Ele me soltou e eu fitei-o para tentar ler suas expressões. Ele parecia furioso e eu estava com medo disso. Meu coração estava acelerado e eu suava frio. Eu sabia que ele queria me dar um soco por ter feito aquilo, mas isso só iria piorar a situação.

Seus olhos pretos me fuzilavam e eu temia que ele fosse embora e me deixasse ali, sozinha. Ele pegou meu braço e observou meus cortes. Ele estava quieto demais, misterioso demais... Foi então que ele disse:

Foi por isso que você estava no hospital?

Como você sabe que eu estive lá? perguntei intrigada.

Ele não respondeu. Bruna!, pensei.

Bruna te contou não foi? eu estava brava com ela pois eu havia pedido para ela não dizer nada a ele! Não acredito que ela fez isso! Eu pedi para ela não contar!

Não fique brava com ela, fique brava consigo mesma! Olha o que você fez! ele me olhava incrédulo e eu ainda estava com medo dele.

Eu não queria ter feito isso, mas eu não tinha escolha, foi a unica forma que encontrei de transformar a dor que eu estava sentindo por deixar você partir em uma dor mais suportável. meus olhos estavam embaçados por conta das lágrimas e ele secou minhas lágrimas com sua mão macia.

Esta tudo bem, mas me prometa que não vai mais fazer isso! disse-me calmo.

Eu assenti e ele me abraçou de novo. Terminei de lavar a louça com ele me olhando sentado em um bando atrás do balcão. Quando terminei fui até ele e segurei sua mão puxando-o para cima. Subimos as escadas em silencio. Entrei em meu quarto e fechei a porta. Ele se sentou em minha cama levando os braços em volta da cabeça como se estivesse tranquilo.

Fiquei observando-o de pé. Ele não olhava para mim, só olhava para o chão e eu ainda o fitava profundamente. Ele murmurou algo, mas foi tão baixo que não pude ouvir e não quis perguntar. Peguei uma toalha em meu guarda roupa e fui tomar um banho. Demorei meia hora no banho, mas quando voltei ele estava no mesmo lugar. Olhando para o chão pensativo.

Eu queria saber no que ele estava pensando, ou em quem... Mas eu não queria peguntar. Caminhei até o outro lado de minha cama e me deitei. Distante dele, mas mesmo assim podia sentir seu calor humano tocar minha pele fria e áspera. Fui me aproximando dele e ele foi me envolvendo em seus braços quentes.

Eu já sentia a maciez de seus braços e podia ouvir seu coração bater. Nada poderia mudar aquilo, sempre seria essa sensação maravilhosa todas as vezes. É como uma droga.

Ele beijou minha testa suavemente e ouvi seus lábios quentes se chorarem com minha pele fria e se reprimirem.

Olhei para cima em direção a sua boca e fui me aproximando cada vez mais até que já estávamos colados um no outro. Foi um beijo lento e sensual. Juro que senti um pouco de tesão beijando aqueles lábios de seda. Ele parou e ficou me olhando por alguns segundos e depois sorriu delicadamente e disse:

- Você ter se cortado não muda as coisas. Você fez sim uma grande idiotice, mas eu continuo te amando. Só não faz mais isso, por favor.

Eu balancei a cabeça afirmando e sorri. Ele correspondeu com um sorriso perfeito e me deu um selinho de leve. 

Eu podia sentir seu peito duro como pedra ao meu lado, seus olhos negros como a noite me observando, sua pele quente como fogo me tocando e se reprimindo. Ele me abraçou mais forte para me esquentar e eu me aconcheguei. Ele acariciou meus cabelos e eu adormeci ali, em meio de seus abraços aconchegantes. Estava tão confortável que eu pedi aos deuses para eu nunca mais acordar.

Mas eles não me atenderam. Acordei e ele estava me olhando feito um anjo. Aqueles olhos negros lindos me olhavam e sorriam.

Bom dia, princesa murmurou.

Bom dia, príncipe respondi sorrindo.

Ele sorriu e se levantou. Foi até a janela e disse:

Esta frio e chovendo. Que tal irmos para Londrina?

Me sentei na cama e olhei para a janela.

É você quem sabe murmurei.

Tudo bem, então se arrume por que hoje você vai conhecer minha chacara!

Sorrimos e ele veio até mim e me beijou suavemente, sempre sorrindo e eu amava quando ele sorria.