De repente eu fiquei zonza, tudo ficou confuso e eu não sabia mais o que fazer... Me sentia como se tudo ouvesse se acabado e como se meu mundo desmoronasse. A voz de Charles passava por meus tímpanos entre o meu celular, mas as palavras pareciam que não possuíam sentido, era tudo tão estranho.

Parece um exagero, mas essa é a mais pura verdade. Quando uma pessoa vive para auxiliar, sonha nas mudanças e viaja pelo mundo auxiliando quando quer tudo se torna divertido. E quando você descobre que tudo que você fazia não iria mais ocorrer parece que tudo se desmorona... Nunca mais eu poderia ajudar algumas crianças, pelo menos não até a minha maioridade aos vinte e um anos.

Ouvi o grito de Charles me deixando quase surda, e por fim ouvi a última parte de suas frases sem sentido

– Estão necessitando de mais experiência, embora você tenha feito uma faculdade razoável não possui o necessário para viagens para o exterior...Porém tem uma coisa que poderia dar certo... Só que não sei...Será....? – Sua pausa foi como uma deixa e um feiche de esperança tomou conta de mim. Minha voz um tanto rouca conseguia ressaltar essa esperança, e isto estava me deixando realmente nervosa.

– Eu farei o que for necessário! Desembuche logo Charles!

– Qualquer coisa?

– Sim...Qualquer coisa! É a minha vida que está em jogo!

Ele fez uma pausa porém eu pressenti que ele estava pensando se o risco valeria a pena. Então prosseguiu

– Um curso de intercâmbio. Longo. Te dará a especialidade necessária, você se especializará na língua que mais prezam e poderá fazer uma pós graduação... A empresa conseguiria te pagar por no máximo cinco meses, depois se desejar prosseguir termina o ano com o seu esforço e depois conseguirá voltar normalmente para a empresa... Algum lugar em aberto?

Os lugares iam passando pela minha mente..... Inglaterra, Estados Unidos, Japão, China, França, México, India, Portugal, Espanha, Austrália, Paraguai, Russia, Alasca, Colombia, Indonesia, Peru, Angola, Chile ou ........ É isso!

– Eu tenho um lugar em especial! É fácil e sobreviverei por lá alguns meses!

– Qual?

Quis que minha voz não ficasse tão esperançosa, mas é óbvio qiue tanto eu quanto Charles sabíamos que eu não sobreviveria sem o auxilio necessário... Minha vida era ajudar, sem isso, nada eu seria

– Irlanda...É pra lá que eu quero ir!

Um silêncio tomou conta do carro e desta amneira eu finalmente percebi que estava me direcionando ao aeroporto apesar de tudo... A voz de Charles ressaiu como um canto

– Beleza Merie! Você vai para Irlanda! Agora faça exatamente como eu lhe disser ok?

Um sorriso de canto a canto de meu rosto se estabeleceu e eu vi que o motorista me olhou um tanto confuso, não ligando muito para suas ações comecei a ouvir atentamente

– Você vai normalmente, seu passaporte esta pronto, então você ficará no aeroporto por um tempo, no máximo três ou quatro horas, almoce e fique pronta para viajar direto para a Irlanda. Um dos agentes de viagens te encontrará e te entregará o passe, um bilhete, o endereço e o convite para o carro alugado que terá durante sua época lá. Não fique nervosa, passe o tempo fazendo qualquer coisa, e acima de tudo, muito cuidado!

– Ta,ta,ta, beleza... Então tchau, tchau, obrigada e... Até mais!

Senti que ele segurava uma risada

– Ah, e não se esqueça...Você é uma garota normal agora! Nada de usar suas roupas de “Save The Planet”... Tchau, tchau!

Eu iria lhe responder com um bom palavrão porém o ‘tutu’ tomou conta do som do telefone. Olhei para minha mala e a abri

Automaticamente todas as minhas roupas se mostraram um tanto ‘fundamentais’ para uma biologa, mas não muito boa para uma garota normal... Com uma careta resolvi o que iria fazer pelas próximas cinco horas. Iria fazer compras.

O carro parou de repente e eu observei pela janela, dois aviões da gol estavam no ár, pouco acima de mim e a aglomeração de pessoas poderia facilmente sufocar alguém em menos de cinco minutos. E o odor de suor não era nem um pouco refrescante.

Não muito animada retirei as malas e saí do carro, o taxista me olhava com certa raiva, pela demora, e uma fila de pessoas se formava logo atrás de mim para poderem ir embora. Ainda um pouco desajeitada, como facilmente sou, retirei o dinheiro quase um ano depois e entreguei, duas morenas de olhos escuros e mais baixas que minha prima de cinco anos me empurraram e entraram no carro correndo.

Perdendo o equilíbrio e acabei caindo de cara no chão. Um loiro de olhos claros estava perto de mim e começou a dar risada. Tentei levantar, porém por causa do salto acabei caindo. O loiro ficou rindo mais ainda e eu qusse comecei a gritar, porém ele já estava na minha frente me ajudando a levantar

– Quer uma ajuda ai guria?

Minhas bochechas estavam ruborizadas, mas minha raiva foi tamanha que consegui responder rudemente

– Não, não, não precisa me ajudar, o chão gelado está refrecante a esta hora do dia!

Ele fez uma careta e tornou a se virar. Arrependida qusse supliquei

– Ok, ok. Me ajuda ...... – Ele me olhou com cara de badboy e eu segurei o riso. Aquele loirinho tinha cara de santo demais – Poor favooooooor!

Com um sorriso travesso ele segurou pegou as malas do chão e as deixou levantada, apoiei meus braços nele e então levantei. Puxei o gancho de minha mala e estava pronta pra sair qusndo ouvi ele dizer

– Aliás, de nada madame!

Virei para trás com cara de raivosa, porém aquele olhar angelical quase me fez ficar calma....quase

– Ta, tanto faz... Obrigada ....

– Natan.

– Ah tá. Tanto faz, novamente. Obrigada Natan!

Então me virei e com as malas a minha volta saí em disparada para dentro do aeroporto, me preparando psicologicamente para a maldita hora das compras adolescentes