A estrada passava em flashes, como que para atiçar minha curiosidade, e o pouco que via deixava-me completamente maravilhada, era uma junção eterna de verde vivo, que deslumbrava qualquer um.

Apesar de tudo, o tempo logo começou a passar mais devagar, e mesmo com o tagarelar de Amy no banco de trás, eu logo fiquei entediada... A casa, onde ficaria, parecia nunca chegar e eu comecei a refletir, se depois de toda aquela confusão, eu não estava sendo levada para o local errado, ou pior ainda... Um local com as pessoas erradas.

E se eles fossem rabugentos? Ou pior, e se fossem velhinhos que acham tudo que se move na terra, fofo e cândido, e que precisavam de auxílio para ir ao banheiro ou tomarem banho? Não que eu não tenha coração, mas afinal eu fui treinada para cuidar de animais, e não de produtos de carbono, mais conhecidos como seres humanos, ou pessoas.

Após mais alguns turvos pensamentos, o carro deu uma brecada um tanto quanto desnecessária, já que não havia carro algum nem à frente, nem atrás.

Amy pareceu reconhecer o local e logo ficou frenética, ela saiu do carro, pegou suas malas como se fosse uma espécie de super heroína, e ficou parada e acenando um adeus, como se esta fosse à coisa mais fácil e singela de se fazer, sem direito a algumas palavras, um beijo ou um abraço.

De lampejo eu pensei em chorar por aquela ruiva recém conhecida, porém o carro já começava a se movimentar, então não faria diferença chorar, ninguém iria ver, e ela nunca mais se lembraria de mim...

Soltei um longo suspiro e fiquei surpresa quando vi que o carro só estava dando a volta na rua, contornando-a e parando na casa paralela a que Amy havia parado.

No momento ela se encontrava abaixada, mexendo na bolsa, provavelmente procurando chaves.

Fiquei dentro do carro até ela achar as tais chaves e entrar na casa, durante este curto período de tempo foi possível reparar na casa da qual Amy se encontrada. Era uma casa rústica, com uma coloração escura, porém suave, era aberta e a luz natural penetrava facilmente pelas várias janelas abertas, e era possível ver os móveis de uma sala de estar e de uma cozinha logo no primeiro andar.

No segundo andar uma varandinha se encontrava no canto esquerdo e a vista provavelmente seria muito bela lá de cima, do lado contrário da casa havia uma pequena chaminé cheia de retalhos, de onde se saia uma leve chama escura, possivelmente os residentes da casa, que cuidariam de Amy...

Uma grama baixa e recém-cortada se encontrava com um belo jardim florido e uma espécie de salgueiro que se encontrava entre a garagem e a varanda exuberava a imagem do local e deixava a casa mais linda ainda, se é que isto seria possível.

A casa, com certeza era esplêndida, porém não consegui deixar de rir imaginando o desastre que seria Amy saindo com um fusquinha da garagem, a poucos centímetros do salgueiro...

Ainda sorrindo ouvi o bater de uma porta e percebi que Charles havia saído do carro e estava posicionado em pé ao meu lado, segurando a porta enquanto esperava-me sair. Saí e em voz baixa agradeci enquanto ouvia o senhor comentar baixo sobre a ruiva despeitada, que não fora educada o suficiente para lhe deixar ser cavalheiro...

Levantei a cabeça e em sobressalto dei de cara com a casa mais linda que já virá em toda a minha vida, e que, provavelmente, seria a minha residência pelos próximos meses. Era uma casa gigantesca, que dava no mínimo cinco da minha antiga que se localizava no Brasil, somente a fachada e as esquadrias eram de Vidros Ecolate Duplos Termo-acústicos, havia não somente uma, mas duas garagens, uma delas parecia irem em direção de uma espécie de subterrâneo e a outra possuía um declínio leva, no canto direito da casa. Possuía cerca de duas ou três varandas abertas, e atrás delas portas de vidros fechadas, que deixava a mostra uma cama de casal em ambos os quartos, a porta era uma original e muito cara Ullian, da qual eu só conhecia por ser uma empresa brasileira.

Ela era completamente branca e apesar de ser uma cor claramente fácil de sujar, não havia um resquício de mancha ou sujeira penetrando no local. A casa deveria ter dois andares, porém no centro se mostrava uma janela aberta e gigantesca, que poderia cobrir não somente o segundo andar, mas também parte de um terceiro.

Na entrada havia um lindo jardim, e a sua volta, belos salgueiros se encontravam, deixando aquele local simplesmente perfeito. Eu não conseguia acreditar.

Com certeza quem mora nessa casa era rico, e muito.

Se tivesse uma casa que eu pensei que eu nunca iria morar, pode-se ter certeza que seria essa, tudo é tão chique e elegante...

Olha que eu ainda nem ao menos entrei nela.

Entramos na casa que estava impecavelmente arrumado, Charles deixou minhas coisas perto da porta e saio falando que iria ao posto de gasolina abastecer o carro me deixando sozinha na imensa casa que aparentemente estava vazia.

As paredes interiores eram brancas e o chão de madeira, na sala de estar havia sofás de couro branco e uma enorme TV de 50 polegadas, em baixo da mesma haviam aparelhos sofisticados, um DVD de ultima geração com varias entradas, um aparelho de som, igual aqueles que se vê em estúdios de gravação, e vários outros aparelhos que eu não sabia para que serviam.

No chão pendia um maravilhoso tapete branco felpudo que me deixava com uma vontade interminável de aconchega-lo, o lindo lustre poderia custar mais do que simples três mil reais e um lindo quadro fora dividido em mais de quinze partes e moldadas juntas e no centro duas pequenas mesinhas se encontravam, onde estavam duas velas apagadas, quatro belos vasos de flores e alguns controles, que deveria comandar todos aqueles aparelhos.

Andei um pouco pela sala, quando minha barriga começa a fazer uns barulhos estranhos e muito reconhecidos, na minha situação.

–Vamos comer barriguinha, antes que eu fique desnutrida - falei dando leves tapinhas na barriga, enquanto ria comigo mesma.

Sai andando pela casa procurando a cozinha, achei um banheiro, muito bonito por sinal, que parecia ser uma espécie de lavabo, um armário de casacos e finalmente a cozinha.

Ela é simplesmente perfeita.

Tinha uma bancada de mármore branca, bem no meio da cozinha, no canto atrás da banca tinha um fogão de vidro preto, uma cafeteira vermelha, e uma coleção de panelas coloridas penduradas no teto, em volta da bancada havia uns bancos simples e com um encosto de vidro, os armarinhos eram de uma coloração amarelada suave e combinava perfeitamente com as paredes brancas... Enfim, a cozinha era linda.

Abri a geladeira e descobri o paraíso, ela estava repleta de comida, desde doces a salgados, frutas vegetais e até mesmo hambúrgueres, congelados e comidas fritas. Peguei uma caixa de morangos e chocolate e me sentei na bancada para comer, quando vejo um bilhete com o meu nome.

Srt. Tyler

Aqui quem esta escrevendo esse bilhete e a Sra. Marta a senhora que cuida da casa, quando senhor N. não esta presente... Infelizmente não estou ai para lhe dar as boas vindas, espero que não se incomode, o seu quarto fica no segundo andar a ultima porta do corredor, sinta-se em casa querida e seja bem vinda!!

Terminei de comer, voltei para a sala peguei as minhas coisas e subi as escadas atrás do meu quarto. Assim que entrei no quarto quase tive troço, o meu quarto era um dos que eu vi pela janela do lado de fora da casa, eu só posso esta em um sonho.

Ele era completamente branco e uma cama de casal king size se encontrava logo no centro. Em uma das paredes havia um rack também branco com uma televisão de 42 polegadas pendurada na parede, no rack estavam alguns livros famosos, como “O caçador de pipa” e a coleção completa de “Nárnia”. Eu resolvera não mexer, temendo que fosse dos donos e eles acabassem reclamando...

Uma poltrona grande e com uma cor levemente bege se encontrava ao lado das cortinas de seda, e em cima da cama eu encontrei um notebook e um smartphone. E não era qualquer um não... Ambos os eletrônicos estavam virados para cima e neles estavam com a imagem de uma maçã em pedaços.

Pqp! Eu ganhei um smart e um not da Apple!

Ainda um tanto surpresa, deixei minhas coisas perto do guarda roupas e me deitei na cama. De repente me peguei pensando novamente quem será que mora aqui? O que será que pensarão de mim?

De certa forma tudo isso e muito novo para mim!Tantas coisas para descobrir!

Mas eu vou deixar pra descobrir essas coisas pra depois

Agora o meu maior desafio era achar um banheiro nessa casa enorme, porque eu vou dizer, não era nada fácil se manter limpa durante mais de duas horas de voo... Levantei da cama, e dei uma olhada nas malas.

Mandei um beijo a elas, me achando um tanto doida e falando em voz alta.

– Depois eu arrumo vocês, primeiro a fase banho.

Sai do quarto e abrindo as portas que eu via pela frente, achei mais quatro quartos uma mini biblioteca e finalmente um banheiro, e que banheiro, o chuveiro estava automatizado na banheira e logo eu a liguei enquanto esperava que enchesse observei o resto do local, que era do tamanho de um quarto antigo que me pertenceu, La no Brasil. Ele possuía cores suaves, como quase todo o resto da casa, o teto era de um bege escuro, a elevação no canto direito formava a banheira oval que era mais iluminada do que todo o resto do local. Quem fosse que morasse lá, realmente amava seu banheiro e sua cozinha, que conseguiam ser mais formidáveis do que qualquer outra parte da casa...

Tirei minha roupa e então entrei na banheira deixando a água me acalmar...

Quase duas horas depois eu ainda estava imersa em meus pensamentos, de banho tomado e enrolando dentro daquela banheira perfeitamente aconchegante... O chuveiro estava maravilhosamente refrescante e quente, porém o tempo passa rapidamente eu ainda queria saber quem era a pessoa maravilhosamente prestativa que morava naquela casa maravilhosa e que a deixará a toda disposição para mim, e algo me dizia que ficar parada tomando banho por mais de duas horas e aumentar quase 50% da conta de água em um único dia, não era uma boa maneira de deixar uma impressão agradável a mim relacionada...

Então, com uma surpreendentemente dificuldade, muito acima do normal, desliguei o chuveiro e enrolei mais um pouco na banheira que estava cheia de espuma, por causa da quantidade excessiva de xampu e de produtor de espuma (M- Produtor de espuma?) (N\\A – Merda esqueci o nome do produto. Me deixa viver!!!) Após uma luta constante contra estas espumas me retirei da banheira e rapidamente peguei a toalha mais próxima enrolando-me na mesma. Com uma segunda tolha enrolei meu cabelo que já começava a se cachear e o deixei firme em minha cabeça, enquanto a toalha já começava a se umidificar coloquei os meus amados chinelos havainas made in Brasil e fiquei de frente ao espelho que pegava meu corpo inteiro, me observando como que um tanto paralisada. Minha pele estava ressecada e necessitava urgente de algum hidratante, e embora eu não fosse alguém muito preocupada com este tipo de coisa, resolvi que seria bom me cuidar mais, e quem sabe, causar uma melhor impressão aos donos da casa. Peguei o hidratante que estava junto do condicionador, do xampu e do resto dos produtos para minha higiene e o coloquei no vaso sanitário. Com cuidado retirei a toalha e peguei uma porção do hidratante passando-o suavemente por todo o meu corpo. A minha pele brilhava e ela ficava macia com o decorrer do tempo. Quando terminei de passar outra metade já estava seca, fiquei enrolando mexendo e tentando descobrir algo sobre os moradores, e ao me tocar de que não havia nada o creme já havia secado completamente. Recoloquei a toalha e saí do banheiro.

Ouvi um pequeno ruído saindo de algum lugar longe. Coloquei a cabeça para fora, temendo serem os donos, porém nenhum ser ou criatura aparentemente viva se encontrava no corredor, então saí correndo até meu quarto.

Já lá dentro caminhei a minha mala e ajoelhada comecei a remexer na minha mala procurando por alguma roupa, esquecendo-me completamente da porta aberta. Peguei algumas lá de dentro e coloquei-as em cima da cama, preparando-me para depois de me trocar guarda-las no guarda roupa e foi então que eu observei duas outras portas no quarto. Levantei esquecendo de me trocar e abri a primeira. Era um lindo closet que deveria ter o tamanho de um banheiro de um apartamento pequeno na cidade. Animada então me toquei que não havia guarda roupa nenhum naquele local... É, ou foi o fuso-horário, ou foi o nervosismo que me fez ver coisas...

Então pulando lentamente fui até a segunda porta e ao abri-la dei um longo suspiro, ao dar de cara com um banheiro gigantesco, moderno e todo branco, retirando é claro, o vidro do chuveiro que era preto. O teto possuía uma área de vidro e banheira oval era o que mais chamava atenção no local.

Dei um tapa em minha cabeça, fortemente, e revirei os olhos ao me tocar que tomei banho em um outro local, quando tinha o meu próprio banheiro... Dei meia volta e me ajoelhei novamente de volta a procurar malas, deixando para tomar outro banho naquele banheiro mais tarde, antes de dormir, e depois de me acostumar com o local e com seu fuso-horário.

Peguei um conjunto com as minhas roupas íntimas preferidas, de renda preta, e um suéter de retalhos com uma coloração bege. Fechei a mala e fui em direção à outra onde estavam todas as minhas camisetas e calças, perfeitas para a época fria. Porém antes mesmo de sequer abrir o zíper ouvi o soar de vidro quebrando logo atrás de mim.

Assustada, dei um pulo caindo de cara no chão. Levantei-me rapidamente e foi então que eu dei de cara com aqueles olhos azuis claros, lindos e parecidos com o mais belo oceano...

Minha primeira reação foi se levantar e segurei com mais força a minha toalha, enquanto ouvia o grito estridente de Nathan em meus tímpanos

–MAS QUE QUI É ISSO?