Segredo! escrita por Pupils Nómada


Capítulo 5
Capítulo 5




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/343050/chapter/5

A manhã passou rápido. Na hora de almoço, Rosalya levou-me mais as outras raparigas para o refeitório. Comprámos cada uma o almoço e sentámo-nos todas numa mesa. Lysandre tinha ido com Castiel rever umas músicas.

 Olhei em volta à procura do rapaz dos olhos verdes e não o encontro em lado nenhum. Ele durante a manhã manteve-se calado e afastado da confusão, e, ao contrário de quase toda a turma, não veio falar contigo, mesmo estando ao meu lado.

 Acabei de comer o almoço e ainda tinha fome, pelo eu me levantei da mesa e fui até ao cacifo, dizendo-lhes que iria buscar bolachas. Abri o cacifo, que ficava perto da sala dos representantes e procurei o pacote das bolachas. Foi ao fechar a porta do cacifo que o vi. O rapaz dos olhos verdes, sentado nas escadas da entrada e de costas para mim, olhando o pátio.

 Avancei na sua direção, sem ele se aperceber e ao chegar perto dele, parei por momentos para pensar e logo de seguida sentei-me nas escadas também, mesmo ao seu lado. Ele olhou-me de repente surpreendido e eu sorri-lhe timidamente.

 -Que queres? – perguntou-me ele.

 A sua voz chocou-me; não num modo negativo, pelo contrário. Ouvi-la fez-me lembrar uma pequena flor bela a desabrochar. (sei que é estranho, mas sim.)
 -Olá. Sou a Pupils… muito prazer! – disse timidamente, mas tentando ser confiante.

 Ele me continuou a olhar por momentos e logo de seguida sorriu-me e seu ar meio duro, suavizou-se um pouco.
 -Olá. Sou o Kentin. Prazer Pupils.

 Meu sorriso apareceu caloroso e olhei para a frente, reparando por acaso que até era bonito o que via. Ele olhou também para a frente e pelo canto do olho vi que aquela expressão distante e uma mistura de sentimentos voltou.

 -Queres bolachas? – perguntei-lhe, estendendo o pacote.

 Ele olhou para mim e logo de seguida para o pacote e levantou um canto da boca, num sorriso verdadeiro.

 -Quero. Obrigada… - e tirou algumas bolachas do pacote, começando a come-las.

 Tirei também uma e trinquei-a.

 -Em que pensas Kentin?

 Ele olhou-me pelo canto do olho, inclinando um pouco a cabeça.

 -Porque te interessas?

 -Porque tens um olhar meio triste…

 Ele olhou-me mesmo e eu não pude evitar olhá-lo também.

 -Normalmente as pessoas não perguntam como me sinto ou no que penso… nem reparam bem no que demonstro. Simplesmente me ignoram quase completamente.

 -E tu fazes algo para que aconteça o contrário?

 Houve um momento de silêncio enquanto ele me olhava meio temivelmente, mas ao mesmo tempo, meio inexpressivo. Comecei a pensar que não devia ter dito aquilo, pelo que abaixei o olhar, mas quando ia para falar, ele fala.

 -Talvez tenhas razão. – e olha para a frente de novo, agora com um olhar meio pensativo, mas ao mesmo tempo inexpressivo.

 Olhei para a frente também e acabei de comer a bolacha, tirando logo outra.

 -Não sei porque me vou abrir contigo mas… eu nem sempre fui assim bonito… uma bela vista de se ver. Eu antes era um perfeito idiota fraquinho que perseguia uma rapariga que só me queria ver pelas costas e me tratava como lixo. Um dia o meu pai obrigou-me a ir para uma escola militar e quando me fui a despedir dela, dei-lhe um peluche que comprara, e ela simplesmente mal voltei as costas ela o deitou para dentro do caixote do lixo. Quando voltei da escola militar, agora assim mais belo e forte, ela já me queria e vinha sempre atrás de mim e quando lhe dei tampa, ela apenas me beijou à força. Eu afastei-a e disse-lhe que ela me metia nojo e assim me transferi para aqui. Na primeira semana todos queriam estar comigo; no final do primeiro mês já todos se afastavam de mim. Isto tudo porque vi como as pessoas podem ser cruéis.

 Estendi-lhe o pacote, para que ele tira-se mais bolachas.

 -Nem toda a gente é assim.

 Ele riu-se ironicamente.

 -Isso é porque se calhar nunca sofreste na vida.

 -Sofri sim. Mas diferente de ti, por isso posso não perceber muito do teu lado mas compreendo-te. – e sorri.

Houve outro momento em que nem eu nem ele falou, comendo apenas as bolachas, até que se ouve o toque da campainha e ele levanta-se. Olhei para ele e ele para mim e ele estende-me a mão para me ajudar a levantar e eu aceito a ajuda, agarrando a sua mão e levantando-me.

 -Obrigada! – agradeci, sorrindo abertamente.

 Ele retribuiu o sorriso.

 -De nada.

 Depois lembrei-me de uma coisa. Olhei o chão, encostando a ponta do dedo indicador aos meus lábios.

 -Hum, Kentin, tu disseste que todos se afastam de ti…

 -Sim… - respondeu ele à espera que eu continuasse.

 -Então posso ser tua amiga? – perguntei, olhando para ele e inclinando a cabeça, como sempre faço, parecendo sempre uma criança.

 -Claro que podes.

 -Que bom! – exclamei, sorrindo.

 Como num impulso, dei apenas dois pequenos pulinhos para me aproximar dele e abraço-o, surpreendendo-o. Comecei a rir-me, feliz, e senti os seus braços à minha volta. Ouvi-o a rir-se baixinho também, mas só por meros momentos e logo nos soltámos.

 -Vamos chegar atrasados! – disse-lhe eu, e agarrei-o pela mão, puxando-o e levando-o escola fora.

 Ele logo me acompanhou de perto e eu larguei a mão dele. Ao chegarmos à sala, o professor ainda não chegara. As raparigas olharam-me mal entrei e Rosalya, que vinha na minha direção parou logo mal viu Kentin ao pé de mim. Lysandre e Castiel estavam com as raparigas, pelo que olharam também. Olhei para Kentin e vi que ele desviara o seu olhar para o lado, com um rosto meio incomodado.

 Peguei na mão de Kentin e levei-o até aos nossos lugares. Ele sentou-se na sua cadeira e eu na minha, voltada de frente para ele. Ele me olhou e logo de seguida olhos por cima do meu ombro.

 -Sabes que não precisas de estar comigo. – disse ele baixinho.

 -Mas eu quero estar contigo.

 Olhei para trás e vi que eles todos nos olhavam. Lysandre parecia inexpressivo, mas também com uma mistura de sentimentos. Olhei depois em redor e vi que não eram os únicos que nos olhavam. A sala toda nos olhava meios admirados. Encolhi os ombros e dei-lhe uma bolacha, pegando uma também para mim e arrumei o pacote dentro da mochila.

 -Há quanto tempo estás aqui Kentin? – perguntei-lhe, tentando aliviar aquele peso dos olhares todos.

 -Quase três meses. Nunca te vi por cá nem pelos arredores…

 -Pois! Vim de França este fim-de-semana! – disse eu, sorrindo um pouco forçosamente.

 Um peso maior aumentou e sentia-me como se algo me passa-se através de mim, de um modo muito incomodativo e pesaroso.

 -Tu és prima daquele rapaz ali, não é verdade? – perguntou ele, indicando alguém atrás de mim.

 Olhei para trás e vi Lysandre começando a levantar-se e a vir para aqui.

 -Sim, sou prima de Lysandre.

 -Hum, não parece.

 -Não?

 Vi Lysandre poisar a mão na minha cadeira e a apoiar-se nela, inclinando-se para mim.

 -Olá Kentin. Parece que já conheces a Pupils, minha prima. – disse Lysandre, num tom meio estranho, mas calmo.

 -Sim, é verdade. Estava agora mesmo a dizer que vocês nem parecem ser primos.

 Lysandre ficou admirado.

 -Não?

 -Não.

 -E porquê?

 -Ages de uma maneira demasiado protectora em relação a ela…

 -E porque dizes isso?

 -Reparei só como vocês estão.

 Quando reparei melhor, eu tinha-me encostado a Lysandre e ele passava um braço pelos meus ombros. Assim que reparámos, Lysandre afastou-se um pouco e eu fui para a ponta da cadeira. Não disse nada.

 -Hum… é só impressão tua. – retorquiu ele, desviando o olhar de Kentin e olhando para mim. – Porque não vieram para ao pé de nós?

 Eu continuava a olhar fixamente para Kentin, que me olhou ao Lysandre me perguntar.

 -Porque Kentin é meu amigo e vocês o olharam estranho mal ele se aproximou… então achei melhor virmos só os dois.

 Lysandre manteve-se calado e pensou por momentos.

 -E não querem vir agora?

 -Hum… Acho melhor não, primo Lysandre… Obrigada mas desculpa…

 Lysandre não disse mais nada e foi-se embora.

 -Sabes que não era preciso teres feito aquilo, não sabes?

 -Sei sim, mas não te quero deixar sozinho.

 Houve um momento de pausa até ele falar de novo.

 -É possível que hoje não venha de novo… já anda a faltar à três semanas.

 -A sério? – perguntei sem saber como reagir.

 Foi nesse momento que Nathaniel entrou na sala de aula, anunciando que a professora iria faltar também esta semana. Eu e Kentin arrumámos as nossas coisas e saímos. Quando ia a sair, olhei para Lysandre e vi que ele me olhava estranho de novo. Fui com Kentin até à entrada da escola em silêncio e ao chegarmos à entrada da escola, ele parou e olhou-me de frente.

 -Queres que te leve a casa?

 -Não é preciso. Eu sei o caminho. Obrigada! – respondi, sorrindo.

 Ele me sorriu mostrando um pouco dos seus dentes brancos.

 -Eu vivo a umas ruas de ti. Não me importo.

 -Tu sabes onde eu moro? – perguntei admirada.

 -Segundo corre pela escola, tu vives com o teu primo Lysandre, não é verdade?

 -Sim.

 -E eu sei onde ele mora.

 -Mm… Então está bem! Obrigada Kentin! – e sorri tão abertamente quanto ele.

 Começámos a caminhar então pelas ruas até que passamos por uma casa de peluches e eu vejo uma pequena boneca peluche bem-parecida comigo e parei, olhando-a. Kentin, que reparara que eu parara, parou também e olhou-me.

 Estava tão concentrada na boneca que nem reparara que ele se aproximara e ficara mesmo ao meu lado e baixara-se um pouco, olhando o peluche também.

 -Que linda… - disse eu baixinho.

 -Realmente… é mesmo parecida contigo.

 Assustei-me e olhei para ele de repente, poisando a mão fechada sobre o peito, por causa do susto. Ele ao aperceber-se olhou para mim e levantou-se, mas como estava tão perto de mim, nossos rostos ficaram mesmo frente a frente e nossos narizes roçaram por momentos, até ele se afastar, corado. Sentia as minhas bochechas também quentes, pelo que devia estar corada também.

 -Vamos? – perguntou ele.

 -Sim… - respondi meio baixo e segui ao lado dele.

 Não dissemos mais nada até chegarmos a minha casa. Ao chegarmos, ele parou e voltou-se para mim.

 -Então até amanhã Pupils.

 -Até amanhã Kentin! – despedi-me, e entrei.

 A casa estava vazia mas Lysandre de certeza que estaria quase a chegar, pelo que fui até ao meu quarto poisar a mochila. Arrumei o que deixara meio desarrumado de hoje de manhã e desci para lá para baixo.

 Ao chegar aos últimos degraus da escada, a porta abre-se e Lysandre entra em casa. Ele mal me viu, fechou a porta com mais violência e veio numa pequena corrida ter comigo, e atirando a mochila para um canto, agarrou-me pela cintura enquanto eu passava os meus braços pelo seu pescoço e ele fez-me rodar e dar uns passos para trás, fazendo-nos cair no sofá os dois. Ele me beijou fogosamente enquanto fazia deslizar uma mão desde a minha cintura até à minha cara, fazendo-me arrepiar um pouco. Quando ele se afastou um pouco, ele olhou-me de uma maneira como nunca vira e falou:

 -Nem imaginas o sofrimento que eu passei só por ver-te com outro e não comigo.

 E dito isto, agarrou-me, abraçando-me e rodou, fazendo-nos cair do sofá e ficarmos no puf e beijou-me logo de seguida, mantendo-me sempre próxima a ele.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Capitulo 5! o7
Publiquei hoje por ser um dia especial... :P meu aniversário para ser exata.

Espero que gostem! ^-^ ~ ♥