinha consciência do que estava acontecendo. Circe queria atraí-los para uma armadilha. Meu instinto dizia para avançar e impedir que encantasse meus amigos, mas meu corpo insistia em ficar parado, de modo que eu apenas os observava serem enfeitiçados aos poucos.
– O que vocês veem nesse espelho, queridos? Sejam francos.
Ryler tombou um pouco a cabeça para o lado e passou a mão no rosto.
– Eu estou horrível e emagreci. O tenente vai me expulsar do batalhão se me ver nesse estado e meu pai vai me chamar de fracassado.
– Minha aparência está horrível. – Leo se examinava como se fosse uma máquina que apresentava um defeito terrível. – Parece que eu estou mais magro do que era antes, e meu cabelo... meu cabelo está parecendo um ninho de ratos.
– Exato. – Circe se animava com a reação dos garotos. – Essa não é a aparência que vocês querem ter... ou é?
Leo e Ryler negaram.
– Não a ouçam! – consegui gritar, lutando contra a aura de poder que me envolvia.
Circe estreitou os olhos na minha direção e uma pressão esmagou meu peito, me deixando sem ar e impedindo que eu falasse algo mais. Por um instante, Leo e Ryler pareceram acordar do transe ao ouvir meu grito.
– Não dêem atenção a ela. – Circe intensificou o charme.
Os garotos assentiram, ignorando o que eu havia gritado.
– Sabe, meus queridos, a magia possibilita várias mudanças e feitos que se realizados do modo correto, são capazes de apresentar resultados espetaculares. Agora me respondam: esses rapazes são como vocês gostariam de ser?
Não pude enxergar o que eles viam no espelho, mas analisando suas expressões, viam algo realmente bom. Provavelmente, o reflexo de como sempre desejaram ser.
– Eu estou... – o queixo de Ryler caiu.
– Lindo, é verdade. – Circe incentivou – Mais forte, mais atraente e definitivamente um orgulho para seu pai. Não é isso que você quer, Ryler? Se tornar o filho de Ares mais famoso e ser temido por todos?
– Eu quero que meu pai se orgulhe de mim. – o queixo de Ryler se retesou com a convicção depositada em suas palavras. – Quero ser o filho de Ares que mais lhe dará orgulho e honra.
– Você estaria disposto a se tornar essa outra pessoa, maior e melhor?
Ryler franziu as sobrancelhas.
– Isso é possível? Digo, eu posso mudar? Posso virar esse Ryler?
– É claro que pode! – Circe sorriu – Só basta você querer. É simples, na verdade.
– Nossa...isso é... incrível! Eu quero! Mas como vai me fazer mudar? – ele estava maravilhado, cem por cento dominado pelo encanto da feiticeira.
– Ah! É muito fácil. – Circe abanou as mãos. – Você só precisa tomar isso.
Ela estalou os dedos e uma taça transparente cheia de água tremeluziu diante de meus olhos. Depois, um envelope com um pó vermelho apareceu em sua mão, e ela despejou o conteúdo na taça. A mistura brilhou. Quando o brilho cessou, a bebida assumiu a aparência de um milkshake de morango.
– Basta tomar esta bebida e os efeitos serão visíveis imediatamente. –Circe o estimulou.
– Sério? Você não está mentindo, está?
A feiticeira riu com gosto.
– Claro que não! Garanto que o resultado será... perfeito. Mas você terá que esperar um instante, porque agora chegou a vez de conversar com o seu amigo.
O olhar de Circe caiu sobre Leo. O mesmo estava estático na frente do espelho.
– Leo Valdez, eu nem ao menos preciso olhar no espelho para saber como você quer e pode ser. – Circe começou, depositando as mãos de unhas compridas sobre os ombros de Leo. – Você sempre foi o deslocado, o mais desprovido de beleza entre os seus amigos. E você, é claro, nunca gostou disso. Posso afirmar que com essa aparência nunca conseguirá conquistar uma garota, muito menos a que você deseja tanto.
Leo franziu as sobrancelhas. Ele parecia tão confuso e fraco que meus instintos gritaram internamente, mas nenhum músculo de meu corpo obedecia minhas ordens.
– Mas com essa aparência – Circe continuou. – Você pode. Veja bem, esse Leo que você vê é um dos garotos mais bonitos que já vi. Bem diferente do original, é verdade. Ele é mais alto, mais forte, tem os dentes brancos e perfeitos, cabelo aparado e arrumado num topete deslumbrante que irá fazer todas as garotas suspirarem. E acima de tudo, esse Leo Valdez tem confiança, coisa que o original está longe de ter.
Leo abaixou um pouco a cabeça, mordendo o lábio inferior, como se tivesse sido atingido por uma onda de baixa estima. Circe pegou em seu queixo e o fez olhar para seu reflexo.
– Você pode ser esse Leo. Porém, para que isso aconteça, preciso que diga sim.
Leo trincou os dentes. Por alguns segundos, tive esperanças de que havia conseguido se livrar do charme.
– Como eu posso ter certeza de que isso é verdade? Eu não confio em você.
Circe engoliu seco e sorriu.
– Você pode não confiar em mim, querido, mas não sou eu quem vou te mudar. É essa maravilha aqui.
Uma taça igual a de Ryler apareceu na outra mão de Circe. Leo olhou da taça para Circe, e de Circe para o reflexo no espelho. Seu olhar estava vago e paralisado, idêntico ao de Ryler.
– Apenas um gole é necessário para que os primeiros efeitos apareçam. – explanou Circe. – Apenas um gole para você se tornar quem sempre sonhou ser. Tem certeza de que não quer isso, Leo Valdez?
Leo encarou o próprio reflexo uma última vez.
– Eu aceito.
Circe sorriu satisfeita e entregou as taças para Ryler e Leo. Ver tudo aquilo em silêncio estava me deixando agoniada e impotente. Eu precisava fazer os dois saírem do transe antes que fosse tarde demais. Concentrei-me o máximo que pude. Ordenei que meus músculos saíssem do estado atual de estafa e que minha voz preenchesse minha garganta. A força que utilizei foi tanta que uma lágrima escorreu do meu olho direito. Consegui dar um passo à frente e brandi Kallistei.
– PAREM! NÃO FAÇAM ISSO! ELA ESTÁ ENGANANDO VOCÊS! – gritei a plenos pulmões. Circe me fitou incerta, talvez se perguntando como consegui me desvencilhar de seu encanto.
Ao fazer isso, senti uma coisa fria e afiada encostar-se a minha garganta. Olhei de rabo de olho e vi Érida, que tentou tirar Kallistei de mim, mas a espada a queimou e ela a jogou longe. Não me preocupei com isso, pois sabia que Kallistei reapareceria em meu bolso. A faca pressionada contra minha garganta começava a me machucar, e se eu fizesse qualquer movimento brusco, tinha certeza que Érida não hesitaria em me matar. Não havia jeito de tentar me defender.
Circe lançou um sorriso para os garotos e fez sinal para virarem a taça. E assim eles fizeram. Os dois tomaram o líquido ao mesmo tempo e ficaram imóveis por alguns segundos; até caírem no chão, se contorcendo de dor e gritando em desespero. Quando vi isso, fiquei tão desesperada quanto eles e comecei a gritar. Instintivamente, eu dei uma cotovelada forte no estômago de Érida, que cambaleou para trás, sem antes fazer um pequeno corte no meu pescoço. Eu poderia ter morrido e não sabia dizer como isso não aconteceu; meu pescoço apenas sangrava. Abri a boca para gritar mais uma vez, entretanto, Circe ergueu uma mão para mim e senti como se uma corda tivesse se enrolado em torno de meu pescoço. Tentava gritar e não ouvia minha voz. Levei minhas cordas vocais ao limite, mas nenhum som saia de minha boca. Eu podia escutar e ver tudo, porém, estava silenciada. Muda, sem poder alertar meus amigos, que se contorciam no chão em agonia, e incapaz de ajuda-los.
A mulher assistia tudo aquilo rindo, como se estivesse num circo e os garotos fossem a atração mais engraçada da noite.
– O que está acontecendo? – Ryler conseguiu gemer. Ele segurava a barriga com força, dando a impressão de que algo iria rasgá-la e sair de dentro dela.
Circe gargalhou.
– Ora, meu querido, vocês estão no meio do processo que os transformará no que realmente são. Não se preocupem, isso vai acontecer em alguns instantes.
Então, Ryler e Leo começaram diminuir de tamanho. Suas mãos viraram patas peludas com unhas curtas e seus corpos ficaram cobertos de pelos. Diminuíram mais de tamanho, até crescerem orelhas gigantes em suas cabeças e seus narizes se transformarem em focinhos. Logo eu encarava dois roedores, mais precisamente coelhos; um branco com olhos verdes e outro marrom com olhos castanhos. Os dois coelhos começaram a pular pela sala, perdidos, e Circe os pegou pelo cangote.
– Não disse, Ryler? – a feiticeira falava com o coelho branco que se debatia em sua mão direita. – Está vendo, Patricia? Seus amigos se transformaram em nada além do que sempre foram: coelhos. Uma espécie adorável de animais, mas que possuem só um objetivo na vida: o de reproduzir. Entendeu o por que dessa transformação, minha querida? Os homens são a raça mais repugnante existente. Eles não passam de bichos nojentos! Antes, costumava transformá-los em porquinhos da índia, mas depois de um certo incidente envolvendo seu coleguinha Percy Jackson, resolvi variar. Os representantes do sexo masculino usam as mulheres exclusivamente para a reprodução e depois somem, assim como os coelhos. Os dois são da mesma laia e tem que dividir o mesmo habitat, não acha?
Abri a boca para protestar, mas lembrei que estava sem voz. Érida voltou a segurar meus dois braços com força.
– Oh, sim, me desculpe. Seus dois amigos são agitados, não? Vou colocá-los junto com o resto da sua espécie.
Circe andou até o canto da sala e abriu a gaiola onde vários outros coelhos balbuciavam agitados. Jogou Ryler e Leo coelhos lá dentro, como se fossem sacos de lixo sendo despejados numa caçamba. Os roedores se agitaram mais ainda quando ela abriu a portinha da gaiola e até tentaram sair, mas Circe os impediu com um empurrão. Pelo o que disse, conclui que aqueles outros coelhos também eram homens, que nas mãos de Circe tinham sido encantados e reduzidos a roedores de porte médio. Mas há quanto tempo os coelhos estavam ali?
Ela caminhou em minha direção com um sorriso satisfeito no rosto, como se tivesse acabado de ganhar 1 milhão de dólares num cassino.
– É ruim ficar sem voz, não é mesmo? Devo dizer que não pretendia fazer isso com você, mas estava complicando meus planos. De qualquer modo, onde eu parei mesmo?
– A senhora estava dizendo o quanto os homens são repugnantes. – falou Érida, e pude senti sua respiração bater em meu ouvido.
Circe balançou a cabeça.
– Ah, sim! Então, os homens... você deve estar se perguntando por que eu odeio tanto os homens, Patricia. Sabe, querida, com o tempo você perceberá que os homens só existem para te decepcionar, quebrar seu coração e e criar ilusões. É quase um círculo vicioso. Eles fazem você se apaixonar, te usam, dizem juras de amor e depois te descartam como lixo. Sem contar que são culpados por fazer as mulheres acreditarem que devem ser submissas. As mulheres perderam sua posição na sociedade, mas não por muito tempo.
Érida riu às minhas costas.
– Eu e meu exército, junto com outros aliados, vamos abominar a existência dos homens. Não haverá mais corações quebrados, nem desilusões, pois o amor não existirá. Como já deve ter percebido, meu primeiro passo em direção ao triunfo foi raptar Eros. Ah! Falando nele, como foi encontrar meu mais ilustre ajudante?
Franzi o cenho. De quem ela estava falando? Nós não encontramos ninguém que tinha contato direto com Eros além de Psiquê e...
– Voluptas teve um papel primordial em meu plano. Foi ele quem deu permissão à Érida para que ela se infiltrasse na casa. Ele, assim como nós, odeia o pai. O coitado quer roubar o lugar de Eros, o que é uma pena, porque terei de acabar com ele também. A essa altura, Eros já sabe que seu filho querido é um traidor. Pobre Psiquê... quando descobrir o que o filho querido fez, ficará arrasada! E não terá o ombro do marido para chorar porque até lá, Eros vai estar morto. Eu poderia mostrá-lo agora, mas tenho outros assuntos para tratar a sós com você.
Ela me lançou um olhar frio como uma geleira e fez um sinal com a cabeça para sua serva. Senti Érida se afastando e entrando em outra porta. Ela confiava tanto assim em seu taco a ponto de ficar a sós com uma semideusa que queria lhe destruir? Circe passou a me rodear, do mesmo jeito que um caçador analisa sua presa antes de partir para o ataque. Encostou em meus cabelos e eu me esquivei. A feiticeira riu e os tocou de novo, pois sabia que eu não me afastaria outra vez. Minha vontade era atacar, mas estava indefesa. Ainda não sentia Kallistei em meu bolso, e sem ela, seria derrotada facilmente numa luta contra Circe, que além de ser forte, era imortal.
– Você é tão bonita, Patricia... – retomou, acariciando meu cabelo. Eu a deixava fazer isso devido ao maldito charme. – Seus cabelos são naturais?
Assenti.
– Estão bem cuidados, mas com algumas pontas quebradas. E suas unhas...há quanto tempo não faz as unhas? Dois meses? Bem, não importa. Você tem uma beleza excepcional, querida, e é quase tão bonita quanto uma filha de Afrodite. Se você me autorizasse, poderia dar um trato em você. Mas é claro que não vai deixar. Patricia, você é personificação da união entre coragem e beleza. É uma das garotas mais corajosas e determinadas que eu já conheci em toda minha longa imortalidade. Sei tudo o que veio passando nesse meio tempo, e sei também sei o que seu futuro lhe reserva.
Todo meu corpo se enrijeceu. A sensação de saber que alguém tinha conhecimento sobre seu futuro era incômoda. Eu queria fazer várias perguntas a respeito disso, mas não foi preciso, porque apesar de estar sem voz, Circe falava como se respondesse a todas as questões que eu não podia verbalizar.
– Não posso lhe contar nada a respeito seu futuro, mas há uma coisa que eu posso adiantar para matar sua curiosidade. – ela prosseguiu. – Você ainda sofrerá muito, Patricia. Seu coração será quebrado diversas vezes, e vai chegar uma hora em que pensará em desistir dos homens. Mas eu tenho a solução para tudo isso. Você não precisa encarar esse seu futuro devastador, e tudo o que tem que fazer é juntar-se a mim. Os homens te decepcionarão muito e lhe garanto que pode dar o troco desde já. Você quer sofrer, Patricia? Quer que os homens brinquem com seus sentimentos?
Desejei que estivesse surda também. As palavras de Circe causaram um efeito devastador em mim, por mais que tentasse resistir ao charme empregado em sua voz. O que ela queria dizer com tudo aquilo? E como sabia tanto sobre mim? Não posso negar que por um breve momento concluí que o que dissera fazia sentido. Eu não queria sofrer, não queria ser usada e não queria que destruíssem meu coração inúmeras vezes. O único jeito de tantas decepções não se consumarem seria me juntando a ela em sua causa, algo fora de cogitação. Nem todos os homens são como Circe descreveu e ninguém merece pagar pelos erros dos demais.
– Querida... se você soubesse o que o futuro lhe reserva, iria querer ficar presa no presente. É uma pena que não queira se juntar a mim. Nós seríamos invencíveis juntas. Com a ajuda de minha mãe, Hécate, nós dominaríamos o mundo. Veja bem, você não tem nada a perder. Realmente acha que Ryler gosta de você? E outra, você iria se tornar imortal assim como Érida. Pobre Érida... já sofreu muito nas mãos dos homens, mas pelo menos fez uma escolha certa em sua vida: juntou-se a mim. Você deve saber que sou uma feiticeira muito poderosa, e consequentemente, consigo praticamente ler seus sentimentos. Você não se sente tão segura, não se sente completamente amada e seu coração está divido. Ousaria dizer até que está perdida na confusão de seus sentimentos, e isso só tende a piorar. Daqui para frente, tudo vai piorar. O mundo cairá em desgraça e nós podemos nos livrar dela. Junte-se a mim, Patricia, e eu lhe proporcionarei toda a glória e segurança que merece e precisa para enfrentar esses tempos difíceis.
Minha cabeça trabalhava freneticamente e eu dava meu máximo para gravar tudo o que Circe dizia. A voz daquela mulher exalava ódio e amargura, e suas palavras adquiriam um tom cada vez mais sinistro. Tentei não começar a procurar respostas para as questões levantadas por ela. A proposta de Circe era realmente tentadora, mas minha consciência me convenceu a seguir o caminho certo. Se tempos difíceis estavam por vir, como uma guerra entre os deuses, por exemplo, eu não podia abandonar meus amigos e o Acampamento. Eu não seria a traidora ou a espiã. O Acampamento e as pessoas que ele habitavam me acolheram num momento de desespero e acima de tudo, se tornaram praticamente uma segunda família para mim. Leo, Piper, Ryler, meus irmãos, Percy, Annabeth...todos eram meus amigos e ficariam arrasados se eu me virasse contra eles. Minha mãe ficaria desgostosa e meu pai... não conseguia nem imaginar o que meu pai faria.
O fato é que eu precisava enfrentar Circe. Não podia deixar-me intimidar. Mesmo estando muda, eu podia resistir. Reparei que Circe carregava uma adaga na cintura e se ao menos conseguisse vencê-la numa batalha, teria percorrido a metade do caminho. Ia ter que encarar Érida depois, porém, ela não era tão poderosa quanto sua mestra. Senti que Kallistei havia retornado para o meu bolso; mas eu não podia simplesmente pegá-la. Circe era muito esperta e ágil. Qualquer movimento suspeito ou brusco me colocaria em apuros. Precisava de um plano para distraí-la, e rápido.
Circe continuava a me encarar com seus olhos penetrantes. Então fiz sinal para que trouxesse o espelho para mais perto de onde estava.
– Eu levo o espelho, Patricia. Pretendia fazer isso de qualquer jeito.
Ela deu as costas e proporcionou o momento perfeito para atacar. Como minhas mãos estavam soltas, peguei Kallistei em meu bolso e abri o isqueiro. Ao se transformar em uma espada, o barulho da lâmina emergindo quebrou o silêncio, traindo meu plano. Amaldiçoei-me por nunca ter escutado tal barulho antes.
– Ia me atacar pelas costas, Patricia? – perguntou. Circe voltou-se para mim, com os olhos faiscando de raiva. Nós estávamos a mais ou menos três metros de distância. – Seu namoradinho não lhe ensinou que isso é falta de educação e covardia?
Ela previu meu próximo movimento e foi mais rápida. Circe pegou sua adaga e a brandiu em minha direção, pronta para fazer picadinho de Pattie.


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Notas finais do capítulo

Yey! Será que nossa heroína será bem sucedida? Essas são cenas para o próximo capítulo... Até lá, semideuses! xX Taty



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